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Eu acordei animada. Fiz ioga e descobri que não sou tão boa nisso. O resultado foi uma dor quase insuportável nas costas. Devo ter dado um jeito ao fazer uma posição de modo errado. A animação ainda me tomava. Às oito em ponto, estava na Shaffer & Sheppard, cantarolando "Shape of You" de Ed Sheeran. Quando sentei-me à minha mesa, tirei os fones de ouvido e levantei a cabeça para ver se Chase já havia chegado. Para a minha surpresa, a resposta era que sim. Em todos os dias em que trabalhei, ele nunca havia chegado tão cedo. Imaginei que estivesse aprontando algo. Talvez estivesse escolhendo a próxima vítima. O interfone da minha mesa tocou. Eu atendi. — Sr. Ward? — Perguntei. — Venha até minha sala. Eu levantei e me dirigi até seu escritório no final do corredor. A luz estava acesa, por isso que percebi que estava ali dentro. Bati à porta. Ele mandou eu entrar. Vestia um terno azul escuro, que de algum jeito realçava o olhar acinzentado. O semblante emburrado de sempre tomava conta de seu rosto, e andando para mais perto, notei que estava um pouco triste. Ele levantou os olhos, que me encararam cheios de sofrimento. Se eu não o conhecesse, ia achar que estava chorando antes de eu entrar. — Annelise, pode comprar um café para mim? — Perguntou, desviando o olhar. Eu notei uma pilha de papéis jogados em sua mesa. Alguns rabiscos assumiam formas de desenho, ideias de logos e palavras escritas, mas achei estranho os papéis de exames espalhados sobre a mesa. Assenti. Agrade-o e mantenha seu precioso emprego. — Um Machiatto, certo? — Ok. Eu virei para ir embora, e então, ele disse: — Annelise? — Uma pausa. — Obrigado. Algumas calotas polares devem ter derretido para que ele dissesse tal palavrinha mágica. Eu sorri e quase andei saltitando pelo corredor, cantarolando " Meu chefe gosta de mim", de Annelise Hamilton. Corri até o Starbucks do outro lado da rua. Por sorte, a fila estava dissipada, então pedi o café e em alguns minutos, voltei para o prédio. Quando saí do elevador e fui para a sala do sr. Ward, dei de cara com ele. No momento em que ia entrar, ele abriu a porta, e colidimos. O café voou e explodiu nele, que gritou uma série de palavrões. O sr. Sheppard, que estava esperando na sala dele, inclinou a cabeça para ver o que estava acontecendo. — Porra! Você molhou o meu terno! — Seu tom era duro. — Não olha por onde anda, ou é tonta mesmo? Envergonhada, tentei pedir desculpas, mas ele só se irritou mais. O sr. Sheppard saiu de sua sala e eu acompanhei Chase, pedindo desculpas sem parar. Ele tirou o paletó e a camisa branca, e tive a oportunidade de ver os músculos de seu peito definido. Eu não percebi que estava babando, até ele dizer: — Gosta do que vê? Um sorriso amenizou a expressão irritada. Fiquei vermelha. Ele riu. — Isso foi uma armadilha, srta. Hamilton? Esbarrou em mim para que pudesse me ver sem roupa? — Perguntou. — Não. — Respondi mais que depressa. — Ah, que pena… — ele me estendeu o paletó e a camisa. — Porque deu certo. Eu tentei desviar os olhos de seu corpo, mas involuntariamente percorri o peitoral esculpido, o abdômen definido e… ai, meu Deus… ele ficava tão sexy sem camisa! Balancei a cabeça, afastando os pensamentos que tomaram a minha mente. Eu peguei o paletó e a camisa de sua mão. — Tem uma lavanderia na esquina. Se apresse — Exigiu e apontou o copo na minha mão. Eu fiz que sim. —, e traga outro café. Pisquei algumas vezes, paralisada. — Anda! — Ordenou. Eu fiz o que pediu. Corri novamente, com o paletó e a camisa na mão, e encontrei a lavanderia na esquina. Quando abri a porta, olhei ao redor e entrei. Vi algumas máquinas de lavar roupa enfileiradas e me dirigi até lá. Abri uma e algum tempo depois, corri para o Starbucks. Pedi outro café. Fui atendida. Peguei o café. Voltei para a lavanderia. Depois de secar a roupa, finalmente consegui voltar para o prédio, e descobri que Chase já não estava mais lá. Ele saiu sem camisa? Não pude deixar de imaginar ele desfilando pelas ruas de Nova York aquele corpo maravilhoso. Eu bufei, lembrando que tinha feito todo esse trabalho por nada. Bebi um gole do café.Susan me chamou para almoçar num restaurante italiano perto do trabalho, e apesar de eu não conhecer o restaurante, notei que ficava perto do Pet's Cute Shop, o pet shop da minha irmã. Ela quase caiu para trás quando eu contei que Chase Ward tirou o terno na minha frente, e eu pude apreciar o monumento debaixo da beca elegante. Ele era realmente uma delícia. Durante o trajeto, me lembrei de Chase abrindo cada botão; parecia um espetáculo. Cada botão aberto, cada centímetro de pele exposta, um arrepio percorria meu corpo. Eu fiquei enrijecida diante dele, sem palavras. Ele estava certo. Eu havia amado a visão, e era agradecida por isso.Quando chegamos no restaurante, ela agarrou o meu braço e apontou para uma mesa no canto, dizendo que era a melhor opção. Ela foi na frente e eu a segui. Puxei uma cadeira pesada de madeira e ela se sentou à minha frente, desenhando o maior sorriso que podia com os lábios. Susan era legal. Assim que pus os pés na Shaffer & Shepp
A reunião com o sr. O'Donnell não tinha nem começado e eu já achava que iria destruir Alan Patrick, o Sr. Coceira Persistente. O cara estava do meu lado, e enfiou " discretamente" a mão dentro da cueca, ajeitou o Alan Junior e retirou, levando-a até o nariz. Franzi o cenho, enojado e ele olhou para mim, dando de ombros.Tive que trocar de terno antes de vir, porque minha secretária atrapalhada derramou café em mim. Mas então, o sr. Sheppard me chamou para a sua sala logo depois que mandei Adele ir lavar o paletó.O sr. Sheppard havia marcado no Perfetto, um restaurante italiano perto do prédio da agência. Como ninguém de lá poderia saber do nosso envolvimento e das campanhas das quais trabalhamos fora da agência, não avisamos nada a nossas secretárias. As campanhas, apresentações e tudo o que envolve a competição para a vaga de diretor de marketing ocupa muito tempo e dedicação, dessa forma, Conrad saberia o quão responsáveis e comprometidos somos.—
Eram quase cinco da tarde quando cheguei no hospital. Eu olhei ao meu redor e vi os corredores frios, o chão parecia estar oscilando sob meus pés e tinha quase certeza de que, em algum momento, eu iria desabar. Voltei a atenção para o vidro que me permitia ver meu pai. Ele estava deitado no leito. Os aparelhos o mantinham respirando, e a minha própria respiração parecia pesada, como se eu estivesse me afogando. Levei a mão até o vidro. Toquei-o. Meus olhos passaram pelo quarto branco, o leito, os aparelhos, uma cadeira do lado da cama. Vi Kathryn sentada lá, massageando a têmpora. Quando ela percebeu que eu estava a observando, me olhou de canto e sorriu timidamente. Eu suspirei, o vidro embaçou.Me dirigi à porta e abri, entrando no quarto. Enfiei as mãos nos bolsos e me aproximei. Meus olhos caminharam até ele na cama. Parecia rel
Comecei a me afastar de Kathryn aos poucos, e Deus… aquilo foi doloroso. Nossas ideias, desejos e encontros se tornaram cada vez mais escassos. Eu mal a via ultimamente. Por isso, ela marcava, todos as quartas, o almoço. Era a única oportunidade de nos vermos, de ter uma conversa decente, mas a cada almoço, nos perdíamos mais. Nunca fomos inseparáveis, mas isso não significava que não nos importássemos um com o outro. E agora, nos confrontamos quase sempre.— É mesmo — concordou. — Mas não é culpa sua. Eu decidi que… — ela respirou profundamente e olhou para mim. — Que vou tentar fazer inseminação artificial. O Paul ainda não sabe, mas… — seus olhos se encheram de dor, e ela continuou: — eu cansei. Eu não aguento mais. É como se tudo estivesse contra mim, e carregar esse peso… eu não aguento mais, Chase. — Beijei seu cabelo, apertan
Fechei os olhos e os abri lentamente, respirando fundo.Encostei a cabeça no travesseiro, e senti minha cabeça afundar rapidamente. Estava latejando, como se um baterista estivesse lá dentro. Hoje com certeza foi um dos piores dias da minha vida.Suspirei.Todo o meu corpo estava enrijecido, e acreditei que meus músculos pararam de funcionar quando deitei na cama.Droga.Desfiz o nó da minha gravata azul, e percebi que minha garganta estava entalada. Todas as palavras que não saíram hoje mais ce
O Sr. Bolas Azuis estava online, mas por algum motivo não me mandou mensagens. Eu esperei, recarreguei a página e nada. Estava cansada o suficiente, e quando capotei na cama, dormi agarrada com Chase.— Oi, garotinho — ele escalou a cama, correu até mim e subiu em minha barriga, se acomodando, depois de girar algumas vezes sem sair do lugar. Eu acariciei seu pelo macio. — Está confortável aí?— Miau.Eu sorri.Meu mini projeto de Chase.Chase…
Talvez eu estivesse um pouco enlouquecida, porque desde então, se passou um mês desde o pequeno incidente com o café, e meu abusado chefe ainda não me demitiu. Ainda. O pior foi descobrir que o cara de quem eu estava começando a me aproximar era, na verdade, o próprio Chase Ward. Durante um mês, trocamos mensagens diariamente. Passamos a falar mais do que apenas provocações — o que só por si já era estranho — e começamos a contar nossos desejos, prazeres, sonhos, vida. Eu não pude deixar de aproveitar tudo isso. A cada dia que passava, eu entendia cada vez mais Chase Ward, o Sr. Chefe Abusado. Enquanto escondia minha identidade secreta, percebia o quão louco ficava quando o provocava "inocentemente", sem que ele soubesse que eu era a A. Era muito, muito bom irritá-lo de vez em quando. Eu sabia que ele odiava espuma no café e, na semana passada, comprei seu café com bastante espuma. Nossa comunicação na agência
— Aproveita e reponha os dias perdidos, está precisando — eu disse, sentindo as bochechas corarem um pouco. Ela me chamou de pervertida e eu continuei: — enfim o Sr. Pau elétrico vai ter um descanso.— Anne! — Repreendeu.— Desculpa… mas é bom ver que estão se acertando de novo. Fico muito feliz.No último mês ela me visitou quase todos os dias. Ela dizia que ele estava se afastando, e que descobriu que a residente do hospital em que ele trabalhava era jovem e gostosa. Era difícil não chorar junto com ela, principalmente porque sou chorona e depois, eu não aguento ver pessoas tristes. Ainda mais a minha irmã. Eu não contei a ela sobre o Chase. Nem para Susan. Eu t