Fazia algum tempo que não via Kathryn. Quando vi seu nome brilhando na tela do meu celular, corri para fora do pet shop e atendi sua ligação. Ela me disse que o papai havia piorado de algum jeito, e estava muito doente. Foi impossível ouvi-la dizer aquilo e não sentir uma pontada no peito.
Por anos eu o ignorei, fingi que não existia e o culpei por tudo o que dera errado em minha vida, mas a verdade é que, se não fosse por ele, talvez estivesse numa situação ainda pior. Eu deveria tê-lo agradecido por cada segundo da minha vida de merda. Foram as minhas escolhas, não as dele. Quando cheguei no hospital, me deparei com uma versão abatida de Kathryn. Meu coração parou ao vê-la chorando e soluçando enquanto via o papai na maca. Quando meus olhos encontraram ele, senti como se meu chão tivesse sido tirado dos meus pés. <Chase parecia desligado — literalmente — quando bati com os nós dos dedos na janela de seu carro. Ele continuou olhando para o nada por alguns segundos antes de eu chamar sua atenção novamente.Tinha ido pegar algumas roupas depois que pedi para o sr. Sheppard sair mais cedo do trabalho. Ele não discutiu comigo, porque Chase não havia chegado ainda e meio que eu estava sem chefe por um período. Notando minha inquietação, o sr. Sheppard me permitiu ir embora mais cedo, o que agradeci silenciosamente.Durante o trabalho, vi a porta de Chase fechada e as luzes acesas. Pensei que estivesse lá, mas não.Chase finamente voltou os olhos para mim, e aquela expressão em seu rosto… aquilo partiu o meu coração. Ele abriu porta. Entrei e sentei. Chase me abraçou, como se precisasse sentir aquilo. Eu podia sentir seu coração batendo f
Parecia injusto tratar Annelise como um brinquedo, por isso deixei seu apartamento no dia seguinte e fui para o meu próprio apartamento. Eu queria garantir que nada como o que aconteceu ontem iria se repetir. Eu vi Annelise, em certo momento, levantando da cama e indo até o banheiro. Ela passou longos quarenta minutos — chorando — dentro do maldito banheiro. Me perguntei se a tinha machucado ou magoado. Parecia mais um animal que acabara de fugir do zoológico e estava louco do que o homem que dizia amá-la, mas acontece que nada daquilo era realmente sobre ela — e, talvez, nem sobre mim.Passei toda a manhã focado nos assuntos do escritório. Montei ideias, busquei inspirações, tentei contatar pessoas importantes. Às oito em ponto fui para a agência e vi Annelise conversando com Susan no fim do corredor. Ela sorriu e acenou para mim. Eu a ignorei, angustiado, de repente.A porr
Me senti muito mal por olhar nos olhos de Chase e omitir que estava carregando um filho seu. Era crueldade, na verdade. Talvez isso, a notícia, fosse ajudá-lo um pouco a esquecer a morte do pai, embora não soubesse exatamente o que acontecera.— Está escondendo alguma coisa. — Sua suspeita era uma faca enfiada na minha barriga.Os olhos de Chase vasculharam os meus à procura de algo, mas quando abri a boca para dizer algo, ele simplesmente me beijou.— A resposta é não, caso esteja pensando nisso. Não quero que se afaste de mim, Annelise. Nenhum pouco. Quero… — ele olhou nos meus olhos, profundamente, e disse: — Quero casar com você, ter uma família. Entende? Você está se afastando de mim, eu sei… está com medo, não está? Medo do que tudo isso está se tornando.Eu assenti.Sent
Eu não me lembro de estar tão feliz.Quando foi a última vez que estive tão feliz?Annelise me contou o porquê que demorou tanto para me contar que estava grávida, e depois de dizer que tinha receio da minha reação, gargalhou, lembrando do que fiz mais cedo na agência. Parecia um sonho. Eu ainda estava tentando digerir a novidade ao mesmo tempo em que me permiti sentir o luto pela morte do meu pai. Conversamos sobre como ela se sentia insegura às vezes, e perguntei se eu a fazia infeliz. Infelizmente, a resposta foi uma hesitação.— Você é confuso às vezes. — Ela disse. — E muito intenso. Isso me deixa amedrontada. Sinto que, de vez em quando, não consigo te dar tudo quanto gostaria. É frustrante.Estávamos tendo uma conversa sincera. Eu a olhava nos olhos o tempo todo, para garantir que se sent
Eu mal podia acreditar que havia se passado um mês.Depois que Abby e Mike se mudaram para Chicago, tudo parecia desconcertado, de alguma maneira. A nossa despedida foi breve e intensa, como se ela estivesse se mudando para o Japão, mas acontece que em mais de vinte anos, nunca fiquei tão longe de Abby.— Promete que vai me ligar todos os dias? — Perguntou ela, me abraçando com força.— Prometo. — Eu murmurei, tentando lutar contra as lágrimas. Abby me apertou com mais força. — Eu não acredito que está mesmo indo embora. — Afundei minha cabeça em seu cabelo, apoiando o queixo em seu ombro. — Vou sentir saudades.Chase havia saído da Shaffer & Sheppard, o que lhe dera bastante trabalho — principalmente vindo do sr. Sheppard — e dor de cabeça. Ele se concentrou em sua própria agência e conv
Eu respirei fundo. Meus pulmões se encheram com o perfume das flores. Tudo estava simplesmente perfeito.Tinha um espaço aberto e gramado na frente do túmulo do meu pai. Olhando para frente, vi Annelise se aproximando lentamente, e quando olhei para Madeleine do meu lado, vi que havia lágrimas em seus olhos. A enfermeira permitiu que ela celebrasse nosso casamento. Percebi sua melancolia nesses dias. Enquanto me enterro no trabalho, tenho me afastado um pouco da minha linda garota.Abby estava ao seu lado, trazendo-na para mim.Havia poucas pessoas à nossa volta; amigos, familiares e pessoas importantes. Foi o que consegui fazer, e ver aquele sorriso gigante no rosto de Annelise fazia tudo valer a pena.Quando ela se aproximou mais, Abby deu um beijo em seu cabelo e sorriu. Annelise estava linda. Ela usava um vestido longo branco com detalhes em renda e bordado. Seu cabelo estava amarrado num coque baixo
Annelise4 anos depois Chase bagunçou o cabelo de Thomas pela terceira vez enquanto ele tentava se concentrar no desenho. Os fios castanhos médios de Thomas pareciam arrepiados, e somente quando Chase foi até a porta, Thom olhou para mim, por cima do ombro, e sorriu. Tínhamos combinado que quem fizesse o melhor desenho ganharia um presente especial de Chase. Eu rabisquei algo no pedaço de papel, e Chase cruzou os braços, impaciente. Ele voltou, andando na nossa direção e expirou audivelmente, colocando as mãos nos quadris. — Acha mesmo que vão vir? Já é tarde. Kathryn disse que estaria aqui em duas horas. — Eu levantei a cabeça, e Chase, mais uma vez, bagunçou o cabelo de Thomas, que o encarou impacientemente. Parece que tinha herdado o mal humor do pai. Eu sorri.
Levantei a sombrinha e a segurei firme, tão firme que notei que os nós dos meus dedos ficaram brancos. Eu esperei o carro passar, e a maldita sombrinha ameaçou voar. Justamente nesse momento, quando tive a oportunidade de avançar, o carro cantou pneu e explodiu uma poça d'água. Eu me joguei para trás, murmurando palavrões que nem sabia que conhecia. O babaca ainda teve a audácia de colocar o braço para fora da janela e me mostrar o dedo do meio!A raiva me atingiu naquele instante.Estreitei os cantos dos olhos e me preparei para correr, eu poderia facilmente alcançá-lo e jogar a sombrinha no seu precioso BMW preto. Eu ficaria realmente super feliz.Baixei os olhos e notei meu vestido ensopado. A chuva começara a me encharcar desde que saí de casa. Eu esperava não pegar carona com Brad hoje, meu vizinho. Ele teve uma queda por mim desde que mudei do apartamento em que estava para esse — o apartamento era menor e custava muito mais. Minha vida se reajustou