Capítulo 16Helena e Erik haviam se estabelecido em um aposento dentro do templo, um lugar seguro e protegido, mas ela não conseguia descansar. Sua mente estava inquieta, e o vínculo que a ligava a Erik parecia mais forte do que nunca, como se a Lua Vermelha ainda pairasse sobre eles, mesmo que já tivesse passado.Ela se levantou da cama, caminhando até a janela. A vista era impressionante: a floresta densa se estendia até onde os olhos podiam ver, e as estrelas brilhavam intensamente no céu escuro. Mas Helena não conseguia apreciar a beleza daquele lugar. Algo dentro dela a chamava, uma sensação que não conseguia ignorar.— Não consegue dormir? — A voz de Erik a fez se virar. Ele estava sentado em uma cadeira próximo à lareira, observando-a com aqueles olhos dourados que pareciam ver tudo.— Não — ela respondeu, cruzando os braços. — Sinto que há algo que preciso descobrir. Algo que está me chamando.Erik se levantou, aproximando-se dela. Sua presença era reconfortante, mas também in
Capítulo 17No centro do salão, Helena sentia-se encurralada. Os líderes transmorfos discutiam entre si, suas palavras se misturando ao brilho trêmulo das tochas espalhadas pelo espaço. Os olhares lançados a ela eram como lanças afiadas—alguns carregados de esperança, outros de desconfiança e, em alguns casos, de frieza absoluta. Ela sabia que, para muitos ali, sua presença representava uma ameaça, algo que devia ser eliminado antes que trouxesse mais problemas.Ao seu lado, Erik mantinha-se imóvel, mas sua postura tensa e o olhar dourado atento denunciavam sua prontidão. Ele observava cada líder, analisando gestos e expressões, como um predador esperando pelo momento certo de atacar. Helena não precisava perguntar para saber que, se as coisas saíssem do controle, ele não hesitaria em lutar para protegê-la.Um homem alto, de ombros largos e cabelos escuros desgrenhados, avançou para o centro da roda formada pelos líderes. Seu nome era Garran, o alfa da matilha do Sul. Conhecido por su
Capítulo 18O conselho não confiava em Helena, mas tampouco confiava em Erik. Sua postura rígida e o instinto protetor que demonstrava para com ela levantavam suspeitas entre os líderes transmorfos. Ele não era um deles. Não fazia parte de sua hierarquia, não seguia suas leis. E, para alguns, não passava de um lobo perdido que havia jurado lealdade a algo que nem compreendia.Então, decidiram testá-lo.A prova foi anunciada ao nascer do sol. O céu sobre a montanha rochosa tingia-se de um laranja pálido quando os transmorfos se reuniram no círculo sagrado. Helena e Erik foram levados até o centro da arena natural, esculpida entre penhascos irregulares, onde o vento rugia como um espírito selvagem. O ar ali era mais denso, carregado de uma energia ancestral que fazia a pele arrepiar.Zareth foi o primeiro a falar, sua voz firme ecoando contra as rochas.— Erik de Eryndor, você diz ser leal a Helena. Diz que dará sua vida para protegê-la. Mas palavras são vento. Nós exigimos prova.Erik
Ela ainda sentia os lábios de Erik nos seus, o gosto dele misturado ao medo que se entranhava em sua pele. Ele estava ferido, marcado pela brutalidade do ritual, mas nada em sua presença parecia frágil. Pelo contrário. A força que emanava dele era algo primitivo, irresistível.E isso a assustava.Ele ainda segurava seu rosto, e seus olhos dourados refletiam algo intenso, algo que a fazia esquecer do mundo ao redor.— O que foi? — A voz dele era rouca, baixa, como se ele próprio estivesse lutando contra alguma barreira invisível.Helena segurou as mãos dele sobre seu rosto e as afastou, se levantando. Tentava conter o tremor que não vinha do frio.— Isso... — Sua garganta secou. — Isso é perigoso.Erik arqueou uma sobrancelha, inclinando a cabeça levemente.— O que? Nós?Helena negou com a cabeça, afastando-se alguns passos.— Não é issoMas no fundo, era.O modo como seu corpo respondia ao toque dele. A maneira como o mundo parecia desaparecer quando Erik estava por perto. Como se, de
Capítulo 20O vento cortante açoitou o rosto de Helena quando ela saiu do templo, forçando-a a puxar o manto mais próximo ao corpo. A escuridão da noite se estendia ao redor deles, interrompida apenas pelo brilho prateado da lua, que banhava as pedras antigas do templo em um brilho fantasmagórico. O local sagrado agora parecia apenas um marco silencioso em sua jornada, e a sensação de que estavam sendo observados ainda persistia, como um peso invisível sobre seus ombros.Erik caminhava ao seu lado, os passos firmes e silenciosos. Ele não havia dito muito desde que haviam saído do templo, mas Helena sabia que sua mente estava inquieta. O desafio que ela enfrentara ali dentro não fora fácil, e embora tivesse conseguido ativar a marca de Aurinia, a sensação de que algo dentro dela havia mudado ainda a deixava desconfortável.Ela olhou de relance para Erik. Seu olhar dourado estava fixo no horizonte, onde a densa floresta os esperava. A trilha que levava às ruínas de Antheris começava ali
Capítulo 21A trilha até as ruínas de Antheris havia sido árdua e desgastante. Cada passo parecia sugar suas forças, como se a própria terra os testasse antes de permitir que chegassem ao destino. Mas agora, finalmente, Helena e Erik estavam diante do templo esquecido pelo tempo.A construção imponente erguia-se em meio à névoa densa, seus pilares desgastados e cobertos de musgo contando histórias de um passado distante. Partes da estrutura haviam desmoronado, mas a grandiosidade do lugar ainda era evidente. O vento soprava forte entre as ruínas, carregando sussurros de vozes antigas, ecos de uma era onde deuses e guerreiros caminhavam juntos.Helena sentiu um arrepio percorrer sua espinha. O ar ao redor vibrava com energia, como se o templo reconhecesse sua chegada. Ela olhou para Erik, que permanecia imóvel ao seu lado, os olhos dourados analisando cada detalhe do ambiente. Seu instinto dizia que algo ali os observava.— Este lugar… parece vivo — murmurou ela, rompendo o silêncio.E
Capítulo 22A noite se estendia fria e silenciosa ao redor do pequeno acampamento improvisado que haviam montado nos arredores das ruínas do templo. As chamas da fogueira tremulavam contra a brisa cortante, projetando sombras distorcidas sobre as árvores da floresta que os cercava. Erik estava afastado, encostado em uma rocha. Os olhos fechados diziam que estava descansando, mas Helena sabia que ele não dormia. Ele nunca dormia de verdade quando estavam em território desconhecido.Ela, por outro lado, sentia o cansaço pesar sobre os ombros, mas sua mente não a deixava descansar. O poder que havia descoberto ali vibrava sob sua pele, mas ela sabia que ainda existia muito para se descobrir sobre ele. E se perguntava se conseguiria conter toda a magnitude do que sentia.Ardyn, o corvo de olhos prateados, estava sentado a poucos passos de distância, observando-a com aquele olhar astuto, quase predatório.— O que foi? — Helena quebrou o silêncio, sem desviar os olhos do fogo.Ardyn sorriu
Capítulo 23A fogueira crepitava suavemente no meio do acampamento improvisado, suas chamas projetando sombras alongadas contra as árvores retorcidas da floresta. O calor era bem-vindo no frio cortante da noite, mas Erik não sentia nada além da fúria ardendo sob sua pele.Helena dormia, o rosto relaxado apesar do peso das revelações e da batalha travada dentro do templo, e contra as ilusões do corvo. Ela havia sido forte. Mais forte do que ele imaginava. Mas Erik sabia que aquele jogo ainda não havia acabado.E, como se seus pensamentos o tivessem invocado, o corvo surgiu da escuridão.— Você não dorme? — Ardyn perguntou, sua voz suave, carregada de algo que se assemelhava a divertimento.Erik não desviou os olhos das chamas.— Não confio em corvos.Ardyn soltou um riso curto, aproximando-se do fogo e agachando-se do outro lado, como um espectador paciente. Seus olhos prateados brilharam no escuro, refletindo as chamas como espelhos distorcidos.— Você se consome demais, lobo — ele mu