Gabriel, cumprindo sua missão de vigiar Luna, se aproximou da cabana e ouviu algumas risadas suaves, seguido por um vislumbre da bela garota cavalgando graciosamente pelos arredores.
Ele se maravilhou com sua beleza e seus cabelos negros ao vento, reconhecendo a presença de um verdadeiro anjo na forma feminina. Essa visão fez com que ele se questionasse como Victor poderia desejar vingança contra alguém tão encantadora.
Luna, percebendo a chegada de Gabriel, caminhou em sua direção, trazendo consigo seu sorriso que iluminava o lugar. Ela estava um pouco curiosa para conhecer o rapaz que agora a observava tão insistente. Mesmo que seu coração estivesse cheio de incertezas e decepções sobre seu casamento com Victor, a presença deste jovem trouxe um pouco de alívio e esperança no meio da solidão da cabana.
— Vossa Alteza, eu sou Gabriel, seu servo, e estou aqui para saber se precisa de alguma coisa? — Gabriel perguntou.
— Prazer em conhecê-lo senhor Gabriel, estou feliz que tenha vindo até aqui. Me sinto um pouco solitária e entediada. Que tal entrarmos e conversarmos um pouco? — Luna sugeriu ao rapaz.
Ainda impressionado pela beleza dela, Gabriel amarrou seu cavalo e entrou para conversar. Os dois descobriram muitas afinidades, ambos amavam leitura e poesia, e sorriram por horas sem perceber que o tempo passava voando.
— Gabriel? — O rei perguntou.
A conversa deles foi interrompida pela voz grossa do rei. Nenhum dos dois esperava aquele encontro, já que Victor não estava presente há muitos dias.
— Vossa Majestade, não esperávamos sua chegada — Gabriel gaguejou em suas palavras, temendo a reação do rei Victor. Sua função era vigiar a garota, e ele não ousaria falar tão intimamente com ela.
— Deixe-me sozinho com Luna, por favor! — Victor exigiu ao seu súdito.
Gabriel pegou seu chapéu e saiu rapidamente. Luna não entendia por que Victor estava agindo tão duramente com o rapaz.
— Devo lembrá-la de que você é minha esposa e deve agir como uma rainha.
— Sou sua esposa? Rainha, mas Sua Majestade me esconde do mundo! — Luna desabafou com tristeza por ser mantida longe do palácio.
— Escondida ou não, você me deve respeito e obediência — O rei respondeu firme.
Ela ficou ainda mais furiosa e virou as costas para ele.
— Quero que você me traga um cão. Ele vai me fazer companhia a partir de agora.
— Um cachorro? Você tem uma fera dentro de si e me pede um cão? — Victor sorriu debochando do pedido e depois reconsiderou. — Certo, terá seu animal de estimação! O que mais Vossa Alteza deseja?
— Ordeno que se retire e me deixe em paz! Há assuntos a serem resolvidos no castelo, e você não pode deixar seus súditos esperando por você. Volte ao seu dever como rei e cumpra suas obrigações, Victor. Que esta seja a última vez que você me interrompe em minha solidão. — As palavras de Luna deixaram Victor sem palavras.
A imagem de Luna gostando da presença de Gabriel despertou muitas emoções negativas dentro do rei. naquela tarte. Ele questionou a reciprocidade de seus sentimentos e se sentiu traído pela aparente preferência de sua esposa por outro homem para conversar. O sentimento de ser substituído e não ser o principal objeto da atenção dela inflamou sua raiva e alimentou seus sentimentos de rancor.
Victor pensou em proibir Gabriel de voltar à cabana, mas sabia que tomar essa decisão faria Luna odiá-lo ainda mais. Decidiu então conversar com o feiticeiro e pedir orientação. O feiticeiro Kalleb aconselhou Victor a dar a Luna a falsa impressão de que ela estava no controle da situação, tornando-a ainda mais manipulável.
— Então você acha que devo levá-la para dentro do castelo comigo? — Victor perguntou ao conselheiro.
— Sim, Vossa Alteza, aproxime-se dela e obtenha tudo o que quiser!
Victor decidiu levar Luna para viver com ele no castelo. Ele sabia que a poção do feiticeiro poderia conter a fera dentro dela!
No Reino Dourado, o rei aguardava a chegada de seus soldados em mais um dia comum. Ele queria preparar tudo para a grande mudança que ocorreria quando a trouxesse para viver com ele.
— Você foi ver Luna? — perguntou Victor, enquanto vestia parte de sua armadura.
— Sim, Vossa Alteza, ela está bem e já está recebendo as lições mais avançadas!
— Isso é suficiente, é tudo o que posso oferecer a alguém como ela! Me sinto um grande traidor do meu próprio reino por me casar com ela! — Victor desabafou.
Vários dias se passaram desde então, e a beleza de Luna parecia brilhar ainda mais. Com suas lições de etiqueta e comportamento adequado para uma nobre, ela havia aprendido a se comportar como uma verdadeira dama.
Era um dia ensolarado quando ela voltou de uma dessas lições, trazendo com ela o conhecimento recém-adquirido. Apesar de ter uma dama ao seu lado, Luna gostava de cuidar de suas próprias tarefas e ocupar seu tempo de forma produtiva para não pensar nas dores.
Ela decidiu que lavaria algumas roupas no rio, aproveitando a brisa suave e o som relaxante da água corrente. Enquanto se preparava para começar a tarefa, um estranho, cujo rosto lhe era desconhecido, se aproximou. A figura desconhecida causava medo, mas seu jeito tinha despertado a curiosidade de Luna. Ela observou o homem com cuidado, olhando sua postura e tentando entender suas intenções.
— O rei me enviou para levá-la daqui!
— Me levar? — Luna perguntou.
Apesar da leve confusão na mente de Luna, ela tinha consciência de que aquele homem misterioso não tinha a intenção de levá-la para o reino de Victor, pois isso nunca tinha sido a intenção do rei. Mesmo assim, ela não deixou essa incerteza a abalar e seguiu a empregada, que a guiava por um caminho sinuoso entre árvores antigas, cujas folhas douradas já haviam caído, criando um tapete belo no chão.
Enquanto caminhavam pelo lugar isolado, um clima de tranquilidade junto com expectativa estava no ar. Luna sentiu que algo estava prestes a acontecer, mas não tinha ideia do que poderia ser. Ela confiava no homem e mantinha uma postura firme, apesar de qualquer apreensão que pudesse sentir.
De repente, o estranho revelou uma adaga escondida em suas vestes e atacourapidamente Luna sem dar chance de fuga. O susto do momento fez com que ela soltasse um grito agudo, e seu coração começou a bater forte dentro do peito, com uma mistura de medo e adrenalina. No entanto, para surpresa do seu agressor, Luna não se deixou paralisar pelo medo. Em vez disso, sua coragem e instintos de sobrevivência vieram à tona, transformando-a em uma força poderosa. O rugido que escapou de seus lábios ecoou pelo ar, transmitindo uma fúria que superou o medo que o homem antes a fez sentir. Ele correu para dentro da floresta sem olhar para trás, deixando ela sangrar e com a mão sobre o ferimento.
Embora tivesse ordenado que outro empregado buscasse Luna, Victor sentiu que aquele perigo o motivou a ir até a cabana pessoalmente. Seu coração batia com uma inquietação enquanto cavalgava pelo caminho e olhava para todos os lados. Ao se aproximar, viu Luna tentando alcançar a cabana com dificuldade, e seu olhar se fixou no vestido ensanguentado da jovem. Ele desmontou de seu cavalo com um salto ágil, correndo em sua direção para ampará-la. A preocupação se refletiu em seu rosto enquanto seus passos apressados amassavam as folhas pelo chão.
— O que aconteceu, Luna? — O rei perguntou, levando-a em seus braços e a conduzindo para dentro.
— Fui atacada! — Ela respondeu.
Com grande preocupação em seu rosto, Victor entrou com ela e colocou Luna na cama, preocupado com a mancha de sangue em seu vestido. Como possuidor do dom da magia, Victor sabia que era necessário chamar o feiticeiro para cuidar dela imediatamente. Ele tinha esperança de que, assim como da última vez, Luna se curasse por si mesma, mas o fluxo de sangue não parava, aumentando sua preocupação com o bem-estar dela.
Sem perder tempo, Victor convocou o feiticeiro e esperou ansiosamente por sua chegada. Enquanto esperava, o rei rasgou uma tira de tecido de suas vestes e habilmente a amarrou em volta do ferimento de Luna na tentativa de conter o sangramento e evitar que ela perdesse mais sangue. Sua mão acariciou suavemente o rosto pálido de Luna, cuja fraqueza crescente era evidente. A ansiedade crescia dentro de Victor enquanto ele buscava desesperadamente uma maneira de ajudar Luna e trazer de volta a vitalidade que ela parecia estar perdendo, e o desespero apertava seu coração.
Ele estava se preocupando demais com a inimiga de seu reino.
Victor esperava com ansiedade a chegada do feiticeiro Kalleb, seu coração batia desesperadamente, até que finalmente ele apareceu. Luna havia perdido tanto sangue que estava inconsciente, e os dois homens trocaram olhares assustados, temendo que esse fosse o fim para a jovem. Medo e apreensão estavam em seus rostos enquanto esperavam por um milagre que pudesse salvar a vida de Luna.— Diga algo! Use sua magia e salve-a! — o rei implorou ao feiticeiro.— Vossa Majestade, temo que o feitiço que usei para conter seu poder a deixou sem a capacidade de se regenerar de seus ferimentos.— Droga! Eu a matei, matei minha esposa! — Victor aproximou-se da cama, tocou sua mão e sentiu-se culpado.O rei Victor saiu do quarto, uma tempestade de fúria estava dentro de si, pronto para consumir qualquer um que ousasse cruzar seu caminho. Com determinação implacável, ele convocou os guerreiros mais destemidos Dourado, determinado a fazer justiça e descobrir quem havia ousado torná-lo viúvo antes mesmo d
Uma das criadas do castelo, sabia dos olhares trocados entre Luna e Gabriel, se sentiu desconfortável com a cena. Sem perder tempo, ela iniciou uma conversa com outras criadas, espalhando um boato que poderia ter consequências prejudiciais tanto para a rainha quanto para Gabriel. Essas palavras maliciosas rapidamente se espalharam pelos corredores do castelo, alimentando as fofocas e intrigas entre os servos e funcionários. Toda essa movimentação poderia desencadear uma série de eventos que abalariam a estabilidade do reino e colocariam em risco a reputação da rainha e o relacionamento entre Victor e Gabriel.A volta de Gabriel ao castelo tocou profundamente o coração de Victor. A amizade e o afeto de seu amigo haviam sido uma presença constante em sua vida desde que ele foi obrigado pelas circunstâncias a assumir o trono. O rei precisava pensar melhor, Victor decidiu fazer um passeio a cavalo, buscando clareza em seus pensamentos e tomar decisões.Victor não está errado em desejar que
Na suave manhã do dia seguinte, o momento tão esperado chegou para Victor, que esperava pacientemente os raios do sol beijarem o horizonte e anunciarem o amanhecer. Ele abriu as cortinas de seu quarto e olhou para a cama, como se algo importante estivesse faltando.Com ansiedade no coração e o desejo latente de compartilhar um momento especial com sua esposa, a doce e delicada presença de Luna começou a se manifestar na forma de um delicado bocejo e um sonolento bom dia enquanto ela se aproximava da mesa real. Seus olhos se abriram, curiosos e brilhantes, ela cordialmente se levantou para cumprimentá-lo, seus olhos encontrando os de Victor, que estava ali, pronto para receber o primeiro sorriso do dia.Enquanto o aroma que vina do café fresco recém-coado pairava no ar, o rei convidou Luna para se juntar a ele na refeição matinal. Aquele momento compartilhado em torno da mesa, dividindo uma comida saborosa, foi preenchido com olhares gentis. Foi então que Victor percebeu que o momento
Alguns dias se passaram, e uma falsa paz parecia se estabelecer no reino com as notícias mentirosas de que o Rei Daniel havia desistido do ataque rondando os corredores do castelo.O povo do Reino Dourado ansiava pela presença e atenção de seu amado monarca, Rei Victor. Quando seu pai ainda governava com sabedoria e compaixão, ele caminhava entre seus súditos, atento às suas necessidades e preocupações, conhecendo cada canto do castelo e o jovem não fazia o mesmo.Victor semprequis seguir os passos de seu pai, buscando ser um líder exemplar que estivesse verdadeiramente próximo de seu povo. Ele entendia a importância de nutrir uma conexão verdadeira com seus súditos e se manter informado sobre tudo o que acontecia ao redor do palácio.Sentindo o chamado do dever e que precisava urgente estar mais próximo de seu povo, Rei Victor tomou uma decisão decisiva: ele precisava ir até eles sem demora.Ele acreditava que essa era a oportunidade era boa para fortalecer os laços com seus súditos
Ao voltarerem ao acampamento, Luna e o Rei Victor foram recebidos por muitos falatórios e acusações. Era claro que, apesar dos esforços de Gabriel para conter a situação, todos diziam que a rainha havia tirado a vida da escrava e os súditos acreditavam naquela história sem dar chance para dúvida.Victor, ao lado dela, sentia a raiva borbulhar em seu peito. Estava disposto a proteger e defender sua amada esposa contra todas as probabilidades, mas sabia que enfrentar essas acusações exigiria mais do que sua vontade. Era uma batalha contra seu povo.— Vossa Alteza, você deve eliminá-la! Antes que ela devore a todos nós! — gritavam os súditos e nobres.— Luna não é culpada! — exclamou Victor. E ela estava disposta a se entregar, mas ele não permitiria.— E onde estava sua bela esposa enquanto uma vida era tirada? — perguntou um dos homens.— Comigo, no rio! — respondeu Victor imediatamente, suas roupas molhadas confirmavam sua versão dos eventos. Claro que um casal recém unido, gastaria um
Uma cena aterrorizante estava acontecendo diante dos olhos de todos. Lobisomens e soldados do reino de Flora, obviamente enviados por Daniel, estavam invadindo o reino sem piedade, causando estragos e atacando os habitantes do reino Dourado.A dor e a angústia dominaram Luna ao ver aquelas pessoas sendo atacadas pela ganância de seu pai. A cada grito de agonia, as lágrimas rolavam pelo seu rosto. Ela sabia que não podia ficar parada enquanto todos aqueles inocentes sofriam.— Ele está cansado de esperar — sussurrou ela para si mesma, decidindo que a razão de sua presença ali não era matar Victor, mas salvar o reino inteiro.Luna, assumindo a responsabilidade de uma verdadeira rainha, correu pelo castelo à procura do mago Kalleb. Ela precisava desesperadamente pedir a ele para remover o feitiço que bloqueava sua transformação em lobisomem e vampiro, embora soubesse que, às vezes, a magia enfraqueceria e permitiria que ela revelasse seu lado fera. Somente com seus poderes completos ela c
Depois da luta, Victor se aproximou de Luna e a ajudou a se levantar, enquanto todos ao redor comemoravam a rendição dos inimigos. Gabriel também foi até eles. A fumaça das tochas usadas para espantar as criaturas ainda pairava no ar. Pessoas feridas se agrupavam, temendo o que poderia acontecer, caso se transformassem.— Quem foi mordido deve ir para a igreja. Kalleb vai garantir que ninguém se transforme — avisou Victor aos feridos, e eles se dirigiram para lá.Os que se feriram de outras maneiras foram levados para a parte inferior do castelo. Uma menina tinha os joelhos raspados depois de cair ao tentar fugir dos monstros. Luna se aproximou dela e ofereceu a mão para ajudá-la a se levantar.— Vamos, pequena, eu vou cuidar de você!A menina sorriu e estendeu a mão, mas logo a retirou ao lembrar que Luna era uma criatura e que havia matado o alfa inimigo diante de todos.— O que há de errado? — perguntou Luna.Victor percebeu a situação e mandou um de seus súditos ajudar a menina a
Os conselheiros do reino não queriam deixar Victor sair de Dourado para procurar o antídoto com Luna, Gabriel e Kalleb, em uma grande cruzada pelos morros mais perigosos da região.— Vossa Majestade estaria deixando todo mundo vulnerável aos ataques do Rei Daniel de Flora. Eles invadiram nossos portões com tanta facilidade, mesmo com toda a segurança que pensávamos ter, se o rei não estivesse aqui — disseram.Victor respondeu:— Vou nomear Gabriel como Sentinela do reino enquanto estou na missão com Luna, Kalleb e alguns guerreiros.Um dos conselheiros se levantou, deu alguns passos ao redor da enorme mesa onde estavam reunidos naquela manhã e falou:— Esse rapaz não mostrou lealdade suficiente para que Vossa Alteza confie nele uma responsabilidade tão grande. Permita-me ficar à frente de tudo até seu retorno.Antes que o rei pudesse responder, Luna entrou na sala já com seu grande manto de pele de urso e pronta para partir em sua jornada para encontrar uma cura para as pessoas amaldiç