Ele fechou a porta e eu fiquei boquiaberta.
O que ele quis dizer com " talvez bata o recorde"? Estreitando os olhos, voltei para a minha mesa e deixei os papéis e pastas sobre os outros. Respirei fundo. Preciso de café. Acordei super cedo hoje. Mal dormi ontem à noite. Depois que conversei com o Sr. Engraçadinho, o vizinho do lado começou a arrastar os móveis. Eu tentei de todas as formas possíveis pregar os olhos, mas não consegui. Fui para a copa e encontrei Susan, do RH. Ela vestia uma blusa bege e saia cinza. Conversamos algumas vezes. Ela é super legal, e me ensinou a como lidar com o Sr. Cabeça Esquentada. Ela disse que ele rosnava e mostrava os dentes, mas era incapaz de morder — talvez porque tivesse medo de pegar doença? — Uau. Você está destruída — ela disse, quando me aproximei. Respirei fundo. — Precisa urgentemente disso. — Ela passou uma xícara de café por cima do balcão e eu sorri, agradecida. — Acredita que ele ainda não sabe o meu nome? — comentei, exauridaEla não pareceu nenhum pouco surpresa. — Ele não sabe o nome de ninguém. Ainda mais da secretária. Você sabe… ele tem histórico. As secretárias não duram mais que duas semanas. — Ah. — Eu disse. A resposta era essa, então. — O quê? — Ele mencionou algo sobre eu bater o recorde — eu disse, dando de ombros. Peguei o café e bebi um gole. Fiz uma careta. — Amargo. Ela estendeu um saquinho de açúcar. — Obrigada. — Bom, você está há duas semanas e meia sentada na cadeira que outras secretárias duraram apenas duas semanas. Eu despejei o açúcar e mexi com uma colher que peguei de uma das gavetas. — Isso é um bom sinal. — Eu resmunguei. — Talvez ele goste de mim. Ela quase gargalhou, e eu juntei as sobrancelhas. — Milagres não acontecem, Anne, mas pode tentar. Eu me perguntei, naquele instante, se havia alguma coisa que eu podia fazer para domar aquela fera. Homens não precisam de muito para baixarem a bola. Precisam de algo que os faça acreditar que você é essencial. Sorri. Aqui estava eu, pensando em uma forma de manter meu emprego. Talvez, ser indispensável fosse a melhor opção para mostrar a um babaca convencido o porquê de eu ser indispensável. — Adele! — um grito. Susan arregalou os olhos. — É Annelise. — Corrigi, revirando os olhos. Me despedi de Susan e voltei para a minha mesa. Quando cheguei, percebi que ele estava ali, parado. Essa era uma das formas de me chamar, embora existisse o bom e velho interfone. — Adele! Olha só… e eu pensando que você havia fugido. — Apoiado à mesa, ele descruzou as pernas e pegou minha pilha de documentos. — Pensei que havia mandado você cancelar a reunião às dez. — Ele olhou para mim, erguendo uma sobrancelha. — Sr. Ward… desculpe — eu disse, me colocando atrás da mesa. — Devo ter esquecido. — Ele balançou a cabeça. — Não desapareça de novo. — Ele se inclinou na minha direção, plantando as duas mãos na mesa. — E desmarque a porcaria da reunião. — Eu assenti. Ele sorriu, convencido e continuou: — boa menina. Ele deu as costas para mim e eu revirei os olhos, murmurando suas últimas palavras com desdém, até que foquei os olhos em sua bunda e… Meu Deus… o que esse homem tinha de gostoso, tinha de cretino. Mordi o lábio inferior e balancei a cabeça, afastando os pensamentos impuros que me tomaram. Eu tinha certeza que fiquei vermelha. Chase Ward me causava isso, além de raiva e estresse. Ele virou a cabeça na minha direção e lançou um sorriso de canto. Pelo visto, tudo seria muito difícil. O meu chefe é um babaca. Sr. Babaca Metido. E parece ter prazer em me ver correr de um lado para o outro feito uma doida. Talvez esse fosse o fetiche secreto dele: irritar as pessoas. Respirei fundo e interpretei, o resto do dia, o papel de boa menina, como ele havia pedido para que fizesse.O meu novo chefe saiu mais cedo do trabalho para um compromisso. Eu consegui sair às oito, depois de remarcar reuniões e responder alguns e-mails e organizar documentos. O cara era uma máquina! Em menos de uma semana, tinha conseguido trazer uma conta super importante para a empresa. Susan estava certa. Abby também. Se eu conseguisse superar as outras secretárias, iria garantir o emprego. Aturar Chase não era tão difícil, apesar de ser bastante irritante de vez em quando.Quando cheguei em casa, pedi uma pizza e Brad apareceu, pedindo para usar o banheiro. Eu disse que não tinha problema. Cinco minutos depois, ele saiu enrolado numa toalha e eu olhei sua bunda sob o tecido. Até que não era tão mal… ele agradeceu e foi embora.O cara com quem eu bati papo ontem, o Sr. Bolas Azuis, mandou uma mensagem:Sr. Bolas Azuis: Como foi o dia?Eu achei estranho ele perguntar isso. Fiquei pensando nele o resto da noite, quando me enviou a primeira mensa
***Eu acordei animada. Fiz ioga e descobri que não sou tão boa nisso. O resultado foi uma dor quase insuportável nas costas. Devo ter dado um jeito ao fazer uma posição de modo errado. A animação ainda me tomava. Às oito em ponto, estava na Shaffer & Sheppard, cantarolando "Shape of You" de Ed Sheeran. Quando sentei-me à minha mesa, tirei os fones de ouvido e levantei a cabeça para ver se Chase já havia chegado. Para a minha surpresa, a resposta era que sim. Em todos os dias em que trabalhei, ele nunca havia chegado tão cedo. Imaginei que estivesse aprontando algo. Talvez estivesse escolhendo a próxima vítima.O interfone da minha mesa tocou. Eu atendi.— Sr. Ward? — Perguntei.— Venha até minha sala.Eu levantei e me dirigi até seu escritório no final do corredor. A luz estava acesa, por isso que percebi que estava ali dentro. Bati à porta. Ele mandou eu entrar. Vestia um terno azul escuro, que de algum jeito realçava o olhar acinze
Susan me chamou para almoçar num restaurante italiano perto do trabalho, e apesar de eu não conhecer o restaurante, notei que ficava perto do Pet's Cute Shop, o pet shop da minha irmã. Ela quase caiu para trás quando eu contei que Chase Ward tirou o terno na minha frente, e eu pude apreciar o monumento debaixo da beca elegante. Ele era realmente uma delícia. Durante o trajeto, me lembrei de Chase abrindo cada botão; parecia um espetáculo. Cada botão aberto, cada centímetro de pele exposta, um arrepio percorria meu corpo. Eu fiquei enrijecida diante dele, sem palavras. Ele estava certo. Eu havia amado a visão, e era agradecida por isso.Quando chegamos no restaurante, ela agarrou o meu braço e apontou para uma mesa no canto, dizendo que era a melhor opção. Ela foi na frente e eu a segui. Puxei uma cadeira pesada de madeira e ela se sentou à minha frente, desenhando o maior sorriso que podia com os lábios. Susan era legal. Assim que pus os pés na Shaffer & Shepp
A reunião com o sr. O'Donnell não tinha nem começado e eu já achava que iria destruir Alan Patrick, o Sr. Coceira Persistente. O cara estava do meu lado, e enfiou " discretamente" a mão dentro da cueca, ajeitou o Alan Junior e retirou, levando-a até o nariz. Franzi o cenho, enojado e ele olhou para mim, dando de ombros.Tive que trocar de terno antes de vir, porque minha secretária atrapalhada derramou café em mim. Mas então, o sr. Sheppard me chamou para a sua sala logo depois que mandei Adele ir lavar o paletó.O sr. Sheppard havia marcado no Perfetto, um restaurante italiano perto do prédio da agência. Como ninguém de lá poderia saber do nosso envolvimento e das campanhas das quais trabalhamos fora da agência, não avisamos nada a nossas secretárias. As campanhas, apresentações e tudo o que envolve a competição para a vaga de diretor de marketing ocupa muito tempo e dedicação, dessa forma, Conrad saberia o quão responsáveis e comprometidos somos.—
Eram quase cinco da tarde quando cheguei no hospital. Eu olhei ao meu redor e vi os corredores frios, o chão parecia estar oscilando sob meus pés e tinha quase certeza de que, em algum momento, eu iria desabar. Voltei a atenção para o vidro que me permitia ver meu pai. Ele estava deitado no leito. Os aparelhos o mantinham respirando, e a minha própria respiração parecia pesada, como se eu estivesse me afogando. Levei a mão até o vidro. Toquei-o. Meus olhos passaram pelo quarto branco, o leito, os aparelhos, uma cadeira do lado da cama. Vi Kathryn sentada lá, massageando a têmpora. Quando ela percebeu que eu estava a observando, me olhou de canto e sorriu timidamente. Eu suspirei, o vidro embaçou.Me dirigi à porta e abri, entrando no quarto. Enfiei as mãos nos bolsos e me aproximei. Meus olhos caminharam até ele na cama. Parecia rel
Comecei a me afastar de Kathryn aos poucos, e Deus… aquilo foi doloroso. Nossas ideias, desejos e encontros se tornaram cada vez mais escassos. Eu mal a via ultimamente. Por isso, ela marcava, todos as quartas, o almoço. Era a única oportunidade de nos vermos, de ter uma conversa decente, mas a cada almoço, nos perdíamos mais. Nunca fomos inseparáveis, mas isso não significava que não nos importássemos um com o outro. E agora, nos confrontamos quase sempre.— É mesmo — concordou. — Mas não é culpa sua. Eu decidi que… — ela respirou profundamente e olhou para mim. — Que vou tentar fazer inseminação artificial. O Paul ainda não sabe, mas… — seus olhos se encheram de dor, e ela continuou: — eu cansei. Eu não aguento mais. É como se tudo estivesse contra mim, e carregar esse peso… eu não aguento mais, Chase. — Beijei seu cabelo, apertan
Fechei os olhos e os abri lentamente, respirando fundo.Encostei a cabeça no travesseiro, e senti minha cabeça afundar rapidamente. Estava latejando, como se um baterista estivesse lá dentro. Hoje com certeza foi um dos piores dias da minha vida.Suspirei.Todo o meu corpo estava enrijecido, e acreditei que meus músculos pararam de funcionar quando deitei na cama.Droga.Desfiz o nó da minha gravata azul, e percebi que minha garganta estava entalada. Todas as palavras que não saíram hoje mais ce
O Sr. Bolas Azuis estava online, mas por algum motivo não me mandou mensagens. Eu esperei, recarreguei a página e nada. Estava cansada o suficiente, e quando capotei na cama, dormi agarrada com Chase.— Oi, garotinho — ele escalou a cama, correu até mim e subiu em minha barriga, se acomodando, depois de girar algumas vezes sem sair do lugar. Eu acariciei seu pelo macio. — Está confortável aí?— Miau.Eu sorri.Meu mini projeto de Chase.Chase…