Fala sério! Uma sereia?!
Hank mexeu a cabeça, certo de que alguma coisa o estava confundindo. Voltou os olhos para o marcador, para conferir a profundidade. Mas os ponteiros indicavam que a pressão do mar estava longe de ser alarmante, nem perto de prejudicar qualquer dos seus sentidos. No entanto, lá estava, soberba e linda, uma sereia de calda azul!
A criatura se aproximava. Ele conseguia, inclusive, delinear seu rosto irritado. Súbito, lembrou-se de que sereias eram seres cruéis, capazes de devorar os humanos por pura diversão. Imaginou uma boca enorme, abrindo-se para engoli-lo. Em pânico, decidiu fugir. Mas uma força hipnótica, maior que a própria vontade, o impeliu para ela. Quis vê-la só mais uma vez. E quando voltou o rosto... desistiu.
A criatura era magnífica! Era a mulher mais linda, mais maravilhosa e, sem dúvida, mais azul que encontrara na vida!
Piscou os olhos com força, por trás da máscara de mergulho. Uma parte ainda alerta do cérebro o advertia de que estava alucinando e de que a criatura não passava de uma mulher! Não era uma sereia azul, encantada e dona de poderes mágicos. Mas uma mulher!
A constatação, de pouco adiantou. Apesar dos esforços, seu raciocínio e seu corpo estavam cada vez mais lentos. Parecia preso nas teias nodosas de um sonho que se desenrolava no fundo do oceano. Na tentativa de manter-se lúcido, foi se apegando aos detalhes. E, como se estivesse soletrando frases, foi reconhecendo as imagens e repetindo mentalmente: a mulher azul tem duas pernas e não uma calda. A mulher azul tem mãos. Os dedos da mulher azul não possuem membranas. A mulher azul está pelada!
Sentiu vontade de rir. A mulher acenava freneticamente para que ele emergisse, mas achava tão engraçado ela estar nua, que meneava a cabeça em negativa. Queria ficar ali, no fundo do mar, observando-a para sempre!
Parou de lutar e entregou-se à sensação de sonho. Todos os seus sentidos se detiveram nos seios dela: belos, redondos, fartos, empinando-se atrevidos bem na altura dos seus olhos. Muito devagar, ergueu a mão e tocou com delicadeza o mamilo “azul”. Ele se eriçou, dando mostras de que o toque a agradara.
Quando a encarou novamente, julgou que a mulher sorria. Seus cabelos azulados flutuavam acima da cabeça e seus olhos piscaram divertidos para ele. De repente, porém, suas pernas se cobriram de escamas, transmutando, novamente, na enorme calda azul. Na forma de sereia, começou a brincar com ele. Afastou-se, agitando a longa calda por sobre os corais. Depois parou. Esticou as mãos e com um sorriso sedutor chamou-o para perto dela.
Aceitou o convite. Mas, quando estava prestes a tocá-la, a sereia fugiu. Tão rápido quanto fora a transformação, ela se misturara com um cardume de corvinas e desaparecera numa confusão de cores e bolhas azuis. Ele ficou aturdido. Estava sozinho, nadando em círculos entre os peixes coloridos. Um resto de consciência lhe avisava de que continuava delirando. Mais: de que precisava dar o fora dali o mais depressa possível! Mas não conseguia. Seu corpo pesava como chumbo e parecia impossível impulsioná-lo para a superfície.
Quando tudo parecia perdido, a sereia voltou. Encostou delicadamente os seios em seu peito e abraçou-o, cruzando as mãos em suas costas. Apesar da lentidão dos sentidos, Hank envolveu o traseiro dela com as mãos e segurou com firmeza. Não pensou se sereias tinham bundas ou não. Apenas segurou com força, certo de que sua vida dependia exclusivamente daquele gesto.
Prendendo-o no abraço resoluto, a sereia subiu com ele em direção ao sol e ao dia. E assim que atingiram a superfície, ela arrancou sua máscara de mergulho.
Hank mal teve tempo para respirar. A sereia voltara a ser mulher e encostava o corpo curvilíneo no dele, procurando sua boca para um beijo ávido.
Não titubeou. Beijou-a com a mesma sofreguidão, sentindo o gosto de sal que escapulia dos lábios carnudos, provando da língua atrevida que se intrometia dentro da sua boca. Estreitou-a junto de si. Esfregou o corpo no dela, mostrando que estava de pau duro e profundamente excitado. Em algum lugar do cérebro dormente, pensou: meu Deus do céu, que tesão é esse?!
A mulher emitiu um gemido. Ele separou seus lábios e sorriu vaidoso, certo de que se trava de um gemido satisfeito. Intimamente prometeu a Deus que daquele dia em diante frequentaria assiduamente a Igreja, em agradecimento!
Ela voltou a beijá-lo, entrelaçando suas línguas, beijando-o num só fôlego. Entretanto, Hank teve a impressão de estar afundando. Voltou a acreditar que ela era uma sereia e que o estava puxando para o fundo.
Entrou em pânico. Afastou-a. Debateu-se. Felizmente, na medida em que o ar entrava por suas narinas, sua razão foi voltando... Mais lúcido, prestou atenção na mulher que o observava, esperando...
−Você está me deixando louco...! − ele murmurou, tentando ordenar os pensamentos e se livrar da sensação de pânico.
Ela sorriu. Deixou escapar um riso meio rouco e tomou impulso para trás. Com braçadas elegantes, foi nadando para longe dele, na direção dos rochedos.
−Ei! Espera! Não vá embora! − Hank chamou. Ela não lhe deu ouvidos. Com um movimento gracioso, inclinou-se para baixo e, mais uma vez, desapareceu de vista, sumindo sob as águas.
−Diabos! − resmungou. Olhou em volta. Correu os olhos pela vastidão de mar azul, tentando encontrar um vestígio da sua presença. Porém, apenas a lancha solitária, ondulando ao sabor da maré, denunciava a presença humana. Ao redor, a beleza mística da natureza o abraçava num aperto doloroso de solidão.
Como num passe de mágica, no entanto, a mulher reapareceu. Estava sentada numa das pedras, com a espuma das ondas lhe lambendo os pés. Ela o convidava de novo, com um sorriso sedutor e um aceno de mão.
Hank a estudou por alguns segundos. Fosse uma sereia ou uma mulher, fato era que estava disposta a devorá-lo. E a julgar pelo tesão incontrolável que tomava conta dele, já sabia que seria comido...
Nadou para perto das pedras, entregando o corpo às carícias das ondas, se deixando levar pelo mar. A mulher o esperava, com os braços estendidos para um abraço.
−Você me quer...Não quer? − ele murmurou como um menino perdido, com os olhos dentro dos dela.
Ela riu de novo, aquele riso rouco, recusando-se a falar. Lembrou-se vagamente de Ariel, a pequena sereia que havia ficado muda, como castigo por desejar pernas e amar um humano...! A lembrança cálida, mas insólita, denunciou que seus pensamentos estavam se embotando e, mais uma vez, era capturado pela teia densa de fantasia.
Voltou a concentrar-se nos detalhes, na expectativa de que isso lhe devolvesse o autocontrole. Devagar, tirou os cilindros de oxigênio e colocou-os sobre as pedras. Depois baixou os olhos tentando se lembrar porque não colocara a roupa de mergulho e estava nu.
−Você sabe por que...? – ele perguntou confuso.
A mulher o cobriu com um olhar terno. Estendeu as mãos para ajudá-lo. Com um impulso, Hank sentou-se na pedra, ao lado dela. Sentiu a textura da rocha com a ponta dos dedos e voltou os olhos para a superfície.
−Nossa, é tão lisa! Parece cama de sereia... − ele continuava com o devaneio sem nexo.
Delicadamente, ela encostou a mão em seu peito.
− Fique comigo. − pediu, com uma deliciosa voz rouca. − Por favor!
Desgrudou os olhos da pedra e encarou, fascinado, dois olhos da cor do mar.
− Sou seu. − murmurou − Pode fazer comigo o que quiser...
Quando aquela mulher o prendeu entre as pernas, ele simplesmente fechou os olhos e abriu a boca, arrebatado pela urgência com que ela o beijou. Ergueu as mãos para acariciar as costas bronzeadas e, no fundo da mente, anotou que suas mãos deslizavam, como se a pele dela estivesse coberta de manteiga. Mais uma vez dividido entre a lucidez e o sonho, afundou em um mar de torradas com muita manteiga derretendo no forno quente...!
Uma violenta mordida o trouxe de volta ao dia e à mulher que o exigia. Estava sendo castigado com uma sucessão de mordidas e outro tanto de unhadas. Ao mesmo tempo, ela se esfregava nele, ordenando com a dança lasciva que se mantivesse em permanente excitação.
− Hei! Você é perigosa, hein ?! − rebateu com a voz meio engrolada. Mas não a afastou. Rendeu-se ao que achava ser um jogo erótico e mordeu-a também: nos ombros, no pescoço, no colo... Ela gemeu. Não soube se de dor, prazer ou os dois. Mas, mesmo assim, puxava seus cabelos com força, guiando os dentes e os beijos para os próprios seios.
Fitou os mamilos que estavam sendo empurrados para dentro da sua boca. Eram da cor de caramelo, enfeitando dois seios fartos e morenos de sol. Estranhamente não ostentavam nenhuma sarda: era uma cor firme, que lembrava chocolate misturado ao leite, derretendo numa panela...
Hank abriu a boca. Passou vagarosamente a língua pelo mamilo. Depois sugou o seio todo. Foi se sentindo derreter, diluindo-se no gosto de chocolate que emanava dela.
“Fique comigo...! Fique comigo!” − a voz feminina, levemente rouca, chamava-o com urgência, de volta do mar de chocolate que a fantasia espalhava.
“Não me deixe! Por favor...! Fique comigo!”
A mão pequena estapeou seu rosto com força: uma, duas, três vezes... Mas Hank não a via mais. Registrava apenas os olhos azulados, mistura de verde, azul, algas e mar.... Quando sentiu a mão fechar-se em torno do seu pau, não fez nada. Só deslizou para dentro dela, envolto numa maciez úmida e quente...
O corpo feminino inclinou-se para trás. A mulher iniciou uma cavalgada alucinante. Oscilava os quadris para cima e para baixo, ondulando o ventre em impressionantes movimentos de pompoir.
“Me ajude... Você precisa me ajudar! − a voz implorava, ecoando ao longe. − Eu preciso de você...! Pelo amor de Deus, cara! Fique comigo! Por favor! ”
Foi de uma vez. O sangue chegou ao seu cérebro como uma explosão de ar comprimido. Hank quase engasgou com a quantidade de oxigênio que seus pulmões exigiram. Mas a explosão o libertou das teias que o prendiam entre a realidade e a fantasia. Ele acordou, emergindo do liame tênue que separava a vida da morte.
Finalmente desperto, compreendeu que havia uma mulher fazendo amor com ele! Ela o galopava com determinação, exigindo que a penetrasse cada vez mais fundo. Espalhou um sorriso fulgurante pelo rosto e segurou com firmeza os quadris que dançavam sobre ele. Voltava à vida, vindo de um pesadelo de cacau e manteiga, acordando para o sol, a maresia, o gosto de sal e a voluptuosidade da mulher montada nele.
Procurou um apoio melhor para os pés. Arremeteu violentamente dentro dela, assumindo o controle da coreografia erótica que seus corpos dançavam. Absorveu-se no movimento intenso da bacia, estocando-a com rapidez. Minutos depois observou deliciado, a mulher gozar em seus braços, desmanchando-se em espasmos profundos de prazer.
Quando sentiu que seu próprio gozo irrompia, os gritos dela misturavam-se ao barulho das ondas. Parecia que todo o sangue que havia dentro dele movimentava-se em milhares de pequenos rios, engrossando um volume incrível de líquidos.
Tinha a sensação de que, quando gozasse, iria desaparecer como uma supernova, explodindo magicamente no espaço! Como seria se recompor com o universo numa explosão arrebatadora de prazer? Como seria alcançar o nirvana sem morrer?
Soube a resposta ao gozar como jamais gozara na vida! Explodiu de uma vez, arrebentando toda a cidadela interior que havia nele. A torrente orgástica varreu tudo o que, metaforicamente, havia em seu caminho: casas, pontes, cidades, pessoas, pedras, mar. Hank também gritou, apertando o corpo que o seu próprio inundava, convulsionando em espasmos violentos, em poderosas e plurais convulsões de prazer!
Sem conseguir compreender as respostas ininterruptas que seu corpo dava, abraçou a mulher, agarrando-se a ela para não se perder. Quando as contrações do seu corpo finalmente diminuíram, inclinou-se para trás, em busca do aconchego da rocha lisa, para o descanso das costas. Trouxe a mulher consigo, recusando-se a sair de dentro dela. Estava trêmulo, coberto de suor, mas não sentia sono nem torpor. Apenas uma vontade incrível de gargalhar...!
Ele não se conteve. Começou a rir. A rir da vida, a rir do sol... Parecia a primeira vez que seus olhos enxergavam a limpidez da manhã, a magnificência do azul do céu. Aquele azul claro, maravilhoso, que se deitava como um amante cioso sobre a imensidão do oceano...!
Beijou delicadamente os cabelos da mulher abraçada a ele. Não tinha dúvidas: era a primeira vez na vida que tinha um orgasmo! Um?! Ora, por favor...! No mínimo um milhão deles, a julgar pela força e a sequência com que explodiram!
Para um homem, aquela era uma experiência singular. Afinal, costumavam ter um espasmo breve, objetivo e fim. Mas lá estava ele, completamente transtornando, pronto a gozar de novo só de roçar seu corpo no dela!
− Que loucura...! − ele sussurrou, tremendo da cabeça aos pés, segurando-a como se ela fosse um talismã. Ela também riu. Estava exausta, suada, o rosto colado ao seu pescoço, rindo dele rir daquele jeito.
−Eu vim te buscar, moça! − ele afirmou− E vou levar! Vou levar você comigo, pra sentir isso pelo resto da minha vida...!
Hank ajeitou melhor o corpo dela contra o seu e segurou sua mão. Levou-a aos lábios e beijou-a com carinho, antes de suspirar e fechar os olhos.
“Tome um banho. Não se esqueça! Tem que tomar um banho!” – foram as palavras que ouviu, antes de cair num sono profundo.
1.A Doutora Juliet Blair fechou o registro do chuveiro. Afastou a cortina com peixinhos coloridos e saiu para o banheiro, pingando água no tapete. Quando apanhou a toalha no gancho, um sorriso satisfeito tomou conta do seu rosto. O aroma de café, que vinha do primeiro andar de seu bangalô, era simplesmente maravilhoso!A autora da proeza chamava-se Consuelo, mas atendia pelo apelido de Conchita.Conchita se recusava a fazer café na cafeteira. Preferia ferver a água, adicionando o pó e o açúcar e, depois, coava em um coador de flanela. Quando vira aquela operação pela primeira vez, Juliet não reprimira uma expressão de nojo. No entanto, bastou sentir o cheiro e provar a bebida para nunca mais tomar café de cafeteira! Além de saboroso, com um aroma agradabilíssimo, tinha a vantagem de produzir menos lixo, como no caso dos coadores descart
2.O Comandante Dick Vanderbuild era um homem amistoso, de gestos e palavras afáveis. Quando recebeu Juliet Blair na popa do navio, imediatamente lhe estendeu a mão e lhe dirigiu um sorriso, desculpando-se pelo transtorno:− Já adianto as desculpas do Doutor Caruzzo, Doutora Blair. Tenho certeza de que tudo isso é um grande mal-entendido!Juliet apertou-lhe a mão com ar desconfiado. Não adiantava brigar, se o próprio Comandante lhe dizia que o responsável por aquele trambolho nas águas da Isla de los Sueños não era ele!− Pode chamá-lo, por favor?−Infelizmente o Doutor Caruzzo não está a bordo. Ele saiu de lancha, logo pela manhã, para reconhecimento do local. Mas vou me comunicar com ele, pelo rádio. Gostaria de me acompanhar?Juliet olhou em volta. Ali mesmo, na praça de popa, um grupo de jovens
3.Ao sul da Isla de los Sueños, Hank abriu os olhos cristalinos. Fechou-os logo depois, ofuscado pela luz do sol. Cobriu o rosto com o antebraço esquerdo e esticou preguiçosamente a mão direita para acariciar o corpo da mulher. No entanto, a mão que procurou pelo corpo feminino encontrou apenas a rocha lisa e molhada pela água.Ele voltou a cabeça. Girou o corpo, sentou-se. Escrutinou com cuidado toda a superfície do rochedo. A sensação de abandono era terrível. Estava sozinho, acompanhado apenas pelos cilindros de oxigênio e as nadadeiras...Apesar das evidências, se recusou a acreditar que ela o havia deixado; que sumira da mesma maneira que aparecera, como se tivesse vindo e voltado para o nada.Ergueu-se de uma vez, equilibrando-se mal e mal nos pés descalços. Precisou se apoiar em uma das pedras, por causa do zumbido nos ouvidos e da vis&a
4.O Comandante Dick Vanderbuild não fez nenhum comentário sobre o arroubo de Juliet Blair. Retirou o rádio de suas mãos, encerrou a comunicação com Hank e estendeu o aparelho ao operador. Só depois disso, foi que observou detidamente a mulher.As faces afogueadas e o peito arfante redobravam o interesse de ambos os oficiais que estavam na ponte do Karista I. A Doutora Blair estava espumando de raiva, o que emprestava um brilho extra aos olhos cor de água-marinha. Eram dois olhos verdes, grandes e amendoados. Brilhantes sob sobrancelhas arqueadas, conferiam à ela uma semelhança inequívoca com os seres mágicos das florestas. Um nariz reto, clássico, contrastava com uma boca soberba, de lábios muito carnudos, como que esculpida a cinzel por um artista criterioso.Espetáculo à parte, longos cabelos castanhos, repletos de reflexos dourados, emoldu
5.Quando entrou no convés do Karista I, Hank provocou um suspiro generalizado entre as mulheres da equipe de pesquisa.Muito alto, exibia um corpo de atleta coberto exclusivamente por um calção de banho preto. Era-lhe natural arrancar olhares lânguidos das mulheres, praticamente de todas as mulheres, fascinadas com sua masculinidade intempestiva, com o brilho acobreado dos cabelos louros e a claridade dos olhos azuis.Naquele momento, pouco se importou com os olhares. Aliás, nem os viu. Mas nem mesmo a “cara amarrada” e de poucos amigos foi capaz de dissuadir o público feminino aquartelado no convés principal.Dick Vanderbuild, que observava a cena, não evitou o riso. Não conseguiu deixar de comparar a Doutora Blair com Marcy, a loira escultural que todos, inclusive ele, acreditavam ser a namorada de Hank.Juliet Blair era o avesso: um corcel indomável, completamente
7.Quando Juliet Blair chegou no cais, Gavin Kimball entrava nervosamente em uma lancha, claramente disposto a ir atrás dela, no Karista I.Ela lhe acenou com a mão, um sorriso sem jeito nos lábios. Sua cota de fiascos já havia sido esgotada e não estava disposta a contabilizar mais um. Além da cena desnecessária com Hank Forbes, fora obrigada a sair do navio com o rabo entre as pernas.Pelo menos a garotada que estava no convés principal não presenciara o desfecho tragicômico de sua discussão com o Todo Poderoso. Enquanto atravessava o deque, eles mantiveram olhares desconfiados e pouco amistosos, mas nada além disso. No entanto, no meio dos universitários da San Diego destacara-se uma loira platinada, com um par de seios turbinados mal e parcamente ocultos por um biquíni preto. Ela lhe medira de alto a baixo, antes de perguntar, ríspida:
9.Hank recostou-se nos travesseiros e esticou as longas pernas sobre a cama.Já havia tomado um banho e atacado sem piedade uma generosa bandeja de comida. Enquanto comia no escritório contíguo à sua cabine, vigiara com paciência a sucessão de folhas depositadas na bandeja da impressora. Eram os relatórios de pesquisa da Doutora Juliet Blair, enviados via e-mail por sua secretária. Agora ele os estava lendo, com um meio sorriso curvando os lábios.A Doutora era técnica. Objetiva e clara, não dava muitas chances à imaginação do leitor. No entanto, a composição geral do texto era tão bem feita que lê-lo tornava-se tarefa muito prazerosa. Definitivamente Juliet Blair sabia escrever! E, vindo de uma bióloga, aquilo era muito interessante!Ao todo, quatro relatórios foram enviados. Nos dois primeiros, ela narrava p
11.Juliet manobrou o Jipe para a garagem improvisada. Depois que estacionou, deixou escapar um suspiro profundo. Estava exausta. Parecia que toda a sua energia havia sido minada.Mesmo sentindo um cansaço extremo, estava determinada em cumprir seu ritual de entardecer. Iria se sentar nas pedras diante do seu bangalô e observar o sol desaparecer no horizonte, até a chegada da noite.Que dia difícil! Não bastasse a arrogância, a violência e o convencimento do Doutor Caruzzo, ele tinha o dom de atrair todo tipo de atenção! E aquilo tornara seu dia no Centro de Preservação da Vida Marinha um verdadeiro inferno!As balsas haviam chegado lotadas, repletas de turistas espocando celulares de última geração na direção do Karista. A todo o momento grupos barulhentos irrompiam no Centro, repetindo as mesmas e ansiosas perguntas: Quando o Karista