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Capítulo 8

Preocupado com Bela, Michael foi até o quarto dela. Ele bateu na porta.

- Bela?

Ela não respondeu. Michael olhou no relógio. Quase três horas da manhã. Ele teve que esperar a remoção dos corpos e o reboque dos carros.

Michael abriu a porta. A luz do quarto estava acesa. Bela adormeceu com a roupa que estava. Deitada de lado, ela estava descoberta. Michael entrou sem fazer barulho, pegou uma coberta no armário e a cobriu. Ele sorriu. Bela parecia um anjo.

Cansado e com sono, Michael apagou a luz, tirou o sapato e se enfiou na cama de solteiro. Ele entrou debaixo da coberta e abraçando Bela por trás, a puxou para si.

Ela estava exausta demais para acordar. Foram muitas emoções para um só dia. Michael suspirou profundamente e pela primeira vez em muito tempo ele não precisou usar drogas para dormir. O cheiro suave de jasmim o levou ao mundo dos sonhos em questão de minutos.

Bela acordou assustada e teria caído da cama se braços fortes não estivessem a segurando. Ela prendeu a respiração e ficou imóvel.

O corpo de Michael estava quente igual uma fornalha e pela respiração tranquila, ele dormia. Dormia agarrado a ela! Que loucura, pensou Bela. Do orfanato direto para o purgatório.

Ela tentou ter algum bom senso e afastou a coberta. Dois braços enormes a seguravam pela barriga. Sem sucesso, Bela tentou afastar Michael. Ao contrário, ele a puxou ainda mais e continuou dormindo.

Bela tentou levantar pela segunda vez e novamente foi puxada. Ela chegou a desconfiar que Michael estava acordado e se virou para ele. Céus, como pode ser tão lindo? A vontade de fazer xixi apertou e Bela usou todas as suas forças para sair do abraço de urso.

Outra tentativa frustrada e dessa vez, Michael enroscou as pernas nela. Bela fechou os olhos e respirou fundo. A vontade de urinar com a excitação a deixaram fraca e zonza. Ela abriu os olhos e decidiu acordar Michael e pedir para ele a soltar e explicar o porquê.

- Michael. - A vontade apertou e Bela o chamou com seriedade. - Michael!

Ele acordou assustado e a puxou com força como se estivesse a protegendo de alguma coisa.

- O que foi?

- Eu preciso ir no banheiro.

Sonolento, Michael ergueu o tórax e beijou Bela na bochecha. Ele pediu manhoso.

- Não vai não. Fica comigo.

- Agora!

Bela foi solta e correu para o banheiro. Quase não deu tempo de levantar a tampa e sentar no vaso sanitário branco. Ela começou a respirar aliviada, mas lembrou de trancar a porta imediatamente.

Um longo banho seria a sua próxima prioridade. De preferência um banho gelado para apagar o fogo que a consumia viva.

No corredor, Michael ganhou um sorriso debochado de Romeo.

- Perdeu o rumo do seu quarto, chefe? Sabia que pedofilia é crime?

Michael ficou sério.

- Cale a boca, antes que eu mesmo cale.

Ainda sorrindo divertido, Romeo ergueu os braços.

- Eu só estou dizendo.

- Sai da minha frente.

- Sim, chefe.

Antes de chegar no seu quarto, Michael ainda esbarrou em Milan. O segurança o olhou dos pés a cabeça e zombou:

- Parece que o tiro saiu pela culatra.

- Mais o que é isso? Um motim contra mim? Não pensem que eu vou deixar vocês colocarem as asinhas de fora só porque deram meia dúzia de tiros ontem.

Milan riu.

- Meia dúzia? Eu não sabia que era engraçado, Michael.

Rindo, o segurança se afastou.

Michael bebeu, fumou e cheirou cocaína. Tudo em uma sequência só. Ele estava tenso e começou a andar em círculos pelo quarto. Sob o efeito de álcool e drogas, pensamentos desordenados começaram a ganhar forma.

Dominic acompanhava de perto os dois serralheiros que consertavam os portões. Arthur e Thomas lavavam a entrada. A chuva tinha dado uma trégua, mas o frio era cortante.

Ao olhar para o céu nublado acima da mansão, Dominic viu Michael na sacada do seu quarto. Ele estava completamente nu e com uma garrafa de Corona Extra pela metade.

O segurança bravo, gritou:

- Você está querendo pegar uma pneumonia?!

Rindo, Michael se aproximou do parapeito da sacada e gritou de volta:

- Eu vou pular!

A uma distância de aproximadamente sete metros de altura, uma queda não mataria Michael. Porém, resultaria em alguns ossos quebrados.

Dominic praguejou:

- Filho da puta! Entra agora!

Michael bebeu um longo gole de cerveja e passou uma perna por cima da grade de proteção. Dominic correu para amortecer a queda.

De volta do hospital com o tornozelo esquerdo torcido, Michael deitado na cama ainda sob o efeito de substâncias entorpecentes, sabia que estava sendo colocado abaixo dos cachorros por Dominic.

No impacto o segurança teve um corte no ombro provocado pela garrafa de cerveja e também precisou de atendimento médico.

Milan colocou o raio-x e a receita médica sobre a poltrona.

- Esquece, Dom. Ele não faz ideia do que você está falando.

Arthur coçou a barba escura.

- Não é a primeira e não será a última vez que ele apronta uma presepada dessa. Eu vou providenciar muletas.

- Faça isso. - Dominic disse ainda furioso.

Em pé ao lado da cama, Milan cruzou os braços e olhou para Michael.

- Uma hora Dom, nós vamos achar ele morto por overdose. É melhor fazermos alguma coisa agora antes que a gente perca o nosso ganha pão.

Dominic abriu um pequeno sorriso. Milan sempre consegue colocar um pouco de humor no caos. E ele estava coberto de razão.

- Sem álcool e sem cocaína. Ele pode gritar, espernear e ameaçar. Avise Arthur, Thomas e Romeo. Ninguém vai ceder.

- Eu vou pegar a arma dele e dar uma limpa nos pinos e papelotes.

Michael murmurou alguma coisa. Milan e Dominic se aproximaram para ouvir.

- Eu quero a Bela.

Michael apagou.


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