Imediatamente, Michael apelou. Ele puxou uma cadeira, sentou e apoiando os dois cotovelos na mesa, levou as mãos ao rosto.
- Eu estou cego.Bela mordeu o lábio inferior. Será que tinha exagerado? Agiu por reflexo e indignação. Com cuidado, ela se aproximou, pegou Michael pelos pulsos e abaixou as mãos dele. Apenas uma leve vermelhidão abaixo do olho esquerdo e um pequeno inchaço.
Ela olhou para ele brava.
- O senhor vai sobreviver.- Tem certeza? - Michael gemeu. - Está doendo muito. Não é melhor colocar uma compressa de gelo?Por alguns segundos, Bela se perdeu na imensidão dos olhos verdes e nos lábios rosados e carnudos. Ela abriu a geladeira duplex de inox e pegou um saco de ervilha congelada.
Michael não perdeu tempo. Ele abriu as pernas para que Bela pudesse chegar bem perto. Porém, alertou:
- Devagar com isso.Bela colocou o saco congelado sobre o machucado. Entre as pernas de Michael e inclinada sobre ele, Bela foi assolada por ondas de calor. Um lugar em especial parece ter ganho vida própria. Sem querer, seus dedos encostaram na barba escura. Bela sufocou um gemido de prazer.
Michael não sentia mais dor. Fascinado, ele olhava para o rosto perfeito de Bela e a forma delicada e preocupada como ela cuidava dele.
Michael encostou a coxa na perna dela e ganhou um olhar de reprovação. A compressa gelada foi pressionada com um pouco mais de força. Michael entendeu o recado e afastou a perna.
Ele repousou as mãos nos joelhos, antes que fossem parar na bunda ou nos seios de Bela. Ela fez menção de se afastar. Michael choramingou.
- Pressiona mais um pouco.Bela atendeu o pedido e disse séria:
- É melhor eu ir embora.O coração de Michael falhou uma batida. Ele estava prestes a fazer uma coisa que nunca tinha feito na vida e isso o deixou bastante preocupado.- Desculpa. Eu quero que você saiba que eu não tenho o hábito de agarrar as minhas funcionárias. - Porque de repente era tão importante que Bela não pensasse mal dele? - Você me perdoa?
Bela deu um passo para trás e olhando para o saco de ervilha, disse:
- Eu posso ser só uma garota boba e ingênua, mas eu sei me defender.Michael sorriu. O rosto doeu.
- Eu percebi.Bela levantou a cabeça e encarou Michael.- Por que tem tantos homens armados pela casa?- Porque eu sou ... - A vergonha impediu Michael de dizer a verdade. Ele mudou de assunto. - Quanto tempo até o almoço ficar pronto?Bela viu a tristeza no semblante de Michael. Ela não deveria ter feito uma pergunta tão pessoal. Guardando o saco de ervilha na geladeira, Bela respondeu:
- Trinta minutos. E eu aceito o seu pedido de desculpa.Michael deu um sorriso torto e levantou.
- Obrigado, Bela.No caminho para o escritório, Michael sentiu que a cueca estava melada e o pau duro latejava.- Porra!A comida estava divina. Simples, mas bem feita e saborosa. Arroz, feijão, bife, batata frita e salada. Tudo em grandes quantidades. É o que Michael e os seguranças gostam.
Bela foi convidada a se sentar a mesa com aqueles homens enormes, armados e mal encarados. Porém, eles foram gentis com ela e elogiaram a sua comida. Bela se concentrou no seu prato para fugir dos olhares lascivos de Michael.
Após o almoço, Michael e Dominic foram para o escritório acertar os últimos detalhes de um carregamento de cocaína para o Novo México.
- O narcotraficante na fronteira disse que a passagem ... - Dominic parou ao perceber que estava falando sozinho.Michael olhava a chuva pela janela com uma expressão distante. Dominic limpou a garganta. - Michael?
Michael encarou Dominic.- O que foi?O segurança suspirou.
- O carregamento.- Resolva isso, Dominic. Eu não estou com cabeça para nomes e números.- Isso tem a ver com a nova empregada?Michael inclinou sobre a mesa e olhou para Dominic sentado a sua frente.
- Não.Dominic sorriu.- Você pode contar mentiras deslavadas para o delegado. Para mim não. Você está caidinho por ela.- Não seja ridículo.- Quando foi que deixou alguém te machucar sem consequências?Michael recostou na cadeira de couro preto e bufou.
- Tem o quê? Umas seis horas que ela chegou?- Por ai. - Dominic ficou sério. - Olha o tamanho dela e olha o seu. Bela ainda tem traços quase infantis. E você sabe como são os orfanatos. Eles alteram a idade das crianças. Ela pode não ter dezoito anos ainda.Michael alisou o braço da cadeira.
- Ela é tão pequena.- E com certeza já passou por muita coisa. A última coisa que Bela precisa é de um desviado como você a atacando.Michael riu.
- Isso não me impede de fantasiar.- Cuidado com os seus pensamentos. Eles se tornam ações.Michael revirou os olhos. Ao que parece, Bela caiu nas graças da sua equipe de segurança. E como não cairia? Ela parece uma boneca. Uma boneca que deve ser protegida de homens como ele.
Ao anoitecer, Milan assumiu o seu plantão na guarita atrás dos enormes portões automáticos da mansão. Ele olhou para as câmeras de segurança e uma movimentação suspeita na rua chamou a sua atenção. Milan pegou o Walk Talk.- Arthur, dá uma olhada do outro lado da rua.O segurança negro que estava no terraço pegou o binóculo de visão noturna. Ao ver duas Mercedes Benz se aproximando da entrada da casa em alta velocidade, Arthur praguejou.- Gael.Pelo Walk Talk Milan avisou o resto da equipe.- Gael está aqui. Levem Michael para o esconderijo.O segurança pegou o fuzil AK-47 e saiu da guarita.A passos largos, Michael foi escoltado por Thomas e Romeo até o esconderijo subterrâneo construído especialmente para sua proteção em casos de invasão. O abrigo seria usado pela primeira vez. Michael tinha Bela firmemente presa em seus braços.Dominic se juntou a Milan e Arthur na linha de frente. Mesmo contra
Preocupado com Bela, Michael foi até o quarto dela. Ele bateu na porta.- Bela?Ela não respondeu. Michael olhou no relógio. Quase três horas da manhã. Ele teve que esperar a remoção dos corpos e o reboque dos carros.Michael abriu a porta. A luz do quarto estava acesa. Bela adormeceu com a roupa que estava. Deitada de lado, ela estava descoberta. Michael entrou sem fazer barulho, pegou uma coberta no armário e a cobriu. Ele sorriu. Bela parecia um anjo.Cansado e com sono, Michael apagou a luz, tirou o sapato e se enfiou na cama de solteiro. Ele entrou debaixo da coberta e abraçando Bela por trás, a puxou para si.Ela estava exausta demais para acordar. Foram muitas emoções para um só dia. Michael suspirou profundamente e pela primeira vez em muito tempo ele não precisou usar drogas para dormir. O cheiro suave de jasmim o levou ao mundo dos sonhos em questão de minutos.Bela acordou assustada e teria ca
Bela permaneceu na cozinha cumprindo com as suas obrigações. Com seis homens para alimentar, ela tinha muito o que fazer. Michael foi o único a não aparecer para o café da manhã.Por um lado, Bela ficou triste por não vê-lo. Por outro, ela ficou aliviada por não precisar encara-lo depois de acordar nos braços dele.Ao tomar café com os seguranças, Bela percebeu que eles possuem um código de irmandade. Um por todos, todos por um. Sozinhos são fortes, juntos são imbatíveis.Por alguma razão desconhecida, Bela não ficou com medo por estar entre criminosos e assassinos. Não aqueles a sua frente.Bela ouviu os gritos e foi informada por Romeo que Michael tinha sofrido um pequeno acidente doméstico. Ela ficou angustiada até Milan e Dominic voltarem com ele do hospital e praticamente carrega-lo escada acima.E novamente foi informada por Romeo que o chefe estava com muita dor e não iria almoçar. Na ve
Bela viu Michael fechar os olhos e se inclinar sobre ela. Nada do que tinha vivido, visto ou ouvido dentro dos muros do Orfanato poderia tê-la preparado para aquele momento.Ao sentir os lábios quentes e molhados de Michael sobre os dela e sua barba arranhar o seu rosto, Bela se perdeu de si mesma. Seus lábios se abriram sozinhos para receber a língua molhada de Michael.Uma chegada e uma partida. Um fim e um começo. Bela fraquejou. Michael a sustentou em seus braços fortes. O beijo começou como uma carícia suave, com Michael dando selinhos úmidos nos lábios de Bela.Seus lábios se encaixaram perfeitamente. Suas línguas se tocaram, brincando, experimentando, se conhecendo. Michael foi um bom professor. Bela foi uma excelente aluna.Ela se deixou guiar e seguia todos os movimentos de Michael. Seus lábios se uniram ainda mais, suas línguas se enroscaram, salivas foram trocadas e o beijo ficou mais molhado e arde
Michael precisou da ajuda de Dominic para tomar banho. Nos braços de Bela, ele tinha até se esquecido do maldito tornozelo que estava doendo consideravelmente. Quando Dominic o ajudou a deitar na cama e apoiou o tornozelo em um travesseiro, Michael estava exausto.Ele dobrou o braço sobre a testa e fechou os olhos.- Eu preciso beber alguma coisa.- Vai beber analgésico.- Eu pensei em alguma coisa mais forte.- Vai sonhando. Toma.Michael abriu os olhos e pegou o copo com água e o comprimido. De má vontade tomou o remédio e devolveu o copo a Dominic.Ele perguntou com desdém:- Não vai dormir aqui, vai?- Sim. Milan e eu achamos alguns papelotes. Mas eu sei que você tem mais escondido.Michael deu um suspiro profundo.- Olha, eu agradeço muito o que vocês estão tentando fazer. Mas eu sou um viciado, Dominic. E por hora, eu pretendo continuar sendo.Dominic sentou na poltro
Michael acordou com a pá virada. Com dor, preso a cama e sofrendo de todos os sintomas da abstinência, ele não estava para brincadeira.A discussão pra lá de acalorada com Milan e Dominic também não ajudou. E para completar o seu martírio, Jason queria um reembolso de um milhão de dólares pelos quinhentos quilos de maconha que comprou e recebeu quatrocentos e cinquenta quilos de mesclado.Deitado olhando para o teto e contando o número de lâmpadas do lustre, Michael era a imagem do sofrimento. Arthur estava de "guarda" e puto da vida.- Jason pegou um navio para cá. Ele deve ancorar no Porto de Long Beach a tarde. Ele está trazendo os quatrocentos e cinquenta quilos de mesclado e quer o dinheiro de volta.Michael olhou para o segurança e não disse nada. Ele pensou por alguns segundos. A mente inquieta tentando desesperadamente encontrar uma saída. E encontrou.Michael sorriu.- Descubra quan
Michael sabia que estava sendo um canalha aproveitador. Mas o tesão que sentia por Bela era maior que tudo. Maior até que tirar a inocência dela de forma covarde e egoísta.Tudo era novo para Bela e a forma como ela estava sendo iniciada no mundo do sexo influenciaria muito nas suas decisões futuras. Ela poderia acreditar que sexo é algo nojento e asqueroso.E de repente, Michael não queria ser o cara malvado que estava a humilhando e constrangendo para o seu prazer e diversão. Ele não iria tirar a sua pureza sujando as mãos dela de esperma.Bela é uma garota doce e meiga. Ela merece ser amada, respeitada e protegida. Ela merece saber que sexo deve ser consentido e prazeroso para ambas as partes. Antes de entrar dentro dela precisa acabar com seus medos, dúvidas e inseguranças.Michael fechou os olhos e respirou fundo.- Para.Automaticamente Bela puxou a mão dolorida e viu Michael colocar o
Dominic nem precisou usar de muita estratégia para convencer uma garota de dezoito anos a ir às compras. Bela estava deslumbrada com tanto glamour e sofisticação. Lojas, lanchonetes, restaurantes, cinema, livraria com cafeteria, área de lazer infantil e muito mais.No meio de Milan e Dominic, Bela fazia um tour completo pelo Shopping Center. A beleza, a elegância das pessoas, o cheiro vindo do interior das lojas e da praça de alimentação, fizeram Bela se sentir um peixe fora d'água.Ela parou e Milan e Dominic fizeram o mesmo.- O que foi? - Dominic perguntou preocupado. - Esse lugar não é para mim. Desculpa, eu me sinto...Depois de todas as privações que passou na vida, Bela começou a ter uma crise de choro incontrolável. Os seguranças se olharam sem saber o que fazer.Sabiam tudo sobre o mundo do crime, sobre armas e drogas. Mas não sabiam como lidar com uma garota chorando no meio do shopping.