LusitâniaPreocupada com sua filha, Zelda saiu correndo da mansão e entrou no carro, ligando o motor sem perder tempo. Enquanto dirigia, um pensamento sombrio lhe passou pela mente:Vicente, se eu não conseguir pegar o próximo voo, você vai pagar por isso. Zelda jurou em silêncio.Mas mal tinha dirigido alguns minutos quando o celular tocou — era Jonas. Será que ele tinha encontrado Fofinha?Com o coração batendo rápido, Zelda atendeu imediatamente.— Encontrou a Fofinha? Onde ela está? — perguntou, ansiosa. Em resposta, só ouviu um suspiro do outro lado da linha.Aquele suspiro gelou seu coração.— Me diga logo… Onde você está? Tem notícias da Fofinha?Jonas percebeu a preocupação de Zelda e rapidamente tentou acalmá-la.— Não se preocupe, ela está bem. Mas… ela pegou o passaporte e provavelmente está indo para Lusitânia te procurar.— O quê? Lusitânia? — Zelda ficou em choque, pisando no freio de repente.A ideia de uma criança de apenas cinco anos viajando sozinha era aterrorizant
Diante das ameaças de Marilia, os olhos de Zelda ficaram vermelhos, mas ela manteve-se firme. Pegou o contrato de renúncia jogado ao chão, com um leve sorriso frio nos lábios.Filippo, na cadeira de rodas, tremia intensamente ao vê-la com o documento. Ele queria desesperadamente contar que Ada não era sua filha de sangue, mas o corpo enfraquecido não obedecia à urgência de suas palavras.Segurando o contrato, Zelda percebeu uma chance. Ainda sem saber se Fofinha estava realmente nas mãos de Ada, ela precisava ser cautelosa. Felizmente, ao entrar, ativara a gravação em seu celular, agora oculto em sua bolsa."Ada, você mesma me deu a oportunidade, e não vou desperdiçá-la. Vou rasgar sua máscara, mostrar a Vicente que a doçura que ele vê em você não passa de uma farsa cruel."— Zelda, assine logo. Não temos o dia todo — disparou Ada, impaciente.— Tanta pressa? Esperou tanto tempo, pode esperar um pouco mais, não? — Zelda abriu o contrato, sem assiná-lo. Então, com um olhar feroz, dei
Ao ver seus olhos vermelhos de dor no vídeo, Zelda sentiu um golpe profundo, como se uma faca afiada perfurasse seu coração. A dor, o desespero, tudo o que ela achava ter esquecido, a envolveu de novo. Percebeu, então, que o aparente esquecimento era uma mera ilusão, uma tentativa inútil de sepultar algo que ainda ardia na memória. As imagens a puxavam para aquele mesmo sofrimento: o frio, o vazio, a desesperança... Ela lembrava perfeitamente o bisturi rasgando sua pele, frio e cruel.As mãos de Zelda se apertaram com força, as veias marcadas pela raiva que subia, incontrolável. Seus olhos se inflamavam de um ódio contido, prestes a explodir.Ada, por sua vez, estava em êxtase, rindo alto e sem disfarçar o prazer.— Zelda, você estava horrível naquela mesa. Um espetáculo nojento. Mas, ah… ver você sofrendo me trouxe uma satisfação tremenda!Ada se aproximou lentamente, o rosto cheio de malícia.— Aquela bastarda teve uma sorte inacreditável de sobreviver a uma cirurgia como aquela.
Zelda Montenegro segurava a barriga e, com esforço palpável, saiu da cama. A luz da lua invadia a janela e lançava um brilho sobre o rosto extremamente pálido. Os passos conhecidos de Vicente ecoavam do lado de fora. Com um esforço notável, Zelda tentou girar a maçaneta e, após alguns instantes, conseguiu abrir a porta.— Vicente. — Sua voz quase se esgotou ao chamar o nome dele.Vicente Barros parou, virou-se e lançou um olhar gelado para a mulher de camisola.— Você voltou, conseguiu comer? — A voz dela estava cheia de uma cautela exagerada, quase uma adulação.Um brilho que misturava esperança e expectativa se acendeu em seus olhos. Impaciente, o homem se virou com intenção de partir, Esse gesto perfurou o coração de Zelda como uma punhalada. Ela correu até ele e agarrou sua manga enquanto o sangue escorria dos lábios mordidos e as dores agudas na barriga mal deixavam-na respirar.— Solta! — O olhar de Vicente se encheu de uma raiva mais intensa.Zelda afrouxou o aperto, ous
Sob o sol escaldante, Zelda ficou parada na entrada do hospital. Por um momento, os seus olhos percorreram ao redor, sem saber para onde ir.Demorou um pouco até que ela começou a tremer quando discou o número que sabia de cor. O celular mal tocou duas vezes antes de ser atendido.— Vicente, eu... — A voz de Zelda estremecia, chorosa.— Estou muito ocupado na reunião. — A voz indiferente de Vicente sufocou tudo que Zelda queria dizer do outro lado da linha.Logo, a ligação foi encerrada de imediato.Zelda balançava como se fosse cair, era como se tivesse caído em um buraco de gelo conforme o seu corpo ficava cada vez mais frio. O que ela deveria fazer naquele momento? Zelda se apoiou em uma grande árvore ao lado da estrada, sem forças.No próximo segundo, o destino pregou uma peça cruel — na entrada principal do hospital, apareceram duas figuras familiares.Vicente saía, abraçando carinhosamente uma mulher, olhando para ela com adoração. Ele não disse que estava em uma reunião? M
Na mansão Barros, Zelda observava a escuridão do quarto durante a noite enquanto a última ponta de esperança se dissipava em seu coração. Ele na realidade não retornou. Durante os quatro anos de casamento, ele raramente voltava para casa, e as páginas de fofocas de Cidade Nuvemis nunca deixaram de mencionar seus romances. A coisa mais insultante ainda era o fato de que, como assistente de Vicente, ela tinha que estar sempre pronta com suas roupas limpas, levando-as todas as noites ao hotel onde ele mostrava sua gentileza com outras mulheres. Isso era cruel demais para ela.Por anos, ela suportou em silêncio, sempre esperando que um dia ele voltasse e visse sua espera. Mas naquele instante, ela entendia que não era uma questão de não ser boa o suficiente; tudo se resumia ao fato de que ele não a amava. A falta de amor era simplesmente isso, e nenhum esforço adicional valeria a pena. Em um relacionamento, a pessoa que não é amada, independentemente do que faça, sempre parecerá est
Quando Zelda acordou, já era meio-dia do dia seguinte. O quarto estava vazio, Vicente já havia ido embora, e apenas os pedaços de tecido rasgados no chão confirmavam a realidade da noite anterior. As lágrimas de Zelda começaram a cair enquanto olhava para os hematomas.Ela não precisava de um espelho para saber que não havia uma parte de seu corpo que não estivesse machucada, era uma visão terrível.A dor física era intensa, mas o que mais doía era o seu coração. Vicente tinha sido como um lobo feroz na noite anterior, sem um pingo de misericórdia. Só de lembrar, o corpo ainda tremia.— Vicente, se você não me ama, por que não pode me deixar ir? — Ela murmurou para si mesma, a tristeza mal teve tempo de se dissipar quando o celular em sua mesinha de cabeceira começou a tocar.Zelda levantou seu braço dolorido para atender. Assim que conectou a ligação, ouviu a voz ansiosa de Lídia, a empregada da família Montenegro:— Senhorita Zelda, aconteceu algo terrível, você precisa voltar p
Zelda realmente não queria se envolver naquela situação. O que a vida ou a morte de Ada tinha a ver com ela?Em certo momento, ela lembrou que Ada era a mulher favorita de Vicente, e que provocar o homem temperamental pioraria ainda mais as coisas...— Deixe estar, agora não é hora de complicar as coisas....Meia hora depois, Zelda entrou no café e imediatamente viu Ada sentada perto da janela. Ada estava claramente preparada para o encontro, usando maquiagem impecável e um vestido de alcinha sexy enquanto exibia uma aparência sedutora e encantadora, muito diferente do semblante abatido do outro dia.Ada olhou para Zelda se aproximando e, com um sorriso, provocou:— Você parece péssima. Vicente não está cuidando bem de você?Zelda ignorou a provocação de Ada e sentou-se em frente a ela, dizendo friamente:— Fale logo. Estou ocupada e não posso desperdiçar o meu tempo.Ada parou de fingir. Mexeu no café à sua frente e então olhou para Zelda com um sorriso:— Zelda, eu quero o seu ri