Hanna Dawson
Aquele almoço foi o mais esquisito de todos e não estou exagerando.
Depois do meu almoço tenso com a Tati que a cada segundo eu sentia estar sendo observada. Eu pedi apenas algo leve e saímos juntas os deixando comerem e fizemos uma caminhada leve pela avenida, então, entramos em algumas lojas.
Eu estava tensa e muito fechada, mas olhar certas coisas enquanto ouvia as besteiras da Tati, me fizeram se sentir melhor, então, quando voltei para à empresa, eu estava mais leve. Estou passando a tarde dentro da minha sala, me ocupando com documentos, e-mails e ligações e focando o máximo possível para não ter tempo de pensar besteiras, mas não paro de olhar para o relógio querendo que dê a hora de ir embora.
Eu nunca fui de me preocupar em querer que o tempo passasse, porque sempre trabalhei com vontade e gosto daqui. Mas hoje está diferente.
— Posso entrar? — Para a minha surpresa, é Mattew.
— Pode! — Respondo ficando de pé e ele fecha a porta. — No que posso ajudar, Sr. Knox?
— Hanna, por favor..., vamos conversar! — Suspiro cansada por ele não atender um simples pedido.
— Aqui é o meu local de trabalho... — Falo respirando fundo e olho bem para ele. — Eu amo esse lugar. Eu adoro o que faço e estou seguindo a minha vida como você mesmo sugeriu, então, por favor digo eu..., não estrague isso também e só me procure para trabalho. — Falo completamente séria e ele junta as mãos no rosto.
— Hanna, a gente precisa conversar e... — Nego na mesma hora.
— Não, não precisamos. Eu tenho obrigações aqui e você é um dos meus chefes, então, se comporte como um. — Peço firme ainda o encarando e ele parece pensar um pouco enquanto me observa.
— Você mudou muito. — Ele fala quase sussurrando. — A Hanna que eu conhecia não era assim..., ela era um doce, ela conversava, ela ouvia e dava a chance para qualquer explicação. Só me ajuda a entender como tudo mudou assim e como você sumiu do mapa. — Ele pede se aproximando mais.
— Então essa é a sua história, Mattew? — Pergunto soltando um riso sem humor. — Que eu sumi? — Ele fica confuso e continuo. — Eu fiquei no mesmo lugar por mais de um ano ainda agarrada numa esperança que só existia em mim e quando eu cansei de esperar, aí, sim, eu fui embora. Vi que você estava fazendo valer cada palavras daquela porcaria de bilhete, então... — A minha fala é interrompida pelo meu celular tocando. — Eu preciso atender. — Falo vendo que é a minha mãe. — Pode me dar licença?
— Essa conversa ainda não acabou, Hanna...., vamos tirar essa história a limpo de qualquer forma. — Ele fala convicto disso e dá meia volta indo para a porta.
Sinto uma vontade de bater nele por se comportar como um cínico!
— Oi, mãe! — Atendo passando a mão nos cabelos.
— Ocupada, querida? — A voz dela sai meio baixa e acho estranho.
— Não! Pode falar. — Respondo aumentando o volume da ligação.
— Eu sinto muito, mas..., eu não vou conseguir ir lhe ver. — Murcho na mesma hora.
Não é a primeira vez que ela desmarca de última hora.
— Outra vez, mãe? O que aconteceu? — Confesso, estou chateada com tanta recusa.
— Acabei de chegar do hospital. — Fico em alerta por essa frase. — Comi algo na rua, acho que foi um lanche com carne e estou com intoxicação alimentar.
— Nossa..., foi sozinha? — Pergunto preocupada.
— Fui, mas eu pedi um táxi..., eu só estou fraca, vomitei muito de ontem para hoje e estou sem muitas forças. — Nego com a cabeça e a deixo apoiada no braço pela mesa.
— Está vendo? É disso que vivo falando..., a senhora sozinha não é bom. — Minha mãe é teimosa. — Eu poderia cuidar de você!
Já pedi tanto para ela vir para cá, porque assim ficaríamos juntas e eu cuidaria dela em casos assim.
— Eu vou ficar bem, eu só..., vou me recuperar e logo irei lhe ver. — Fico sem saber muito o que dizer.
Faz meses que não a vejo, quase um ano já e de todas as vezes que não deu certo o nosso encontro, foram por alguns motivos de recusa dela. Eu até me programei para ir, mas, ela disse que não daria certo, porque tinha acontecido algo na casa e ela estava com uma desordem por lá, enfim. Achei uma conversa bem estranha, mas, não questionei muito e depois, ela me mostrou algumas fotos da reforma.
Na segunda vez, ela ficou doente e na terceira, ela disse que estava num piquenique de praia com algumas mulheres do bairro e da igreja. Mas confesso, sem há um motivo para não nos vermos e isso está ficando repetitivo, e agora, fico pensando se é ela que não quer me ver.
Será?
Não, isso não é possível! Qual a mãe que não quer ver a filha?
Volto ao meu trabalho, mas fico com isso na cabeça. Esqueço até da existência de Mattew e recebo algumas ligações que me fazem ter que alterar a agenda de Oliver e por sorte, ninguém mais b**e na porta. Quando menos espero, faltam pouco minutos para eu ir embora e já começo a recolher tudo porque hoje é um dia que quero ir para casa o quanto antes.
Essa é novidade!
Começo a desligar tudo, a guardar tudo nos seus devidos lugares e ao dar a minha hora exata, pego a minha bolsa e saio às pressas indo para o elevador. Por sorte, as portas se abrem sem demora e desço sem encontrar ninguém, e a sensação é de que estou fazendo algo errado, porém não estou.
Deu o meu horário e só quero ir embora.
Passo no banheiro de baixo, troco a minha roupa por uma calça e vou de encontro a minha moto no estacionamento. Incrível! Não há ninguém, o local está completamente silencioso e continuo indo em direção a minha moto, e sem demora, dou a partida querendo apenas a minha casa.
Preciso pôr a cabeça no lugar!
[...]
Me sinto mentalmente cansada!
Já é noite e tomei um banho quente para relaxar. Lavei os cabelos, fiz uma hidratação e estava pensando em fazer as unhas e pedir algo para comer, porém, me lembro que Tati vem aqui e decido pedir uma pizza ou comida chinesa.
É a cara dela!
Ao lembrar disso, procuro a minha bolsa para pegar o meu celular e ao encontrar a bolsa no chão, com Mingal ao lado, sorrio pela forma que ela está brincando com o chaveiro.
— Você é uma safada..., mas obrigada meu amor. — Digo pegando a bolsa.
Mingal se esfrega no chão e começo a procurar o meu celular, porém, não o encontro em lugar algum. Retiro tudo dentro da bolsa, viro-a para baixo e nada, então, penso que só posso ter esquecido na minha sala ou no banheiro que me troquei. Fico relembrando o que fiz, e não lembro de ter usado ele no banheiro, então, deve estar na minha sala.
Isso é uma merda!
— Não acredito nisso... — Resmungo me jogando no sofá. — Será que vou poder entrar se eu for agora? Mas hoje é sexta... — Falo comigo mesma, mas olhando para Mingal.
Fico pensando e decido arriscar.
Me levanto do sofá rapidamente e como já estou de banho tomado, só preciso trocar de roupa. Visto uma calça jeans escura, uma blusa preta de alcinha e um sapato fechado, então, pego o meu crachá e as chaves da minha moto e fecho tudo para sair.
Porém, assim que abro a porta, eu dou de cara com Oliver e fico em choque.
Oliver?
— Fugindo do mundo? — Ele pergunta mostrando o meu celular na sua mão.
— Obrigada! Só percebi agora e estava indo tentar pegar. — Respondo recebendo o aparelho. — Você me salvou!
— Você praticamente fugiu e achei estranho quando não te encontrei..., aconteceu alguma coisa? — É, ele percebeu e imaginei isso.
— É a minha mãe, mas..., as coisas vão se resolver logo. — Digo respirando fundo e o olhando. — Obrigada por vir me entregar.
— Estava na sua mesa e achei que precisaria. — Ele fala dando de ombros, mas logo os seus olhos descem sobre mim. — Está linda!
— É só uma jeans e uma blusa, mas..., obrigada! — Falo sentindo que o clima mudou.
A forma como ele falou foi diferente.
— É só um jeans, mas está linda. — Ele fala dando um passo até mim.
Nunca Oliver chegou tão perto e agora, posso sentir o seu hálito no meu rosto e posso ouvir a sua respiração leve. O que sinto também é a sua mão na minha cintura e automaticamente a minha boca se abre para receber o toque molhado dos seus lábios e me aproximo mais ainda.
O beijo acontece bem na porta da minha casa e mesmo não programando isso, devo dizer que o beijo é delicado e suave, mas só no começo mesmo porque depois do primeiro aperta na cintura, ele explora a minha boca com a sua língua e o recebo sem contestar.
O beijo é intenso, com pegada e não consigo parar.
Não acredito que estou beijando o meu chefe, Oliver Blake.
Volto logo e enquanto isso, sigam o meu perfil aqui no app. Ajuda de mais e é bem rapidinho. beijos.
Hanna DawsonO que estou fazendo? Isso é loucura e das grandes!Estou perdendo o controle, mas não consigo parar.Estou encurralada na parede ao lado da porta e Oliver está com uma mão agarrada aos meus cabelos pela nunca, e a outra, na minha cintura a pressionando. Já deixei alguns gemidos escaparem e estou com as mãos no seu peito, retribuindo o beijo da mesma forma.Os lábios de Oliver são quentes, ousados e fico mole por ele chupar a minha língua como se fosse arrancá-la. Fora que, ele está tão colado a mim, que sinto bem o seu peito definido e o seu perfume forte bem potencializado. Eu não consigo colocar os meus pensamentos em ordem.Confesso, isso está muito bom, mas lembro que ele e Mattew são amigos.Isso não está certo!— Oliver... — Sussurro na sua boca. — Precisamos parar. — Oliver desce para o meu pescoço e mordo os meus lábios.O meu pescoço e orelhas são a minha fraqueza e droga, não está fácil tendo que cortar isso.— Quer mesmo parar? — Droga, a voz dele é carregada de
Mattew KnoxEstou largado no sofá do apartamento e tenho uma enxaqueca de outro mundo enquanto tento ainda processar a loucura desse dia. Tudo foi o contrário do que imaginei que seria, a reviravolta foi tanta que não consegui me concentrar em nada na empresa, pelo simples fato de ter sido bombardeado por lembranças.Lembranças essas que eu faço questão de manter vivas e fortes.Como que é possível eu dar de cara com a Hanna do nada? Como que ela estava bem ali? Parando para pensar, se eu tivesse decidido começar o meu trabalho antes, eu já teria a encontrado e porra, eu ainda não consigo entender isso. Me lembro bem de cada conversa nossa, dos nossos encontros, do sorriso que ela tinha, do brilho no olhar, da forma como ela era leve e espontânea e foi nisso que me apaixonei.Eu amava Hanna e não demorei a perceber isso.Me levanto do sofá retirando a minha blusa e caminho até o banheiro. Procuro um remédio para dor de cabeça e tomo na mesma hora e aproveito para tomar um belo banho.
Hanna DawsonQue preguiça e não queria acordar agora. Sério, como que já é de manhã?Acordo com o celular tocando embaixo do meu travesseiro e sinto a minha garganta completamente seca. Forço os meus olhos a abrirem e procuro o celular, passando a mão por debaixo e ao encontrar, os meus olhos ardem pela luz, mas consigo ver que é a minha mãe ligando em chamada de vídeo.Estranho ela ligar a essa hora.— Oi, mãe. — Atendo de olhos fechados, porque esse brilho incomoda.— Bom dia, meu amor. — Ela fala mais animada que ontem. — Te acordei, não foi?— Não tem problema, vou já trabalhar mesmo. — Falo bocejando e olhando que iria acordar em cinco minutos. — Como se sente? — Pergunto na briga para abrir mais os olhos.— Um pouco melhor, mas não sinto vontade de comer..., devem ser os remédios. — Ela fala fazendo uma cara feia.— Sentiu mais alguma coisa? — Ela nega com a cabeça.— Só a fraqueza mesmo, está chateada? — Ela me olha preocupada e bocejo novamente.— Fique tranquila, a sua saúde é
Hanna DawsonNão consigo de forma alguma achar um motivo plausível para ele estar aqui.Será que é pelo beijo?Oliver sai do carro numa cena de filme em que qualquer mulher babaria por ele. Oliver usa uma calça escura, um cinto, uma blusa branca de botões e aposto que o seu blazer está no carro, mas para completar, ele usa óculos escuros e ao olhar para mim, ele retira e abre um leve sorriso bem galante.Ele está jogando sujo.— Hanna..., se depois dessa você não se agarrar esse homem, eu juro que eu mesma te mato. — Tati diz entre dentes ao meu lado. — Caramba! Depois daquele beijaço, ele veio te buscar..., vai lá e beija ele outra vez. — Ela diz praticamente me beliscando.— Mas e você? — Questiono por que iriamos juntas.— Eu sei o caminho da empresa..., vá logo. — Ela praticamente me empurra.Tati faz um breve cumprimento a ele, um sinal com a mão e caminha até o seu carro, então, me aproximo dele e o vento faz questão de me dar uma parte do seu perfume.— Bom dia, Sr. Blake. — Dig
Mattew KnoxQue dia de porre e de estresse!Planejei e achei que seria uma coisa, mas foi tudo completamente diferente.O meu dia na obra hoje foi uma completa exaustão e pude ver de perto os motivos que Oliver tem tanto estresse com esse projeto. Mefheo, parece ter merda na cabeça querendo coisas impossíveis e a todo momento, ele ficava querendo dar novas ideias e cortei logo toda e qualquer sugestão.Já perdemos muito tempo com isso.Consegui me livrar dele no meio do dia o fazendo se concentrar nos materiais de decoração da ala principal e inventei uma história qualquer sobre alguns itens. Ele correu para conseguir tudo o mais rápido possível e foi quando eu tive um pouco de paz e consegui conversar com os trabalhadores os mostrando bem a planta original e definitiva.Até com a ausência de Mefheo os homens trabalharam melhor!No final do dia, eu pude ver uma diferença grande e fui embora querendo um banho e comer alguma coisa. Mas uma coisa eu preciso confessar, mesmo diante de tant
Hanna DawsonNenhuma palavra é capaz de descrever com exatidão a raiva que eu tenho agora.Sou capaz de matar alguém agora. Quer dizer, mais ou menos, mas estou puta!Que ódio!Entro dentro de casa e tranco a porta da forma mais violenta possível e a vontade que tenho é de quebrar qualquer coisa. Pensei que essa noite seria diferente, mas bastou Mattew, dar as caras depois anos para começar a interferir na minha vida e sinceramente, demorei tanto tempo para me sentir bem que quando decido me permitir, isso acontece.Depois que Mattew fez o que fez, eu não tive mais relacionamentos e isso pelo medo de me apegar.Claro, conheci pessoas e me envolvi, mas nada sério desde o Mattew e quando eu vi que poderia dar certo, o tombo vem e em nome dele. Como que pode uma coisa dessas? Logo Oliver tinha que ser amigo dele? Logo Oliver tinha que ter uma sociedade com ele e de cara eu tenha que trabalhar com os dois?Isso não é justo!Não consigo explicar a raiva que tenho dentro de mim por essa situ
Hanna DawsonEspero um tempo tentando digerir isso tudo, mas os meus nervos estão malucos. Já sei que ele está perto de chegar e eu preciso ter paciência. Muita paciência e controle.Abro a porta depois de ouvir batidas e vejo Mattew, parado com as mãos nos bolsos. Os nossos olhos se encontram e nos encaramos de uma forma que não consigo explicar. Olhar nos olhos dele me faz voltar ao passado, porque era o que eu fazia a toda hora já que ele tem os olhos mais lindos e profundos que já vi.Mattew tem um brilho no olhar e ao misturar com o azul fechado de agora, não tem como não admirar. Eu não vou ser hipócrita, Mattew é lindo e mais lindo que antes e ao pensar nisso, ele deve ter todas as mulheres atrás dele.— Eu posso entrar? — Ele pergunta me fazendo voltar ao agora.— Claro..., a casa é simples, mas é organizada. — Falo lhe dando passagem e depois fecho a porta. — Pode ficar à vontade.Ele entra olhando tudo ao redor. Ele olha o sofá, a televisão, os itens como jarros de decoração,
Mattew KnoxA minha cabeça está tão cheia de perguntas que me sinto desorientado.Eu não escrevi nada disso que está aqui e desconheço a porra desse papel por mais que a letra seja parecida com a minha.Tem algo muito errado, mas o que me controla agora é estar perto delaAbraço-a encaixando-a no meu peito e confesso que estou tentando entender o que acabei de ver. Hanna, nunca me escreveu e o que escrevi a ela, não foi entregue e o pior, ela recebeu algo completamente oposto à minha palavra. Não consigo acreditar que tenha sido algo sem proporções, porque houve distorção e isso mostra que alguém se intrometeu no nosso meio.Quem teria tanta coragem e vontade para isso?Ela está abalada, posso sentir o seu corpo tensionado e um pouco tremulo, e mesmo que não demonstre muito, sei que está chorando e que está tão perdida quando eu. É surreal ver uma letra como a minha ali, ver que alguém se passou por mim e o resultado disso, foram esses anos afastados um do outro.Essa pessoa sabia o qu