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5. O esconderijo na floresta

DE VOLTA AO INÍCIO...

A viagem foi longa. Tão longa que, em algum momento, entre o silêncio desconfortável e as árvores passando pela janela, Cássia simplesmente apagou. Encostada no vidro do carro, dormiu profundamente, alheia ao fato de que seu destino era uma casa isolada no meio do nada. 

Quando Charles finalmente estacionou atrás da casa, já era de madrugada. O lugar era cercado por árvores gigantescas, e a única iluminação vinha da lua filtrando-se entre as folhas. Ele suspirou ao olhar para o banco do passageiro. Cássia continuava desmaiada. 

— Ótimo!

Com um pouco de relutância, saiu do carro e começou a retirar as malas. Mas, ao notar que ela sequer se mexia, decidiu que seria melhor acordá-la antes que precisasse carregá-la casa adentro. 

— Cássia — chamou, com sua voz firme. 

Nada. 

— Cássia, chegamos. 

Ela resmungou alguma coisa ininteligível e afundou ainda mais no banco. 

Charles revirou os olhos e se inclinou, tocando-lhe o ombro. 

— Se não acordar, vou ter que te carregar. 

Os olhos dela se abriram instantaneamente. 

— Nem pense nisso — murmurou, ainda meio grogue. 

Com um pequeno sorriso satisfeito, Charles se afastou e esperou enquanto ela finalmente se ajeitava. 

Assim que entrou na casa, Cássia piscou algumas vezes, tentando absorver o ambiente. 

A fachada do lugar era um tanto desgastada, mas por dentro… Bem, até que era bem aconchegante. A sala tinha um sofá de canto confortável, uma TV e uma estante cheia de livros. O chão era de madeira, e havia um tapete macio no centro, deixando tudo com um ar acolhedor. 

Cássia largou sua bolsa no sofá e olhou ao redor, analisando o espaço. 

— Não é de todo ruim… — comentou, mais para si mesma. 

Depois de alguns segundos, virou-se para Charles e cruzou os braços. 

— Ok, momento importante. Eu estou morrendo de fome. Você sabe cozinhar? 

Charles, ainda com aquele ar de seriedade inabalável, a olhou de cima a baixo antes de responder: 

— Só há um banheiro na casa. Tome um banho e troque de roupa enquanto eu preparo algo para comer. 

Cássia arqueou uma sobrancelha. 

— O quê? 

— Você dormiu no carro a viagem toda. Vai se sentir melhor depois de um banho. 

Ela bufou e revirou os olhos. 

— Eu sei me cuidar, senhor Charles, não preciso que me diga o que fazer. 

— Ótimo. Então faça. 

A boca de Cássia se abriu, pronta para soltar uma resposta afiada, mas ela simplesmente desistiu. Estava cansada demais para discutir com um armário humano inflexível. Então, pegou sua bolsa e saiu à procura do quarto.  Ao encontrá-lo, abriu a porta e entrou, jogando sua sacola sobre o colchão. Ainda emburrada, começou a revirar suas coisas à procura de algo confortável para vestir. 

— Se aquele homem pensa que pode dar ordens em mim…

Mas, enquanto tirava as roupas da sacola, um pensamento lhe veio à mente. 

Se Charles realmente sabe cozinhar… bom, talvez essa convivência não seja tão ruim assim. Talvez.

Depois de um banho quente e relaxante, Cássia desceu as escadas sentindo-se renovada.  Mas foi quando o aroma delicioso invadiu suas narinas que ela realmente despertou. 

— Meu Deus… isso cheira bem demais! — murmurou para si mesma, acelerando o passo até a cozinha. 

Ao chegar, encontrou Charles já finalizando o jantar, colocando a comida nos pratos com uma precisão quase militar. 

— Uau — disse ela, cruzando os braços e analisando a cena. — Eu esperava um miojo malfeito ou um sanduíche improvisado, mas isso aqui parece coisa de restaurante. 

Charles lançou um olhar breve para ela antes de responder, impassível: 

— Com o que tinha no armário, isso foi tudo que deu para fazer. 

Cássia olhou para a comida: arroz soltinho, um refogado bem temperado e frango grelhado no ponto perfeito. 

Ela ergueu uma sobrancelha e sorriu, divertida. 

— Se isso é "o que deu para fazer", eu realmente quero saber como é quando você se esforça. 

Charles deu de ombros, pegando os talheres e colocando-os na mesa. 

— Você estava com fome, então… sente-se e coma. 

O tom autoritário dele fez Cássia revirar os olhos, mas ela puxou a cadeira mesmo assim, resmungando enquanto se sentava: 

— Sabe, você tem esse jeitão todo durão, mas, no fundo, gosta de dar ordens só para se sentir poderoso. 

Ele apoiou os antebraços sobre a mesa e a encarou com aquele olhar penetrante. 

— Ou talvez eu apenas queira evitar que você desmaie de fome e me dê mais trabalho.

Ela soltou uma risadinha. 

— E eu achando que estava começando a gostar de você. 

Charles sorriu de canto, pegando seu próprio prato. 

— Pois é… acontece muito. 

Cássia revirou os olhos novamente, mas não conseguiu segurar um sorriso. 

— Isso foi um sorriso. Ai, meu Deus! Ele sabe sorri.

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