MEU GOSTOSO GUARDA-COSTAS
MEU GOSTOSO GUARDA-COSTAS
Por: Fátima Souza
1. Desespero

Queridos leitores, 

Escrever Meu Gostoso Guarda-Costa foi uma experiência emocionante, desafiadora e incrivelmente gratificante. Essa história nasceu do desejo de explorar os extremos da natureza humana: desde a ambição desenfreada até o amor genuíno que floresce nas situações mais adversas. 

Cássia Moscovisk é uma personagem que carrega em si a força de quem enfrenta grandes perdas, mas ainda acredita no amor. Ela representa a luta para encontrar um sentido em meio ao caos, sem perder a essência de quem realmente é. Já Henrique Belmont é o reflexo da ambição, mentira e deslealdade, enquanto Charles Lamartine é a prova de que a bondade e a lealdade ainda têm um lugar no mundo. 

A trama mistura romance, suspense, humor e superação, com o objetivo de prender sua atenção e, ao mesmo tempo, trazer reflexões sobre confiança, coragem e a busca pela felicidade verdadeira.

Espero que vocês se apaixonem por esses personagens e sintam cada emoção que quis transmitir. Para mim, cada linha foi escrita com carinho, pensando em como cada reviravolta poderia impactar vocês, leitores.

Com amor, 

Sua autora,

FÁTIMA SOUZA

                                                          ************************************

INICIO...

Cássia entrou no quarto como um furacão, o coração martelando no peito, as pernas tremendo e a mente completamente confusa. Ela sequer sabia direito o que estava acontecendo, apenas que precisava sair dali o mais rápido possível. Pegou uma mala grande e começou a jogar roupas dentro sem qualquer critério: um vestido de gala, um pijama de ursinhos, um salto alto e... uma pantufa de coelho. O caos estava instaurado.

Na sala, Charles, seu guarda-costas - e, sejamos honestos, um verdadeiro colírio para os olhos - esperava pacientemente. Ele mantinha os braços cruzados, o olhar atento e uma expressão que oscilava entre profissionalismo e leve irritação. Se dependesse dele, já estariam a quilômetros de distância.

Cássia respirou fundo e resolveu que precisava se acalmar. Nada de pânico. "Ok, preciso ir ao banheiro antes de sair", pensou. Mas, assim que deu um passo na direção da porta, um estampido ensurdecedor preencheu o ar. O vidro da janela explodiu em cacos, e um tiro atravessou o quarto.

— AAAAAH! — Cássia gritou, pulando para trás como um gato assustado.

Seu grito ecoou pela casa e, em segundos, Charles surgiu na porta como um raio. Com a rapidez de um felino, ele a puxou para perto e usou seu próprio corpo como escudo.

— No banheiro, agora! — ele ordenou, empurrando-a para dentro enquanto novos tiros despedaçavam a outra janela.

Cássia se viu encostada contra a parede do banheiro, os olhos arregalados e o coração batendo tão rápido que ela tinha certeza de que Charles podia ouvir.

— Certo... — ela engoliu em seco, tremendo dos pés à cabeça — Isso não estava nos meus planos para hoje. Achei que meu maior problema seria decidir entre sushi ou pizza para o jantar.

Charles olhou para ela de cenho franzido.

— Agora não é hora para piadas, senhora Belmont.

— Desculpa, é o nervosismo. Atiraram em mim e, de repente, viro a rainha do stand-up comedy.

Ele não respondeu, apenas ficou em silêncio por um momento. Foi então que Cássia percebeu algo: a proximidade entre eles. Charles a segurava firmemente, o corpo forte e quente colado ao dela. O perfume amadeirado que ele usava preencheu suas narinas, e, entre o medo e a adrenalina, uma constatação a atingiu como outro tiro:

— Meu Deus... — ela murmurou, quase sem querer.

— O quê? — Charles perguntou, atento, pronto para mais perigo.

— Você é absurdamente sexy!

Charles piscou, surpreso. Depois suspirou, passando a mão pelo rosto como se tentasse encontrar paciência em um momento de caos.

— Senhora Belmont, querem matar você. Se puder se concentrar nisso por um segundo, eu agradeceria.

— Olha, se eu for morrer hoje, pelo menos agora sei que morro com bom gosto.

Ele revirou os olhos, pegou-a pela mão e começou a traçar um plano de fuga. Mas, no fundo, Charles sabia que proteger Cássia não seria apenas um trabalho perigoso... Seria também, sem dúvidas, uma grande prova de paciência.

O silêncio finalmente reinou após minutos de pura tensão. Cássia sentiu o coração ainda disparado, como se estivesse em um daqueles filmes de ação que ela adorava, mas sem a parte divertida de assistir de um sofá seguro. Charles, ao lado dela, manteve-se alerta, virando-se para encará-la com aquele olhar severo de quem não aceitava argumentos.

— Fique aqui. — A voz dele era firme, sem espaço para discussão.

Ela apenas acenou com a cabeça, incapaz de formar palavras. Ainda tremia levemente, sentindo as pernas um pouco fracas. Não era todo dia que levava tiros - ou pelo menos, tiros eram disparados em sua direção.

Charles saiu do banheiro com passos calculados, inspecionando o quarto com olhar atento. Caminhou até a janela, aproximando-se com cautela. Não havia sinais de movimento, apenas o vento noturno balançando as cortinas estraçalhadas. Os atiradores tinham sumido.

Depois de alguns segundos, voltou para o banheiro, onde encontrou Cássia abraçando a si mesma.

— Vamos agora. — Ele disse, sem rodeios. — Esqueça a mala. Pegue uma bolsa pequena com alguns pertences pessoais. Precisamos sair imediatamente.

Cássia piscou algumas vezes, como se processasse a informação, e então arregalou os olhos.

— Esquecer a mala?! — Ela exclamou, indignada. — Charles, eu passei um tempão escolhendo cada coisa que coloquei lá! Sabe o que significa fazer uma mala em estado de desespero? Eu provavelmente trouxe uma sandália e um casaco de inverno juntos! Mas eu me esforcei!

Charles suspirou, esfregando o rosto com a mão livre.

— Senhora Belmont, estamos fugindo de atiradores. Não indo para um retiro espiritual. Pegue uma bolsa pequena, agora.

Resmungando, mas obediente, ela correu para o closet e pegou a primeira bolsa grande que encontrou. Não importava que Charles tivesse dito pequena, ela precisava de espaço! Jogou algumas roupas, itens essenciais e, claro, seu perfume favorito. Porque, convenhamos, se fosse morrer, pelo menos estaria cheirosa.

Quando voltou, Charles já estava pronto para sair, impaciente.

— Finalmente. Vamos antes que eles resolvam voltar. — Ele disse, pegando-a pela mão e a puxando para fora do quarto.

Poucos minutos depois, estavam na estrada, o carro cortando a noite silenciosa. Cássia olhou para Charles de soslaio, ainda processando tudo.

— Então, qual é o plano? — perguntou, cruzando os braços.

— Sobrevivermos. — Ele respondeu sem tirar os olhos da estrada.

— Ah, ótimo plano, super elaborado. Posso acrescentar ‘não morrer’ na lista?

Charles suspirou novamente. A noite prometia ser longa.

Cássia ainda não havia assimilado completamente a gravidade da situação. Sempre distraída, parecia alheia ao perigo iminente, como se tudo aquilo fosse apenas um contratempo passageiro e não uma ameaça real à sua vida.

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