Mattew Knox
Estou largado no sofá do apartamento e tenho uma enxaqueca de outro mundo enquanto tento ainda processar a loucura desse dia. Tudo foi o contrário do que imaginei que seria, a reviravolta foi tanta que não consegui me concentrar em nada na empresa, pelo simples fato de ter sido bombardeado por lembranças.
Lembranças essas que eu faço questão de manter vivas e fortes.
Como que é possível eu dar de cara com a Hanna do nada? Como que ela estava bem ali?
Parando para pensar, se eu tivesse decidido começar o meu trabalho antes, eu já teria a encontrado e porra, eu ainda não consigo entender isso. Me lembro bem de cada conversa nossa, dos nossos encontros, do sorriso que ela tinha, do brilho no olhar, da forma como ela era leve e espontânea e foi nisso que me apaixonei.
Eu amava Hanna e não demorei a perceber isso.
Me levanto do sofá retirando a minha blusa e caminho até o banheiro. Procuro um remédio para dor de cabeça e tomo na mesma hora e aproveito para tomar um belo banho. Retiro a minha roupa por completo, entro no box e ligo o chuveiro numa água morna para relaxar e já começo a lavar os cabelos.
Há muito tempo eu não ficava tão tenso.
Encero o meu banho e ando na direção do closet a procura do que vestir. Pego a primeira calça moletom preta que vejo e uma blusa branca, então, seco os meus cabelos com a toalha e vou até a cozinha. Ao olhar a geladeira, vejo peixe e salada, então, essa será a minha janta e já começo a separar tudo para preparar.
Quando coloco tudo na bancada, o meu celular toca no sofá e caminho para pegá-lo.
É o meu pai!
— Oi, meu filho! Como foi o primeiro dia? — Ele já pergunta animado assim que atendo.
— Oi, pai! — Dou meia volta para a retornar à cozinha. — Foi bom! Fui apresentado a equipe, conheci a empresa de baixo à cima e Oliver sabe bem conduzir tudo..., houve algumas mudanças jurídicas, mas já estou me atualizando. — Respondo de forma geral.
No momento, eu decido não tocar no nome da Hanna.
— Ótimo! Assim que eu voltar de viagem eu vou te ver lá..., quero ver de perto você vivendo o seu sonho. — Ouvir isso dele me deixa feliz e mais motivado.
— Obrigado, pai! E como você está? Por onde está agora? — Pergunto curioso, porque ele não para em um lugar por muito tempo.
— Eu estou ótimo e dei uma passada pelo Brasil..., lembrei de você e estava certo, as praias são magnificas. — Sorrio ao lembrar.
Realmente são e pretendo voltar lá mais vezes.
Conversamos por um tempo e deixo o celular na bancada em ligação alta, assim, fico preparando a minha comida enquanto ouço as suas histórias. Sinto falta de ter o meu pai por perto, mas entendo bem esse momento dele de viajar e aproveitar, afinal, ele vivia muito preso com a minha mãe.
Amo ela, mas além de ela ser uma pessoa difícil, ela gosta de prender as pessoas e vivi bem isso.
Ela quer saber cada passo, quer controlar tudo em todos os aspectos e não gosta de descobrir as coisas sozinha. Ela é ríspida, gosta de ter todo o controle e é muito protetora, e para ela, somente ela está certa e todos devem entender isso, porém, chegou o tempo em que eu precisava sair dessas asas do sufocamento e desde então, ela vive me procurando, mas estou evitando-a.
Preciso de um tempo longe dela e o meu pai concordou comigo.
Um tempo depois nós encerramos a ligação e a minha comida ficou pronta. Pego um suco na geladeira e me acomodo na bancada para comer e novamente, fico repassando esse dia louco na cabeça. Pelo menos a dor de cabeça diminuiu e continuo a comer tendo Hanna na minha cabeça.
O que será que ela está fazendo agora?
Onde será que ela mora?
Será mesmo que ela está tendo algo com Oliver ou com outro homem?
Porra só de imaginar, a minha cabeça lateja.
Termino de comer e já começo a limpar tudo e deixar como estava. Não gosto de deixar bagunça para a Dona Carmela, pois ela já é responsável pela organização e limpeza do apartamento. Assim que limpo tudo, ouço a campainha tocar e acho estranho, porque não estou esperando ninguém, mas ao ver o olho mágico, vejo Oliver do outro lado e fico mais confuso ainda e abro a porta.
— Agora eu posso dizer que recebi uma visita. — Falo lhe dando passagem e mostro um riso no rosto. — Seja bem-vindo. — Falo descontraído, mas ele mostra uma cara fechada.
— Por que não me disse que já conhecia a Hanna? — Ela pergunta sem mais nem menos e mudo a minha afeição.
— Entra! — Digo e ele dá um passo para dentro e fecho a porta. — Eu ia contar.
— Quando? Hoje cedo, quando se apresentaram poderia ter me falado, ou pelo menos quando fizemos o tuor pela empresa, ou também na hora que fomos embora. — Ele fala meio exaltado e respiro fundo.
É como eu imaginei, ele tem interesse ela.
— Eu estava em choque, Oliver..., ainda estou processando o dia de hoje e não é fácil falar sobre esse assunto..., eu te contei a história, eu só não te contei o nome dela. — Digo o fazendo se calar e o choque no seu rosto é visível.
— A garota da carta que sumiu? — Aceno com a cabeça e ele suspira passando as mãos na cabeça. — Puta que pariu... — Ele se senta no sofá e fico sem entender essa reação.
Oliver fica com os braços apoiados nas pernas, com a cabeça abaixada e me sento no sofá a sua frente tendo um certo receio do que posso ouvir. Não quero acreditar que depois de tudo e de anos pensando nela, eu tenha que ouvir que eles tem algo, porque, Oliver é quase que um irmão para mim.
— Eu beijei a Hanna hoje... — A frase vem como um soco no estômago. — Olha só..., eu gosto dela, estou há tempos tentando sair com ela, mas o status chefe e secretária a deixa desconfortável. Ela tinha aceitado sair para jantar comigo e hoje eu dei um passo... — Ele fala como forma de esclarecer as coisas. — Prefiro que saiba por mim e sabe que não sou fura olho.
— Eu e a Hanna ainda temos pendências, Oliver..., temos uma história e eu não a esqueci, sabe disso. Então, agora que a encontrei eu não vou desperdiçar a chance. — Deixo claro, porque vou até o fim.
— Bom..., eu acho que nenhum dos dois irá recuar. — Oliver se levanta e caminha até a porta. — Eu vou deixar que Hanna tome a decisão, mas se ela me der uma oportunidade, eu não vou recuar. — Dito isso, ele abre a porta e sai.
Não quero acreditar que Oliver esteja a fim da Hanna ao ponto de continuar insistindo dessa forma. Nunca passamos por algo parecido, nunca nos envolvemos com mulheres que um dos dois tenha ficado e agora, além de Hanna praticamente me odiar, eu estarei competindo com o meu melhor amigo.
Que merda está acontecendo?
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Hanna DawsonQue preguiça e não queria acordar agora. Sério, como que já é de manhã?Acordo com o celular tocando embaixo do meu travesseiro e sinto a minha garganta completamente seca. Forço os meus olhos a abrirem e procuro o celular, passando a mão por debaixo e ao encontrar, os meus olhos ardem pela luz, mas consigo ver que é a minha mãe ligando em chamada de vídeo.Estranho ela ligar a essa hora.— Oi, mãe. — Atendo de olhos fechados, porque esse brilho incomoda.— Bom dia, meu amor. — Ela fala mais animada que ontem. — Te acordei, não foi?— Não tem problema, vou já trabalhar mesmo. — Falo bocejando e olhando que iria acordar em cinco minutos. — Como se sente? — Pergunto na briga para abrir mais os olhos.— Um pouco melhor, mas não sinto vontade de comer..., devem ser os remédios. — Ela fala fazendo uma cara feia.— Sentiu mais alguma coisa? — Ela nega com a cabeça.— Só a fraqueza mesmo, está chateada? — Ela me olha preocupada e bocejo novamente.— Fique tranquila, a sua saúde é
Hanna DawsonNão consigo de forma alguma achar um motivo plausível para ele estar aqui.Será que é pelo beijo?Oliver sai do carro numa cena de filme em que qualquer mulher babaria por ele. Oliver usa uma calça escura, um cinto, uma blusa branca de botões e aposto que o seu blazer está no carro, mas para completar, ele usa óculos escuros e ao olhar para mim, ele retira e abre um leve sorriso bem galante.Ele está jogando sujo.— Hanna..., se depois dessa você não se agarrar esse homem, eu juro que eu mesma te mato. — Tati diz entre dentes ao meu lado. — Caramba! Depois daquele beijaço, ele veio te buscar..., vai lá e beija ele outra vez. — Ela diz praticamente me beliscando.— Mas e você? — Questiono por que iriamos juntas.— Eu sei o caminho da empresa..., vá logo. — Ela praticamente me empurra.Tati faz um breve cumprimento a ele, um sinal com a mão e caminha até o seu carro, então, me aproximo dele e o vento faz questão de me dar uma parte do seu perfume.— Bom dia, Sr. Blake. — Dig
Mattew KnoxQue dia de porre e de estresse!Planejei e achei que seria uma coisa, mas foi tudo completamente diferente.O meu dia na obra hoje foi uma completa exaustão e pude ver de perto os motivos que Oliver tem tanto estresse com esse projeto. Mefheo, parece ter merda na cabeça querendo coisas impossíveis e a todo momento, ele ficava querendo dar novas ideias e cortei logo toda e qualquer sugestão.Já perdemos muito tempo com isso.Consegui me livrar dele no meio do dia o fazendo se concentrar nos materiais de decoração da ala principal e inventei uma história qualquer sobre alguns itens. Ele correu para conseguir tudo o mais rápido possível e foi quando eu tive um pouco de paz e consegui conversar com os trabalhadores os mostrando bem a planta original e definitiva.Até com a ausência de Mefheo os homens trabalharam melhor!No final do dia, eu pude ver uma diferença grande e fui embora querendo um banho e comer alguma coisa. Mas uma coisa eu preciso confessar, mesmo diante de tant
Hanna DawsonNenhuma palavra é capaz de descrever com exatidão a raiva que eu tenho agora.Sou capaz de matar alguém agora. Quer dizer, mais ou menos, mas estou puta!Que ódio!Entro dentro de casa e tranco a porta da forma mais violenta possível e a vontade que tenho é de quebrar qualquer coisa. Pensei que essa noite seria diferente, mas bastou Mattew, dar as caras depois anos para começar a interferir na minha vida e sinceramente, demorei tanto tempo para me sentir bem que quando decido me permitir, isso acontece.Depois que Mattew fez o que fez, eu não tive mais relacionamentos e isso pelo medo de me apegar.Claro, conheci pessoas e me envolvi, mas nada sério desde o Mattew e quando eu vi que poderia dar certo, o tombo vem e em nome dele. Como que pode uma coisa dessas? Logo Oliver tinha que ser amigo dele? Logo Oliver tinha que ter uma sociedade com ele e de cara eu tenha que trabalhar com os dois?Isso não é justo!Não consigo explicar a raiva que tenho dentro de mim por essa situ
Hanna DawsonEspero um tempo tentando digerir isso tudo, mas os meus nervos estão malucos. Já sei que ele está perto de chegar e eu preciso ter paciência. Muita paciência e controle.Abro a porta depois de ouvir batidas e vejo Mattew, parado com as mãos nos bolsos. Os nossos olhos se encontram e nos encaramos de uma forma que não consigo explicar. Olhar nos olhos dele me faz voltar ao passado, porque era o que eu fazia a toda hora já que ele tem os olhos mais lindos e profundos que já vi.Mattew tem um brilho no olhar e ao misturar com o azul fechado de agora, não tem como não admirar. Eu não vou ser hipócrita, Mattew é lindo e mais lindo que antes e ao pensar nisso, ele deve ter todas as mulheres atrás dele.— Eu posso entrar? — Ele pergunta me fazendo voltar ao agora.— Claro..., a casa é simples, mas é organizada. — Falo lhe dando passagem e depois fecho a porta. — Pode ficar à vontade.Ele entra olhando tudo ao redor. Ele olha o sofá, a televisão, os itens como jarros de decoração,
Mattew KnoxA minha cabeça está tão cheia de perguntas que me sinto desorientado.Eu não escrevi nada disso que está aqui e desconheço a porra desse papel por mais que a letra seja parecida com a minha.Tem algo muito errado, mas o que me controla agora é estar perto delaAbraço-a encaixando-a no meu peito e confesso que estou tentando entender o que acabei de ver. Hanna, nunca me escreveu e o que escrevi a ela, não foi entregue e o pior, ela recebeu algo completamente oposto à minha palavra. Não consigo acreditar que tenha sido algo sem proporções, porque houve distorção e isso mostra que alguém se intrometeu no nosso meio.Quem teria tanta coragem e vontade para isso?Ela está abalada, posso sentir o seu corpo tensionado e um pouco tremulo, e mesmo que não demonstre muito, sei que está chorando e que está tão perdida quando eu. É surreal ver uma letra como a minha ali, ver que alguém se passou por mim e o resultado disso, foram esses anos afastados um do outro.Essa pessoa sabia o qu
Hanna DawsonEnfim, a segunda-feira chegou num piscar de olhos!O meu fim de semana todo foi apenas dentro de casa e fiquei jogada na cama toda coberta. Não consegui dormir bem e quando consegui, já era bem tarde e como não precisava trabalhar, eu me permiti ter esse momento preguiça e devaneio na cama. Fiquei tentando processar a minha conversa com Mattew e tudo o que conversamos.Ele parecia tão chocado quanto eu e em muitos momentos, eu pude ver surpresa, revolta e dor. Às vezes em que olhei para os seus olhos eu vi o choque estampado e a forma como ele falava, me fazia voltar no tempo. Mattew ainda tem certas maninas como, molhar os lábios antes de falar, olhar fixamente para ter e dar atenção e a sua voz mesmo estando mais grossa, ainda mantém aquela suavidade.É surreal imaginar que isso tudo aconteceu para nos separar e, se não fosse isso, com toda a certeza estaríamos juntos até hoje. Eu sentia isso naquele tempo e senti na nossa conversa, tanto que até ele me transmitiu essa c
Hanna DawsonFiquei completamente satisfeita!O pedido de Oliver chegou há pouco e já o entreguei. Voltei a minha sala para terminar de comer, e quando vi, já tinha devorado quase tudo e confesso, não sei onde Mattew comprou, mas foram os melhores bolinhos, donuts e croissant que já provei na vida e o café, estava perfeito.Comecei o meu trabalho e o que começou tranquilo e leve, ficou uma loucura com inúmeras ligações e e-mails. Alguns setores entraram colapso pela instabilidade no sistema e para completar, o nosso servidor ficou sem serviço e todos ficaram loucos pelos corredores.Entrei em contato com a equipe de TI e tivemos que esperar eles chegarem e resolverem os problemas. Perdi alguns documentos que fiz alteração e pra completar, vi Oliver nervoso e irritado pela primeira vez, mas, ele não é tipo de descontar em alguém os problemas, ele só fica inquieto.Mattew já veio aqui umas três vezes tentando conseguir um documento, mas não tivemos sorte.Nesse momento eu recebi um recad