Capítulo 2

Ariel Drummond 

— Cadê o beijo da mamãe? - Chamo a atenção dos três antes de passarem pelos portões do colégio. — Não vão dar ?

Suzana e Estella se aproximam, beijam minha bochecha e voltar a seguirem para dentro da escola, Nikolai virou o seu corpo começando a andar cuidadosamente afim de ser livrar dos meus beijos.

— Estou esperando o seu beijo, príncipe.

Ele bate as mãos e volta na minha direção fazendo bico irritado, levo minhas mãos até suas bochechas e as aperto, beijo a sua testa e sua bochechas, ele resmunga e reclama do aperto, meu pequeno é tão novinho já não aceita meus carinhos ainda mais em público. Um grupo de garotos passam por nós e encaram meu filho com sorrisos, ele se afasta dos meus beijos e limpa o seu rosto manchado com o meu batom, ele vê a sua mão suja e fala aborrecido:

— Mamãe, a senhora tem que parar com isso!

— Nunca! - volto a beija-lo

— Não faz em público!

Nikolai suspira e anda em passos largos até os portões, antes de sumir completamente do meu campo de visão ele vira e me dá tchau com as mãos e me solta um beijo, fiquei derretida com a sua atitude inusitada, se eu soubesse que ele faria aquilo eu teria pegado o meu dispositivo, aquela cena não acontece todo dia.

Viro meu corpo e anda para o meu carro, sigo para o trabalho, assim que chego estaciono o veículo, anda na recepção até chegar na minha sala para guardar meus pertences, coloco meu jaleco e estetoscópio, reviso prontuários antes de iniciar meu trabalho, hoje irei da alta a alguns pacientes.

— Ariel !

Antes de fazer qualquer coisa ouço a voz de Anthony ecoar pela minha sala, viro-me e dou de cara com ele.

—  Olá Anthony, bom dia ! - Cumprimento com um pequeno sorriso.

— Bom dia bela dama. - ele se aproxima de mim e me estende um prontuário.

Anthony é um colega de trabalho , nos conhecemos há três anos, ele assumiu o cargo de uma das enfermeiras que eu matei anos atrás, ele é um cara legal, é muito bonito, atencioso e bastante educado, seus cabelos são castanhos escuros , sua barba é rala e bem feita sem nenhum defeito, é alto e bastante forte, um verdadeiro filho dos deuses, muitas vezes ele me chamou para sairmos, mais sempre recusei, não esqueci o Arthur e ainda não me sinto preparada para ter outro homem na minha vida.

— O sr Smith está esperando a sua chegada. - Ele informa se referindo ao paciente da noite anterior.

Fomos em direção ao elevador para chegarmos ao terceiro andar, o senhor Smith havia sido atendido na noite anterior com uma febre altíssima e dores no abdômen, após atende- lo, médica- lo o enviei para um quarto para passar a noite em observação.

— V - você dormiu bem ? - Anthony pergunta assim que abre a porta do elevador.

— Sim, dormi super bem, e você ?

— Eu também. - sorrir nervoso.

— Isso é bom. - sorri involuntária enfiando minhas mãos dentro do jaleco.

Andamos pelo corredor até chegar a sala onde o senhor Smith passou a noite, ao passar pela porta vejo- o tentando se levantar da cama, mas uma enfermeira tentava o impedir.

— Me solte sua desengonçada! - ordenou em voz alta tentando lutar contra a enfermeira. — Me traga a ruiva, eu quero a ruiva !

— Senhor Smith ?

Ao ouvir a minha voz ele parou de resistir, ele me encarou e abriu um enorme sorriso.

— Aí está ela, finalmente ! - Ele volta a se deitar na cama conformado. — Onde estava ? Você me deixou sozinho com essa enfermeira burra. - Ele ofende Victória, a enfermeira que trabalha a mais tempo no hospital.

— Já estou aqui, o senhor  tem que se acalmar. - Ele me interrompe.

— Veja. - Ele aponta para o braço. — Estou todo furado por essa incompetente !

Victória assustada tenta se justificar:

— Senhora eu estava nervosa com ele gritando e ... - eu a interrompo.

— Tudo bem, não tem problema, pode se retirar agora. - sorri para ela tentando acalma- lá.

A enfermeira sai e eu me aproximo do paciente, ele me encara fascinado, me parecia admirado, não me importando da forma que  ele me encara eu pego a seringa e ponho a medição em seu soro.

— Você é tão linda, parece um anjo !

Sorri envergonhada pelo elogio, nesse momento Anthony se aproxima e fala :

— Nisso tenho que concordar com o senhor.

— Saia daqui, só preciso dela.

Anthony envergonhado apressou seus passos para fora do quarto nos deixando a sós.

— O senhor foi rude com ele.

— Ele estava servindo como escultura no quarto, mas me diga, doutora.. - Ele sorriu malicioso.

— O que quer saber ?

— Você é casada ?

— Sou viúva.

Sua expressão muda quando o respondo, ele abaixou a cabeça e falou com ternura :

— Meus pêsames.

— Obrigada, já faz muito tempo.

— É evidente que ainda o ama,e entendo a sua dor, eu também sou viúvo. - Ele revelou pensativo. — Perdi a minha metade há nove anos, ela era uma mulher encantadora, desde então eu não arrumei mais ninguém.

Escutei as suas palavras com aperto no peito, sinto saudades do meu possessivo gostoso, mas sentir saudades não o trará de volta, controlei a vontade de chorar e lhe dei alta depois que acabou o seu soro.

******

A  horas  passam lentamente durante o dia ativo e ensolarado,  junto com Anthony atendemos alguns pacientes e demos altas para outros, estávamos esperando o horário de almoço para irmos ao refeitório almoçar com Victória, ela havia nos avisado que havia uma fofoca imensa para nos contar, independente do seu profissionalismo ela é muito fofoqueira, tudo que acontece no hospital ela é a primeira a saber, e como somos um trio de trabalho, Anthony e eu ficamos muito bem informados.

— Estou curioso sobre o que ela tem para nos contar. - Anthony fala entusiasmado enquanto havia uma sutura no braço de uma senhora.

— Não me lembre disso, fico mais ansiosa do que já estou. - Peço enquanto tentava escutar a respiração da outra senhora.

– Sobre o que estão falando? - pergunta a senhora que estava sendo atendida por Anthony.

— Deixe de ser curiosa sua bruxa. - a que estou atendendo ofende a outra.

As duas haviam chegado no hospital em ambulâncias diferentes por terem se agarrado no meu da rua onde  moravam, isso tudo por uma suposta traição, elas por serem senhoras de idade foram enviadas para o hospital, uma cortou o braço e a outra sua pressão subiu as alturas.

— Bruxa é você sua rouba maridos!

— Não tenho culpa que ele me procura,Rose. - diz a minha paciente abrindo um sorriso nos lábios. - Heitor gosta do que eu faço sem a minha chapa.

Anthony e eu ficamos calados e as deixamos discutir, minutos mais tarde após entrarmos no horário de almoço fomos diretamente ao refeitório , nos sentamos em uma mesa com nosso almoço e esperamos Victória surgir e nos contar a fofoca do dia.

— Ansiosos? - ela surge atrás de mim e senta ao meu lado.

— Conta logo. - peço inquieta.

— Fala logo boneca de voodoo. - Anthony pede impaciente.

— Paciência mandou lembranças espantalho. - ela revira os olhos e começa:  — O chefe do hospital se aposentou.

— Nossa! Era só isso ? - perguntei desapontada.

— Calma que ainda tem mais, o dono vendeu o hospital e o novo dono é um puto de um gostoso! - diz entusiasmada .

— Uau! Quem é o novo chefe ?

— Vamos conhecê- lo amanhã. - Ela diz entusiasmada.

Após o almoço voltamos ao trabalho, durante a tarde trabalhei sozinha, não nos vimos mais, logo assim que meu expediente havia se encerrado eu voltei para minha sala e apanhei meus pertences. Já no carro dirijo até estacionar na garagem, meus pequenos já estavam em casa desde as 14h da tarde, estava morta, totalmente cansada, porém, hoje é o dia em que meus pequenos completam cinco anos  e iremos comemorar, não deixarei que toquem no assunto voltados ao seu pai.

Ao passar pela porta do apartamento vejo- o sentados no sofá todos arrumados esperando a minha chegada.

— Mamãe ! - Suzana veio ao meu encontro e me abraçou.

Estella ficou olhando para nós com os olhos cerrados , me aproximei do sofá e beijei suas bochechas, encarei Nikolai, ele estava concentrado no desenho que passava na televisão.

— Boa noite meu príncipe.

— Boa noite mamãe.

Suzana se senta no sofá junto com os seus irmãos e informei antes de subir as escadas :

— Vou tomar banho, logo após iremos jantar fora.

Suzana e Estella comemoravam entusiasmadas, lancei um olhar para Nikolai que ao menos comemorou com suas irmãs

Subi as escadas e entrei no meu quarto depositando as minhas coisas sobre uma cadeira, depois fui diretamente para o banheiro me livrando das roupas, entro no box e toma um banho. Eu deveria estar feliz pelo aniversário dos meus pequenos, meu desejo era que o Arthur estivesse conosco, ele deveria está aqui.

Após o banho voltei para o quarto e me aproximo do closet, de lá escolhi uma roupa moletom para sair com meus pequenos, depois de vestir peças íntimas coloquei o conjunto e um sapato branco nos pés, no cabelo optei por deixá-los soltos, peguei a minha carteira e fui para a sala, ao descer as escadas eles se viraram e me contemplaram com brilho nos olhos.

— Tá gatinha mamãe. - Estella me elogia.

— Obrigada meu amor.

— Mas.. por que ir tão arrumada ? - Nikolai me questiona.

— Eu não estou arrumada meu amor. - Apenas arqueei a sombrancelha e encaro os três apontando para a porta: — Vamos !

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