41.
A equipe de pesquisas já estava na sala de reuniões, à espera de Hank. Marcy preferiu esperar por ele no corredor. Planejava interpelá-lo ali mesmo, antes que ele entrasse.
Sabia do seu encontro com a Doutora Blair. Mas não sabia o que havia acontecido. Só intuía que deveria ter sido um encontro terrível porque ele voltara bêbado, com as roupas imundas e completamente encharcadas.
Também era um mistério insondável como é que ele tinha conseguido pilotar a lancha e voltar inteiro para o navio!
De certo, havia apenas o fato de que Hank estava correndo dela como o diabo da cruz! Pulara cedo da cama e se envolvera nos mais ínfimos detalhes da expedição. Xereteara até na ponte, com um sorriso de comercial de pasta de dentes totalmente idiota! Todas as vezes que tentara falar com ele, Hank estendera as mãos diante do corpo e
43.Juliet Blair estacionou o jipe de frente ao hotel. Ficou tão mal estacionado que dois hóspedes olharam dela para o meio fio, na expectativa de que ela iria corrigir. Ela sequer respondeu ao olhar...! Desceu “chutada” do veículo e entrou no hotel como uma bala.Foi recebida pela recepcionista, que lhe dirigiu um sorriso amistoso.− Boa tarde, Doutora!− Gavin já chegou?!A moça ergueu as sobrancelhas, num pedido mudo de desculpas. Desde cedo a Doutora Blair estava indo ao hotel, na expectativa de se encontrar com o senhor Kimball. Mas seu patrão parecia ter tomado chá de sumiço. A ausência dele só piorava o mau humor da Doutora, pois a mulher estava com o diabo no corpo e a cada vez que voltava, voltava pior!− Sinto muito... mas o senhor Kimball realmente não apareceu hoje.− Carla, você sabe se ele tem ou
45.Tereza Velásquez adorava seu trabalho. Apesar dos arroubos e dos palavrões da Doutora Blair, se divertia muito com ela. Também gostava dos técnicos do laboratório e, é claro, de seu pai, responsável por patrulhar o perímetro náutico da ilha. Por todos estes motivos nunca tivera problemas em ficar sozinha no Centro de Preservação da Vida Marinha.Porém... naquela tarde, ela estava com uma sensação muito ruim.Os técnicos haviam ido embora. Bastara a Doutora liberar o expediente, que tinham praticamente evaporado! Convenhamos que sair mais cedo numa segunda feira quente, era um presente de natal antecipado! Não iria ficar amuada com ninguém...! Se havia protocolos de segurança a serem cumpridos, eles já tinham feito seu trabalho. E agora que todos haviam saído, cabia a ela fazer sua parte. Não era diferente
47.Quando Hank e Juliet terminaram de descer a colina, encontraram uma barreira policial. Hank não se espantou. Assim que avistara um helicóptero do FBI, soube que era por causa do Fantasy. Só não falara nada para Juliet, porque era o tal do assunto que demandaria uma looonga conversa. E, se o seu palpite sobre o envolvimento de Kimball estivesse certo, talvez demandasse, também, algumas sessões de terapia...– Aquilo é um helicóptero do FBI?! − ela gritara.– É sim! – Mas o que o FBI está fazendo aqui?! Hank não respondera. Num gesto involuntário, tirara a mão direita do guidom e apertara o joelho dela. Juliet não entendera porque ele fizera aquilo. Mas havia gostado. Gostara tanto que suspirara e se encostara nele.– Está me fazendo um ca
49.− Bom, Doutora, as investigações começaram há quatro meses. − Andrew explicou− Trata-se de uma droga nova, conhecida no mercado como Fantasy. São adesivos que, em contato com a pele, liberam uma substância alucinógena. Estávamos em franca desvantagem com o inimigo e não conseguíamos detectar, sequer, o princípio ativo. Nossa única pista era uma moeda de prata, um mero souvenir, vendido nas várias ilhas desta região, que disputam a honra de terem sido o último porto do navio Reina Cristina. Era um tiro no escuro. Mas colocou em evidência a expedição comandada pelo Hank. Até então era nossa melhor pista. E, assim, passamos a investigar os irmãos Forbes.− Nos tornamos alvo de uma investigação porque você encontrou um souvenir?! − a voz fria
51.O helicóptero Augusta AW139 retornou à ilha. Em três minutos sobrevoava o bangalô em que vivia a Doutora Juliet Blair.O piloto foi baixando a aeronave e posicionou os faróis para baixo. Sua intenção era lançar luzes em terra, para ter clareza do ponto em que escolhera para o pouso. Quando os holofotes do helicóptero iluminaram o chão, a luz refletiu-se nas paredes do bangalô, evidenciando os contornos do jipe estacionado e uma pessoa que saía correndo, de dentro da casa.− Filho da puta! É o Gavin! − Juliet gritou, delineando-o através da janela panorâmica do helicóptero de luxo.Juliet Blair já foi desafivelando o cinto.− Doutora, não! − Tereza gritou.Nem Hank ou David tiveram a percepção imediata de Tereza. Sem medir nenhuma consequ&e
53. Hank carregou Juliet nos braços, escada acima. Entrou em seu quarto e foi direto para o banheiro. Depositou-a gentilmente no chão e retirou os prendedores que mal sustinham seus cabelos sujos. Depois, segurou a camiseta de algodão e puxou a peça por sua cabeça. Quando viu os seios redondos, expostos sem sutiã, sorriu. Juliet devolveu o sorriso. Só fechou um pouco os olhos e suspirou ao sentir os polegares circundarem os mamilos cor de caramelo... − Você não usa sutiã... nunca ?!− Hank sussurrou. E Juliet meneou a cabeça, numa negativa. Ela repetiu os gestos dele. Retirou a camisa xadrez de vermelho e atirou-a no chão. Depois, puxou a camiseta branca para cima, mas não conseguiu tirá-la sozinha. Por mais que ela ficasse na ponta dos pés, a tarefa ficou impossível sem ajuda. − Espere... eu tiro. − ele voltou a dizer baixinho. Juliet não se conteve. Abraçou Hank pela cintura e passou o rosto no peito largo. O cheiro daquele h
Fala sério! Uma sereia?! Hank mexeu a cabeça, certo de que alguma coisa o estava confundindo. Voltou os olhos para o marcador, para conferir a profundidade. Mas os ponteiros indicavam que a pressão do mar estava longe de ser alarmante, nem perto de prejudicar qualquer dos seus sentidos. No entanto, lá estava, soberba e linda, uma sereia de calda azul!A criatura se aproximava. Ele conseguia, inclusive, delinear seu rosto irritado. Súbito, lembrou-se de que sereias eram seres cruéis, capazes de devorar os humanos por pura diversão. Imaginou uma boca enorme, abrindo-se para engoli-lo. Em pânico, decidiu fugir. Mas uma força hipnótica, maior que a própria vontade, o impeliu para ela. Quis vê-la só mais uma vez. E quando voltou o rosto... desistiu.A criatura era magnífica! Era a mulher mais linda, mais maravilhosa e, sem dúvida, mais azul
1.A Doutora Juliet Blair fechou o registro do chuveiro. Afastou a cortina com peixinhos coloridos e saiu para o banheiro, pingando água no tapete. Quando apanhou a toalha no gancho, um sorriso satisfeito tomou conta do seu rosto. O aroma de café, que vinha do primeiro andar de seu bangalô, era simplesmente maravilhoso!A autora da proeza chamava-se Consuelo, mas atendia pelo apelido de Conchita.Conchita se recusava a fazer café na cafeteira. Preferia ferver a água, adicionando o pó e o açúcar e, depois, coava em um coador de flanela. Quando vira aquela operação pela primeira vez, Juliet não reprimira uma expressão de nojo. No entanto, bastou sentir o cheiro e provar a bebida para nunca mais tomar café de cafeteira! Além de saboroso, com um aroma agradabilíssimo, tinha a vantagem de produzir menos lixo, como no caso dos coadores descart