Fofinha sentiu-se abandonada, e sua carinha triste e cabisbaixa fez Vicente suspirar, um tanto sem jeito.— Eu preciso resolver algo importante agora e não posso ajudar a procurar seu pai — explicou ele, abaixando-se até ficar na altura dela, falando com uma calma e paciência que até o surpreendia.— Não gosto de ficar aqui, aquele guarda é meio bravo. Não tem como você me levar embora daqui? — Fofinha pediu, fazendo um beicinho adorável.Vicente suspirou novamente, pensando: As crianças de hoje em dia são todas assim, exigentes e difíceis?— Posso te levar à delegacia para que os policiais ajudem a encontrar seus pais, tudo bem?Ela hesitou um instante, mas acabou concordando.— Tá bom.Vicente a levou ao estacionamento, onde a colocou cuidadosamente no carro e prendeu o cinto de segurança. Enquanto dirigia, de vez em quando lançava olhares discretos para a pequena ao seu lado, que parecia fascinada com a vista pela janela, gesticulando de vez em quando com suas mãozinhas. Vicente d
— Lídia... — Zelda exclamou, apressando-se para ajudar Lídia a se levantar com cuidado. — Está tudo bem? Machucou-se? Quer que eu chame um médico? — perguntou, a preocupação clara em seus olhos.Lídia balançou a cabeça, com as mãos trêmulas segurando o braço de Zelda.— Srta. Zelda, eu… eu falhei com você, não consegui te ajudar — murmurou, os olhos marejados de tristeza e pesar.Zelda lançou um olhar gelado para Ada, mas então voltou sua atenção a Lídia, tentando consolá-la.— A senhora sempre cuidou do meu pai com dedicação, e isso é a maior ajuda que poderia me dar. Sou muito grata — respondeu, com um toque de carinho, enquanto ajudava Lídia a se sentar ao lado de Filippo. Esperou até que ambos se acalmassem e, só então, voltou-se para Ada, com o olhar firme e frio.— Lídia já é uma senhora, e mesmo assim você a empurrou. Ada, precisa tratar todos ao seu redor com essa crueldade? Não teme a punição que o destino possa lhe reservar? — Zelda questionou, a fúria ardendo em seus olhos.
Ada ficou completamente atônita, incapaz de acreditar que Zelda tivera a ousadia de lhe dar um tapa naquelas circunstâncias.— Você ousa me bater! Sua… miserável! Como ousa? — Ada gritou, incrédula.Marilia, ao ver a cena, correu em direção a Zelda, decidida a revidar. No entanto, Zelda foi ágil e desviou, fazendo Marilia perder o equilíbrio. Em um instante, Zelda usou toda sua força e desferiu um tapa violento no rosto de Marilia, que ficou tonta, quase caindo ao chão.A voz fria e cortante de Zelda ecoou pelo salão:— Acham que ainda sou aquela Zelda submissa de antes, que aceitava passivamente toda a crueldade de vocês? Pensam que podem continuar a me humilhar sem que eu reaja?Seus lábios se moveram lentamente, sua voz carregada de um frio cortante, como se viesse das profundezas do inferno. O brilho feroz em seus olhos era como o de diamantes, intenso e implacável.— Zelda, sua…! — Ada começou, tomada de ódio.Zelda não lhe deu a chance de terminar. Avançou com firmeza e desfe
Zelda Montenegro segurava a barriga e, com esforço palpável, saiu da cama. A luz da lua invadia a janela e lançava um brilho sobre o rosto extremamente pálido. Os passos conhecidos de Vicente ecoavam do lado de fora. Com um esforço notável, Zelda tentou girar a maçaneta e, após alguns instantes, conseguiu abrir a porta.— Vicente. — Sua voz quase se esgotou ao chamar o nome dele.Vicente Barros parou, virou-se e lançou um olhar gelado para a mulher de camisola.— Você voltou, conseguiu comer? — A voz dela estava cheia de uma cautela exagerada, quase uma adulação.Um brilho que misturava esperança e expectativa se acendeu em seus olhos. Impaciente, o homem se virou com intenção de partir, Esse gesto perfurou o coração de Zelda como uma punhalada. Ela correu até ele e agarrou sua manga enquanto o sangue escorria dos lábios mordidos e as dores agudas na barriga mal deixavam-na respirar.— Solta! — O olhar de Vicente se encheu de uma raiva mais intensa.Zelda afrouxou o aperto, ous
Sob o sol escaldante, Zelda ficou parada na entrada do hospital. Por um momento, os seus olhos percorreram ao redor, sem saber para onde ir.Demorou um pouco até que ela começou a tremer quando discou o número que sabia de cor. O celular mal tocou duas vezes antes de ser atendido.— Vicente, eu... — A voz de Zelda estremecia, chorosa.— Estou muito ocupado na reunião. — A voz indiferente de Vicente sufocou tudo que Zelda queria dizer do outro lado da linha.Logo, a ligação foi encerrada de imediato.Zelda balançava como se fosse cair, era como se tivesse caído em um buraco de gelo conforme o seu corpo ficava cada vez mais frio. O que ela deveria fazer naquele momento? Zelda se apoiou em uma grande árvore ao lado da estrada, sem forças.No próximo segundo, o destino pregou uma peça cruel — na entrada principal do hospital, apareceram duas figuras familiares.Vicente saía, abraçando carinhosamente uma mulher, olhando para ela com adoração. Ele não disse que estava em uma reunião? M
Na mansão Barros, Zelda observava a escuridão do quarto durante a noite enquanto a última ponta de esperança se dissipava em seu coração. Ele na realidade não retornou. Durante os quatro anos de casamento, ele raramente voltava para casa, e as páginas de fofocas de Cidade Nuvemis nunca deixaram de mencionar seus romances. A coisa mais insultante ainda era o fato de que, como assistente de Vicente, ela tinha que estar sempre pronta com suas roupas limpas, levando-as todas as noites ao hotel onde ele mostrava sua gentileza com outras mulheres. Isso era cruel demais para ela.Por anos, ela suportou em silêncio, sempre esperando que um dia ele voltasse e visse sua espera. Mas naquele instante, ela entendia que não era uma questão de não ser boa o suficiente; tudo se resumia ao fato de que ele não a amava. A falta de amor era simplesmente isso, e nenhum esforço adicional valeria a pena. Em um relacionamento, a pessoa que não é amada, independentemente do que faça, sempre parecerá est
Quando Zelda acordou, já era meio-dia do dia seguinte. O quarto estava vazio, Vicente já havia ido embora, e apenas os pedaços de tecido rasgados no chão confirmavam a realidade da noite anterior. As lágrimas de Zelda começaram a cair enquanto olhava para os hematomas.Ela não precisava de um espelho para saber que não havia uma parte de seu corpo que não estivesse machucada, era uma visão terrível.A dor física era intensa, mas o que mais doía era o seu coração. Vicente tinha sido como um lobo feroz na noite anterior, sem um pingo de misericórdia. Só de lembrar, o corpo ainda tremia.— Vicente, se você não me ama, por que não pode me deixar ir? — Ela murmurou para si mesma, a tristeza mal teve tempo de se dissipar quando o celular em sua mesinha de cabeceira começou a tocar.Zelda levantou seu braço dolorido para atender. Assim que conectou a ligação, ouviu a voz ansiosa de Lídia, a empregada da família Montenegro:— Senhorita Zelda, aconteceu algo terrível, você precisa voltar p
Zelda realmente não queria se envolver naquela situação. O que a vida ou a morte de Ada tinha a ver com ela?Em certo momento, ela lembrou que Ada era a mulher favorita de Vicente, e que provocar o homem temperamental pioraria ainda mais as coisas...— Deixe estar, agora não é hora de complicar as coisas....Meia hora depois, Zelda entrou no café e imediatamente viu Ada sentada perto da janela. Ada estava claramente preparada para o encontro, usando maquiagem impecável e um vestido de alcinha sexy enquanto exibia uma aparência sedutora e encantadora, muito diferente do semblante abatido do outro dia.Ada olhou para Zelda se aproximando e, com um sorriso, provocou:— Você parece péssima. Vicente não está cuidando bem de você?Zelda ignorou a provocação de Ada e sentou-se em frente a ela, dizendo friamente:— Fale logo. Estou ocupada e não posso desperdiçar o meu tempo.Ada parou de fingir. Mexeu no café à sua frente e então olhou para Zelda com um sorriso:— Zelda, eu quero o seu ri