— Alô... sou eu, Zelda. — Ela atendeu, tentando manter a voz firme.Vicente manteve o olhar fixo em Zelda, observando cada mudança em sua expressão. Mesmo sem ouvir a conversa do outro lado, ele percebeu quando o rosto dela ficou completamente pálido, um contraste com seu habitual controle frio. Suas sobrancelhas se uniram em uma expressão preocupada.O que poderia ter acontecido para abalar tanto sua calma?Vicente deu um passo na direção dela, a mão estendida, mas antes que pudesse tocá-la, Zelda recuou bruscamente, derrubando um prato sobre a mesa. Ela, no entanto, parecia completamente alheia ao que acabara de fazer.— Certo, entendi… Eu… eu vou entrar em contato. — murmurou, desligando o celular e virando-se para subir as escadas.— Zelda, o que aconteceu? — Vicente a seguiu, franzindo o cenho, mas Zelda o interrompeu, bloqueando seu caminho.Percebendo seu próprio descontrole, Zelda respirou fundo para se recompor.— Não é da sua conta. — Com isso, ela continuou a subir.Na pr
Depois de um longo silêncio, Vicente finalmente quebrou o clima pesado:— Zelda, não me rejeite assim. Me dê uma chance, uma oportunidade de compensar você, por favor. — Sua voz grave carregava um tom de melancolia.Compensar? Zelda soltou um sorriso sarcástico ao ouvir isso, seus olhos brilharam com um toque de ironia. Ela ergueu o olhar, fixando-o em Vicente com uma intensidade cortante.— Você acha que um espelho quebrado pode ser restaurado, Vicente? O que aconteceu não pode ser mudado. Tudo o que você fez comigo está marcado aqui. — Zelda levou a mão ao peito, sua voz gélida.— E eu nunca vou esquecer. — As palavras, ditas com uma determinação fria, eram como facas afiadas cravando-se no coração de Vicente.— Então, não importa o que eu faça, você nunca vai me perdoar? — Vicente insistiu, a testa franzida, enquanto mantinha uma expressão inexpressiva.Zelda deu um leve sorriso, mas era um sorriso repleto de amargura.— O que você me causou... é algo que eu jamais poderia perdoar.
Zelda, cada vez mais irritada, continuou, a voz tomada por ressentimento:— Eu estava à beira da morte, e você, Vicente, me entregou de bandeja para o plano sórdido da Ada, deixando que ela concretizasse sua armadilha. Você é tão cego, tão irremediavelmente estúpido, que acreditou que ela estava realmente doente! — Seus dentes trincavam de raiva, o olhar cheio de um ódio profundo.Vicente arregalou os olhos, surpreso. O que ela queria dizer com aquilo? Ada fingiu estar doente?— Como assim? Naquela época ela estava fraca, eu mesmo perguntei ao médico — respondeu ele, atônito.Médico? Zelda soltou uma risada fria e sarcástica.— Com dinheiro, qualquer farsa pode ser montada, Vicente. Você é mais do que cego, é um completo idiota! — A voz dela era cortante.— Não é possível… Eu vi os relatórios médicos, eu…Ao ver o choque nos olhos de Vicente, Zelda sentiu uma amarga ironia lhe subir à garganta.— Vicente, laudos médicos podem ser forjados. Com sua influência, tenho certeza de que pode
Zelda Montenegro segurava a barriga e, com esforço palpável, saiu da cama. A luz da lua invadia a janela e lançava um brilho sobre o rosto extremamente pálido. Os passos conhecidos de Vicente ecoavam do lado de fora. Com um esforço notável, Zelda tentou girar a maçaneta e, após alguns instantes, conseguiu abrir a porta.— Vicente. — Sua voz quase se esgotou ao chamar o nome dele.Vicente Barros parou, virou-se e lançou um olhar gelado para a mulher de camisola.— Você voltou, conseguiu comer? — A voz dela estava cheia de uma cautela exagerada, quase uma adulação.Um brilho que misturava esperança e expectativa se acendeu em seus olhos. Impaciente, o homem se virou com intenção de partir, Esse gesto perfurou o coração de Zelda como uma punhalada. Ela correu até ele e agarrou sua manga enquanto o sangue escorria dos lábios mordidos e as dores agudas na barriga mal deixavam-na respirar.— Solta! — O olhar de Vicente se encheu de uma raiva mais intensa.Zelda afrouxou o aperto, ous
Sob o sol escaldante, Zelda ficou parada na entrada do hospital. Por um momento, os seus olhos percorreram ao redor, sem saber para onde ir.Demorou um pouco até que ela começou a tremer quando discou o número que sabia de cor. O celular mal tocou duas vezes antes de ser atendido.— Vicente, eu... — A voz de Zelda estremecia, chorosa.— Estou muito ocupado na reunião. — A voz indiferente de Vicente sufocou tudo que Zelda queria dizer do outro lado da linha.Logo, a ligação foi encerrada de imediato.Zelda balançava como se fosse cair, era como se tivesse caído em um buraco de gelo conforme o seu corpo ficava cada vez mais frio. O que ela deveria fazer naquele momento? Zelda se apoiou em uma grande árvore ao lado da estrada, sem forças.No próximo segundo, o destino pregou uma peça cruel — na entrada principal do hospital, apareceram duas figuras familiares.Vicente saía, abraçando carinhosamente uma mulher, olhando para ela com adoração. Ele não disse que estava em uma reunião? M
Na mansão Barros, Zelda observava a escuridão do quarto durante a noite enquanto a última ponta de esperança se dissipava em seu coração. Ele na realidade não retornou. Durante os quatro anos de casamento, ele raramente voltava para casa, e as páginas de fofocas de Cidade Nuvemis nunca deixaram de mencionar seus romances. A coisa mais insultante ainda era o fato de que, como assistente de Vicente, ela tinha que estar sempre pronta com suas roupas limpas, levando-as todas as noites ao hotel onde ele mostrava sua gentileza com outras mulheres. Isso era cruel demais para ela.Por anos, ela suportou em silêncio, sempre esperando que um dia ele voltasse e visse sua espera. Mas naquele instante, ela entendia que não era uma questão de não ser boa o suficiente; tudo se resumia ao fato de que ele não a amava. A falta de amor era simplesmente isso, e nenhum esforço adicional valeria a pena. Em um relacionamento, a pessoa que não é amada, independentemente do que faça, sempre parecerá est
Quando Zelda acordou, já era meio-dia do dia seguinte. O quarto estava vazio, Vicente já havia ido embora, e apenas os pedaços de tecido rasgados no chão confirmavam a realidade da noite anterior. As lágrimas de Zelda começaram a cair enquanto olhava para os hematomas.Ela não precisava de um espelho para saber que não havia uma parte de seu corpo que não estivesse machucada, era uma visão terrível.A dor física era intensa, mas o que mais doía era o seu coração. Vicente tinha sido como um lobo feroz na noite anterior, sem um pingo de misericórdia. Só de lembrar, o corpo ainda tremia.— Vicente, se você não me ama, por que não pode me deixar ir? — Ela murmurou para si mesma, a tristeza mal teve tempo de se dissipar quando o celular em sua mesinha de cabeceira começou a tocar.Zelda levantou seu braço dolorido para atender. Assim que conectou a ligação, ouviu a voz ansiosa de Lídia, a empregada da família Montenegro:— Senhorita Zelda, aconteceu algo terrível, você precisa voltar p
Zelda realmente não queria se envolver naquela situação. O que a vida ou a morte de Ada tinha a ver com ela?Em certo momento, ela lembrou que Ada era a mulher favorita de Vicente, e que provocar o homem temperamental pioraria ainda mais as coisas...— Deixe estar, agora não é hora de complicar as coisas....Meia hora depois, Zelda entrou no café e imediatamente viu Ada sentada perto da janela. Ada estava claramente preparada para o encontro, usando maquiagem impecável e um vestido de alcinha sexy enquanto exibia uma aparência sedutora e encantadora, muito diferente do semblante abatido do outro dia.Ada olhou para Zelda se aproximando e, com um sorriso, provocou:— Você parece péssima. Vicente não está cuidando bem de você?Zelda ignorou a provocação de Ada e sentou-se em frente a ela, dizendo friamente:— Fale logo. Estou ocupada e não posso desperdiçar o meu tempo.Ada parou de fingir. Mexeu no café à sua frente e então olhou para Zelda com um sorriso:— Zelda, eu quero o seu ri