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Capítulo 3 - Fera adormecida

Luna se viu diante de uma dolorosa encruzilhada, tendo que escolher entre viver com o rei a quem fora designada para assassinar ou fugir para um destino incerto. Ela sabia que não queria se casar e que seu verdadeiro desejo era viver livremente, ajudando aqueles necessitados no reino. No entanto, a maldição que a afligia a impedia de interagir com os outros, tornando seu sonho quase inatingível. Estava enfrentando uma combinação mortal de licantropia e uma sede de sangue da qual não tinha consciência.

Com uma expressão cansada e conflituosa, Luna expressou sua necessidade de tempo para pensar. A próxima lua cheia estava se aproximando rapidamente, em apenas seis dias, e se o feiticeiro fosse capaz de encontrar uma poção que controlasse sua maldição, então ela poderia considerar a proposta de casamento de Victor.

― Eu preciso de tempo. A próxima lua cheia virá em seis dias. Se até lá seu feiticeiro desenvolver uma poção para aprisionar a maldição, então eu posso considerar sua proposta de casamento! ― respondeu ela ao Rei Victor.

Ela precisava desesperadamente de uma solução para sua condição, um meio de controlar a maldição que a atormentava. A perspectiva de ficar presa em um casamento indesejado a atormentava, mas também estava ciente de que talvez não tivesse outra escolha.

Olhando para o feiticeiro Kalleb, Victor decidiu aceitar o pedido de Luna, mesmo sabendo que não seria do seu melhor interesse adormecer a besta que havia dentro dela.

― Claro, faremos como você deseja! ― respondeu Victor.

Victor, determinado a garantir o bem-estar de Luna, decidiu enviar uma dama de companhia para a cabana onde ela estava vivendo. Essa pessoa seria responsável por cuidar de Luna, oferecer-lhe companhia e apoio durante este período. Além disso, ele assegurou que o cavalo da jovem princesa fosse bem cuidado e alimentado; ele pretendia agradá-la de todas as maneiras possíveis. Enquanto isso, o feiticeiro Kalleb e Victor estavam tendo conversas secretas dentro do palácio, longe dos ouvidos de Luna.

― Você acha que ela vai concordar? ― perguntou Victor ansiosamente.

― Não sei, Alteza, esta jovem me parece uma grande incógnita. Parece genuíno o desejo dela de aprisionar a fera. ― respondeu o servo.

― Tente uma poção que apenas pareça acalmá-la. Preciso saber até onde seu poder alcançará.

― Perdoe-me por ser tão ousado, Victor, mas você pretende gerar descendência com a filha de Daniel? ― ousou perguntar o súdito.

Victor socou a mesa à sua frente, suas pupilas dilatadas, o ódio evidente em cada detalhe de sua expressão.

― O sangue dessa família não se misturará com o meu, jamais coabitarei com ela ou a tocarei maritalmente. Assim que Luna matar seu pai, darei a ela a liberdade que deseja e longe do meu reino! ― expressou Victor sua decisão.

O feiticeiro Kalleb percebeu que as palavras do Rei Victor não transmitiam total convicção e confiança. Sabia que Luna, apesar de ser portadora de uma maldição assombrosa, possuía uma beleza e doçura que poderiam facilmente cativar o coração do rei. Esta possibilidade de despertar o amor em Victor era uma preocupação para o feiticeiro, pois poderia distrair do objetivo principal: ter o poder de Luna ao seu lado para proteger o reino de possíveis invasões e matar o inimigo.

O feiticeiro sabia que a situação era complexa e delicada. Luna tinha o potencial de conquistar o coração de Victor, e isso poderia interferir nos planos e objetivos estabelecidos para proteger o reino. Era necessário encontrar um equilíbrio entre a força de Luna, o possível afeto de Victor e a ameaça iminente do Rei Daniel.

Com essas preocupações em mente, o feiticeiro Kalleb decidiu que seria importante monitorar de perto o relacionamento entre Luna e Victor. Ele pretendia usar sua sabedoria e influência para garantir que o foco principal não se perdesse e que o poder de Luna continuasse sendo direcionado para a proteção e segurança do reino.

Ele considerou usar sua magia para impedir o rei de se apaixonar por Luna, mas precisava buscar conhecimento em seus livros de magia para fazê-lo.

Enquanto na cabana, Luna foi visitada por uma dama de companhia que foi designada para ensiná-la a se comportar como uma boa esposa. A dama de companhia pensava nas habilidades domésticas de Luna, como cozinhar e como se comportar diante das autoridades, preparando-a para os deveres e expectativas de uma futura rainha.

No entanto, Luna sentia uma profunda resistência a este treinamento. Não tinha interesse em aprender a ser uma esposa submissa e conformar-se às tradições da corte. Sua mente e seu coração estavam focados em seu reino e nas pessoas que deixara para trás. A saudade de casa e a preocupação com seu povo a distraíam constantemente, tornando difícil para ela se concentrar nas lições de etiqueta e protocolo.

A presença constante da dama de companhia e as lições sobre como ser uma esposa adequada apenas reforçavam o sentimento de aprisionamento e limitação que Luna estava vivenciando. Ela se perguntava se deveria permanecer naquela cabana, se conseguiria encontrar uma cura para sua maldição e se teria alguma vez a chance de ajudar seu povo novamente.

― Suponho que terei que voltar outro dia, você parece não estar concentrada o suficiente! ― disse a dama de companhia quando percebeu que os pensamentos da jovem pareciam distantes.

― Perdoe-me, eu preciso de um tempo sozinha! ― pediu Luna.

Com o prazo se aproximando, o feiticeiro Kalleb conseguiu desenvolver um feitiço que temporariamente conteria os poderes de Luna durante o ciclo da lua cheia. Esta poção ilusória daria a ela a falsa sensação de que estava totalmente no controle e que seus poderes estavam suprimidos. Para manter a situação sob controle, Kalleb entregou a poção ao Rei Victor, que montou seu cavalo e partiu em direção à cabana.

Ao chegar à cabana, Victor encontrou Luna ainda dormindo. Ele a observou cuidadosamente, notando o quão doce e frágil ela parecia enquanto descansava. Ele sentiu uma mistura de emoções, decidiu acordá-la, e o desejo o fez ousar tocar o rosto da jovem mulher.

Luna despertou desesperadamente de um pesadelo. Ela estava prestes a eliminar um inimigo e misturar realidade e sonho. Ela abriu os olhos subitamente e sem controle ao ponto de quase cravar seus enormes dentes caninos na pele do rei.

― Luna, acorde! ― Victor gritou, segurando-a em seus braços fortes.

Ela sentiu o cheiro familiar dele, seus dentes se retraíram, e ela o olhou. Vendo o quão assustado Victor estava, ela tinha certeza de que era uma verdadeira ameaça para qualquer ser.

― Eu sou um monstro, não posso continuar existindo! ― Luna desabou em lágrimas.

Victor a abraçou com força. Luna pensou que após o incidente, ele se afastaria ou até mesmo ordenaria que ela fosse eliminada, mas seu gesto a comoveu. Ele acariciou seus cabelos, e eles se olharam ternamente.

― Kalleb conseguiu a poção, estou aqui para entregá-la a você. ― disse Victor enquanto sorria e alisava discretamente seus cabelos.

Seus olhos se encheram de esperança ao ver aquele pequeno frasco de vidro nas mãos do rei, e ele a ajudou a tomá-lo.

Enquanto Luna tomava a poção, uma sensação de tranquilidade e leveza a envolveu. Ela sentiu seu corpo se acalmando e um momento de paz momentâneo que parecia aliviar as tensões e os poderes que a afligiam. Sem saber que essa paz era apenas temporária, Luna se sentiu feliz e animada, incapaz de prever o que viria a seguir.

Cheia de gratidão, Luna abraçou o rei, olhando nos olhos dele com muito afeto e esperança. Ela viu nele um aliado, alguém disposto a enfrentar o desafio ao lado dela. Aquele momento de ligação, com a ilusão de controle sobre os seus poderes,isso a fez sentir mais próxima de Víctor.

― Então, você vai se juntar a mim? ― Victor percebeu naquele momento que tinha abraçado Luna por tempo demais, e se afastou, envergonhado ao ver que ela estava apenas usando uma camisola.

Luna também estava constrangida e se cobriu com o lençol.

― Depois desta noite, eu te direi! ― respondeu Luna, o que deixou o rei furioso. Luna não parecia respeitá-lo como o líder com quem em breve estaria unida, mas ele mais uma vez suportou suas imposições.

― Ficarei aqui até o amanhecer e esperarei sua decisão. Não quero voltar ao Reino Dourado sem saber se lhes darei uma rainha! ― disse Victor para ela.

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