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Capítulo 4

Se por fora a mansão branca de dois andares com suas grandes sacadas e terraços é de tirar o fôlego, por dentro é ainda mais impressionante. Bela foi conduzida por um segurança negro por um ambiente de requinte e sofisticação. 

Esculturas, obras de arte e lustres compõe a decoração luxuosa. Tons neutros e claros como o branco, bege e cinza, trazem bastante elegância e leveza para os ambientes. 

Uma porta foi aberta e Bela seguiu o segurança para dentro de um escritório enorme, com estante de madeira embutida, repleta de livros, mesa retangular de vidro com cadeiras giratórias, jogo de sofá de couro preto e uma parede de pedra com lareira. A luz do dia entrava pelas enormes janelas de vidro.

- Sente-se. - O segurança apontou para o sofá. - Eu vou chamar Michael.

Bela obedeceu. Desnorteada com tanto luxo e riqueza, ela colocou sua mala com os poucos pertences no chão ao lado do sofá e tentou focar no seu objetivo. Conseguir o emprego. 

É comum quando as garotas completam dezoito anos no orfanato serem enviadas para casas de família. Elas terão assim emprego e moradia. Bela não viu nenhum porta retrato pela casa. Talvez fosse um casal de idosos procurando uma cozinheira. Ela gostou da ideia. Idosos são amáveis. A porta do escritório foi aberta.

Bela lembrou de respirar ao sentir uma leve tontura por falta de oxigênio no cérebro. Na porta, segurando a maçaneta, um homem alto, forte, cabelos escuros e olhos verdes olhava para ela com certa curiosidade. 

Seu rosto angelical e másculo ao mesmo tempo, lembrava uma das esculturas em gesso que Bela tinha visto na entrada da mansão. Bem vestido de camiseta polo preta, calça jeans claro e tênis branco, Bela desejou ardentemente que aquele homem não fosse seu patrão. Seu futuro patrão, ela ainda não tinha conseguido o emprego. Por educação, Bela levantou e aguardou.

Michael olhou para a garota negra com roupas simples e ficou surpreso. Pequena, magra e baixa, ela não parecia ter mais que dezesseis anos. Ele olhou para o currículo que tinha em mãos. Isabela Thorne, 18 anos, cozinheira, Orfanato Saint Joseph. Um pensamento cruzou a mente de Michael: Virgem.

Sem tirar os olhos da garota, ele se aproximou e a olhou de cima. Ela mal chegava a altura dos seus ombros. Michael avaliou a candidata. 

Embora pequena, era linda com um rostinho redondo, pele uniforme, expressivos olhos negros, nariz delicado e lábios carnudos. Michael sentiu um cheiro de jasmim vindo dos cabelos castanhos escuros. Ele respirou fundo para melhor sentir a fragrância e sorriu satisfeito.

- Michael.

Bela mordeu o lábio inferior. A avaliação minuciosa a deixou tensa, e ela sentiu um desconforto abdominal que não sabia o que era. Deveria ser algo ilegal tanta beleza em uma única pessoa, algo que beirava a um insulto. Visivelmente constrangida, Bela abaixou a cabeça e apertou as mãos uma na outra, tamanho o seu nervosismo.

- Você fala? - Michael perguntou com um sorriso presunçoso, consciente do seu poder de hipnotizar as pessoas.

- Isabela. Eu me chamo Isabela.

- Bela combina mais com você.

Bela manteve a cabeça abaixada e abriu um pequeno e tímido sorriso. Nunca tinha recebido um elogio e também não fazia ideia do perigo que corria. Os olhos verdes brilhavam perigosamente, de excitação e segundas intenções.

Michael colocou a mão no queixo de Bela e delicadamente ergueu a sua cabeça. Ela arregalou os olhos. Ele abaixou a mão que pareceu queimar com o toque na pele quente e aveludada.

- Você sabe fritar um ovo?

Bela passou a língua pelos lábios ressecados. Ela apenas fez que sim com a cabeça. É obvio que sabe fazer muito mais coisas na cozinha. Michael ficou sério.

- Está contratada.

Bela mal pôde acreditar que tinha sido tão fácil. Michael ainda olhava para ela.

- Eu tenho uma equipe de limpeza. Você vai apenas cozinhar para mim e os meus seguranças. Tem um cardápio na porta da geladeira com o que eu gosto de comer. Certifique-se que tenha tudo na casa.

A voz rouca e o tom autoritário fez Bela tremer.

- Não trema toda vez que me ver. Isso vai me deixar muito irritado.

Bela tentou se recompor. Não queria parecer uma completa idiota.

- Muito obrigada, senhor. Eu vou fazer tudo que o senhor quiser.

Michael piscou.

- Eu tenho certeza que sim. Você já deve ter conhecido Dominic. Ele vai te mostrar tudo. O salário inicial é de mil dólares mensais. Seu quarto será ao lado do meu. - Michael tentou ficar sério. - Eu posso precisar dos seus serviços a noite.

Bela não percebeu as piores intenções por trás das palavras do patrão. Mil dólares por mês?! Céus, ficará rica!

Dominic colocou Bela a par da rotina da casa, a deixou na cozinha e foi atrás de Michael. Ele estava no quarto, bebendo e fumando para variar.

- Ela vai ficar no quarto de empregada lá embaixo. - Dominic disse sério. - Ela é só uma criança, Michael.

- Eu até agora não entendi porque você escolheu o currículo de uma órfã. Desde quando estamos fazendo obra de caridade?

- Como eu disse, só três se candidataram a vaga. O orfanato sempre procura trabalho para meninas que estão prestes a sair.

- E você achou que eu não colocaria os olhos nela?

- Se eu a tivesse visto antes ... - Dominic não podia negar. A garota negra parece uma boneca de porcelana. - Fique longe dela. 

Michael deu de ombros.

- Eu só queria deixá-la confortável. E se eu não a contratasse para onde ela iria?

- De boas intenções o inferno está cheio, e nós sabemos quem é o diabo.

- Você já disfarçou melhor o seu deboche, Dominic.

- Repito, mantenha o pau dentro da calça.

Michael não teve tempo de rebater a ameaça velada.

Sem fôlego, Milan apareceu na porta do quarto.

- O delegado, e ele trouxe escolta policial!


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