O sol surgiu no horizonte enquanto as raízes de Giovanna desfaziam a cúpula, queimando os restos de híbridos que estavam caídos no chão das ruínas da casa. Paulo subiu com um pano onde estavam enrolados os restos de Nicolas, o cremaria, dando um fim digno ao inimigo. Ele colocou o corpo do outro sobre uma pilha de madeira, ateando fogo.
— Que sua alma possa ter paz depois de sua morte — ele murmurou olhando para o corpo em chamas.
O som de alguma coisa vindo da mata chamou a atenção deles, eram os membros da guarda pessoal da Alcateia. Haviam vindo buscá-los, provavelmente sabiam que não iriam se entregar tão fácil para o julgamento.
— Quantos vermes temos aqui! — Um deles falou olhando para Miguel e para Paulo. — Peguem todos, menos a criaturinha humana. Podem matá-la.
— Ela não é um humano! — Miguel se coloco
Paulo soltou o ar pela boca, olhando as pessoas que preenchiam o grande salão da Alcateia. Não havia passado nem uma semana desde que ele era um dos prisioneiros acorrentado naquelas pilastras. Giovanna havia conseguido muito mais do que ele esperava e, pela primeira vez, ele falaria não só em público sobre ser um lobisomem, mas também para a grande mídia.Miguel se aproximou, havia sido convidado por Paulo para ser seu braço direito. Todavia, tinha negado o convite, jamais voltaria a ser parte da Ordem e sabia que Paulo tinha intenção de lhe dar a liderança do grupo de elite dos lobisomens. Mesmo assim, não abandonaria o outro, sempre estaria por lá como um amigo, voltaria para a Alcateia para ser alguém em quem Paulo poderia confiar.— Muitos jornalistas estão aqui. — Paulo olhou ao redor. — Não acreditei que eles realmente viriam.
Carter desligou a televisão enquanto ela exibia o líder dos lobisomens se transformar em besta. O homem apagou o cigarro no cinzeiro, seu olhar transparecia ódio. Não deixaria que a humanidade caísse de amores por aqueles monstros que prometiam proteção, tudo que eles trariam era a morte e ele mostraria isso para eles. Sua pele havia sido marcada pelas garras de uma daquelas bestas no passado, e não deixaria o destino fazer isso com mais nenhum dos humanos, poderiam se livrar de ambas as espécies mutantes sem nenhuma ajuda.— General, os prisioneiros chegaram. — Um soldado falou, entrando na sala do outro homem.— Ótimo.Carter saiu de sua poltrona e seguiu o subordinado rumo à sala de interrogatório. Um homem e uma mulher estavam sentados, acorrentados em sua frente. Ambos pareciam jovens, não mais de vinte anos, mas ele sabia que aquela não era a
Copyright © 2021 Rafaela Andrade Fonseca. Todos os direitos reservados.Os personagens e eventos retratados neste livro são fictícios. Qualquer semelhança com pessoas reais, vivas ou mortas, é mera coincidência e não foi pretendida pelo autor.Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou armazenada em um sistema de recuperação ou transmitida de qualquer forma ou por qualquer meio, eletrônico, mecânico, fotocópia, gravação ou outro, sem a permissão expressa por escrito do editor.ISBN:978-65-00-32613-0Capa: Vanessa Andrade FonsecaRevisão: Otávio GamaAgradecimentos: Quero agradecer a todas as pessoas que estiveram presentes no desenvolvimento dessa história. Por menor que tenha sido sua participação, saiba que ela foi importante para mim. Amo todos voc
Era noite. A lua cheia brilhava implacável, iluminando as ruas e becos da área industrial da cidade. Aquele era o tipo de lugar onde os vampiros se escondiam, pois ficava abandonado durante a noite. O silêncio foi quebrado pelo som dos pneus contra o asfalto quebradiço, devido aos muitos anos de desgaste e abandono. O veículo parou em frente a uma das muitas fábricas que estavam abandonadas e dele desceu um grupo de homens e mulheres uniformizados. Outros dois veículos estacionaram ao lado do primeiro, e mais pessoas se juntaram ao grupo. Aparentemente se tratava de militares ou alguma coisa do tipo, devido ao uniforme escuro que usavam.Os membros do grupo caminhavam próximos uns dos outros e mantinham alerta total. O homem que parecia ser o líder parou, ele não aparentava ter mais de vinte e cinco anos, assim como os outros. Ele gesticulou para que seus homens se espalhassem de forma que ocupassem boa part
O carro seguia pelas ruas do centro da cidade, vindo de um dos bairros da periferia. Era uma das poucas manhãs frescas naquele começo de verão, fazendo com que as ruas ficassem cheias de pessoas que aproveitavam o dia na praça principal da cidade. As duas mulheres no veículo, mãe e filha, estavam em silêncio. Não um silêncio constrangedor, elas apenas não tinham do que falar enquanto seguiam para o centro médico onde a garota fazia seu tratamento.Mariana bufou apoiando a cabeça no vidro da janela do carro, estava cansada das constantes idas ao médico para as transfusões de sangue. Infelizmente, havia nascido com uma rara doença de sangue praticamente sem cura, e a única maneira de mantê-la viva era fazendo o procedimento que vinha se tornando gradativamente mais eficiente. Os cabelos negros e cacheados da garota mexiam com o vento que entrava pela fresta da jan
Paulo olhou para as flores em sua mão enquanto a porta do quarto fechava atrás de si. O jovem arrumou os cabelos e jogou o ramalhete em uma lixeira, não precisava mais delas, já havia encontrado quem procurava. O rapaz seguiu em direção à saída do hospital parando, ao escutar o som de uma voz familiar. Ao virar, se deparou com Miguel que o encarava.— O que faz aqui? — Miguel indagou, se aproximando do outro.Paulo sorriu reconhecendo o médico, mesmo depois de tantos anos o outro não havia mudado praticamente nada. Ainda mantinha o semblante sério e o constante alerta contra tudo e todos, era realmente um dos cachorrinhos que seu pai havia domado.— Agora entendi o motivo de ter tido tanta dificuldade em rastreá-la, o cheiro dela estar disfarçado com o seu! — Paulo falou o encarando. — Achou que a Alcateia não ia encontrar a garota em a
Nicolas entrou na casa de fazenda fora da cidade, jogando a mochila sobre o sofá. Ele sentia-se patético em ter que fingir ser um aluno do ensino médio, mas era assim que o Clã do qual fazia parte estava sobrevivendo a tanto tempo sem ser perseguido. Sua função era procurar e eliminar todo futuro lobisomem não permitindo o aumento do número de membros da outra espécie. Dara se aproximou dele, os olhos vermelhos da vampira pareciam duas brasas em chamas contrastando com a pele cor de ébano da mulher que quase sempre mantinha sua forma das sombras.— O Ian quer falar com você! — Dara falou sentando-se no sofá.— Claro!Nicolas seguiu para os fundos da casa, abrindo a porta de onde funcionava o escritório de Ian. Sobre um sofá, uma jovem estava desacordada com o pescoço sangrando, os cabelos claros da garota tomavam um tom avermelhado em contato
Miguel olhou pela janela, o céu ostentava uma enorme lua de cor amarelada. O homem respirou fundo, tinha mantido Mariana em segurança desde o dia em que a havia conhecido, quando ela chegou à cidade, mas depois da próxima noite não poderia mais protegê-la. A garota estaria entregue ao seu destino. Paulo se aproximou do outro na janela.— Eu tenho uma pergunta — ele falou, tirando a atenção de Miguel — Por que ninguém despertou nessa cidade há centenas de anos? Uma coisa é a Alcateia ter abandonado o lugar, outra completamente diferente é não acontecer nenhum despertar.— É o que sempre me pergunto! Quando eu fazia parte da Ordem, estávamos de olho nos desaparecimentos de crianças da cidade. Tínhamos uma suposição de que elas poderiam ser lobisomens ainda não despertos, mas a teoria acabou não dando em