Camille,Eu nunca pensei que voltaria a sentir isso de novo. Aquele frio na barriga, aquela sensação de felicidade inesperada que parece surgir do nada, preenchendo cada parte de mim. Após tantos relacionamentos fracassados, tantas decepções, eu já havia me convencido de que o amor não era algo que eu merecia ou, talvez, não era algo para mim. Mas então Lorenzo apareceu. E, de repente, tudo mudou.Acordei feliz naquela manhã, tão feliz que nem me preocupei com as ameaças do meu pai. Depois do recado que mandou por um de seus capangas, nico ainda encheu meu celular de mensagens e ligações, mas eu ignorei. Não queria que nada estragasse o que eu estava vivendo.Me levantei, tomei banho e fiz minha higiene matinal. Depois, me vesti com uma roupa confortável e fui até a cozinha preparar o café. Deixei bastante café preparado, caso Lorenzo viesse até meu apartamento. Eu estava com essa sensação. Uma sensação boba de quem está apaixonada. Era tão novo e intenso que eu não conseguia parar de
Lorenzo,Cheguei em casa, mas era como se o peso do mundo estivesse nas minhas costas. A discussão com Camille ainda ecoava na minha cabeça, cada palavra me atingindo como um golpe. Eu estava com raiva, magoado, mas mais do que isso, eu me sentia traído. Ela tinha me escondido a verdade o tempo todo. Como ela pôde não me dizer que Nico Benedetti era seu pai?Entrei direto no escritório, sem sequer me preocupar com o resto da casa. Não era a primeira vez que eu me sentia assim, e o escritório sempre foi meu refúgio, o lugar onde eu podia pensar com clareza. Sentei-me na minha cadeira giratória, o couro frio contra minhas costas, e fiquei olhando para o vazio por alguns momentos.Peguei o celular da mesa, os dedos apertando a tela com mais força do que o necessário, e liguei para Vittorio.— Vittorio — minha voz saiu mais dura do que eu pretendia. — Preciso que você faça uma investigação mais aprofundada sobre Nico Benedetti. Não é só sobre os negócios dele agora, quero tudo. A ligação
Camille,A tristeza tem uma maneira cruel de se infiltrar na alma, de se enraizar tão fundo que, mesmo quando você pensa que a superou, ela continua lá, sussurrando no fundo da sua mente. Era assim que eu me sentia desde que Lorenzo me deixou, desde que ele saiu pela porta sem me ouvir, sem saber toda a verdade. A dor ainda estava comigo, mas, de algum modo, eu estava aprendendo a viver com ela.Eu sabia que não podia parar minha vida. Não depois de tudo que eu lutei para construir. A escuridão que Lorenzo havia deixado para trás ainda me perseguia, mas eu tinha que seguir em frente. Não havia outra escolha. O trabalho sempre foi meu refúgio, o único lugar onde eu conseguia manter o controle, onde o caos da minha vida pessoal não podia me alcançar.Foi então que Cláudia me ligou, com uma oferta de trabalho. Ela e Giovane ficaram encantados com a organização do casamento, e me indicaram para uma grande agência de eventos. Era uma oportunidade que eu não poderia recusar, não naquele mom
Camille,A sensação de alívio que o trabalho me trazia parecia ser apenas uma fachada, uma fina camada de proteção contra a escuridão que me perseguia. Minha mente estava em constante turbulência, uma mistura de medo, raiva e tristeza. As memórias de Lorenzo e tudo o que aconteceu ainda me assombravam. Mas, de alguma forma, eu havia aprendido a seguir em frente, ou pelo menos, a fingir que estava tudo bem. Eu me mantinha ocupada, tentando sufocar as emoções que insistiam em vir à tona.Era tarde, e o escritório estava vazio. Terminei mais um dia de trabalho, exausta, mas satisfeita. Fotografar clientes e organizar eventos havia se tornado uma válvula de escape. Era ali, atrás da câmera, que eu conseguia me desligar por algumas horas da realidade sombria que pairava sobre mim.Desci até o elevador, o andar vazio, o silêncio inquietante. As luzes do corredor piscavam levemente, e um calafrio percorreu minha espinha. Apertei o botão do elevador e esperei. O silêncio me deixava desconfort
Lorenzo,O silêncio no escritório era quase ensurdecedor. As evidências estavam todas ali, sobre a mesa, como um peso esmagador. Camille Cristina Benedetti. O nome que antes era sinônimo de paz e felicidade agora carregava uma ameaça que eu nunca poderia ter previsto. Ela estava envolvida, tinha que estar. As transações, as coincidências de datas… tudo apontava para isso. Se ela sabia de tudo, se ela fazia parte do plano de seu pai, então também teria que pagar.Vittorio estava em pé ao meu lado, ainda observando a minha reação enquanto eu analisava os documentos novamente pela enésima vez. A fúria dentro de mim borbulhava, quase me consumindo. O amor que eu sentia por Camille se transformava em algo tóxico, um veneno que corria pelas minhas veias. Eu não podia confiar nela. Não mais.Levantei-me da cadeira abruptamente, minhas mãos apertando os papéis com tanta força que meus dedos doíam.— Vittorio — comecei, com a voz baixa e carregada de raiva. — Reúna todos os nossos homens. Quer
Camille,O que mais me atormentava não era o fato de estar amarrada àquela cadeira, com correntes apertadas em volta dos meus pulsos e tornozelos, ou o frio gelado que parecia vir das paredes úmidas e escuras do lugar onde me haviam jogado. O que realmente me atormentava era a sensação de traição, o choque de ver o homem que eu amava se transformar em um completo estranho, alguém que me olhava com puro ódio e desprezo.Eu não fazia ideia de onde estava. O lugar tinha um cheiro de mofo, de abandono. As paredes estavam cobertas de ferrugem, e o som gotejante de água pingando ecoava por todo o ambiente. Era uma espécie de galpão ou depósito, um lugar completamente isolado, onde ninguém me encontraria. Eu estava completamente à mercê de Lorenzo.Meus pulsos doíam. As correntes que me prendiam à cadeira eram apertadas e cruéis, machucando a pele a cada movimento que eu fazia. Eu tentei me mexer, mas era inútil. Meu corpo estava exausto, o medo me dominava, fazendo meu coração disparar no p
Lorenzo,Eu a observava de longe, sentando numa cadeira velha de madeira, enquanto tragava lentamente meu cigarro. O cheiro de fumaça preenchia o ar pesado do armazém. Camille estava apagada, caída, a cabeça pendida para o lado, com as correntes ainda segurando seu corpo na cadeira. O tapa que dei havia sido mais forte do que pretendia, e sua fragilidade me atingiu de uma forma que eu não esperava.Ela parecia tão pequena, tão vulnerável. Mas, ao mesmo tempo, tudo nela me lembrava da traição. Eu não podia deixar isso me afetar. Não agora. Havia uma verdade que precisava ser dita, e ela seria arrancada à força, se necessário.Eu olhei para um dos meus homens, que estava parado nas sombras, esperando instruções. Seu olhar estava fixo no chão, sem ousar me encarar.— Joga água nela. Preciso que acorde — falei, a voz rouca.Ele não hesitou, obedeceu. Pegou um balde de água gelada, lotado de gelo, que estava encostado perto da porta e se aproximou dela. Camille ainda estava inconsciente, a
Lorenzo,Eu me sento na cadeira de couro do meu escritório, a cabeça pulsando com a mistura de raiva e frustração. O cheiro de cigarro está impregnado no ar, mas, mesmo assim, acendo outro. Camille está me destruindo por dentro. Não com palavras, mas com sua recusa em confessar. Ela sabe onde Nico está. Ela tem que saber.Puxo o cigarro com força e olho para a pilha de papéis à minha frente. Negócios da família. Contratos, acordos, transações de armas. A máfia não espera por ninguém, muito menos por mim, por mais que minha cabeça esteja obcecada por vingança. Eu tenho uma reunião importante em algumas horas, mas tudo o que consigo pensar é nela. A única maneira de alcançar Benedetti é através dela, se ela cooperasse.Vittorio entra na sala sem bater, como sempre faz. Meu braço direito, meu confidente. Ele sabe mais sobre mim do que qualquer outro. Ele sabe até onde estou disposto a ir.— O pessoal já está esperando — ele diz, sem rodeios. — Richardson e os outros estão prontos para fe