(Quatro anos depois)
Hoje é o meu 29º aniversário, e aqui estou eu, mergulhada na pista de dança com meu parceiro de festa, David. Estou completamente alcoolizada, flertando com diversos caras e tentando descobrir com quem vou encerrar a noite. É incrível pensar como, há apenas quatro anos, eu era a imagem da compostura; agora, não há limites para minha promiscuidade. Minha deusa interior está no controle, e estou deixando-a liderar livremente.
Enquanto flertava com um sujeito do outro lado da pista, meu amigo apareceu carregando várias doses de bebida.
— Se somos só eu e você, por que toda essa bebida? – Perguntei, já aceitando uma dose de tequila que ele ofereceu.
— Miga, estou nas nuvens! Acabei de ter uma surpresa maravilhosa no banheiro.
— Hmm! Então, vamos brindar ao seu traseiro que perdeu mais uma batalha.
— Ai, Cat! Que coisa horrível de se dizer para o melhor amigo, estou chocado. – Nós dois rimos da sua farsa de indignação. — Amora, merecemos a felicidade e encontrar o amor das nossas vidas. – Sei que meu amigo está completamente bêbado quando começa a filosofar sobre o amor.
— Por que você não vai beber água, migo? Já está para lá de bêbado. – Sugeri, vendo a careta que ele fez.
— Eu sei que você sofreu, mas acredito que um dia encontrará alguém que consiga alcançar o fundo do seu coração.
— Ai que chatice! Vamos beber, estou ficando deprimida. – O nosso papo merda, estava me deixando na deprê e não queria que nada atrapalhasse a minha noite perfeita.
Brindamos mais uma vez e tomamos quatro doses de uma só vez. Não sou muito de falar sobre amor; já amei Rafael com todo o meu ser, e ele me traiu da pior forma possível.
— Ei, disfarça e olha ali, tem um cara te encarando.
Quando me virei, deparei-me com um homem moreno, com um sorriso capaz de fazer qualquer um perder o chão.
Ele percebeu meu olhar e sorriu ainda mais; ergui meu copo para ele, e ele fez o mesmo.
— Nossa, você já está flertando com ele?
— Claro, eu posso.
Enquanto conversava com David, um verdadeiro Adônis passou por nós. Moreno, olhos verdes, cabelo úmido espetado, vestindo uma camiseta preta que ressaltava seus músculos. Uma tatuagem de caveira adornava seu braço, e sua calça jeans destacava sua cintura perfeita. Sua bunda era simplesmente apetitosa, e eu senti vontade de dar uma mordida.
Ele passou por mim e me piscou um olho, e foi então que David despertou. Lhe ofereci o meu melhor sorriso malicioso e segui o bonitão com os olhos até ele se sentar na mesa de outro cara gato.
— Já decidiu qual vai ser o sortudo? – Perguntou David, com um sorriso malicioso.
— Não fui eu quem escolhi, e sim minha caçadora. – Tomei mais um shot.
— E qual deles você vai querer?
— Pergunta difícil de responder, tem um gato e um gostosão na mesa. – Olhei por cima dos ombros discretamente e observei que eles conversam e enquanto o gostosão gesticulava sua tatuagem remexia.
— Amiga, nossas bebidas acabaram. Quer que eu vá buscar mais?
— Não, eu mesmo vou – levantei e me dirigi ao bar, na esperança de atrair a atenção do bonitão.
Cheguei perto do barman e pedi várias doses coloridas, e pedi para caprichar no álcool.
— O Opala perde para vocês. – Ele disse, rindo. — Estão comemorando algo especial?
— Meu aniversário. – Respondi entusiasmada.
— Meus parabéns! – Agradeci a ele.
— Oficialmente meu aniversário é meia-noite.
— Então, estou servindo por conta da casa. Parabéns adiantado.
Ele me piscou um olho, e eu agradeci com um sorriso, deixando as bebidas na mesa e avisando a David para ficar de olho nelas enquanto eu ia ao banheiro.
Depois de quase vinte minutos esperando no banheiro, finalmente consegui entrar. Enquanto lavava as mãos, uma mulher se aproximou de mim.
— Você é linda! – Ela disse, tocando meu braço.
— Obrigada você também. – Sorri para ela.
Estava retocando minha maquiagem, e a mulher continuou a me encarar; peguei meu gloss, e assim que passei, ela me olhou com interesse evidente.
— Esse gloss é incrível.
— É da Chanel, chama-se Excitation. Quer experimentar? – perguntei, estendendo o gloss em sua direção.
— Eu gostaria de provar dos seus lábios.
— Desculpe, mas já tentei pegar mulher e não rolou. Você é maravilhosa, mas não é a minha praia. Desculpe.
— Sem problemas, querida. Gostei de você; pelo menos foi sincera.
Ela me deu um selinho e saiu; pouco depois, eu também saí e voltei para minha mesa. David reclamou que eu demorei, e eu contei a ele o que aconteceu no banheiro.
— Não quis aproveitar a oportunidade? – Ele perguntou, e eu neguei.
— Você sabe que não é minha praia. – Disse a ele, que concordou.
— Se a Paola estivesse aqui, ela não perderia essa chance. – Ele comentou, e eu o encarei.
— A Paola está em Curitiba, muito bem casada. Deixe nossa amiga em paz; pelo menos ela se deu melhor que nós dois.
— Chega desse papo,né? Espera só que vou resolver isso.
David levantou-se e foi falar com o DJ; em pouco tempo, uma de nossas músicas favoritas começou a tocar. Ele pegou minha mão, e começamos a dançar animadamente. Um cara me encoxou, e eu dancei; ele não era tão bonito quanto o gostosão sentado, mas aproveitei a oportunidade para me divertir e ver se o bonitão se aproximava.
Quando a música acabou, David me abraçou e disse que já era meia-noite.
— E aí, como se sente sendo uma mulher de 29 anos? – Perguntou ele, e eu dei de ombros.
— Ainda me sinto eu mesma. Por quê? Deveria estar reclamando de dor nas costas ou reumatismo por causa da idade?
Antes que David pudesse responder, um bolo em formato de pênis foi trazido à nossa mesa. Olhei para ele, e ele começou a gargalhar.
— O que foi? Não me olhe assim, eu sei que você A-D-O-R-A.
Nós dois rimos, e em poucos minutos, até mesmo pessoas que não conhecíamos estavam batendo palmas e cantando parabéns para mim. Se eu estava constrangida? Nem um pouco!
Depois da comemoração, David continuou cuidando das bebidas, e eu decidi aproveitar a noite ao máximo. Afinal, meu 29º aniversário estava apenas começando.
— Ever, tem uns olhares bem quentes vindo na sua direção. Será que vai rolar uma briga pelo seu coração hoje? – David me lança um olhar malicioso, e não consigo segurar o riso. Meu amigo é sempre um poço de animação. — Oh, pára com isso! Você tá impossível hoje. – Respondo entre risos, enquanto tomo um gole da minha bebida. Nosso clima de descontração é interrompido por uma garçonete que traz uma bebida que não pedi. — Desculpa, moça, acho que houve um engano. – A garçonete me explica, e então aponta na direção dos caras e peguei o gato e o gostosão olhando disfarçadamente. Um deles me paga uma bebida e pede meu número. — Eita, já temos um pretendente, hein? – David não consegue conter a empolgação, batendo palmas como se estivesse assistindo a um espetáculo. — Você e suas brincadeiras, David. – Sorrio para ele, enquanto penso no que aprontar. Escrevo algo em um guardanapo e entrego discretamente à garçonete. Mal posso esperar pela reação dos caras. Enquanto esperamos, David me
Ao me aproximar da morena, testemunhei seu poderoso golpe contra o babaca que a havia importunado mais cedo. A cena me deixou indeciso entre a risada e a preocupação genuína com o homem. Aquela mulher não era apenas uma beleza estonteante, mas também uma força da natureza. O homem caído no chão, segurando suas partes íntimas, recebeu uma advertência direta da morena. Ela exalava confiança e determinação, e, de repente, eu me senti ainda mais atraído por ela. — Se você se aproximar de mim novamente, vou te esmurrar até 2050, entendeu? – Ela perguntou, e o cara balançou a cabeça. — Responde com a boca, seu babaca. — S… S… Sim, senhora. – Ele gaguejou. — Agora peça desculpas? – O cara pediu desculpa e ela o ajudou a levantar. — Bom garoto! Agora vá embora. – O cara passou por mim igual um foguete. Assim que o cara se foi, ela se virou para mim, seus olhos mel esverdeados brilhando com uma mistura de coragem e intensidade. — E você, o que quer? – Ela me olhou, e eu fui direto ao pon
— Que mundo pequeno. – O moreno gostoso disse enquanto o outro só me encarou. — Retiro tudo que eu disse. — Querido, mesmo que você lamba os meus pés eu não vou esquecer o que disse. — Posso lamber outra coisa, – Ele disse em meu ouvido e seu colega estava tentando entender o que estava acontecendo. — Morena esse aqui… — No local de trabalho prefiro que use meu nome, me chamo Everlly Soares.— Tudo bem morena, ops senhorita Everlly Soares, este é meu sócio Rafael Sobral. – Apertei a mão do outro cara, mas logo me lembrei do meu ex, e balancei a cabeça para esquecer. Carlos se aproximou e eu disse que estava inteirada no caso, não demorou muito fomos chamados e entramos, resolvemos a questão do assédio rapidamente e entramos em acordo com a vítima, além da demissão do tal funcionário. Com tudo resolvido saímos da sala Carlos pegou a minha pasta e disse que me encontraria no carro. — Peraí morena, você nem perguntou o meu nome. — É preciso? Nos documentos estão o seu nome e o juiz
Acordei com meu celular apitando sem parar, e quando olhei o visor, era David. Encarei o aparelho algumas vezes e sinceramente cogitei jogá-lo na parede, mas desisti. — O que foi, David? Por que está me ligando às… – Olhei no visor novamente. — Três da manhã.— Amiga, preciso muito de você. – Ele estava chorando, o que era muito estranho, já que David não era desse tipo de pessoa. Perguntei a ele o que estava acontecendo, e ele apenas chorava ainda mais. Isso já estava me preocupando. Perguntei onde ele estava, e quando me disse que estava em um motel, pedi o endereço e me arrumei rapidamente. Passei uma maquiagem rápida só para tirar a cara de sono, e quando estava pronta, saí. Fui dirigindo igual a uma louca e finalmente cheguei no tal motel. Pedi para entrar, só que o atendente me disse que não poderia permitir. Então, precisei puxar ainda mais o meu decote e falar de uma maneira mais sexy, e logo ele me deu a permissão. Pisquei para o atendente, que sorriu. “Homens são tão babacas
Estava dançando ao som de "Crazy in Love" quando meu celular começou a tocar insistentemente. Ao ver o nome da minha mãe piscar no visor, eu sabia que ela iria me encher de perguntas.— Filha, você já comeu?— Já.— Eu sei que está mentindo, Everlly Caroline. Filha, você melhor do que ninguém sabe que precisa se alimentar decentemente.— Estou comendo uns pedaços de queijo, fique tranquila.— Se está comendo queijo, é porque está bebendo vinho. Ever, você precisa cuidar mais de sua saúde.Minha mãe ficou quase meia hora dizendo que eu deveria tratar melhor a minha saúde, que eu tive uma segunda oportunidade de viver, enquanto muitos morreram, e tals. Eu apenas escutava e fazia alguns sons com a boca para que ela percebesse que eu estava prestando atenção. Depois de muita briga, ela me lembrou que eu era a única que havia sobrado da família, e ela não queria me perder.Entendo a minha mãe, e sei que estou sendo relapsa com a minha saúde, mas eu passei anos só fazendo o que era correto
Estacionei com toda a fúria em frente à concessionária, e quando me aproximei da recepção, Juliana, uma conhecida, se levantou para me abraçar. — Ever, cada vez que te vejo você está muito gata, meu irmão não para de falar de você. – Conheci Jonas, seu irmão no ano passado; tivemos um sexo bacana, mas nada de muito emocionante. — O que faz aqui, menina? Não me diga que voltou com o... — Não diga o nome do inominável. Na verdade, vim falar com ele. – Ela percebeu meu olhar de fúria e sorriu. — Ele está na sala com uma “cliente”. Como sabia o caminho, fui até lá e, quando cheguei, abri a porta com tudo. Rafael e a mulher estavam se beijando, e ela ficou muito sem graça quando me viu. — Quem é ela, Rafael? – A mulher perguntou. — Sou a ex-noiva dele, querida. Você pode ir para aquele cantinho que eu preciso acertar as contas com esse safado. Não vou demorar. – Disse à mulher que fez exatamente o que mandei. — Se veio aqui é porque recebeu as flores. – Ele sorriu. — Que porra é isso
Já havíamos perdido as contas de quantas latinhas tínhamos bebido, e depois de várias conversas aleatórias, David finalmente me perguntou o motivo de eu ter ido até o trabalho de Rafael. Eu me levantei, peguei a minha bolsa e lhe dei o cartão. Assim que ele leu, olhou para mim com o cenho franzido.— Ele te mandou um bilhete com desculpas depois de quatro anos?— Amigo, você leu direitinho o bilhete, não achou nada estranho?— É tarde demais agora para pedir desculpa? Porque eu sinto falta mais do que só do seu corpo. Na verdade, sinto falta de você inteirinha. É, eu sei que te decepcionei, mas te pergunto mais uma vez, é tarde demais para pedir desculpa? – Ele leu mais uma vez, e como vi que não entendeu porcaria nenhuma, peguei meu celular e coloquei a música. — O que tem haver a música com as desculpas do babaca?— Eu ainda te disse que deveria estudar inglês ao invés de fazer italiano. – Mostrei a ele a tradução da música, e só aí ele percebeu.— Que filho da puta! Nem pra pedir d
Jefferson AlbuquerqueO dia de hoje está uma correria, não aguento mais entrar e sair de reuniões. Rafael não veio trabalhar, pois disse que passaria o dia com sua mãe e largou toda a bomba na minha mão. Mais cedo meu pai veio me visitar e perguntou como têm sido as coisas para mim. Digo a ele que estou levando da forma que dá.Por volta das três da tarde, estava finalizando uma reunião quando recebi uma ligação da escola da minha filha dizendo que a mãe dela está na secretaria tentando levar Renata. Na mesma hora, finalizei a reunião às pressas e corri para a escola de Renata. Quando cheguei lá, vi Gisele fazendo a maior confusão.— O que você faz aqui? – Perguntei me aproximando dela e tentando me controlar ao máximo.— Eu sou mãe da Renata e tenho total direito de vê-la quando quiser.— Você sabe muito bem que perdeu esse direito há três anos.— Você me fez perder esse direito, você é um desgraçado, um desgraçado – ela avançou para me socar e prendi a sua mão.— Se você me bater vo