Capítulo 06

Estava dançando ao som de "Crazy in Love" quando meu celular começou a tocar insistentemente. Ao ver o nome da minha mãe piscar no visor, eu sabia que ela iria me encher de perguntas.

— Filha, você já comeu?

— Já.

— Eu sei que está mentindo, Everlly Caroline. Filha, você melhor do que ninguém sabe que precisa se alimentar decentemente.

— Estou comendo uns pedaços de queijo, fique tranquila.

— Se está comendo queijo, é porque está bebendo vinho. Ever, você precisa cuidar mais de sua saúde.

Minha mãe ficou quase meia hora dizendo que eu deveria tratar melhor a minha saúde, que eu tive uma segunda oportunidade de viver, enquanto muitos morreram, e tals. Eu apenas escutava e fazia alguns sons com a boca para que ela percebesse que eu estava prestando atenção. Depois de muita briga, ela me lembrou que eu era a única que havia sobrado da família, e ela não queria me perder.

Entendo a minha mãe, e sei que estou sendo relapsa com a minha saúde, mas eu passei anos só fazendo o que era correto e sempre me ferrava no final. Agora, decidi que iria viver de acordo com o meu pensamento; que se foda o resto. Eu preciso parar de ser cuzona com a minha mãe; ela só fez me amar e me proteger a vida toda.

Como me senti culpada, fui para a cozinha e preparei um macarrão para comer. Eu amo cozinhar, mas cozinhar para si mesmo é uma merda. Terminei meu jantar e, enquanto lavava a louça, percebi que precisava de uma foda bem dada, de preferência uma que me fizesse esquecer aquele moreno gostoso chamado Jefferson.

Me arrumei rapidamente e fui para um bar que havia perto de casa. Como era dia de música ao vivo, eu sabia que encontraria um carinha disposto a ir para minha casa. Me sentei no bar, pedi uma cerveja ao barman, e estava puxando assunto com ele até que um cara se aproximou, sentou ao meu lado e começou a puxar conversa. Passados vinte minutos, eu o convidei para minha casa, e estávamos saindo quando senti alguém tocar meu ombro. Me virei para ver quem era, e era Jefferson. Isso só pode ser castigo divino.

— Parece que temos a mania de nos encontrarmos. – A voz grave dele enviava eletricidade pelo meu corpo.

— Verdade, oi e tchau! Vamos, gato. – Puxei a mão do cara, mas Jeff se aproximou e falou algo em seu ouvido. O cara rapidamente deu uma desculpa e foi embora.

— Porra! Por que está me perseguindo? Acabou de me fazer perder uma boa trepada.

Estava furiosa com esse cara que age como se fosse o meu dono.

— Ele não é homem pra você. – Jeff deu aquele sorrisinho cafajeste.

— E nem você.

— Engraçado, se não sou homem pra você, por que me pediu para te foder com mais força.

Jefferson começou a imitar a minha fala na cama e estava atraindo atenção para nós.

— Admito, foi uma foda gostosa pra caralho, mas já passou! Esquece.

Me virei para sair, e ele puxou a minha mão, e mais uma vez a eletricidade estava percorrendo pelo meu corpo.

— Vai dizer que não quer repetir.

— Prefiro usar meu vibrador, me dá licença e para de ficar me assediando.

Olhei para ele com raiva e voltei para casa muito revoltada. Graças ao filho da puta, terei que usar a porra do vibrador.

Quando cheguei ao escritório na manhã seguinte, Magno entrou em minha sala todo alegrinho.

— Bom dia, Cattleya.

— Só se for pra você. – Digo irritada, e ele me encara por alguns segundos.

— Por que está irritada, Ever?

— Seu cliente não me deixa em paz. Não sei com que intuito dele, mas está me irritando de verdade. Acredita que ontem ele, além de empatar a minha foda, queria ir pra minha casa transar? E daí que a gente se pegou uma vez? Ele pode ficar me mandando flores ou me chamando para me dar orgasmo quando lhe der na teia.

Meu amigo estava me olhando completamente confuso, e me pediu para explicar a história direitinho para ele. Quando expliquei, ele me encarou de cenho franzido.

— Isso é bem estranho, Jeff é nosso cliente há muito tempo, e sei que ele não tem namorada ou ficante. Na verdade, ele é um espírito livre igual a você, não se apega. Tem certeza que está falando do mesmo cara?

Ouvindo Magno, eu fiquei confusa. Se ele é um espírito livre como eu, por que fica me perseguindo? Meu amigo perguntou se queria que eu falasse com ele, e neguei, dizendo que posso lidar com isso. Antes de sair, Magno me entregou um copo de café e um presente, e me agradeceu novamente por ter ajudado ele e Bruno. Marcamos de conversar no almoço, e meu amigo saiu.

Não demorou, Carlos entrou lendo a minha agenda. Quando ele falou o nome do Lucas, já revirei os olhos.

— Se for outro processo trabalhista, manda ele para o Magno ou a Juli. Não aguento mais livrar a cara dele.

— Eu até posso recomendar um dos dois, mas ele é o seu cliente, Ever.

De dois em dois meses, surge alguém na empresa dele na justiça, e ele corre para que eu o salve. Já dei várias dicas ao dito cujo, só que ele prefere economizar, e a porra dessa economia traz problemas para ele, que j**a no meu colo e quer que eu resolva da melhor maneira que não afete o seu bolso. Esse é o lado ruim de ser uma advogada trabalhista.

— Como eu queria ficar a minha energia em processos trabalhistas.

— Infelizmente aparecem poucos casos dessa magnitude para nós.

Carlos terminou de ler a minha agenda do dia e depois se retirou. A parte mais divertida do meu dia é que hoje vou ao hospital ver as crianças.

A hora do almoço chegou, e enquanto eu falava sem parar, meus amigos só me encaravam. Tenho certeza de que eles estavam perdidos no que eu falava.

— Vocês não vão dizer nada? Vou ter que ficar aqui tagarelando sem parar? – Perguntei a eles.

— Estamos perdidos nessa história, Ever. – Bruno me encarou, e revirei os olhos.

Expliquei a eles novamente tudo que aconteceu desde o meu aniversário até ontem a noite.

— Vou ser sincero com você, amiga, acho que está na hora de largar essa vida de pegar sem se apegar. Você e David estão presos ao passado, e isso está influenciando o presente de vocês. Por conta disso, talvez nem tenham um futuro.

— Obrigada por esfregar na nossa cara que somos fodidos no amor, isso já sabemos.

— E o que estão fazendo para mudar? – Agora foi a vez de Magno perguntar.

— Entrar em um relacionamento não é nada fácil, e vocês lembram muito bem o quanto sofri com Rafael. Não quero ficar destruída daquele jeito novamente. Só o David sabe como realmente fiquei.

— Hey! Ninguém está dizendo que ter reservas é ruim. O que estamos dizendo é que você não pode ficar fazendo rodízios de homens. Isso pode fazer bem para o corpo, mas não para a alma, e você sabe muito bem disso. Se me disser que isso é mentira, eu paro de falar agora.

Os dois ficaram me encarando, e fiquei muito desconfortável. Pedi a eles para mudarem de assunto. De certa forma, os dois estavam certos, mas eu jamais daria o braço a torcer.

Após o almoço, voltamos para o escritório, e estava trabalhando até receber um buquê de orquídeas, minhas flores favoritas, e só quem sabe sobre isso são meus amigos e família.

Peguei o cartão, e quando li, meu sangue subiu. Peguei minhas coisas e avisei a Carlos para cancelar meus dois últimos compromissos de hoje. Ele estava bem confuso, mas quando viu meu olhar de furia, apenas assentiu.

Bati a porta do meu carro com toda força, e enquanto dava a partida, jurei que faria aquele babaca comer cada pétala.

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