Lua escarlate - Amor e vingança
Lua escarlate - Amor e vingança
Por: Paula Tekila
Capítulo 1 - A triste partida de Luna

Luna cresceu em um ambiente hostil e sombrio, onde seu cruel pai, Daniel, espalhava ódio e morte por onde passava. A morte da esposa de Daniel parece ter sido o início de sua transformação em um homem vicioso e cruel, que não poupava aqueles que o desafiavam.

Apesar do trauma e da tristeza que cercavam sua vida, Luna tentava encontrar alegria e felicidade onde podia. Ela recordava com nostalgia os tempos em que sua família era unida e feliz. Seu pai, antes bondoso, era seu herói na infância, mas agora Luna se encontrava em um dilema interno, questionando se seu pai ainda merecia sua lealdade e amor.

Enquanto lutava para encontrar vivacidade em sua rotina monótona, Luna também sentia uma urgência crescente dentro de si, um sentimento de que sua vida precisava mudar, que ela precisava fazer algo significativo para si mesma e para os outros. Luna sentia que precisava encontrar seu verdadeiro chamado, embora não soubesse ao certo o que isso significava.

Era como se uma voz dentro dela sussurrasse: — Há mais em você do que isso, Luna. Há mais na sua vida e você precisa buscar isso.

Luna acordou naquele dia como de costume, já acostumada com as reprimendas de seu pai, mas algo parecia diferente. Quando encontrou o olhar de Daniel, notou um brilho diferente, algo que nunca havia visto antes, algo que a assustou.

— Por que você insiste em se juntar a esses miseráveis? — ele perguntou autoritariamente.

— Eles são nosso povo, meu dever como princesa é ajudá-los! — ela respondeu, fugindo, amedrontada.

Durante o dia todo, Daniel agiu de maneira agressiva como sempre, mas algo estava pior, e ele falava com uma voz estranha e olhos brilhantes. Luna sentia uma presença ruim ao seu redor, como se algo maligno estivesse se aproximando; a morte de sua mãe pode ter levado consigo toda a humanidade que restava no rei.

Depois de passar o dia ajudando os súditos do castelo, Luna estava muito cansada e foi para seu quarto sem dificuldade para dormir. Até que um sonho veio a ela...

Era noite, Luna decidiu ir para a biblioteca do castelo, vestindo um longo vestido vermelho, procurando algo para distraí-la e acalmar seus medos. Foi então que ela encontrou um livro antigo com uma capa desgastada. O simples toque fez sua pele arrepiar; o livro falava sobre lendas de lobisomens e outras criaturas sobrenaturais.

Enquanto folheava as páginas, Luna sentiu uma conexão estranha com as histórias do livro, especialmente aquela que envolvia licantropia. Ela sentia um crescente sentimento de que havia algo dentro dela, algo que nunca tinha percebido antes e muito poderoso, assim que as nuvens revelaram uma imensa lua cheia. Foi então que ela ouviu passos se aproximando. Era seu pai, que tinha uma expressão selvagem no rosto.

— Nosso sangue é amaldiçoado, e eu devo te purificar, Luna! — ele disse furiosamente.

Ele se aproximou dela, rosnando e mostrando seus enormes dentes. Foi então que Luna percebeu que algo terrível tinha acontecido, e seu pai se transformara em um lobisomem e agora estava diante dela, ameaçando destruí-la e livrar o mundo de sua herança amaldiçoada.

Luna se sentiu paralisada, sem saber o que fazer, quando de repente um lampejo de esperança a iluminou. Ela lembrou-se da voz interior dizendo: — Há mais na sua vida. Seus dentes se tornaram afiados como os de seu pai, uma força selvagem a dominou naquele instante, mas ela não se transformou em lobo, e sim em outra criatura que ansiava por sangue.

Seu pai e ela, transformados em criaturas, começaram a lutar numa batalha terrível e sangrenta, até que Luna conseguiu quebrar a mandíbula dele e acordou gritando desesperadamente em sua cama. Uma das criadas correu para descobrir o que tinha acontecido, mas Luna apenas a abraçou e quis esquecer aquele horrível pesadelo; seu pai pode ter sido o mais perverso de todos os reis no mundo, mas ele não merecia sofrer aquele destino.

Algum tempo depois.

Luna estava na biblioteca procurando um livro semelhante ao que tivera em seu sonho quando ouviu uma batida na porta. Era um mensageiro do Rei Daniel, seu pai, pedindo sua presença imediata. Ela correu para o salão real, onde seu pai e seus conselheiros estavam reunidos.

Daniel já estava de pé quando ela chegou. Ele a olhou friamente e disse que ela tinha envergonhado a família com suas ações recentes. Disse que ela era uma ameaça ao poder do reino e, portanto, precisava partir imediatamente.

— Eu escolhi um destino para você, Luna. Você está partindo em uma missão importante. — disse o rei com firmeza.

Ela ficou surpresa e o olhou ansiosamente por mais detalhes.

— Que tipo de missão, Papai?

― Você vai para o Reino Dourado, precisa eliminar o Victor e nos enviar um sinal para que possamos atacar ― disse ele.

― Papai, por que tanta matança? Você já tem poder demais... ― Ele não permitiu que Luna terminasse a frase, segurou-a firmemente pelo pulso e a forçou a ajoelhar-se diante dele. Seus olhos estavam vazios e completamente negros.

― Você não serve para nada além de cantar nessas matas, precisa ser útil para algo maior. Pegue o que achar necessário e obedeça seu pai!

Luna sentiu um arrepio na espinha ao ouvir as palavras de seu pai. Tentou argumentar que não havia feito nada de errado e até quis chorar, mas Daniel a interrompeu com autoridade, dizendo que ela já havia falado demais. Ordenou que deixasse o reino imediatamente, sem direito de retornar até cumprir seu dever.

Ela sabia que seu pai era cruel e que não havia nada que pudesse fazer para mudá-lo. Despediu-se dos amigos e funcionários e partiu imediatamente, esperando encontrar um novo lugar onde pudesse descobrir sua verdadeira vocação e construir sua própria vida, mesmo carregando em seu coração aquela cruel missão de tirar a vida do jovem rei que nem sequer conhecia.

Ela selou seu cavalo e montou nele. Alguns de seus súditos choraram ao vê-la ser expulsa do castelo, mas nada puderam fazer ou Daniel os condenaria à morte. Luna seguiu adiante, deixando para trás o reino que fora seu lar por tantos anos. Enquanto cavalgava, notou as árvores mudando e o clima ficando mais frio. Sentia o medo de estar sozinha e tão longe de casa, o que a fez chorar. Agora podia mostrar sua dor, não precisava mais esconder suas lágrimas como quando estava sob o olhar de seu pai.

As lágrimas se misturaram ao vento enquanto Luna seguia sem rumo. Sentia-se perdida e completamente sozinha em um mundo hostil e cruel, e pior, não sabia como os súditos e o rei de Flora a receberiam. Lembrava-se do pai com tristeza, agora mais do que nunca desejando ter alguém ao seu lado que a amasse e a entendesse, e só podia pensar na mãe.

As horas se passaram e a noite começou a cair. Luna começou a sentir frio e fome e decidiu acampar perto de uma árvore. Ali, refletiu sobre como seria a vida agora que estava sozinha, sem ninguém para ajudá-la ou protegê-la, e considerou seguir um caminho diferente sem tentar cumprir a missão que seu pai lhe dera.

Enrolou-se em sua capa para se proteger do frio e lembrou-se das palavras de seu pai: "Você deve ter um propósito". Naquele momento, ela percebeu que seu pai nunca a amara e a expulsara simplesmente para lhe dar a oportunidade de dominar mais um reino.

Luna chorou sozinha até estar cansada, e os lobos uivavam perto, mas ela não sentia medo deles e finalmente sucumbiu ao cansaço, adormecendo pensando como seria sua nova vida, mas sonhando com um futuro em que seria livre e seguiria seus sonhos.

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