CAPÍTULO 9

Hanna Dawson

Aquele almoço foi o mais esquisito de todos e não estou exagerando.

Depois do meu almoço tenso com a Tati que a cada segundo eu sentia estar sendo observada. Eu pedi apenas algo leve e saímos juntas os deixando comerem e fizemos uma caminhada leve pela avenida, então, entramos em algumas lojas.

Eu estava tensa e muito fechada, mas olhar certas coisas enquanto ouvia as besteiras da Tati, me fizeram se sentir melhor, então, quando voltei para à empresa, eu estava mais leve. Estou passando a tarde dentro da minha sala, me ocupando com documentos, e-mails e ligações e focando o máximo possível para não ter tempo de pensar besteiras, mas não paro de olhar para o relógio querendo que dê a hora de ir embora.

Eu nunca fui de me preocupar em querer que o tempo passasse, porque sempre trabalhei com vontade e gosto daqui. Mas hoje está diferente.

— Posso entrar? — Para a minha surpresa, é Mattew.

— Pode! — Respondo ficando de pé e ele fecha a porta. — No que posso ajudar, Sr. Knox?

— Hanna, por favor..., vamos conversar! — Suspiro cansada por ele não atender um simples pedido.

— Aqui é o meu local de trabalho... — Falo respirando fundo e olho bem para ele. —  Eu amo esse lugar. Eu adoro o que faço e estou seguindo a minha vida como você mesmo sugeriu, então, por favor digo eu..., não estrague isso também e só me procure para trabalho. — Falo completamente séria e ele junta as mãos no rosto.

— Hanna, a gente precisa conversar e... — Nego na mesma hora.

— Não, não precisamos. Eu tenho obrigações aqui e você é um dos meus chefes, então, se comporte como um. — Peço firme ainda o encarando e ele parece pensar um pouco enquanto me observa.

— Você mudou muito. — Ele fala quase sussurrando. — A Hanna que eu conhecia não era assim..., ela era um doce, ela conversava, ela ouvia e dava a chance para qualquer explicação. Só me ajuda a entender como tudo mudou assim e como você sumiu do mapa. — Ele pede se aproximando mais.

— Então essa é a sua história, Mattew? — Pergunto soltando um riso sem humor. — Que eu sumi? — Ele fica confuso e continuo. — Eu fiquei no mesmo lugar por mais de um ano ainda agarrada numa esperança que só existia em mim e quando eu cansei de esperar, aí, sim, eu fui embora. Vi que você estava fazendo valer cada palavras daquela porcaria de bilhete, então... — A minha fala é interrompida pelo meu celular tocando. — Eu preciso atender. — Falo vendo que é a minha mãe. — Pode me dar licença?

— Essa conversa ainda não acabou, Hanna...., vamos tirar essa história a limpo de qualquer forma. — Ele fala convicto disso e dá meia volta indo para a porta.

Sinto uma vontade de bater nele por se comportar como um cínico!

— Oi, mãe! — Atendo passando a mão nos cabelos.

— Ocupada, querida? — A voz dela sai meio baixa e acho estranho.

— Não! Pode falar. — Respondo aumentando o volume da ligação.

— Eu sinto muito, mas..., eu não vou conseguir ir lhe ver. — Murcho na mesma hora.

Não é a primeira vez que ela desmarca de última hora.

— Outra vez, mãe? O que aconteceu? — Confesso, estou chateada com tanta recusa.

Acabei de chegar do hospital. — Fico em alerta por essa frase. — Comi algo na rua, acho que foi um lanche com carne e estou com intoxicação alimentar.

— Nossa..., foi sozinha? — Pergunto preocupada.

— Fui, mas eu pedi um táxi..., eu só estou fraca, vomitei muito de ontem para hoje e estou sem muitas forças. — Nego com a cabeça e a deixo apoiada no braço pela mesa.

— Está vendo? É disso que vivo falando..., a senhora sozinha não é bom. — Minha mãe é teimosa. — Eu poderia cuidar de você!

Já pedi tanto para ela vir para cá, porque assim ficaríamos juntas e eu cuidaria dela em casos assim.

— Eu vou ficar bem, eu só..., vou me recuperar e logo irei lhe ver. — Fico sem saber muito o que dizer.

Faz meses que não a vejo, quase um ano já e de todas as vezes que não deu certo o nosso encontro, foram por alguns motivos de recusa dela. Eu até me programei para ir, mas, ela disse que não daria certo, porque tinha acontecido algo na casa e ela estava com uma desordem por lá, enfim. Achei uma conversa bem estranha, mas, não questionei muito e depois, ela me mostrou algumas fotos da reforma.

Na segunda vez, ela ficou doente e na terceira, ela disse que estava num piquenique de praia com algumas mulheres do bairro e da igreja. Mas confesso, sem há um motivo para não nos vermos e isso está ficando repetitivo, e agora, fico pensando se é ela que não quer me ver.

Será?

Não, isso não é possível! Qual a mãe que não quer ver a filha?

Volto ao meu trabalho, mas fico com isso na cabeça. Esqueço até da existência de Mattew e recebo algumas ligações que me fazem ter que alterar a agenda de Oliver e por sorte, ninguém mais b**e na porta. Quando menos espero, faltam pouco minutos para eu ir embora e já começo a recolher tudo porque hoje é um dia que quero ir para casa o quanto antes.

Essa é novidade!

Começo a desligar tudo, a guardar tudo nos seus devidos lugares e ao dar a minha hora exata, pego a minha bolsa e saio às pressas indo para o elevador. Por sorte, as portas se abrem sem demora e desço sem encontrar ninguém, e a sensação é de que estou fazendo algo errado, porém não estou.

Deu o meu horário e só quero ir embora.

Passo no banheiro de baixo, troco a minha roupa por uma calça e vou de encontro a minha moto no estacionamento. Incrível! Não há ninguém, o local está completamente silencioso e continuo indo em direção a minha moto, e sem demora, dou a partida querendo apenas a minha casa.

Preciso pôr a cabeça no lugar!

[...]

Me sinto mentalmente cansada!

Já é noite e tomei um banho quente para relaxar. Lavei os cabelos, fiz uma hidratação e estava pensando em fazer as unhas e pedir algo para comer, porém, me lembro que Tati vem aqui e decido pedir uma pizza ou comida chinesa.

É a cara dela!

Ao lembrar disso, procuro a minha bolsa para pegar o meu celular e ao encontrar a bolsa no chão, com Mingal ao lado, sorrio pela forma que ela está brincando com o chaveiro.

— Você é uma safada..., mas obrigada meu amor. — Digo pegando a bolsa.

Mingal se esfrega no chão e começo a procurar o meu celular, porém, não o encontro em lugar algum. Retiro tudo dentro da bolsa, viro-a para baixo e nada, então, penso que só posso ter esquecido na minha sala ou no banheiro que me troquei. Fico relembrando o que fiz, e não lembro de ter usado ele no banheiro, então, deve estar na minha sala.

Isso é uma merda!

— Não acredito nisso... — Resmungo me jogando no sofá. — Será que vou poder entrar se eu for agora? Mas hoje é sexta... — Falo comigo mesma, mas olhando para Mingal.

Fico pensando e decido arriscar.

Me levanto do sofá rapidamente e como já estou de banho tomado, só preciso trocar de roupa. Visto uma calça jeans escura, uma blusa preta de alcinha e um sapato fechado, então, pego o meu crachá e as chaves da minha moto e fecho tudo para sair.

Porém, assim que abro a porta, eu dou de cara com Oliver e fico em choque.

Oliver?

— Fugindo do mundo? — Ele pergunta mostrando o meu celular na sua mão.

— Obrigada! Só percebi agora e estava indo tentar pegar. — Respondo recebendo o aparelho. — Você me salvou!

— Você praticamente fugiu e achei estranho quando não te encontrei..., aconteceu alguma coisa? — É, ele percebeu e imaginei isso.

— É a minha mãe, mas..., as coisas vão se resolver logo. — Digo respirando fundo e o olhando. — Obrigada por vir me entregar.

— Estava na sua mesa e achei que precisaria. — Ele fala dando de ombros, mas logo os seus olhos descem sobre mim. — Está linda!

— É só uma jeans e uma blusa, mas..., obrigada! — Falo sentindo que o clima mudou.

A forma como ele falou foi diferente.

— É só um jeans, mas está linda. — Ele fala dando um passo até mim.

Nunca Oliver chegou tão perto e agora, posso sentir o seu hálito no meu rosto e posso ouvir a sua respiração leve. O que sinto também é a sua mão na minha cintura e automaticamente a minha boca se abre para receber o toque molhado dos seus lábios e me aproximo mais ainda.

O beijo acontece bem na porta da minha casa e mesmo não programando isso, devo dizer que o beijo é delicado e suave, mas só no começo mesmo porque depois do primeiro aperta na cintura, ele explora a minha boca com a sua língua e o recebo sem contestar.

O beijo é intenso, com pegada e não consigo parar.

Não acredito que estou beijando o meu chefe, Oliver Blake.

Gerlane Silva

Volto logo e enquanto isso, sigam o meu perfil aqui no app. Ajuda de mais e é bem rapidinho. beijos.

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