Capítulo 26 Helena e Erik atravessaram os imensos portões de pedra, apenas para serem recebidos por olhares desconfiados e sussurros abafados. O tempo ali fluia de maneira diferente. Para eles, apenas algumas noites haviam se passado desde que partiram rumo às ruínas de Antheris, mas no templo, muitos dias se foram, e os acontecimentos foram caóticos.Lysara foi a primeira a se aproximar, seus olhos afiados de águia os analisando minuciosamente.— Vocês demoraram. — Sua voz era um misto de alívio e cautela. — Muita coisa aconteceu enquanto estiveram fora.Helena inspirou fundo, tentando organizar as palavras que precisaria dizer. Mas antes que pudesse falar, Garran atravessou o espaço com passos pesados, os olhos escuros brilhando de raiva.— Os Caçadores atacaram a tribo dos Ursos. — Ele rosnou. — Mataram muitos. Fizeram isso enquanto vocês estavam naquela floresta!Zareth, que permanecia mais afastado, observava tudo em silêncio. Seu olhar sombrio era uma mistura de curiosidade e c
Capítulo 27Eles se aprofundavam na floresta e conforme caminhavam tudo se obscurecia. Erik seguia na frente, atento a qualquer movimentação suspeita, e Helena vinha logo atrás, sentindo a estranha pulsação da magia que emanava do lugar.— Tem certeza de que isso é seguro? — Helena perguntou, sua voz um sussurro que se dissipou na vastidão da mata.Erik parou por um momento, virando-se para encará-la. Seus olhos estavam sérios, mas havia um brilho de determinação.— Não. Mas também não temos opção. Os caçadores já podem estar em nosso encalço. Ouvi rumores sobre um templo antigo nesse lugar, se ele realmente existe, talvez seja nossa única chance de nos escondermos e reagrupamos.Helena apertou os lábios e assentiu, continuando a segui-lo. A sensação de magia crescia a cada passo, como se algo adormecido estivesse esperando para ser despertado. Então, finalmente, entre a neblina baixa e as árvores cobertas de musgo, a estrutura se revelou.O templo erguia-se imponente e desgastado pel
Capítulo 28 A floresta ao redor de Erik parecia cada vez mais fechada, como se as próprias árvores tentassem impedir sua passagem. O ar estava denso, carregado com um cheiro metálico que lembrava ferro enferrujado, e uma estranha névoa rastejava pelo chão, tornando cada passo mais hesitante. Seus instintos gritavam para que tomasse cuidado, mas ele não recuou. Algo dentro dele dizia que estava perto de descobrir algo importante.Desde que o espírito da floresta havia revelado que a maldição de Eryndor só poderia ser quebrada com o sacrifício de alguém da mesma linhagem de Raegor, Erik e Helena procuravam respostas. Mas essa trilha… essa ele decidira seguir sozinho. Havia algo naquele caminho que o chamava, um instinto profundo que ele não conseguia ignorar.Os galhos retorcidos das árvores rangiam acima dele, como se murmurassem segredos esquecidos. O solo sob seus pés tornou-se mais escuro, endurecido com o tempo, e então, sem aviso, a vegetação ao seu redor se abriu.Diante dele, e
Capítulo 29A noite se estendia sobre a floresta, e Helena mergulhava cada vez mais fundo nas páginas do manuscrito desgastado. O fogo bruxuleava ao seu lado, lançando sombras inquietas sobre as palavras escritas há séculos. Seu coração batia acelerado conforme absorvia cada linha sobre Raegor, o Conquistador. Ele não era apenas um guerreiro implacável, como as histórias faziam parecer. Ele era ambicioso, ganancioso, sedento por poder. Ele não queria apenas reinar sobre Eryndor, ele queria dominar tudo.Os registros falavam de suas campanhas sangrentas, da destruição das cidades humanas, dos templos que ele saqueou. Mas o que realmente fez seu estômago revirar foi o trecho que descrevia seu último ato antes da maldição.“Quando os deuses tentaram detê-lo, Raegor não recuou. Ele buscou magia obscura, um poder antigo e proibido. Ele acreditava que poderia ascender além da mortalidade, mas, no fim, tudo o que conseguiu foi condenar sua linhagem para sempre.”Helena sentiu um arrepio perc
Os caçadores estavam reunidos na borda da mata, fitando a escuridão entre os troncos retorcidos.O líder do grupo, um homem robusto chamado Viktor, observava o local com uma expressão cerrada. Seu instinto gritava para não dar um passo adiante, mas a ordem era clara: capturar Erik e Helena. Os dois fugitivos eram uma ameaça crescente e não poderiam continuar livres.— Se eles entraram aí, estão mortos. — Murmurou um dos caçadores, um homem baixo e magro chamado Oleg.— Sabe que não podemos ter certeza disso. — Rebateu Viktor. — Aquela garota precisa ser sacrificada, e aquele maldito lobo já nos deu trabalho demais.Uma mulher de cabelos escuros, Katya, se abraçou involuntariamente. Ela tinha experiência suficiente para saber que havia algo errado ali. O ar pulsava, e cada fibra do seu corpo gritava para que recuasse.— Essa floresta é diferente de qualquer outra. — Disse ela, franzindo a testa. — Eu já cacei muitas criaturas, mas nunca senti isso antes.Oleg soltou um riso nervoso.—
Capítulo 31Erik estava acostumado a lutar contra sua essência, mas naquela noite, algo estava diferente. Sentia o peso de algo sobre sua mente, como se estivesse se infiltrando em suas veias, envenenando seus pensamentos.Seu olhar fixava Helena como se ela fosse a única coisa existente no mundo. Ele sentia seu cheiro doce e intoxicante como um chamado, um convite irresistível ao qual sua alma e seu lobo respondiam em uníssono. Seu coração acelerou, e uma onda de desejo violento tomou conta dele. Não era apenas o desejo de tocá-la, de tê-la. Era algo mais profundo, mais sombrio. Seu lobo sussurrava em sua mente, exigindo que ele a marcasse, que a tornasse sua de uma forma que ninguém mais pudesse contestar.Seus músculos tensionaram, e ele cerrou os punhos, tentando se controlar. Mas o lobo dentro dele não se importava com controle. Ele queria mais. Queria tudo.“Ela é sua. Tome-a. Marque-a. Faça com que todos saibam que ela pertence a você.”Ele respirou fundo, tentando empurrar pa
Capítulo 32A chama das velas tremulava conforme Helena virava mais uma página amarelada pelo tempo. O cheiro de mofo e tinta desbotada enchia o ar pesado da biblioteca do templo. Seu olhar varria as palavras com desespero crescente, mas por mais que tentasse encontrar alguma pista, algum feitiço, algum conhecimento antigo que a ajudasse a livrar Erik daquela escuridão, tudo o que lia eram fragmentos desconexos sobre maldições e sacrifícios esquecidos.Ela passou as mãos pelos cabelos, frustrada, e empurrou o livro para longe.— Precisa haver alguma coisa… — murmurou, sentindo a irritação crescer em sua voz.Seu peito subia e descia rapidamente, a ansiedade a consumindo. O tempo estava se esgotando. Erik não era mais o mesmo. Desde que chegaram ao templo, algo dentro dele estava mudando. No início, eram apenas momentos de distração, olhares perdidos no vazio, pequenos lapsos de temperamento. Mas agora, a influência da magia obscura que permeava aquele lugar estava se intensificando, a
Capítulo 33A noite se estendia sobre a floresta como um manto sufocante, e Erik sentia cada fibra de seu corpo pulsar com uma energia avassaladora. Seu coração martelava contra o peito enquanto ele caminhava para longe do templo, os pés afundando na terra úmida. A brisa fria da noite deveria tê-lo acalmado, mas tudo que ele sentia era fúria.Ele olhou para a mão direita, onde o anel de Reagor cintilava sob a luz fraca da lua. Aquele pequeno pedaço de prata era mais do que um ornamento, mais do que um símbolo da linhagem amaldiçoada à qual agora sabia pertencer. Era uma corrente invisível, um elo que o prendia a algo que não conseguia controlar.Seus dedos se fecharam ao redor do anel, e ele tentou puxá-lo.Nada.Seus dentes rangeram enquanto ele forçava mais, girando o anel, tentando empurrá-lo para fora de seu dedo. Mas ele não se movia.O pânico começou a subir por sua garganta, sufocando sua razão.— Saia… — sibilou entre os dentes, a respiração acelerada.Ele puxou com mais força