Hanna Dawson | Dias atuais
O meu celular não alarmou e acordei em cima da hora num pulo. Já tinha perdido quarenta minutos e esses quarenta minutos, são suficientes para me fazer chegar atrasada e levar uma bronca do meu chefe. Quer dizer, Oliver Blake, não é tão carrasco, mas, prefiro manter a imagem assim para não me desleixar.
Por causa do atraso, tive que tomar um banho de gato!
Entrei e quando pisquei já sai e escovei os dentes mais rápido que o Flash, porque não moro tão rápido da empresa, mas, a minha salvação é que a minha moto saiu da revisão ontem. Sim, ando de moto porque além de ser mais acessível, eu adoro. Criei uma certa paixão e o tornei o meu meio de transporte da salvação.
Depois do banho, eu me vesti de uma calça social somente para poder andar na moto e lá, é que eu vou retirar para pôr a saia. A blusa, é uma cinza de renda linda que adoro e a maquiagem, eu fiz uma básica de apenas o batom, lápis de olho, rímel e blush, porque não dava tempo para mais nada. Peguei a minha bolsa, os meus saltos e corri para a moto para cair na estrada.
Bom, acho que enquanto corro feito louca, eu posso me apresentar melhor.
Prazer, sou Hanna Dawson, tenho vinte e quatro anos e, atualmente sou secretária de Oliver Blake, dono da Arq. BlakeKnox. É uma empresa de arquitetura e nos últimos anos, temos crescido bastante. Fora que, trabalhamos com construções imensas, recebemos pedidos para todos os tipos de construções e não é um trabalho ruim. Na verdade, eu adoro.
Fora o meu trabalho que fica em Nova York, eu adoro esse lugar e aprendi praticamente sozinha a andar aqui. A minha mãe continua morando em Washington e, fico um pouco preocupada dela ficar sozinha, mas temos contatos todos os dias e sempre a ajudo no que posso. Não ganho ruim, consigo me manter bem e mandar um dinheiro para ela e aqui, pago um aluguel razoável de um apartamento que acredito plenamente que foi uma obra divina.
Moro com a minha gata, Mingal. A tenho há uns cinco meses e isso porque ela começou a invadir o meu apartamento e eu a encontrava dormindo no meu sofá.
Como ela entrava? Não faço ideia.
Se eu me lembrar de contar mais alguma coisa, eu volto e retornando ao agora, dou a volta no prédio para entrar pelos fundos. Gosto de usar a entrada traseira de funcionários, porque muitas vezes eu chego meio que, desproporcional pela calça, falta de saltos na moto e os cabelos revoltados, então, sempre me arrumo ao chegar. Estaciono a moto no lugar de sempre e travo a minha moto já praticamente correndo para pegar o elevador.
— Apressada, Sta. Dawson? — Beto, um dos seguranças do prédio diz abrindo o elevador para mim.
— Bom dia, Beto! Se eu não estiver atrasada, não sou eu. — Digo vendo as portas se abrindo e já entro sem demora. — Obrigada! Te devo essa.
— Eu vou cobrar! — Sorrio largo para ele, soltando um beijo.
O elevador sobe e fico encarando o painel dos andares, pedindo aos céus que ninguém atrapalhe a minha subida, mas, para o meu azar, ele estaciona no meio do caminho e uma das funcionárias entra. A cumprimento e o elevador sobe, ao chegar no meu andar, saímos juntas e corro para o banheiro externo para me vestir, porque fica praticamente ao lado do elevador e não quero andar pelo salão assim.
Ao entrar, coloco a minha bolsa na pia e já começo a retirar a minha calça.
Apresento-lhes a minha maior salvação que é a minha bolsa, porque o que tenho aqui dá para sobreviver qualquer catástrofe mundial da área visual. Tenho de tudo e por isso, já começo a pedir aos céus uma pausa no relógio para me arrumar e nisso, visto a saia, ponho os saltos, retoco o batom que estava meio borrado, balaço os cabelos, ajeito o decote e borrifo o meu perfume mais uma vez.
— Sabia que era você entrando às pressas. — Tati, uma colega de trabalho diz ao entrar.
O nome dela é Tatiane, mas, a chamo de Tati.
— Já fiz a minha fama. — Digo guardando tudo na bolsa. — Blake, já chegou?
— Não e você só tem cinco minutos. — Ela fala mostrando a mão aberta e movendo os dedos.
— Perfeito, obrigada! — Solto beijo para ela e saio correndo nos saltos.
Aprendi a usá-los de todas as formas, mas correr é o ponto auge.
Vou diretamente para a sala do meu chefe e já começo a ligar as luzes, o ar da sala, o laptop, abro as cortinas, retiro a bagunça que ele deixou e quando menos espero, a porta se abre e ele me olha levantando uma sobrancelha.
— Deixa eu adivinhar, se atrasou? — Oliver, diz com um riso de canto de boca.
— Meu celular me odeia e o meu despertador mais ainda. — Respondo respirando fundo e ficando ereta. — Bom dia, Sr. Blake.
— Me poupe, Dawson..., as formalidades são para com os de fora. Aqui, entre mim e você somos apenas Oliver e Hanna. — Ele fala retirando o seu blazer.
Oliver Blake, é um homem muito liberal e tranquilo. É liberal no sentido de não ser chato. Ele não tem aquela pose de superioridade por ser o dono de tudo e, acreditem, ele é só dois anos mais velho que eu e já é rico e dono do próprio negócio. Ele é divertido, educado e muito competente. Ele sabe bem como conduzir as coisas e sabe de cara quando algo não dará certo.
— Só estou sendo uma boa funcionária. — Digo dando de ombros. — O seu laptop já está ligado e vou buscar a sua agenda. — Digo saindo de trás da sua mesa. — Eu não demoro. — Falo passando por ele, mas, Oliver toca a minha mão.
— Pensou no que pedi? — Pergunta do meu lado, quase sussurrando.
— Oliver, você é o meu chefe e misturar as coisas nunca dá certo. — Respondo o olhando de soslaio e claro, olhando para a porta da sala.
— Não dá para saber se não tentar..., apenas um jantar, sem pressão. — Ele diz insistindo, mas de forma suave.
— Jantar? — Pergunto para ver se entendi bem.
— Isso! Eu te levo à um restaurante, conversamos, tomamos um vinho e depois te deixo em casa. — Ele insiste descendo rapidamente o seu olhar para a minha boca. — Só isso.
Não é fácil dizer um “não” a Oliver Blake, porque como falei, ele é um homem diferente e lindo, muito lindo. Ele nunca me deixou desconfortável, nunca me assediou e esse pedido veio da forma mais normal possível que fiquei em choque. Ele me respeita muito, não tira piadas e nem solta indiretas, e com outras pessoas presentes, ele se comporta formalmente.
O problema é que penso que uma hora isso poderá dar errado e eu gosto do meu trabalho.
Gosto e preciso!
— Tudo bem! Mas, é só um jantar. — Respondo o vendo sorrir.
Ele ainda segura a minha mão e se inclina deixando um beijo, então, sorrio pequeno e peço licença.
Não acredito que aceitei um jantar com o meu chefe e enquanto ando, encontro a Tati para conversar um pouquinho.
Hanna DawsonDepois de conversar um pouco com a Tati, ela saiu e voltei ao meu trabalho. Quando deu 10hr da manhã, Oliver entrou em conferência e fiquei atenta a todos os telefonemas e e-mails, porque parece uma coisa. Sempre que ele fica indisponível, o mundo inteiro resolve precisar falar com ele e não posso deixar nada passar despercebido.Enviei alguns documentos e contratos para o jurídico, revisei a agenda de Oliver e, quando menos esperei, o horário de almoço tinha chegado. Antes mesmo de eu pegar a minha bolsa, Tati já estava na minha porta me chamando para irmos e eu transferi as ligações para a recepção do andar.Ao passar em frente a sala dele, eu o vi ainda em conferência e fiz um sinal avisando que estava saindo e ele apenas concordou, então fomos para o elevador.— Vocês formariam um casal fofo. — Tati diz assim que as portas se abrem.— Ficou maluca? — Digo olhando para os lados e entramos.— Ah, qual é! Ele sabe disfarçar bem, mas, eu já vi como ele te olha quando ficam
Hanna DawsonA lista de alterações da construção foi bem menor, mas mesmo assim que queria estrangular Mefheo. O cara é repugnante, cheio de frescuras e coloca defeito em tudo que não tem, só ele enxerga defeito e Oliver muitas vezes apertada o tablet querendo quebrá-lo.Ele não era o único!Passamos cerca de duas horas ali, ouvindo Mefheo falar e mudar as coisas sem parar e quando finalmente ele decidiu parar, Oliver foi bem curto e grosso. Depois de hoje, não haverá mais mudanças, mão importe quanto ele pague a mais, porque já era para tudo estar sendo finalizado, porém, Mefheo está atrasando sem parar e isso não é bom para a nossa imagem.Sempre cumprimos os nossos prazos!Oliver, saiu furioso e fiquei bem caladinha na minha, a única hora que ele falou de forma mais calma comigo, foi quando o carro parou e frente à minha casa. Nos despedimos rapidamente e ele disse que virá me buscar para trabalhar já que a minha moto ficou na empresa e depois, ele foi embora xingando o mundo todo e
Hanna DawsonAcordo com o meu celular tocando e resmungo por já ter que me levantar. Bom, pelo menos dessa vez ele resolveu tocar e antes que eu tenha o pensamento de ficar mais cinco minutos, me levanto da cama começando a me esticar.Preciso tirar essa preguiça de mim!O que me faz paralisar aqui, é que tive um sonho bem estranho. Eu sonhei com ele. Mattew! Parecia tão real. Eu estava na minha sala de trabalho e ele simplesmente aparecia do nada e me beijava. Eu não questionava nada, apenas retibuia e lembro bem da cena. Senti uma saudade enorme ali e durante o beijo, eu chorava pela emoção.Caramba, até nos meus sonhos ele está? O que esse sonho significa?Mattew, foi o amor da minha vida e nunca conheci alguém como ele. Mas eu preciso esquecê-lo de uma vez.Ao sair da cama, caminho até o banheiro vejo o meu reflexo no espelho. Os meus cabelos estão completamente altos e desorganizados, os meus olhos mostram a preguiça estampada e como sempre, estou completamente nua. Amo ficar assi
Hanna Dawson Oliver entra na sala com um sorriso enorme e olha a sala como se estivesse verificando se todos estão aqui. A única coisa que consigo fazer, e dar passos lentos para trás e fico bem ao lado de um dos funcionários, porém, fico de cabeça baixa tentando me esconder.O que Mattew Knox faz aqui? Desde quando ele e Oliver se conhecem? E o pior, por que Oliver nunca nem citou o nome dele em nada?Isso é um pesadelo e o meu corpo todo está em alerta. O meu coração parece que vai rasgar o meu peito e sair pulando pela sala, estou tão nervosa e tremula que não sei como estou de pé, porque os saltos estão fazendo os meus pés doerem e a sensação de não ter onde pisar é enorme.Não estou exagerando em nada!— Bom dia à todos! — Oliver, começa e o silêncio predomina. — Hoje trataremos de alguns assuntos polêmicos que tiveram que passar por mudanças então, iremos esclarecer todas as dúvidas e evitar qualquer tipo de erro do passado, mas antes... — Ele estende a mão para o lado e ouço
Hanna DawsonAo sair da sala de reuniões, ando em passos largo olhando para todos os lados e decido passar na recepção do outro lado para ver Tati. As minhas mãos estão suando e as esfrego na minha roupa, mas não adianta muito. Ao vê-la com a estagiária, faço um sinal leve com a cabeça e entro no banheiro mais próximo e a espero entrar, coisa que não demora muito e de cara, ela percebe que tem algo de errado.— Que fantasma você viu? — Ela fala assim que fecha a porta.— Eu vi o..., o meu ex... — Falo respirando fundo.— Já me falou dele? — Tati põe as mãos na cintura e inclina a cabeça ao perguntar.— Não! — Realente não comentei com ela, então, a encaro. — Mas, resumindo o resumo da situação, eu namorei uma pessoa aos meus dezesseis anos e depois, ele sumiu deixando apenas uma carta furreca e não o vi mais e nem tive notícias, mas agora, ele está aqui e é o meu chefe. — Digo rapidamente tentando não surtar. — O que ele está fazendo aqui? Por que ele é o meu chefe e amigo de Oliver? —
Hanna DawsonIsso não podia estar acontecendo de forma alguma. Tinha que ser ele bem aqui? Por que não outra pessoa qualquer? Tem tanta gente aqui nesse prédio.Parece piada!Há muito tempo que eu não olhava para esses olhos, há muito tempo que não sentia esse perfume e, sim, ele ainda tem o mesmo e ainda tem os braços fortes e malhados. Mattew, ainda tem aquela mesma imensidão azul nos olhos contendo o mesmo brilho, a boca rosada e barba perfeitamente alinhada e preenchida.Eu não posso ficar tão perto dele assim.— Me desculpe, eu não lhe vi. — Digo saindo dos seus braços. — Obrigada e com licença. — Digo querendo passar por ele, mas ele segura levemente o meu braço.— Vai mesmo fingir que não me conhece, Hanna? — Ele pergunta me fazendo parar bem no seu lado e nos olhamos de canto de olho e dou um passo para trás.— O que você esperava? — Pergunto em confronto.Ele achava que eu iria sorrir e o abraçar?— Que a gente conversasse..., acha que aquela carta explicou alguma coisa? — Sin
Mattew KnoxA minha cabeça parece que vai explodir e estou com os nervos bem alterados. Não consigo explicar de forma alguma a confusão que está na minha cabeça e isso me deixa mais irritado.— Que cara é essa? — Oliver questiona e tento disfarçar.— Enxaqueca..., não bebi café e estou com fome. — O que não é mentira.Não funciono bem sem um bom café de manhã e sinto o meu estômago vazio.Está difícil de evitar olhar para Hanna, porque, porra foram anos de procura por ela e agora que ela está bem ali. Eu não entendo essa revolta toda comigo sendo que foi ela que sumiu do mapa. E do nada.Conheci a Hanna de uma maneira completamente aleatória, mas, ela me encantou em tudo. O sorriso meigo, a voz doce, a beleza tanto interior como exterior. Ela é dona dos olhos cor de mel mais brilhantes que já vi e quando menos esperei, estava beijando a sua boca doce não querendo mais nada. Confesso, foi uma loucura pelo fato dela ser menor de idade e eu já nos vinte anos, mas, sabíamos o que queríamos
Hanna DawsonAquele almoço foi o mais esquisito de todos e não estou exagerando.Depois do meu almoço tenso com a Tati que a cada segundo eu sentia estar sendo observada. Eu pedi apenas algo leve e saímos juntas os deixando comerem e fizemos uma caminhada leve pela avenida, então, entramos em algumas lojas.Eu estava tensa e muito fechada, mas olhar certas coisas enquanto ouvia as besteiras da Tati, me fizeram se sentir melhor, então, quando voltei para à empresa, eu estava mais leve. Estou passando a tarde dentro da minha sala, me ocupando com documentos, e-mails e ligações e focando o máximo possível para não ter tempo de pensar besteiras, mas não paro de olhar para o relógio querendo que dê a hora de ir embora.Eu nunca fui de me preocupar em querer que o tempo passasse, porque sempre trabalhei com vontade e gosto daqui. Mas hoje está diferente.— Posso entrar? — Para a minha surpresa, é Mattew.— Pode! — Respondo ficando de pé e ele fecha a porta. — No que posso ajudar, Sr. Knox?—