Queridos leitores,
Escrever Meu Gostoso Guarda-Costa foi uma experiência emocionante, desafiadora e incrivelmente gratificante. Essa história nasceu do desejo de explorar os extremos da natureza humana: desde a ambição desenfreada até o amor genuíno que floresce nas situações mais adversas.
Cássia Moscovisk é uma personagem que carrega em si a força de quem enfrenta grandes perdas, mas ainda acredita no amor. Ela representa a luta para encontrar um sentido em meio ao caos, sem perder a essência de quem realmente é. Já Henrique Belmont é o reflexo da ambição, mentira e deslealdade, enquanto Charles Lamartine é a prova de que a bondade e a lealdade ainda têm um lugar no mundo.
A trama mistura romance, suspense, humor e superação, com o objetivo de prender sua atenção e, ao mesmo tempo, trazer reflexões sobre confiança, coragem e a busca pela felicidade verdadeira.
Espero que vocês se apaixonem por esses personagens e sintam cada emoção que quis transmitir. Para mim, cada linha foi escrita com carinho, pensando em como cada reviravolta poderia impactar vocês, leitores.
Com amor,
Sua autora,
FÁTIMA SOUZA
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INICIO...
Cássia entrou no quarto como um furacão, o coração martelando no peito, as pernas tremendo e a mente completamente confusa. Ela sequer sabia direito o que estava acontecendo, apenas que precisava sair dali o mais rápido possível. Pegou uma mala grande e começou a jogar roupas dentro sem qualquer critério: um vestido de gala, um pijama de ursinhos, um salto alto e... uma pantufa de coelho. O caos estava instaurado.
Na sala, Charles, seu guarda-costas - e, sejamos honestos, um verdadeiro colírio para os olhos - esperava pacientemente. Ele mantinha os braços cruzados, o olhar atento e uma expressão que oscilava entre profissionalismo e leve irritação. Se dependesse dele, já estariam a quilômetros de distância.
Cássia respirou fundo e resolveu que precisava se acalmar. Nada de pânico. "Ok, preciso ir ao banheiro antes de sair", pensou. Mas, assim que deu um passo na direção da porta, um estampido ensurdecedor preencheu o ar. O vidro da janela explodiu em cacos, e um tiro atravessou o quarto.
— AAAAAH! — Cássia gritou, pulando para trás como um gato assustado.
Seu grito ecoou pela casa e, em segundos, Charles surgiu na porta como um raio. Com a rapidez de um felino, ele a puxou para perto e usou seu próprio corpo como escudo.
— No banheiro, agora! — ele ordenou, empurrando-a para dentro enquanto novos tiros despedaçavam a outra janela.
Cássia se viu encostada contra a parede do banheiro, os olhos arregalados e o coração batendo tão rápido que ela tinha certeza de que Charles podia ouvir.
— Certo... — ela engoliu em seco, tremendo dos pés à cabeça — Isso não estava nos meus planos para hoje. Achei que meu maior problema seria decidir entre sushi ou pizza para o jantar.
Charles olhou para ela de cenho franzido.
— Agora não é hora para piadas, senhora Belmont.
— Desculpa, é o nervosismo. Atiraram em mim e, de repente, viro a rainha do stand-up comedy.
Ele não respondeu, apenas ficou em silêncio por um momento. Foi então que Cássia percebeu algo: a proximidade entre eles. Charles a segurava firmemente, o corpo forte e quente colado ao dela. O perfume amadeirado que ele usava preencheu suas narinas, e, entre o medo e a adrenalina, uma constatação a atingiu como outro tiro:
— Meu Deus... — ela murmurou, quase sem querer.
— O quê? — Charles perguntou, atento, pronto para mais perigo.
— Você é absurdamente sexy!
Charles piscou, surpreso. Depois suspirou, passando a mão pelo rosto como se tentasse encontrar paciência em um momento de caos.
— Senhora Belmont, querem matar você. Se puder se concentrar nisso por um segundo, eu agradeceria.
— Olha, se eu for morrer hoje, pelo menos agora sei que morro com bom gosto.
Ele revirou os olhos, pegou-a pela mão e começou a traçar um plano de fuga. Mas, no fundo, Charles sabia que proteger Cássia não seria apenas um trabalho perigoso... Seria também, sem dúvidas, uma grande prova de paciência.
O silêncio finalmente reinou após minutos de pura tensão. Cássia sentiu o coração ainda disparado, como se estivesse em um daqueles filmes de ação que ela adorava, mas sem a parte divertida de assistir de um sofá seguro. Charles, ao lado dela, manteve-se alerta, virando-se para encará-la com aquele olhar severo de quem não aceitava argumentos.
— Fique aqui. — A voz dele era firme, sem espaço para discussão.
Ela apenas acenou com a cabeça, incapaz de formar palavras. Ainda tremia levemente, sentindo as pernas um pouco fracas. Não era todo dia que levava tiros - ou pelo menos, tiros eram disparados em sua direção.
Charles saiu do banheiro com passos calculados, inspecionando o quarto com olhar atento. Caminhou até a janela, aproximando-se com cautela. Não havia sinais de movimento, apenas o vento noturno balançando as cortinas estraçalhadas. Os atiradores tinham sumido.
Depois de alguns segundos, voltou para o banheiro, onde encontrou Cássia abraçando a si mesma.
— Vamos agora. — Ele disse, sem rodeios. — Esqueça a mala. Pegue uma bolsa pequena com alguns pertences pessoais. Precisamos sair imediatamente.
Cássia piscou algumas vezes, como se processasse a informação, e então arregalou os olhos.
— Esquecer a mala?! — Ela exclamou, indignada. — Charles, eu passei um tempão escolhendo cada coisa que coloquei lá! Sabe o que significa fazer uma mala em estado de desespero? Eu provavelmente trouxe uma sandália e um casaco de inverno juntos! Mas eu me esforcei!
Charles suspirou, esfregando o rosto com a mão livre.
— Senhora Belmont, estamos fugindo de atiradores. Não indo para um retiro espiritual. Pegue uma bolsa pequena, agora.
Resmungando, mas obediente, ela correu para o closet e pegou a primeira bolsa grande que encontrou. Não importava que Charles tivesse dito pequena, ela precisava de espaço! Jogou algumas roupas, itens essenciais e, claro, seu perfume favorito. Porque, convenhamos, se fosse morrer, pelo menos estaria cheirosa.
Quando voltou, Charles já estava pronto para sair, impaciente.
— Finalmente. Vamos antes que eles resolvam voltar. — Ele disse, pegando-a pela mão e a puxando para fora do quarto.
Poucos minutos depois, estavam na estrada, o carro cortando a noite silenciosa. Cássia olhou para Charles de soslaio, ainda processando tudo.
— Então, qual é o plano? — perguntou, cruzando os braços.
— Sobrevivermos. — Ele respondeu sem tirar os olhos da estrada.
— Ah, ótimo plano, super elaborado. Posso acrescentar ‘não morrer’ na lista?
Charles suspirou novamente. A noite prometia ser longa.
Cássia ainda não havia assimilado completamente a gravidade da situação. Sempre distraída, parecia alheia ao perigo iminente, como se tudo aquilo fosse apenas um contratempo passageiro e não uma ameaça real à sua vida.
Cássia Moscovisk era uma mulher de 32 anos, cheia de vida e dona de um bom humor contagiante. Seus cabelos loiros, naturalmente ondulados, pareciam sempre estar no enquadramento perfeito para uma cena de comercial de xampu, e seus olhos esverdeados tinham um brilho travesso que encantava e intrigava ao mesmo tempo. Ela não apenas esbanjava beleza, mas também possuía uma sensualidade natural, daquelas que pareciam acontecer sem que ela sequer tentasse.Filha de um casal que poderia facilmente protagonizar um romance daqueles bem clichês, cheios de declarações apaixonadas e momentos de tirar o fôlego, Cássia cresceu acreditando piamente que o amor verdadeiro existia. Seu pai sempre olhava para sua mãe como se ela fosse a única mulher no planeta, e sua mãe retribuía com um carinho que fazia qualquer um suspirar. Era o tipo de relação que faz qualquer pessoa sonhar com um "felizes para sempre". E Cássia sonhava. Sonhava com seu príncipe encantado, com uma vida digna de um conto de fadas m
Cássia nem fazia ideia, mas a ambição de Henrique era um buraco muito mais fundo do que ela poderia imaginar. Para ela, ele era apenas um marido frio, indiferente e infiel. Mas, na verdade, ele era um estrategista calculista, movido por um único objetivo: poder. Depois de quase cinco anos de casamento — cinco longos anos de traições, frieza e sexo sem graça — Cássia finalmente tomou a decisão que deveria ter tomado no primeiro mês: procurou um advogado e deu entrada no divórcio. Mas Henrique? Ah, ele não era do tipo que aceitava derrotas. E, definitivamente, não ia deixar que sua esposa "inconveniente" atrapalhasse seus planos. Quando recebeu a notícia do pedido de divórcio, ele trincou os dentes, apertou os punhos e praguejou tão alto que o assistente dele pensou que um terremoto estava começando. — Mas que droga, Cássia! Logo agora?! Henrique estava prestes a realizar o sonho da sua vida: tornar-se prefeito. E, para isso, precisava manter a imagem perfeita de um marido dedicado
Cássia soltou um suspiro aliviado. — Bom, ao menos isso.Henrique olhou fixo para ela.— Agora é só esperar que eles resolvam. Devido às ameaças, tomei uma decisão importante. Ela estreitou os olhos. — Que tipo de decisão? Henrique fez um gesto discreto com a cabeça, apontando para alguém atrás dela. Cássia virou-se e, pela primeira vez, seus olhos pousaram em um homem alto, elegantemente vestido, parado na sala de estar. Ele não estava ali apenas presente, ele dominava o ambiente. Corpo atlético, terno perfeitamente ajustado, postura firme, olhar intenso e um certo ar de mistério que fazia qualquer protagonista de filme de ação parecer um amador. Cássia piscou algumas vezes, tentando assimilar a situação. — O que significa isso? — perguntou, voltando-se para Henrique. Ele colocou uma mão em seu ombro e murmurou: — Contratei um guarda-costas para você. Você precisa sair de casa ainda hoje. Cássia sentiu o estômago revirar. — Espera… o quê?! — É por segurança. Assim que e
DE VOLTA AO INÍCIO...A viagem foi longa. Tão longa que, em algum momento, entre o silêncio desconfortável e as árvores passando pela janela, Cássia simplesmente apagou. Encostada no vidro do carro, dormiu profundamente, alheia ao fato de que seu destino era uma casa isolada no meio do nada. Quando Charles finalmente estacionou atrás da casa, já era de madrugada. O lugar era cercado por árvores gigantescas, e a única iluminação vinha da lua filtrando-se entre as folhas. Ele suspirou ao olhar para o banco do passageiro. Cássia continuava desmaiada. — Ótimo!Com um pouco de relutância, saiu do carro e começou a retirar as malas. Mas, ao notar que ela sequer se mexia, decidiu que seria melhor acordá-la antes que precisasse carregá-la casa adentro. — Cássia — chamou, com sua voz firme. Nada. — Cássia, chegamos. Ela resmungou alguma coisa ininteligível e afundou ainda mais no banco. Charles revirou os olhos e se inclinou, tocando-lhe o ombro. — Se não acordar, vou ter que te carreg
O sol mal havia começado a se levantar no horizonte quando Charles já estava de pé. Depois de se alongar rapidamente, ele saiu para correr pelos arredores da cabana, mantendo seu ritmo impecável, como um verdadeiro profissional. O ar fresco da manhã e o som das folhas farfalhando ao vento eram seus únicos companheiros, já que Cássia, sua protegida, dormia profundamente sem a menor preocupação no mundo. No caminho de volta, ele percebeu que a situação da despensa da cabana era crítica —praticamente um deserto alimentar. Sem pensar duas vezes, parou no pequeno mercadinho da cidade mais próxima e comprou algumas coisas essenciais: ovos, pão, leite e, claro, café, porque lidar com Cássia sem café poderia ser um risco à sua própria sanidade. Quando chegou, colocou as sacolas sobre a mesa e começou a guardar os mantimentos, mas logo ouviu um barulho vindo do corredor. — Bom dia! — A voz preguiçosa de Cássia ecoou pelo ambiente enquanto ela bocejava e alongava os braços. — Onde você estav
O entardecer trouxe consigo nuvens pesadas e carregadas. Charles, atento como sempre, percebeu que um temporal se aproximava e resolveu verificar se tudo estava em ordem do lado de fora. O vento começava a sacudir as árvores e um cheiro de terra molhada tomava conta do ar. Ele olhou para o céu escuro e decidiu que era melhor voltar para dentro antes que a tempestade começasse de vez. Assim que entrou, as primeiras gotas de chuva começaram a cair, seguidas de trovões distantes. O ambiente estava silencioso, apenas o som da chuva batendo no telhado preenchia o espaço. Charles pegou o celular e tentou ligar para Henrique, esperando receber novas instruções. Nada. Ele tentou novamente. Ainda nada. Com um suspiro frustrado, ele tentou o telefone do escritório. Nenhuma resposta. Cássia, que estava deitada no sofá folheando uma revista sem muito interesse, percebeu sua expressão preocupada e arqueou a sobrancelha. — O que houve? Não conseguiu falar com Henrique? Charles balançou a cabeç
A chuva caía forte quando Henrique apareceu na porta da cabana. Seu terno estava impecável, mesmo com o temporal castigando lá fora. Ele parecia determinado, mas Charles não se impressionou. Cruzou os braços e, sem rodeios, perguntou com seriedade: — Por que está aqui?Henrique o ignorou por um momento e olhou diretamente para Cássia. — Eu vim ver minha mulher. Charles estreitou os olhos. — Mas, senhor... Henrique ergueu a mão, cortando qualquer protesto. — Se acalme, Charles. Eu só preciso conversar com minha esposa. Cássia ficou parada, olhando para ele como se estivesse diante de um alienígena. Eles estavam casados há cinco anos, mas, durante esse tempo, pareciam dois estranhos. Henrique nunca fora do tipo carinhoso, e agora estava ali, na chuva, agindo como um marido preocupado. Algo estava errado. E ficou ainda mais estranho quando Henrique se aproximou dela, deslizou a mão pelo seu rosto e perguntou com um tom de voz quase... suave: — Como você está, querida? Cássia arr
Cássia sorriu de lado, cruzando os braços enquanto o observava. Ele estava ali, tão concentrado, tão sério, como se cozinhar fosse uma missão de vida ou morte.Ah, mas ela sabia que tinha mexido com ele. Sabia que aquele beijo mais cedo não tinha sido coisa só dela. E se Charles queria fingir que nada aconteceu… bem, ela não iria facilitar. Cássia sorriu maliciosamente. Ah, então ele queria bancar o indiferente? Pois bem, ela poderia jogar esse jogo. — O que temos para o jantar, chef Lamartine? — perguntou, deslizando as mãos pelo balcão e inclinando-se ligeiramente para espiar a panela, sem disfarçar a proximidade entre os dois. Charles, que já estava tenso, sentiu cada terminação nervosa do seu corpo acender como fogos de artifício. Mas ele era um profissional. Um homem disciplinado. E definitivamente não iria ceder tão fácil. Ele pigarreou, manteve os olhos fixos na comida e respondeu em um tom firme: — Sopa. Simples e eficiente. Agora, se puder dar um passo para trás… você pod