Capítulo 4 - Sim ou não?

Victor e a jovem princesa permaneceram na cabana. Luna, apesar de sentir uma crescente conexão com o rei, ainda estava descobrindo seu papel e seus sentimentos em relação a ele. Ela se perguntava como deveria agir, com medo de parecer muito submissa ou distante.

A maldição que a afligia também a impedia de se abrir completamente e expressar seus verdadeiros sentimentos.

― Vou preparar algo para o jantar. Não sei preparar muita coisa, mas vou tentar! ― Luna quis agradar seu protetor, mesmo sem ter aptidão para a culinária.

O rei apenas se recostou na cadeira e observou como ela agia e a graça de cada um de seus movimentos. Luna estava nervosa. Nunca tinha estado sozinha na companhia de um homem antes e, além disso, ele logo poderia ser seu marido.

― O Rei Daniel não estava pensando em arranjar um casamento para você? ― Victor perguntou de repente.

Nervosamente, ela se virou para ele.

― Papai acha que sou nova demais para isso! E eu concordo! ― respondeu.

― Você é uma mulher adulta, achei que seria mais independente, afinal, fugiu do seu reino.

― E sou Victor, sou dona da minha vida e é por isso que aceitei o exílio! Vossa Alteza está aqui esperando que eu lhe dê uma resposta!

Ele se levantou e foi até ela para pegar um recipiente que ela não alcançava. Ao entregá-lo a ela, ele sentiu uma forte vontade de trazê-la para mais perto. Somado à raiva que sentia pela possibilidade de ela recusar seu pedido, ele puxou o corpo de Luna ao redor de sua cintura e pressionou seu rosto contra o dele. Por reflexo, ela deixou cair o que estava segurando.

― Espero uma resposta porque não sou um rei tirano, mas se...

Tão próximos, podiam sentir o calor de suas respirações e a reação natural de cada corpo. O rei esqueceu o que ia dizer em seguida.

― O que acontecerá se eu disser não ao jovem Rei Victor? ― Luna perguntou.

Sentindo um desejo ardente, o rei cedeu à emoção e aproximou-se de Luna, selando os seus lábios num beijo. Uma onda de calor percorreu os seus corpos, envolvendo-os numa sensação excitante e intensa.

O toque suave dos lábios de Victor nos de Luna provocou arrepios de emoção nas suas peles, despertando uma atração mais profunda entre eles. O beijo trouxe uma mistura de sentimentos, da ternura à paixão, criando curiosidades sobre o que nunca tinham provado antes.

As mãos de Victor procuravam o toque de Luna, explorando a sua pele com suavidade e um desejo que apenas crescia. Cada contato era carregado de uma forte tensão sexual, enquanto os seus corpos se aproximavam cada vez mais, como se tentassem se unir em um só.

Luna, por outro lado, sentia o coração acelerar e as pernas fraquejarem com a intensidade do beijo, mas sentiu medo quando viu a mão dele a puxá-la para perto dele e se afastou rapidamente.

― Peço humildemente desculpas pela minha audácia, mas era necessário saber se sua beleza responderia ao meu toque! ― Victor disse, buscando justificar suas ações.

― Nunca mais, sem a minha permissão! ― repreendeu Luna, mesmo que também tivesse cedido ao seu próprio desejo naquele momento.

Luna temia o desconhecido. Sua mãe morrera quando ela ainda era criança, e nunca puderam falar sobre casamento, intimidade ou coisas relacionadas ao amor.

A dama de companhia chegou providencialmente e os surpreendeu. Victor se afastou de Luna novamente, e a criada notou que havia um recipiente quebrado, imaginando até que eles poderiam ter lutado ferozmente por causa da bagunça no local.

Após deixar a cabana, o Rei Victor fez seu caminho até o reino, buscando a companhia de Gabriel, seu velho amigo de infância que havia salvo sua vida no passado e, por isso, carregava uma ferida mal curada. Confiando na lealdade e amizade de Gabriel, Victor contou dos eventos recentes com ele e revelou a existência de Luna.

― Enquanto não posso estar com você e a controlando, quero que vigie a cabana! Luna não deve deixar o reino Dourado sob nenhuma circunstância! ― exigiu o rei ao servo.

― Sim, Vossa Alteza, farei como ordena.

As horas passaram rápido e deram lugar à noite, envolvendo a cabana de Luna em uma penumbra silenciosa. Ela havia passado todo o dia se dedicando às suas lições e aprendendo as maneiras adequadas de se comportar, mas em seu coração, havia um sentimento de preocupação e apreensão.

A jovem princesa não pôde deixar de notar a saída repentina de Victor antes que ela pudesse responder à sua proposta de casamento. Isso a deixou com a sensação de ter decepcionado o rei, a deixando sem saber sobre seus sentimentos em relação a ela.

No entanto, a principal preocupação de Luna eram os seus sonhos perturbadores. Eles revelavam uma profecia sombria, anunciando que na primeira lua cheia após seu décimo oitavo aniversário, ela se transformaria em uma criatura não humana e seria consumida pela sede de sangue, tendo que se alimentar de inocentes.

Essa revelação encheu o coração de Luna de medo e agonia. Ela sabia que a primeira lua cheia após seu aniversário estava cada vez mais próxima, e o pensamento de se transformar em algo monstruoso a atormentava. A urgência de evitar esse destino era o principal em sua mente.

Desesperada, a princesa implorou à sua dama de companhia que partisse rapidamente antes que a bela e traiçoeira lua aparecesse nos céus do Reino Dourado. Ela não queria colocar em risco a vida de pessoas inocentes e temia as consequências de sua transformação, mesmo depois do suposto antidoto entregue por Victor.

Com o coração pesado, Luna se viu sozinha na cabana, esperando ansiosamente pelo amanhecer. A incerteza do que o destino lhe reservava caia sobre ela enquanto lutava contra o medo e a angústia.

― Lua cheia! ― disse, assustada.

Olhando pela janela, Luna admirou a bela lua cheia iluminada. Ela sentiu um calor queimando sua pele, as lembranças daquele pesadelo voltaram, e ela chorou, se ajoelhando no chão e cobrindo o rosto. Esperando a transformação...

Ela ouviu um uivo, eram os lobos que pareciam sentir sua presença ali. Eles se reuniram ao redor da cabana como se estivessem aguardando pelas ordens de sua nova líder. Luna sentiu medo e acabou desmaiando sem explicação.

Ela acordou em sua cama, olhou para fora da cabana e viu que tudo parecia bem e que um belo sol brilhava no lugar.

― Não irei a nenhum lugar sem que diga, aceitará ser minha rainha? ― perguntou o rei.

― Sim! ― respondeu Luna, suspirando aliviada. Luna pensou que estava livre de seu maior pesadelo.

A atitude fria de Victor foi bem clara em suas palavras, se limitou a dizer a Luna de que uma costureira do reino seria enviada para fazer seu vestido de casamento. Ele também disse que ela seguiria vivendo na cabana até que ele decidisse o contrário, o que encheu o coração da jovem de tristeza.

Luna, agora pensando que estava livre da maldição que a aprisionava, queria viver no Reino Dourado, o lugar que seria seu lar, e se dedicar aos necessitados e aos doentes, como sempre desejara fazer em seu antigo reino.

Pontualmente, Victor voltou à cabana, cumprindo o acordo que havia feito. Sem calor nem afeto, eles foram unidos em matrimônio de maneira formal e sem muitas festividades, apenas os servos como testemunhas de seu compromisso. Essa cerimônia sem empolgação trouxe um sentimento de desonra para Luna, que esperava um casamento por amor e que ele a apresentasse aos súditos como sua nova rainha.

Após o breve momento de união, Victor partiu rapidamente a cavalo, deixando sua esposa se sentindo vazia. A ausência de qualquer sentimento do rei a fez questionar o verdadeiro propósito do casamento.

Luna, agora esposa de Victor, ficou isolada e desolada na cabana, presa em um acordo que era tão terrível quanto seu passado.

― Fugi do ódio de meu pai, apenas para encontrar um desprezo ainda maior nesse lugar! ― ela lamentou, chorando.

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