Se por fora a mansão branca de dois andares com suas grandes sacadas e terraços é de tirar o fôlego, por dentro é ainda mais impressionante. Bela foi conduzida por um segurança negro por um ambiente de requinte e sofisticação.
Esculturas, obras de arte e lustres compõe a decoração luxuosa. Tons neutros e claros como o branco, bege e cinza, trazem bastante elegância e leveza para os ambientes.
Uma porta foi aberta e Bela seguiu o segurança para dentro de um escritório enorme, com estante de madeira embutida, repleta de livros, mesa retangular de vidro com cadeiras giratórias, jogo de sofá de couro preto e uma parede de pedra com lareira. A luz do dia entrava pelas enormes janelas de vidro.
- Sente-se. - O segurança apontou para o sofá. - Eu vou chamar Michael.
Bela obedeceu. Desnorteada com tanto luxo e riqueza, ela colocou sua mala com os poucos pertences no chão ao lado do sofá e tentou focar no seu objetivo. Conseguir o emprego.É comum quando as garotas completam dezoito anos no orfanato serem enviadas para casas de família. Elas terão assim emprego e moradia. Bela não viu nenhum porta retrato pela casa. Talvez fosse um casal de idosos procurando uma cozinheira. Ela gostou da ideia. Idosos são amáveis. A porta do escritório foi aberta.
Bela lembrou de respirar ao sentir uma leve tontura por falta de oxigênio no cérebro. Na porta, segurando a maçaneta, um homem alto, forte, cabelos escuros e olhos verdes olhava para ela com certa curiosidade.
Seu rosto angelical e másculo ao mesmo tempo, lembrava uma das esculturas em gesso que Bela tinha visto na entrada da mansão. Bem vestido de camiseta polo preta, calça jeans claro e tênis branco, Bela desejou ardentemente que aquele homem não fosse seu patrão. Seu futuro patrão, ela ainda não tinha conseguido o emprego. Por educação, Bela levantou e aguardou.
Michael olhou para a garota negra com roupas simples e ficou surpreso. Pequena, magra e baixa, ela não parecia ter mais que dezesseis anos. Ele olhou para o currículo que tinha em mãos. Isabela Thorne, 18 anos, cozinheira, Orfanato Saint Joseph. Um pensamento cruzou a mente de Michael: Virgem.
Sem tirar os olhos da garota, ele se aproximou e a olhou de cima. Ela mal chegava a altura dos seus ombros. Michael avaliou a candidata.
Embora pequena, era linda com um rostinho redondo, pele uniforme, expressivos olhos negros, nariz delicado e lábios carnudos. Michael sentiu um cheiro de jasmim vindo dos cabelos castanhos escuros. Ele respirou fundo para melhor sentir a fragrância e sorriu satisfeito.
- Michael.Bela mordeu o lábio inferior. A avaliação minuciosa a deixou tensa, e ela sentiu um desconforto abdominal que não sabia o que era. Deveria ser algo ilegal tanta beleza em uma única pessoa, algo que beirava a um insulto. Visivelmente constrangida, Bela abaixou a cabeça e apertou as mãos uma na outra, tamanho o seu nervosismo.
- Você fala? - Michael perguntou com um sorriso presunçoso, consciente do seu poder de hipnotizar as pessoas.
- Isabela. Eu me chamo Isabela.- Bela combina mais com você.Bela manteve a cabeça abaixada e abriu um pequeno e tímido sorriso. Nunca tinha recebido um elogio e também não fazia ideia do perigo que corria. Os olhos verdes brilhavam perigosamente, de excitação e segundas intenções.
Michael colocou a mão no queixo de Bela e delicadamente ergueu a sua cabeça. Ela arregalou os olhos. Ele abaixou a mão que pareceu queimar com o toque na pele quente e aveludada.
- Você sabe fritar um ovo?Bela passou a língua pelos lábios ressecados. Ela apenas fez que sim com a cabeça. É obvio que sabe fazer muito mais coisas na cozinha. Michael ficou sério.
- Está contratada.Bela mal pôde acreditar que tinha sido tão fácil. Michael ainda olhava para ela.
- Eu tenho uma equipe de limpeza. Você vai apenas cozinhar para mim e os meus seguranças. Tem um cardápio na porta da geladeira com o que eu gosto de comer. Certifique-se que tenha tudo na casa.A voz rouca e o tom autoritário fez Bela tremer.
- Não trema toda vez que me ver. Isso vai me deixar muito irritado.Bela tentou se recompor. Não queria parecer uma completa idiota.- Muito obrigada, senhor. Eu vou fazer tudo que o senhor quiser.
Michael piscou.- Eu tenho certeza que sim. Você já deve ter conhecido Dominic. Ele vai te mostrar tudo. O salário inicial é de mil dólares mensais. Seu quarto será ao lado do meu. - Michael tentou ficar sério. - Eu posso precisar dos seus serviços a noite.Bela não percebeu as piores intenções por trás das palavras do patrão. Mil dólares por mês?! Céus, ficará rica!
Dominic colocou Bela a par da rotina da casa, a deixou na cozinha e foi atrás de Michael. Ele estava no quarto, bebendo e fumando para variar.
- Ela vai ficar no quarto de empregada lá embaixo. - Dominic disse sério. - Ela é só uma criança, Michael.
- Eu até agora não entendi porque você escolheu o currículo de uma órfã. Desde quando estamos fazendo obra de caridade?
- Como eu disse, só três se candidataram a vaga. O orfanato sempre procura trabalho para meninas que estão prestes a sair.- E você achou que eu não colocaria os olhos nela?- Se eu a tivesse visto antes ... - Dominic não podia negar. A garota negra parece uma boneca de porcelana. - Fique longe dela.Michael deu de ombros.
- Eu só queria deixá-la confortável. E se eu não a contratasse para onde ela iria?- De boas intenções o inferno está cheio, e nós sabemos quem é o diabo.- Você já disfarçou melhor o seu deboche, Dominic.- Repito, mantenha o pau dentro da calça.Michael não teve tempo de rebater a ameaça velada.
Sem fôlego, Milan apareceu na porta do quarto.
- O delegado, e ele trouxe escolta policial!Luke Ford, 48 anos, branco, corpo atlético, estatura mediana, cabelos loiros com entradas nas têmporas, aguçados olhos azuis, nariz reto, lábios finos e queixo protuberante.Frio, calculista e Delegado do 13º Distrito Policial de Beverly Hills, Califórnia. Escoltado por seis policiais, Luke adentrou na mansão. Conhece de longa data Michael e cada um dos integrantes da sua quadrilha.Entre os policiais da cidade, Luke acredita ser um dos poucos a não integrar a folha de pagamento de Michael Smith.Protegido pela Corregedoria, Secretária de Segurança Pública e até mesmo pelo Governador, o traficante continua em liberdade, mandando e desmandando em todo o Estado.Tráfico de drogas, armas e política envolvidos, Luke foi até a mansão apenas para não parecer incompetente. A sua frente, a cavalaria estava alinhada.Romeo, Milan, Dominic, Arthur, Thomas e Michael ao centro. Ele sorriu e fez uma leve reverência com a cabeça.- Delegado
Imediatamente, Michael apelou. Ele puxou uma cadeira, sentou e apoiando os dois cotovelos na mesa, levou as mãos ao rosto.- Eu estou cego.Bela mordeu o lábio inferior. Será que tinha exagerado? Agiu por reflexo e indignação. Com cuidado, ela se aproximou, pegou Michael pelos pulsos e abaixou as mãos dele. Apenas uma leve vermelhidão abaixo do olho esquerdo e um pequeno inchaço.Ela olhou para ele brava.- O senhor vai sobreviver.- Tem certeza? - Michael gemeu. - Está doendo muito. Não é melhor colocar uma compressa de gelo?Por alguns segundos, Bela se perdeu na imensidão dos olhos verdes e nos lábios rosados e carnudos. Ela abriu a geladeira duplex de inox e pegou um saco de ervilha congelada.Michael não perdeu tempo. Ele abriu as pernas para que Bela pudesse chegar bem perto. Porém, alertou:- Devagar com isso.Bela colocou o saco congelado sobre o machucado. Entre as pernas de Michael e inclinada sobre ele, Bela foi assola
Ao anoitecer, Milan assumiu o seu plantão na guarita atrás dos enormes portões automáticos da mansão. Ele olhou para as câmeras de segurança e uma movimentação suspeita na rua chamou a sua atenção. Milan pegou o Walk Talk.- Arthur, dá uma olhada do outro lado da rua.O segurança negro que estava no terraço pegou o binóculo de visão noturna. Ao ver duas Mercedes Benz se aproximando da entrada da casa em alta velocidade, Arthur praguejou.- Gael.Pelo Walk Talk Milan avisou o resto da equipe.- Gael está aqui. Levem Michael para o esconderijo.O segurança pegou o fuzil AK-47 e saiu da guarita.A passos largos, Michael foi escoltado por Thomas e Romeo até o esconderijo subterrâneo construído especialmente para sua proteção em casos de invasão. O abrigo seria usado pela primeira vez. Michael tinha Bela firmemente presa em seus braços.Dominic se juntou a Milan e Arthur na linha de frente. Mesmo contra
Preocupado com Bela, Michael foi até o quarto dela. Ele bateu na porta.- Bela?Ela não respondeu. Michael olhou no relógio. Quase três horas da manhã. Ele teve que esperar a remoção dos corpos e o reboque dos carros.Michael abriu a porta. A luz do quarto estava acesa. Bela adormeceu com a roupa que estava. Deitada de lado, ela estava descoberta. Michael entrou sem fazer barulho, pegou uma coberta no armário e a cobriu. Ele sorriu. Bela parecia um anjo.Cansado e com sono, Michael apagou a luz, tirou o sapato e se enfiou na cama de solteiro. Ele entrou debaixo da coberta e abraçando Bela por trás, a puxou para si.Ela estava exausta demais para acordar. Foram muitas emoções para um só dia. Michael suspirou profundamente e pela primeira vez em muito tempo ele não precisou usar drogas para dormir. O cheiro suave de jasmim o levou ao mundo dos sonhos em questão de minutos.Bela acordou assustada e teria ca
Bela permaneceu na cozinha cumprindo com as suas obrigações. Com seis homens para alimentar, ela tinha muito o que fazer. Michael foi o único a não aparecer para o café da manhã.Por um lado, Bela ficou triste por não vê-lo. Por outro, ela ficou aliviada por não precisar encara-lo depois de acordar nos braços dele.Ao tomar café com os seguranças, Bela percebeu que eles possuem um código de irmandade. Um por todos, todos por um. Sozinhos são fortes, juntos são imbatíveis.Por alguma razão desconhecida, Bela não ficou com medo por estar entre criminosos e assassinos. Não aqueles a sua frente.Bela ouviu os gritos e foi informada por Romeo que Michael tinha sofrido um pequeno acidente doméstico. Ela ficou angustiada até Milan e Dominic voltarem com ele do hospital e praticamente carrega-lo escada acima.E novamente foi informada por Romeo que o chefe estava com muita dor e não iria almoçar. Na ve
Bela viu Michael fechar os olhos e se inclinar sobre ela. Nada do que tinha vivido, visto ou ouvido dentro dos muros do Orfanato poderia tê-la preparado para aquele momento.Ao sentir os lábios quentes e molhados de Michael sobre os dela e sua barba arranhar o seu rosto, Bela se perdeu de si mesma. Seus lábios se abriram sozinhos para receber a língua molhada de Michael.Uma chegada e uma partida. Um fim e um começo. Bela fraquejou. Michael a sustentou em seus braços fortes. O beijo começou como uma carícia suave, com Michael dando selinhos úmidos nos lábios de Bela.Seus lábios se encaixaram perfeitamente. Suas línguas se tocaram, brincando, experimentando, se conhecendo. Michael foi um bom professor. Bela foi uma excelente aluna.Ela se deixou guiar e seguia todos os movimentos de Michael. Seus lábios se uniram ainda mais, suas línguas se enroscaram, salivas foram trocadas e o beijo ficou mais molhado e arde
Michael precisou da ajuda de Dominic para tomar banho. Nos braços de Bela, ele tinha até se esquecido do maldito tornozelo que estava doendo consideravelmente. Quando Dominic o ajudou a deitar na cama e apoiou o tornozelo em um travesseiro, Michael estava exausto.Ele dobrou o braço sobre a testa e fechou os olhos.- Eu preciso beber alguma coisa.- Vai beber analgésico.- Eu pensei em alguma coisa mais forte.- Vai sonhando. Toma.Michael abriu os olhos e pegou o copo com água e o comprimido. De má vontade tomou o remédio e devolveu o copo a Dominic.Ele perguntou com desdém:- Não vai dormir aqui, vai?- Sim. Milan e eu achamos alguns papelotes. Mas eu sei que você tem mais escondido.Michael deu um suspiro profundo.- Olha, eu agradeço muito o que vocês estão tentando fazer. Mas eu sou um viciado, Dominic. E por hora, eu pretendo continuar sendo.Dominic sentou na poltro
Michael acordou com a pá virada. Com dor, preso a cama e sofrendo de todos os sintomas da abstinência, ele não estava para brincadeira.A discussão pra lá de acalorada com Milan e Dominic também não ajudou. E para completar o seu martírio, Jason queria um reembolso de um milhão de dólares pelos quinhentos quilos de maconha que comprou e recebeu quatrocentos e cinquenta quilos de mesclado.Deitado olhando para o teto e contando o número de lâmpadas do lustre, Michael era a imagem do sofrimento. Arthur estava de "guarda" e puto da vida.- Jason pegou um navio para cá. Ele deve ancorar no Porto de Long Beach a tarde. Ele está trazendo os quatrocentos e cinquenta quilos de mesclado e quer o dinheiro de volta.Michael olhou para o segurança e não disse nada. Ele pensou por alguns segundos. A mente inquieta tentando desesperadamente encontrar uma saída. E encontrou.Michael sorriu.- Descubra quan