49.
− Bom, Doutora, as investigações começaram há quatro meses. − Andrew explicou− Trata-se de uma droga nova, conhecida no mercado como Fantasy. São adesivos que, em contato com a pele, liberam uma substância alucinógena. Estávamos em franca desvantagem com o inimigo e não conseguíamos detectar, sequer, o princípio ativo. Nossa única pista era uma moeda de prata, um mero souvenir, vendido nas várias ilhas desta região, que disputam a honra de terem sido o último porto do navio Reina Cristina. Era um tiro no escuro. Mas colocou em evidência a expedição comandada pelo Hank. Até então era nossa melhor pista. E, assim, passamos a investigar os irmãos Forbes.
− Nos tornamos alvo de uma investigação porque você encontrou um souvenir?! − a voz fria
51.O helicóptero Augusta AW139 retornou à ilha. Em três minutos sobrevoava o bangalô em que vivia a Doutora Juliet Blair.O piloto foi baixando a aeronave e posicionou os faróis para baixo. Sua intenção era lançar luzes em terra, para ter clareza do ponto em que escolhera para o pouso. Quando os holofotes do helicóptero iluminaram o chão, a luz refletiu-se nas paredes do bangalô, evidenciando os contornos do jipe estacionado e uma pessoa que saía correndo, de dentro da casa.− Filho da puta! É o Gavin! − Juliet gritou, delineando-o através da janela panorâmica do helicóptero de luxo.Juliet Blair já foi desafivelando o cinto.− Doutora, não! − Tereza gritou.Nem Hank ou David tiveram a percepção imediata de Tereza. Sem medir nenhuma consequ&e
53. Hank carregou Juliet nos braços, escada acima. Entrou em seu quarto e foi direto para o banheiro. Depositou-a gentilmente no chão e retirou os prendedores que mal sustinham seus cabelos sujos. Depois, segurou a camiseta de algodão e puxou a peça por sua cabeça. Quando viu os seios redondos, expostos sem sutiã, sorriu. Juliet devolveu o sorriso. Só fechou um pouco os olhos e suspirou ao sentir os polegares circundarem os mamilos cor de caramelo... − Você não usa sutiã... nunca ?!− Hank sussurrou. E Juliet meneou a cabeça, numa negativa. Ela repetiu os gestos dele. Retirou a camisa xadrez de vermelho e atirou-a no chão. Depois, puxou a camiseta branca para cima, mas não conseguiu tirá-la sozinha. Por mais que ela ficasse na ponta dos pés, a tarefa ficou impossível sem ajuda. − Espere... eu tiro. − ele voltou a dizer baixinho. Juliet não se conteve. Abraçou Hank pela cintura e passou o rosto no peito largo. O cheiro daquele h
Fala sério! Uma sereia?! Hank mexeu a cabeça, certo de que alguma coisa o estava confundindo. Voltou os olhos para o marcador, para conferir a profundidade. Mas os ponteiros indicavam que a pressão do mar estava longe de ser alarmante, nem perto de prejudicar qualquer dos seus sentidos. No entanto, lá estava, soberba e linda, uma sereia de calda azul!A criatura se aproximava. Ele conseguia, inclusive, delinear seu rosto irritado. Súbito, lembrou-se de que sereias eram seres cruéis, capazes de devorar os humanos por pura diversão. Imaginou uma boca enorme, abrindo-se para engoli-lo. Em pânico, decidiu fugir. Mas uma força hipnótica, maior que a própria vontade, o impeliu para ela. Quis vê-la só mais uma vez. E quando voltou o rosto... desistiu.A criatura era magnífica! Era a mulher mais linda, mais maravilhosa e, sem dúvida, mais azul
1.A Doutora Juliet Blair fechou o registro do chuveiro. Afastou a cortina com peixinhos coloridos e saiu para o banheiro, pingando água no tapete. Quando apanhou a toalha no gancho, um sorriso satisfeito tomou conta do seu rosto. O aroma de café, que vinha do primeiro andar de seu bangalô, era simplesmente maravilhoso!A autora da proeza chamava-se Consuelo, mas atendia pelo apelido de Conchita.Conchita se recusava a fazer café na cafeteira. Preferia ferver a água, adicionando o pó e o açúcar e, depois, coava em um coador de flanela. Quando vira aquela operação pela primeira vez, Juliet não reprimira uma expressão de nojo. No entanto, bastou sentir o cheiro e provar a bebida para nunca mais tomar café de cafeteira! Além de saboroso, com um aroma agradabilíssimo, tinha a vantagem de produzir menos lixo, como no caso dos coadores descart
2.O Comandante Dick Vanderbuild era um homem amistoso, de gestos e palavras afáveis. Quando recebeu Juliet Blair na popa do navio, imediatamente lhe estendeu a mão e lhe dirigiu um sorriso, desculpando-se pelo transtorno:− Já adianto as desculpas do Doutor Caruzzo, Doutora Blair. Tenho certeza de que tudo isso é um grande mal-entendido!Juliet apertou-lhe a mão com ar desconfiado. Não adiantava brigar, se o próprio Comandante lhe dizia que o responsável por aquele trambolho nas águas da Isla de los Sueños não era ele!− Pode chamá-lo, por favor?−Infelizmente o Doutor Caruzzo não está a bordo. Ele saiu de lancha, logo pela manhã, para reconhecimento do local. Mas vou me comunicar com ele, pelo rádio. Gostaria de me acompanhar?Juliet olhou em volta. Ali mesmo, na praça de popa, um grupo de jovens
3.Ao sul da Isla de los Sueños, Hank abriu os olhos cristalinos. Fechou-os logo depois, ofuscado pela luz do sol. Cobriu o rosto com o antebraço esquerdo e esticou preguiçosamente a mão direita para acariciar o corpo da mulher. No entanto, a mão que procurou pelo corpo feminino encontrou apenas a rocha lisa e molhada pela água.Ele voltou a cabeça. Girou o corpo, sentou-se. Escrutinou com cuidado toda a superfície do rochedo. A sensação de abandono era terrível. Estava sozinho, acompanhado apenas pelos cilindros de oxigênio e as nadadeiras...Apesar das evidências, se recusou a acreditar que ela o havia deixado; que sumira da mesma maneira que aparecera, como se tivesse vindo e voltado para o nada.Ergueu-se de uma vez, equilibrando-se mal e mal nos pés descalços. Precisou se apoiar em uma das pedras, por causa do zumbido nos ouvidos e da vis&a
4.O Comandante Dick Vanderbuild não fez nenhum comentário sobre o arroubo de Juliet Blair. Retirou o rádio de suas mãos, encerrou a comunicação com Hank e estendeu o aparelho ao operador. Só depois disso, foi que observou detidamente a mulher.As faces afogueadas e o peito arfante redobravam o interesse de ambos os oficiais que estavam na ponte do Karista I. A Doutora Blair estava espumando de raiva, o que emprestava um brilho extra aos olhos cor de água-marinha. Eram dois olhos verdes, grandes e amendoados. Brilhantes sob sobrancelhas arqueadas, conferiam à ela uma semelhança inequívoca com os seres mágicos das florestas. Um nariz reto, clássico, contrastava com uma boca soberba, de lábios muito carnudos, como que esculpida a cinzel por um artista criterioso.Espetáculo à parte, longos cabelos castanhos, repletos de reflexos dourados, emoldu
5.Quando entrou no convés do Karista I, Hank provocou um suspiro generalizado entre as mulheres da equipe de pesquisa.Muito alto, exibia um corpo de atleta coberto exclusivamente por um calção de banho preto. Era-lhe natural arrancar olhares lânguidos das mulheres, praticamente de todas as mulheres, fascinadas com sua masculinidade intempestiva, com o brilho acobreado dos cabelos louros e a claridade dos olhos azuis.Naquele momento, pouco se importou com os olhares. Aliás, nem os viu. Mas nem mesmo a “cara amarrada” e de poucos amigos foi capaz de dissuadir o público feminino aquartelado no convés principal.Dick Vanderbuild, que observava a cena, não evitou o riso. Não conseguiu deixar de comparar a Doutora Blair com Marcy, a loira escultural que todos, inclusive ele, acreditavam ser a namorada de Hank.Juliet Blair era o avesso: um corcel indomável, completamente