Ao ver a expressão preocupada de Vicente, o sorriso de Zelda se tornou ainda mais irônico. "Ele está mesmo preocupado com essa mulher, a grande atriz?" pensou Zelda. Observando Ada novamente encenar seu drama com maestria, Zelda apenas desprezou a situação."Tenho meu pai, Lídia, Fofinha… Jamais arriscaria tudo por causa dessa mulher cruel." Decidiu. Sem mais interesse no jogo de Ada, Zelda soltou a faca com um desdém visível.— Que perda de tempo.— Sr. Vicente, a Srta. Zelda… Ela está fora de si! Tentou matar a Srta. Ada! — Marilia aproveitou a deixa, rastejando-se até Vicente, forçando a voz rouca para acusar Zelda com urgência. — Vou chamar a polícia! Ela me machucou, olha só, ainda estou sangrando por causa dela!Marilia pegou o celular, fingindo discar para a polícia. Mas Vicente, ignorando totalmente as queixas de Marilia e Ada, dirigiu-se direto a Zelda, o rosto sério e a voz carregada de reprovação:— Zelda, por que fez isso?Zelda apenas soltou uma risada fria. Sabia que
A calma imperturbável de Zelda fez com que Vicente franzisse ainda mais a testa. As palavras enigmáticas dela continuavam ecoando em sua mente. O que ela realmente quis dizer? Embora ele não sentisse nada romântico por Ada, ele ainda valorizava os momentos em que ela o ajudara a atravessar uma fase escura da vida. Não queria prejudicar a imagem dela sem uma razão clara.— Me diga, Zelda, o que realmente está acontecendo? — Vicente insistiu, mantendo o olhar firme sobre ela.Antes que Zelda pudesse responder, Marilia interveio novamente:— Sr. Vicente, não acredite em uma palavra dela! Ela tentou matar a Ada, está completamente fora de si!— Isso mesmo, Vicente… Eu fiquei apavorada… — completou Ada, em um tom frágil e suplicante.— Temos que chamar a polícia antes que ela machuque mais alguém! — disse Marilia, pegando o celular e começando a discar.— Não chame a polícia! — ordenou Vicente, interrompendo-a. Ele sabia que Zelda realmente ameaçara Ada com a faca, e Marilia ainda esta
Marilia soltou o braço de Ada e deu um passo para trás.— Eu… eu não sei de nada. Preciso resolver algo urgente, então vou indo — disse, apressada, sem olhar para trás, praticamente correndo em direção à saída, como se fugisse de algo terrível.— Marilia… — sussurrou Ada, atônita, ao ver sua última aliada a abandonando no momento mais crítico. Ela nunca imaginou que Marilia a deixaria para trás, e agora se sentia completamente perdida, como se estivesse caindo em um abismo sem fim, sem qualquer esperança.O olhar gélido e severo de Vicente fez Ada estremecer. Sentindo o peso da derrota iminente, ela se arrastou até ele, agarrando-se desesperadamente à sua perna.— Vicente, por favor… eu posso explicar! Não é o que parece, eu… eu juro que não fiz nada daquilo!Vicente estreitou os olhos, frios e duros como aço.— Não fez? Está me dizendo que essa voz não é sua? — Sua voz era calma, tão calma que parecia perigosa, e o tom sereno fazia um arrepio percorrer o corpo de Ada, despertando ne
Zelda Montenegro segurava a barriga e, com esforço palpável, saiu da cama. A luz da lua invadia a janela e lançava um brilho sobre o rosto extremamente pálido. Os passos conhecidos de Vicente ecoavam do lado de fora. Com um esforço notável, Zelda tentou girar a maçaneta e, após alguns instantes, conseguiu abrir a porta.— Vicente. — Sua voz quase se esgotou ao chamar o nome dele.Vicente Barros parou, virou-se e lançou um olhar gelado para a mulher de camisola.— Você voltou, conseguiu comer? — A voz dela estava cheia de uma cautela exagerada, quase uma adulação.Um brilho que misturava esperança e expectativa se acendeu em seus olhos. Impaciente, o homem se virou com intenção de partir, Esse gesto perfurou o coração de Zelda como uma punhalada. Ela correu até ele e agarrou sua manga enquanto o sangue escorria dos lábios mordidos e as dores agudas na barriga mal deixavam-na respirar.— Solta! — O olhar de Vicente se encheu de uma raiva mais intensa.Zelda afrouxou o aperto, ous
Sob o sol escaldante, Zelda ficou parada na entrada do hospital. Por um momento, os seus olhos percorreram ao redor, sem saber para onde ir.Demorou um pouco até que ela começou a tremer quando discou o número que sabia de cor. O celular mal tocou duas vezes antes de ser atendido.— Vicente, eu... — A voz de Zelda estremecia, chorosa.— Estou muito ocupado na reunião. — A voz indiferente de Vicente sufocou tudo que Zelda queria dizer do outro lado da linha.Logo, a ligação foi encerrada de imediato.Zelda balançava como se fosse cair, era como se tivesse caído em um buraco de gelo conforme o seu corpo ficava cada vez mais frio. O que ela deveria fazer naquele momento? Zelda se apoiou em uma grande árvore ao lado da estrada, sem forças.No próximo segundo, o destino pregou uma peça cruel — na entrada principal do hospital, apareceram duas figuras familiares.Vicente saía, abraçando carinhosamente uma mulher, olhando para ela com adoração. Ele não disse que estava em uma reunião? M
Na mansão Barros, Zelda observava a escuridão do quarto durante a noite enquanto a última ponta de esperança se dissipava em seu coração. Ele na realidade não retornou. Durante os quatro anos de casamento, ele raramente voltava para casa, e as páginas de fofocas de Cidade Nuvemis nunca deixaram de mencionar seus romances. A coisa mais insultante ainda era o fato de que, como assistente de Vicente, ela tinha que estar sempre pronta com suas roupas limpas, levando-as todas as noites ao hotel onde ele mostrava sua gentileza com outras mulheres. Isso era cruel demais para ela.Por anos, ela suportou em silêncio, sempre esperando que um dia ele voltasse e visse sua espera. Mas naquele instante, ela entendia que não era uma questão de não ser boa o suficiente; tudo se resumia ao fato de que ele não a amava. A falta de amor era simplesmente isso, e nenhum esforço adicional valeria a pena. Em um relacionamento, a pessoa que não é amada, independentemente do que faça, sempre parecerá est
Quando Zelda acordou, já era meio-dia do dia seguinte. O quarto estava vazio, Vicente já havia ido embora, e apenas os pedaços de tecido rasgados no chão confirmavam a realidade da noite anterior. As lágrimas de Zelda começaram a cair enquanto olhava para os hematomas.Ela não precisava de um espelho para saber que não havia uma parte de seu corpo que não estivesse machucada, era uma visão terrível.A dor física era intensa, mas o que mais doía era o seu coração. Vicente tinha sido como um lobo feroz na noite anterior, sem um pingo de misericórdia. Só de lembrar, o corpo ainda tremia.— Vicente, se você não me ama, por que não pode me deixar ir? — Ela murmurou para si mesma, a tristeza mal teve tempo de se dissipar quando o celular em sua mesinha de cabeceira começou a tocar.Zelda levantou seu braço dolorido para atender. Assim que conectou a ligação, ouviu a voz ansiosa de Lídia, a empregada da família Montenegro:— Senhorita Zelda, aconteceu algo terrível, você precisa voltar p
Zelda realmente não queria se envolver naquela situação. O que a vida ou a morte de Ada tinha a ver com ela?Em certo momento, ela lembrou que Ada era a mulher favorita de Vicente, e que provocar o homem temperamental pioraria ainda mais as coisas...— Deixe estar, agora não é hora de complicar as coisas....Meia hora depois, Zelda entrou no café e imediatamente viu Ada sentada perto da janela. Ada estava claramente preparada para o encontro, usando maquiagem impecável e um vestido de alcinha sexy enquanto exibia uma aparência sedutora e encantadora, muito diferente do semblante abatido do outro dia.Ada olhou para Zelda se aproximando e, com um sorriso, provocou:— Você parece péssima. Vicente não está cuidando bem de você?Zelda ignorou a provocação de Ada e sentou-se em frente a ela, dizendo friamente:— Fale logo. Estou ocupada e não posso desperdiçar o meu tempo.Ada parou de fingir. Mexeu no café à sua frente e então olhou para Zelda com um sorriso:— Zelda, eu quero o seu ri