Capítulo 21A trilha até as ruínas de Antheris havia sido árdua e desgastante. Cada passo parecia sugar suas forças, como se a própria terra os testasse antes de permitir que chegassem ao destino. Mas agora, finalmente, Helena e Erik estavam diante do templo esquecido pelo tempo.A construção imponente erguia-se em meio à névoa densa, seus pilares desgastados e cobertos de musgo contando histórias de um passado distante. Partes da estrutura haviam desmoronado, mas a grandiosidade do lugar ainda era evidente. O vento soprava forte entre as ruínas, carregando sussurros de vozes antigas, ecos de uma era onde deuses e guerreiros caminhavam juntos.Helena sentiu um arrepio percorrer sua espinha. O ar ao redor vibrava com energia, como se o templo reconhecesse sua chegada. Ela olhou para Erik, que permanecia imóvel ao seu lado, os olhos dourados analisando cada detalhe do ambiente. Seu instinto dizia que algo ali os observava.— Este lugar… parece vivo — murmurou ela, rompendo o silêncio.E
Capítulo 22A noite se estendia fria e silenciosa ao redor do pequeno acampamento improvisado que haviam montado nos arredores das ruínas do templo. As chamas da fogueira tremulavam contra a brisa cortante, projetando sombras distorcidas sobre as árvores da floresta que os cercava. Erik estava afastado, encostado em uma rocha. Os olhos fechados diziam que estava descansando, mas Helena sabia que ele não dormia. Ele nunca dormia de verdade quando estavam em território desconhecido.Ela, por outro lado, sentia o cansaço pesar sobre os ombros, mas sua mente não a deixava descansar. O poder que havia descoberto ali vibrava sob sua pele, mas ela sabia que ainda existia muito para se descobrir sobre ele. E se perguntava se conseguiria conter toda a magnitude do que sentia.Ardyn, o corvo de olhos prateados, estava sentado a poucos passos de distância, observando-a com aquele olhar astuto, quase predatório.— O que foi? — Helena quebrou o silêncio, sem desviar os olhos do fogo.Ardyn sorriu
Capítulo 23A fogueira crepitava suavemente no meio do acampamento improvisado, suas chamas projetando sombras alongadas contra as árvores retorcidas da floresta. O calor era bem-vindo no frio cortante da noite, mas Erik não sentia nada além da fúria ardendo sob sua pele.Helena dormia, o rosto relaxado apesar do peso das revelações e da batalha travada dentro do templo, e contra as ilusões do corvo. Ela havia sido forte. Mais forte do que ele imaginava. Mas Erik sabia que aquele jogo ainda não havia acabado.E, como se seus pensamentos o tivessem invocado, o corvo surgiu da escuridão.— Você não dorme? — Ardyn perguntou, sua voz suave, carregada de algo que se assemelhava a divertimento.Erik não desviou os olhos das chamas.— Não confio em corvos.Ardyn soltou um riso curto, aproximando-se do fogo e agachando-se do outro lado, como um espectador paciente. Seus olhos prateados brilharam no escuro, refletindo as chamas como espelhos distorcidos.— Você se consome demais, lobo — ele mu
Capítulo 24A noite se estendia silenciosa sobre a floresta enquanto Helena e Erik descansavam em mais um pequeno abrigo improvisado entre as árvores. O calor da fogueira iluminava os contornos de seus rostos, projetando sombras dançantes nas rochas e troncos ao redor. O vento sussurrava entre as folhas, carregando o aroma úmido da terra e o peso da magia latente de Eryndor.Voltavam para o Conselho dos Metamorfos, mas Helena não conseguia dormir.Mesmo com o corpo exausto da jornada até as ruínas e da revelação do poder que compartilhava com Erik, algo dentro dela a mantinha desperta. A marca em seu pulso pulsava em um ritmo lento, emitindo um calor estranho, como se estivesse reagindo a algo invisível.Ela suspirou, virando-se de lado, observando Erik adormecido a poucos passos dela. Sua respiração era calma, mas seu rosto mantinha aquela expressão sempre atenta, como se, mesmo dormindo, estivesse pronto para reagir a qualquer ameaça.Helena fechou os olhos, tentando forçar-se a des
Capítulo 25 Eles caminhavam com cautela, guiados apenas pela luz pálida da lua que se filtrava entre as folhas. O silêncio era quase absoluto, interrompido apenas pelo farfalhar das botas contra a terra úmida e pelos ocasionais ruídos da floresta.— Está sentindo isso? — Erik murmurou, os olhos dourados varrendo o ambiente.Helena assentiu. Um arrepio percorreu sua espinha. O ar estava carregado de magia, como se a própria floresta estivesse viva.— Tem algo aqui — ela sussurrou.Assim que as palavras deixaram seus lábios, um som profundo reverberou ao redor deles. Não era um rugido, nem um grito. Era algo mais primitivo, como se a terra estivesse despertando.A névoa começou a se erguer do chão, envolvendo os troncos das árvores e se movendo de forma estranhamente consciente. Helena sentiu sua marca arder em seu pulso, reagindo à presença invisível que os cercava.— Cuidado — Erik advertiu, assumindo uma postura defensiva.Antes que pudessem reagir, a névoa começou a se solidificar.
Capítulo 26 Helena e Erik atravessaram os imensos portões de pedra, apenas para serem recebidos por olhares desconfiados e sussurros abafados. O tempo ali fluia de maneira diferente. Para eles, apenas algumas noites haviam se passado desde que partiram rumo às ruínas de Antheris, mas no templo, muitos dias se foram, e os acontecimentos foram caóticos.Lysara foi a primeira a se aproximar, seus olhos afiados de águia os analisando minuciosamente.— Vocês demoraram. — Sua voz era um misto de alívio e cautela. — Muita coisa aconteceu enquanto estiveram fora.Helena inspirou fundo, tentando organizar as palavras que precisaria dizer. Mas antes que pudesse falar, Garran atravessou o espaço com passos pesados, os olhos escuros brilhando de raiva.— Os Caçadores atacaram a tribo dos Ursos. — Ele rosnou. — Mataram muitos. Fizeram isso enquanto vocês estavam naquela floresta!Zareth, que permanecia mais afastado, observava tudo em silêncio. Seu olhar sombrio era uma mistura de curiosidade e c
Capítulo 27Eles se aprofundavam na floresta e conforme caminhavam tudo se obscurecia. Erik seguia na frente, atento a qualquer movimentação suspeita, e Helena vinha logo atrás, sentindo a estranha pulsação da magia que emanava do lugar.— Tem certeza de que isso é seguro? — Helena perguntou, sua voz um sussurro que se dissipou na vastidão da mata.Erik parou por um momento, virando-se para encará-la. Seus olhos estavam sérios, mas havia um brilho de determinação.— Não. Mas também não temos opção. Os caçadores já podem estar em nosso encalço. Ouvi rumores sobre um templo antigo nesse lugar, se ele realmente existe, talvez seja nossa única chance de nos escondermos e reagrupamos.Helena apertou os lábios e assentiu, continuando a segui-lo. A sensação de magia crescia a cada passo, como se algo adormecido estivesse esperando para ser despertado. Então, finalmente, entre a neblina baixa e as árvores cobertas de musgo, a estrutura se revelou.O templo erguia-se imponente e desgastado pel
Capítulo 28 A floresta ao redor de Erik parecia cada vez mais fechada, como se as próprias árvores tentassem impedir sua passagem. O ar estava denso, carregado com um cheiro metálico que lembrava ferro enferrujado, e uma estranha névoa rastejava pelo chão, tornando cada passo mais hesitante. Seus instintos gritavam para que tomasse cuidado, mas ele não recuou. Algo dentro dele dizia que estava perto de descobrir algo importante.Desde que o espírito da floresta havia revelado que a maldição de Eryndor só poderia ser quebrada com o sacrifício de alguém da mesma linhagem de Raegor, Erik e Helena procuravam respostas. Mas essa trilha… essa ele decidira seguir sozinho. Havia algo naquele caminho que o chamava, um instinto profundo que ele não conseguia ignorar.Os galhos retorcidos das árvores rangiam acima dele, como se murmurassem segredos esquecidos. O solo sob seus pés tornou-se mais escuro, endurecido com o tempo, e então, sem aviso, a vegetação ao seu redor se abriu.Diante dele, e