Vicente lançou um olhar frio para Bento, seus olhos escuros brilhando com uma camada de frieza.Bento, como se não percebesse, aproximou-se de Zelda e, com um sorriso malicioso, comentou:— Isso conta como “herói salvando a donzela”? No passado, um ato desses talvez me rendesse o favor de uma princesa.— Engraçadinho você — respondeu Zelda, revirando os olhos, já percebendo que ele estava brincando e preferindo não dar mais atenção.Ela realmente não queria que esses dois homens começassem a competir entre si. Naquela manhã, ela havia saído só com Dália justamente para evitar uma situação como essa. Agora…— Vamos voltar para a casa. Quero ver como está a Dália — disse Zelda, cortando a conversa antes que as coisas esquentassem.Antes de sair, lançou um olhar para Vicente, hesitou por um instante e então falou:— Sr. Vicente, é melhor procurar um médico para dar uma olhada no seu braço. Não vá deixar uma sequela.Ultimamente, ele estava agindo de forma estranha, e Zelda não queria cor
O silêncio dominou o ambiente. Zelda olhou para Ada, que acabara de chegar. Ada, sem demonstrar qualquer preocupação com os demais, se aproximou rapidamente de Vicente.— Ouvi dizer que você se machucou. Está muito grave? Já chamei um médico — disse, apressada.O médico, após examiná-lo, confirmou que Vicente havia fraturado o braço.— Tão sério assim? — Zelda pensou, surpresa, imaginando que o ferimento provavelmente ocorrera quando ele a segurou durante sua queda. Apesar do espanto, seu rosto manteve-se sereno, sem grandes reações.O silêncio do ambiente foi quebrado pela voz preocupada de Ada.— Cuidado ao mexer, você não vê que Vicente está com dor?Zelda apenas ergueu ligeiramente as sobrancelhas e esboçou um sorriso irônico. Ada realmente não perdia uma oportunidade de exibir sua suposta intimidade com Vicente.Ao lado, Bento curvou-se ligeiramente em direção a Zelda e sussurrou, com um tom leve:— Quer que eu te acompanhe até o quarto para descansar?— Sr. Bento, você também
— Srta. Ada, lembre-se de quem você é. — Bento falou, franzindo levemente a testa ao perceber o olhar feroz de Ada.Ada, quase incapaz de conter sua fúria, amaldiçoou mentalmente: Absurdo! Que idiota é Bento! Tanto tempo ao lado de Zelda e ainda não a conquistou. E Ester, mais idiota ainda, por que estragou todos os meus planos? Se não tivessem pegado a pessoa errada, essa desgraçada da Zelda já estaria morta agora.Contudo, Zelda não só estava a salvo, mas agora também sob a proteção de Vicente. As mãos de Ada se apertavam cada vez mais com a raiva.Diante de um grupo de jornalistas, Vicente mantinha sua frieza de costume. A frialdade que exalava fazia com que fosse óbvio aos jornalistas que nada de valor sairia de sua boca. Todos os olhares então se voltaram para Zelda.— A polícia está investigando, e assim que tivermos os resultados, divulgaremos a todos. — Zelda falou, mantendo-se serena e exibindo sua habitual elegância.Os jornalistas, decepcionados com a resposta tão formal,
A completa falha do plano, juntamente com a forma como Vicente defendeu Zelda diante dos jornalistas, inflamou uma raiva incontrolável no coração de Ada. Após se separar de Vicente, ela ordenou ao motorista que a levasse à villa de Marilia.Marilia, que acabara de receber as notícias e estava prestes a ligar para Ada, mal tinha discado o número quando viu Ada entrar furiosa no hall. Observando a expressão contorcida de raiva de Ada, Marilia sentou-se ao lado dela, acariciando seu ombro em uma tentativa de acalmá-la:— Quem fez Ada ficar tão irritada? Diga-me, e eu cuidarei dela agora mesmo.— Foi Ester, essa mulher estúpida arruinou todos os meus planos! — Ada falou com os dentes cerrados e um olhar glacial.— Beba isso. Diga devagar. — Marilia disse elegantemente, passando um copo de café para Ada.Ada pegou o café e, depois de beber tudo de uma vez, detalhou a Marilia como havia planejado que Ester sequestrasse Zelda, mas como tudo acabou em fracasso.— Marilia, você precisa me aju
Zelda Montenegro segurava a barriga e, com esforço palpável, saiu da cama. A luz da lua invadia a janela e lançava um brilho sobre o rosto extremamente pálido. Os passos conhecidos de Vicente ecoavam do lado de fora. Com um esforço notável, Zelda tentou girar a maçaneta e, após alguns instantes, conseguiu abrir a porta.— Vicente. — Sua voz quase se esgotou ao chamar o nome dele.Vicente Barros parou, virou-se e lançou um olhar gelado para a mulher de camisola.— Você voltou, conseguiu comer? — A voz dela estava cheia de uma cautela exagerada, quase uma adulação.Um brilho que misturava esperança e expectativa se acendeu em seus olhos. Impaciente, o homem se virou com intenção de partir, Esse gesto perfurou o coração de Zelda como uma punhalada. Ela correu até ele e agarrou sua manga enquanto o sangue escorria dos lábios mordidos e as dores agudas na barriga mal deixavam-na respirar.— Solta! — O olhar de Vicente se encheu de uma raiva mais intensa.Zelda afrouxou o aperto, ous
Sob o sol escaldante, Zelda ficou parada na entrada do hospital. Por um momento, os seus olhos percorreram ao redor, sem saber para onde ir.Demorou um pouco até que ela começou a tremer quando discou o número que sabia de cor. O celular mal tocou duas vezes antes de ser atendido.— Vicente, eu... — A voz de Zelda estremecia, chorosa.— Estou muito ocupado na reunião. — A voz indiferente de Vicente sufocou tudo que Zelda queria dizer do outro lado da linha.Logo, a ligação foi encerrada de imediato.Zelda balançava como se fosse cair, era como se tivesse caído em um buraco de gelo conforme o seu corpo ficava cada vez mais frio. O que ela deveria fazer naquele momento? Zelda se apoiou em uma grande árvore ao lado da estrada, sem forças.No próximo segundo, o destino pregou uma peça cruel — na entrada principal do hospital, apareceram duas figuras familiares.Vicente saía, abraçando carinhosamente uma mulher, olhando para ela com adoração. Ele não disse que estava em uma reunião? M
Na mansão Barros, Zelda observava a escuridão do quarto durante a noite enquanto a última ponta de esperança se dissipava em seu coração. Ele na realidade não retornou. Durante os quatro anos de casamento, ele raramente voltava para casa, e as páginas de fofocas de Cidade Nuvemis nunca deixaram de mencionar seus romances. A coisa mais insultante ainda era o fato de que, como assistente de Vicente, ela tinha que estar sempre pronta com suas roupas limpas, levando-as todas as noites ao hotel onde ele mostrava sua gentileza com outras mulheres. Isso era cruel demais para ela.Por anos, ela suportou em silêncio, sempre esperando que um dia ele voltasse e visse sua espera. Mas naquele instante, ela entendia que não era uma questão de não ser boa o suficiente; tudo se resumia ao fato de que ele não a amava. A falta de amor era simplesmente isso, e nenhum esforço adicional valeria a pena. Em um relacionamento, a pessoa que não é amada, independentemente do que faça, sempre parecerá est
Quando Zelda acordou, já era meio-dia do dia seguinte. O quarto estava vazio, Vicente já havia ido embora, e apenas os pedaços de tecido rasgados no chão confirmavam a realidade da noite anterior. As lágrimas de Zelda começaram a cair enquanto olhava para os hematomas.Ela não precisava de um espelho para saber que não havia uma parte de seu corpo que não estivesse machucada, era uma visão terrível.A dor física era intensa, mas o que mais doía era o seu coração. Vicente tinha sido como um lobo feroz na noite anterior, sem um pingo de misericórdia. Só de lembrar, o corpo ainda tremia.— Vicente, se você não me ama, por que não pode me deixar ir? — Ela murmurou para si mesma, a tristeza mal teve tempo de se dissipar quando o celular em sua mesinha de cabeceira começou a tocar.Zelda levantou seu braço dolorido para atender. Assim que conectou a ligação, ouviu a voz ansiosa de Lídia, a empregada da família Montenegro:— Senhorita Zelda, aconteceu algo terrível, você precisa voltar p