Susan me chamou para almoçar num restaurante italiano perto do trabalho, e apesar de eu não conhecer o restaurante, notei que ficava perto do Pet's Cute Shop, o pet shop da minha irmã. Ela quase caiu para trás quando eu contei que Chase Ward tirou o terno na minha frente, e eu pude apreciar o monumento debaixo da beca elegante. Ele era realmente uma delícia. Durante o trajeto, me lembrei de Chase abrindo cada botão; parecia um espetáculo. Cada botão aberto, cada centímetro de pele exposta, um arrepio percorria meu corpo. Eu fiquei enrijecida diante dele, sem palavras. Ele estava certo. Eu havia amado a visão, e era agradecida por isso.
Quando chegamos no restaurante, ela agarrou o meu braço e apontou para uma mesa no canto, dizendo que era a melhor opção. Ela foi na frente e eu a segui. Puxei uma cadeira pesada de madeira e ela se sentou à minha frente, desenhando o maior sorriso que podia com os lábios. Susan era legal. Assim que pus os pés na Shaffer & Sheppard, ela ajudou a me adaptar com o ambiente e explicou como tudo iria acontecer. Susan me contou tudo o que eu precisava saber sobre Chase Ward e sobre seu temperamento difícil. Ela me contou que ele era jovem quando conseguiu uma vaga na empresa e logo depois subiu, degrau por degrau, o patamar, até se tornar um dos queridinhos do sr. Sheppard. Eu chamei o garçom e ele se aproximou, oferecendo um largo sorriso. Eu pedi um risoto e ela uma fatia de lasanha. — A minha irmã acha que o marido dela está a traindo — eu comecei. — Eu fiquei triste por ela, porque ela abriu mão de muita coisa para se entregar a ele. Ela tinha muitos sonhos e passou a ser, basicamente, mãe e esposa. — Susan me encarou, levando o garfo à boca. — Isso é muito ruim — ela disse, de boca cheia. — Eu tenho uma prima que está passando por isso. Ela acabou se separando do desgraçado. — Apoiou o cotovelo na mesa e brincou com o garfo no ar. — Ela morou comigo por algumas semanas antes de descobrir que estava grávida. — Arregalei os olhos e remexi a comida no prato. — Sabe o que eu acho? Os homens atrapalham nossas vidas. Por isso decidi só usá-los e jogar fora. Eu sorri. É verdade. Boa parte do senso de aventura de Abby se perdeu quando ela foi morar com Mike. Me pergunto o que aconteceria se não tivesse feito isso, ou se não tivesse engravidado. — Talvez eu deva fazer a mesma coisa, embora...— ela me encarou. Eu comi uma colherada e continuei: — embora não saiba o que é sexo já faz praticamente oito meses. Susan cobriu a boca com a mão e olhou-me incrédula. Eu torci os lábios para baixo e assenti. Era realmente muito triste. Havia oito meses que eu tinha terminado com o guitarrista sexy — aquele com quem deixei minha carteira. Eu o encontrei tocando na rua, e ele era um espetáculo de tão bonito. Eu acabei puxando a carteira do bolso, mas no lugar do dinheiro, dei a própria carteira. Uma hora depois, desesperada — porque pensei que havia perdido a carteira —, ele bateu à minha porta com um sorriso gentil no rosto e a carteira de estampa de oncinha na mão. Eu o agradeci. Dois meses depois, me peguei apaixonada por ele. Completamente. O sexo era incrível, ele era incrível… mas não queria nada tão sério. Ele praticamente me usava para fazer sexo, mas em contrapartida, eu também o usava para isso. Amizade colorida? Isso. Nós podíamos sair com outras pessoas, e durante esse período, ele conheceu uma modelo gostosa e se mudou para Los Angeles. — Você precisa tirar as teias de aranha daí debaixo, amiga — ela apontou com a cabeça para o meu colo. Eu ri. — Conheço uns caras que adorariam te ajudar com isso. Eles meio que são inexperientes, mas aprendem rapidinho. — Balançou os dedos no ar. — Na verdade, eu acho que estou falando com um cara — eu disse. — Fora o meu vizinho da bunda sexy. — Bunda sexy? Assenti. — Meu vizinho é meio que apaixonado por mim. Ele pediu para ir tomar banho na minha casa, porque o chuveiro dele quebrou. — Ergui uma sobrancelha. — Ele tem uma bunda maravilhosa. — Sorri, dando de ombros. — Sério? — Fiz que sim com a cabeça e ela se inclinou na minha direção, passando a mão nos cabelos castanhos, os penteando para trás. — E quem é o cara com quem está conversando? Eu bebi um gole de água. — Não conheço — balancei a cabeça — meio que o conheci num chat online, anônimo. Ele é pervertido. — Mordi o lábio inferior e balancei a água na taça. — Mas não sei se vou levar adiante. — Pervertido? De que tipo? — Ela levantou uma sobrancelha, interessada. — Do tipo que pergunta se a calcinha está confortável, ou se o vibrador que uso é potente o suficiente para me fazer… me satisfazer. — Fiquei vermelha. Ela gargalhou, pondo a mão sobre o coração. — Meu Deus! — Pois é. Nós conversamos por algumas horas. Ele quer saber mais sobre mim, mas pediu para que mantivesse o anonimato até estarmos preparados para nos revelar. — E por que acha que não vai dar certo? Eu conheci o Collin, meu namorado/amigo de cama numa festa. Talvez dê certo, mesmo que não se conheçam. — Eu não sei se quero saber como esse final vai acabar. A verdade é que eu estou cansada de esperar o cara perfeito aparecer. Por que tem que ser tão difícil? — Lamentei, me debruçando sobre a mesa. — Talvez se eu não criasse expectativas… — Não as crie. Nunca são cem por cento da forma como imaginou, e isso é frustrante. Eu concordei. Depois de Jessie, eu não consegui me reerguer amorosamente. Talvez eu devesse procurar menos e experimentar o que havia sido entregue facilmente, mas eu não sabia se ainda estava preparada, até… até ver Chase? Juntei as sobrancelhas e praticamente me levantei. Chase! Ele estava ali! E vestindo outro terno! Ele passou do outro lado do salão, e eu chamei o garçom e Susan e eu pagamos a conta. Eu a arrastei para fora do restaurante e corri para fora, gargalhando, de repente. Susan, sem entender a minha reação, perguntou: — O que deu em você? — Chase. — O quê? Ela virou para olhar na direção, mas eu rapidamente a puxei para perto e me coloquei atrás dela. — Não olha. Ele entrou no restaurante. Vamos sair daqui. — A empurrei. Eu a levei para conhecer a minha irmã. Susan ficou encantada com a quantidade de brinquedos que um cachorro poderia ter e conheceu um cachorro, que não desgrudou dela. Ela o colocou no colo e ele agarrou-se à sua roupa. Quando o soltou por alguns segundos, ele choramingou. Reconheci o rapazinho. Era o mesmo que estava tentando pular a cerca amarela para ficar com Abby, quando vim para a loja, dois dias atrás. As apresentei, e andei até o cercado dos gatos. Eu adorava gatos, principalmente porque eles são fofos e ronronam, mas também por sua personalidade. — Oi, amiguinho — eu disse, lançando o braço e pegando um gatinho preto, peludo. — Miau. Eu sorri. O coloquei no colo e ele escalou o meu ombro. Empoleirado ali, Susan e Abby sorriram, achando graça. Eu tentei o tirar de lá, mas ele mordiscou minha mão. Arregalei os olhos. — Acho que ele gostou de você — Abby disse. — Deveria ficar com ele. O gatinho se agarrou ao meu blazer e fechou os olhos. Abusado.— Escolhe um nome. — Susan sentou no chão à minha frente, num tapete em formato de osso. O cachorro carente pulou no colo dela, e ela acariciou seus pelos, passando a mão pelo corpinho. Que nome eu posso escolher? Black? Shadow? Não… Chase — minha mente berrou. Chase. Anusado. Presunçoso. Babaca metido. Lindo. Olhei para o gatinho e sorri. — Chase. Susan arregalou os olhos, incrédula, e arqueou as sobrancelhas. Eu dei de ombros e enfim peguei Chase nas mãos. Ele me escalou novamente. — Combina com a personalidade. — Expliquei. ***Às sete horas, coloquei o terno do Sr. Babaca Metido numa caixa, escrevi um bilhete e levei ao prédio dele. Eu esperava que fosse luxuoso, assim como o gosto de Chase, e não me surpreendi. Eu tive que dizer ao porteiro que eu era a namorada dele e que queria fazer uma surpresa, porque quase meia hora tentando convencê-lo de que eu trabalhava para ele não resultou em nada. Ele pegou a caixa e a levou. Prontinho. Suspirei, e notei que meus pensamentos se encaminharam para Chase Ward mais uma vez. Qual vai ser sua reação ao abrir a caixa?A reunião com o sr. O'Donnell não tinha nem começado e eu já achava que iria destruir Alan Patrick, o Sr. Coceira Persistente. O cara estava do meu lado, e enfiou " discretamente" a mão dentro da cueca, ajeitou o Alan Junior e retirou, levando-a até o nariz. Franzi o cenho, enojado e ele olhou para mim, dando de ombros.Tive que trocar de terno antes de vir, porque minha secretária atrapalhada derramou café em mim. Mas então, o sr. Sheppard me chamou para a sua sala logo depois que mandei Adele ir lavar o paletó.O sr. Sheppard havia marcado no Perfetto, um restaurante italiano perto do prédio da agência. Como ninguém de lá poderia saber do nosso envolvimento e das campanhas das quais trabalhamos fora da agência, não avisamos nada a nossas secretárias. As campanhas, apresentações e tudo o que envolve a competição para a vaga de diretor de marketing ocupa muito tempo e dedicação, dessa forma, Conrad saberia o quão responsáveis e comprometidos somos.—
Eram quase cinco da tarde quando cheguei no hospital. Eu olhei ao meu redor e vi os corredores frios, o chão parecia estar oscilando sob meus pés e tinha quase certeza de que, em algum momento, eu iria desabar. Voltei a atenção para o vidro que me permitia ver meu pai. Ele estava deitado no leito. Os aparelhos o mantinham respirando, e a minha própria respiração parecia pesada, como se eu estivesse me afogando. Levei a mão até o vidro. Toquei-o. Meus olhos passaram pelo quarto branco, o leito, os aparelhos, uma cadeira do lado da cama. Vi Kathryn sentada lá, massageando a têmpora. Quando ela percebeu que eu estava a observando, me olhou de canto e sorriu timidamente. Eu suspirei, o vidro embaçou.Me dirigi à porta e abri, entrando no quarto. Enfiei as mãos nos bolsos e me aproximei. Meus olhos caminharam até ele na cama. Parecia rel
Comecei a me afastar de Kathryn aos poucos, e Deus… aquilo foi doloroso. Nossas ideias, desejos e encontros se tornaram cada vez mais escassos. Eu mal a via ultimamente. Por isso, ela marcava, todos as quartas, o almoço. Era a única oportunidade de nos vermos, de ter uma conversa decente, mas a cada almoço, nos perdíamos mais. Nunca fomos inseparáveis, mas isso não significava que não nos importássemos um com o outro. E agora, nos confrontamos quase sempre.— É mesmo — concordou. — Mas não é culpa sua. Eu decidi que… — ela respirou profundamente e olhou para mim. — Que vou tentar fazer inseminação artificial. O Paul ainda não sabe, mas… — seus olhos se encheram de dor, e ela continuou: — eu cansei. Eu não aguento mais. É como se tudo estivesse contra mim, e carregar esse peso… eu não aguento mais, Chase. — Beijei seu cabelo, apertan
Fechei os olhos e os abri lentamente, respirando fundo.Encostei a cabeça no travesseiro, e senti minha cabeça afundar rapidamente. Estava latejando, como se um baterista estivesse lá dentro. Hoje com certeza foi um dos piores dias da minha vida.Suspirei.Todo o meu corpo estava enrijecido, e acreditei que meus músculos pararam de funcionar quando deitei na cama.Droga.Desfiz o nó da minha gravata azul, e percebi que minha garganta estava entalada. Todas as palavras que não saíram hoje mais ce
O Sr. Bolas Azuis estava online, mas por algum motivo não me mandou mensagens. Eu esperei, recarreguei a página e nada. Estava cansada o suficiente, e quando capotei na cama, dormi agarrada com Chase.— Oi, garotinho — ele escalou a cama, correu até mim e subiu em minha barriga, se acomodando, depois de girar algumas vezes sem sair do lugar. Eu acariciei seu pelo macio. — Está confortável aí?— Miau.Eu sorri.Meu mini projeto de Chase.Chase…
Talvez eu estivesse um pouco enlouquecida, porque desde então, se passou um mês desde o pequeno incidente com o café, e meu abusado chefe ainda não me demitiu. Ainda. O pior foi descobrir que o cara de quem eu estava começando a me aproximar era, na verdade, o próprio Chase Ward. Durante um mês, trocamos mensagens diariamente. Passamos a falar mais do que apenas provocações — o que só por si já era estranho — e começamos a contar nossos desejos, prazeres, sonhos, vida. Eu não pude deixar de aproveitar tudo isso. A cada dia que passava, eu entendia cada vez mais Chase Ward, o Sr. Chefe Abusado. Enquanto escondia minha identidade secreta, percebia o quão louco ficava quando o provocava "inocentemente", sem que ele soubesse que eu era a A. Era muito, muito bom irritá-lo de vez em quando. Eu sabia que ele odiava espuma no café e, na semana passada, comprei seu café com bastante espuma. Nossa comunicação na agência
— Aproveita e reponha os dias perdidos, está precisando — eu disse, sentindo as bochechas corarem um pouco. Ela me chamou de pervertida e eu continuei: — enfim o Sr. Pau elétrico vai ter um descanso.— Anne! — Repreendeu.— Desculpa… mas é bom ver que estão se acertando de novo. Fico muito feliz.No último mês ela me visitou quase todos os dias. Ela dizia que ele estava se afastando, e que descobriu que a residente do hospital em que ele trabalhava era jovem e gostosa. Era difícil não chorar junto com ela, principalmente porque sou chorona e depois, eu não aguento ver pessoas tristes. Ainda mais a minha irmã. Eu não contei a ela sobre o Chase. Nem para Susan. Eu t
Eu cheguei no café em que Chase havia marcado. Alguns minutos depois, ele falou comigo pelo interfone e disse que sabia de um café aconchegante e agradável, no estilo de Dinner de cidade do interior.Sentada à mesa, cruzei as pernas e conferi a hora no celular. De repente, minha atenção foi tomada por uma nuvem de perfume. O cheiro dele. Eu aspirei o ar, como se estivesse asfixiada sem ele. Chase estava com o paletó no braço, segurando-o casualmente. Ele sorriu quando passou por mim e sentou-se à minha frente, erguendo uma sobrancelha e lançando um olhar que me fisgou completamente. O colete cinzento que abraçava o corpo malhado lhe dava um tom sexy. Ele girou na cadeira e pendurou o paletó. Quando voltou a olhar para mim, eu desviei o olhar, fitando um casal conversando. De repente me dei conta da nossa situação secreta.