Acordei com meu celular apitando sem parar, e quando olhei o visor, era David. Encarei o aparelho algumas vezes e sinceramente cogitei jogá-lo na parede, mas desisti.
— O que foi, David? Por que está me ligando às… – Olhei no visor novamente. — Três da manhã.— Amiga, preciso muito de você. – Ele estava chorando, o que era muito estranho, já que David não era desse tipo de pessoa. Perguntei a ele o que estava acontecendo, e ele apenas chorava ainda mais. Isso já estava me preocupando. Perguntei onde ele estava, e quando me disse que estava em um motel, pedi o endereço e me arrumei rapidamente. Passei uma maquiagem rápida só para tirar a cara de sono, e quando estava pronta, saí. Fui dirigindo igual a uma louca e finalmente cheguei no tal motel. Pedi para entrar, só que o atendente me disse que não poderia permitir. Então, precisei puxar ainda mais o meu decote e falar de uma maneira mais sexy, e logo ele me deu a permissão. Pisquei para o atendente, que sorriu. “Homens são tão babacas”, pensei comigo mesma. Estacionei rapidamente e bati na porta do quarto. Quando entrei, meu amigo se jogou em meus braços e começou a chorar.— David, miguxo! Respira. – Pedi a ele que fizesse o mesmo que eu e, quando estava mais calmo, me chamou para sentar na cama. — Me conta o que aconteceu. Algum cara filho da puta fez algo com você? Me mostra a foto dele que eu caço o filho da puta e dou umas porradas nele.Meu amigo respirou fundo, e finalmente me contou o que havia acontecido. Seu pai havia falecido, e mesmo que ele tivesse deserdado o meu amigo, era seu pai.— Minha mãe me ligou e pediu que eu fosse para o funeral. Amiga, eu não vejo a minha família há mais de dez anos. Como vou chegar lá?Toda a sua família era cristã e muito fervorosa, e pelo filho ser homossexual, eles o mandaram embora de sua vida.— Eu vou com você. Magno e Bruno voltarão amanhã, e converso com eles sobre me ausentar.— Promete que vai comigo a Floripa? – Afirmei mais uma vez, e ele me abraçou.— Amiga, perdi uma boa foda hoje por conta de toda essa merda com a minha família.— Vamos para a minha casa. A gente descongela uma pizza e toma um café porque tenho uma audiência mais tarde. Não posso chegar fedendo a álcool.Meu amigo concordou. Depois que acertei a conta do motel, fomos para minha casa, onde meu amigo uma hora ria, outra hora chorava, e eu sabia o que era a dor da perda.— Obrigado por estar aqui comigo, Eve. – Segurei a sua mão e depois me aproximei dele.— Você sempre está comigo. Nossos caminhos se cruzaram no primeiro ano do ensino médio, e para completar, você me ajudou quando meu pai faleceu, me ajudou a continuar vivendo, e então ir com você ao funeral e aguentar a sua família filha da puta é o mínimo que posso fazer. Só não prometo que vou segurar a minha língua se ver aqueles idiotas falando de você.— Eu aqui me lamuriando pela minha família de merda e esquecendo que a sua vida foi repleta de provações. – Ele acariciou os meus ombros.— Somos dois fodidos.— Com toda a certeza, por isso nos amamos. – Ficamos em silêncio e acabamos dormindo.Acordei com Poppy lambendo meus pés e comecei a rir. Percebi que havia dormido toda torta. Acordei meu amigo, que se espreguiçou cheio de floreio. Quando vi a hora, percebi que se não começasse a correr, me atrasaria. Então, me arrumei rapidamente. Antes de sair, dei comida para os meus pets e parti. Como vi que ainda tinha tempo, passei em uma cafeteria e pedi um café bem forte. Como os atendentes ali me conheciam há muito tempo, pois já tinha ajudado a dona do café, eles sempre me mimam.Quando estava saindo, trombei em alguém, e ao levantar a cabeça para pedir desculpas, vi Jefferson.— O que faz na minha cafeteria favorita? – Ele pergunta, dando um sorrisinho de lado.Olhei para ele e revirei os olhos.— A cafeteria é pública e também é minha favorita. — Temos algo em comum, morena. Já que estamos aqui, que tal tomar um café comigo?— Acho que já estou com meu café. – Levanto meu copo para ele. — E de qualquer maneira, já estou atrasada.Não dei chance dele dizer mais nada e sai apressada. Chegando ao fórum, Carlos já estava à minha espera junto com a nossa cliente. Conversamos brevemente, e logo fomos chamados. Como era uma audiência de acordo, foi bem rápido de resolver. Assim que saí do fórum, virei para o meu assistente.— Carlos, vai querer ir comigo, ou tem algum compromisso antes de voltar ao trabalho?— Vou almoçar com a Cami. Ela está de TPM e muito irritada. – Ele fez uma careta e comecei a rir. — Bom almoço e leve uma barra de chocolate para ela, de preferência uma bem cara.Me despedi de Carlos e fui para o escritório. Chegando lá, entrei em minha sala e comecei a trabalhar, pois, graças ao meu sócio, a minha mesa está repleta de trabalho extra. Um entregador trouxe meu almoço em nome de Carlos. Tenho certeza que ele sabia que eu não faria uma pausa para o almoço. No meio da tarde, Mariana entrou com um buquê enorme de flores coloridas e me entregou.— É para mim? – Perguntei, e ela revirou os olhos.— Claro, né. Abre, estou curiosa. – Quando abri o envelope, li o bilhete. “Como não sabia qual sua rosa preferida, te dei todas elas. Por que não janta comigo? Prometo te fazer gritar de prazer depois.” Um sorriso brota dos meus lábios. Ora, ora, acho que ele gostou do nosso encontro meses atrás tanto quanto eu.— E então, quem mandou as flores? – Ela perguntou curiosa.— Um cliente. – Fingi cara de tédio.— Foi o Luís Chaves? Porque esse cara é insistente. Lembro que ele te perseguiu por uns dois meses, e para piorar, aquele cara de pau é casado. Por falar nele, por onde anda?— Ele saiu do nosso escritório. – Lembrei a ela, mas a verdade é que eu o soquei e disse que se não saísse do meu escritório por bem, sairia por mal. Como ele era um filha da puta medroso, saiu correndo. Ela saiu da sala decepcionada, e depois voltei ao trabalho.No final do dia, quando o escritório já estava vazio, cumprimentei o segurança da noite e fui para o estacionamento. Meu celular começou a apitar incessantemente, e quando atendi, era Magno.— Oi, Ever. Só estou ligando para avisar que Bruno e eu chegamos em casa.— Que maravilha, migo! Conseguiu resolver os seus B.Os?— Consegui sim, e nós trouxemos um presentinho pra você. Amanhã eu levo. – Agradeci a ele e desliguei.Chegando em casa, alimentei os meus pets, cortei uns pedaços de queijo, peguei uma garrafa de vinho que estava na geladeira e coloquei uma música para me animar.Estava dançando ao som de "Crazy in Love" quando meu celular começou a tocar insistentemente. Ao ver o nome da minha mãe piscar no visor, eu sabia que ela iria me encher de perguntas.— Filha, você já comeu?— Já.— Eu sei que está mentindo, Everlly Caroline. Filha, você melhor do que ninguém sabe que precisa se alimentar decentemente.— Estou comendo uns pedaços de queijo, fique tranquila.— Se está comendo queijo, é porque está bebendo vinho. Ever, você precisa cuidar mais de sua saúde.Minha mãe ficou quase meia hora dizendo que eu deveria tratar melhor a minha saúde, que eu tive uma segunda oportunidade de viver, enquanto muitos morreram, e tals. Eu apenas escutava e fazia alguns sons com a boca para que ela percebesse que eu estava prestando atenção. Depois de muita briga, ela me lembrou que eu era a única que havia sobrado da família, e ela não queria me perder.Entendo a minha mãe, e sei que estou sendo relapsa com a minha saúde, mas eu passei anos só fazendo o que era correto
Estacionei com toda a fúria em frente à concessionária, e quando me aproximei da recepção, Juliana, uma conhecida, se levantou para me abraçar. — Ever, cada vez que te vejo você está muito gata, meu irmão não para de falar de você. – Conheci Jonas, seu irmão no ano passado; tivemos um sexo bacana, mas nada de muito emocionante. — O que faz aqui, menina? Não me diga que voltou com o... — Não diga o nome do inominável. Na verdade, vim falar com ele. – Ela percebeu meu olhar de fúria e sorriu. — Ele está na sala com uma “cliente”. Como sabia o caminho, fui até lá e, quando cheguei, abri a porta com tudo. Rafael e a mulher estavam se beijando, e ela ficou muito sem graça quando me viu. — Quem é ela, Rafael? – A mulher perguntou. — Sou a ex-noiva dele, querida. Você pode ir para aquele cantinho que eu preciso acertar as contas com esse safado. Não vou demorar. – Disse à mulher que fez exatamente o que mandei. — Se veio aqui é porque recebeu as flores. – Ele sorriu. — Que porra é isso
Já havíamos perdido as contas de quantas latinhas tínhamos bebido, e depois de várias conversas aleatórias, David finalmente me perguntou o motivo de eu ter ido até o trabalho de Rafael. Eu me levantei, peguei a minha bolsa e lhe dei o cartão. Assim que ele leu, olhou para mim com o cenho franzido.— Ele te mandou um bilhete com desculpas depois de quatro anos?— Amigo, você leu direitinho o bilhete, não achou nada estranho?— É tarde demais agora para pedir desculpa? Porque eu sinto falta mais do que só do seu corpo. Na verdade, sinto falta de você inteirinha. É, eu sei que te decepcionei, mas te pergunto mais uma vez, é tarde demais para pedir desculpa? – Ele leu mais uma vez, e como vi que não entendeu porcaria nenhuma, peguei meu celular e coloquei a música. — O que tem haver a música com as desculpas do babaca?— Eu ainda te disse que deveria estudar inglês ao invés de fazer italiano. – Mostrei a ele a tradução da música, e só aí ele percebeu.— Que filho da puta! Nem pra pedir d
Jefferson AlbuquerqueO dia de hoje está uma correria, não aguento mais entrar e sair de reuniões. Rafael não veio trabalhar, pois disse que passaria o dia com sua mãe e largou toda a bomba na minha mão. Mais cedo meu pai veio me visitar e perguntou como têm sido as coisas para mim. Digo a ele que estou levando da forma que dá.Por volta das três da tarde, estava finalizando uma reunião quando recebi uma ligação da escola da minha filha dizendo que a mãe dela está na secretaria tentando levar Renata. Na mesma hora, finalizei a reunião às pressas e corri para a escola de Renata. Quando cheguei lá, vi Gisele fazendo a maior confusão.— O que você faz aqui? – Perguntei me aproximando dela e tentando me controlar ao máximo.— Eu sou mãe da Renata e tenho total direito de vê-la quando quiser.— Você sabe muito bem que perdeu esse direito há três anos.— Você me fez perder esse direito, você é um desgraçado, um desgraçado – ela avançou para me socar e prendi a sua mão.— Se você me bater vo
Everlly começou a me beijar intensamente dentro do banheiro masculino, suas mãos explorando meu corpo enquanto eu correspondia ao desejo crescente. O ambiente estava impregnado de luxúria, e o calor entre nós só aumentava. Perguntei a ela entre os beijos se queria ir para minha casa, e sua resposta afirmativa não deixava dúvidas sobre as intenções da noite.— Quero sim, Jefferson. Vamos para a sua casa. - Ela murmurou, seus lábios roçando no meu ouvido, enviando arrepios pela minha espinha.Saímos do banheiro, mantendo um olhar carregado de desejo, ignorando o ambiente da boate e seguimos em direção à saída. Cada passo era uma promessa, um convite para o que estava por vir. O ar lá fora nos atingiu como um choque, mas era a eletricidade entre nós que realmente importava.Chegamos à minha casa, e mal fechamos a porta, nossos corpos se uniram novamente, desta vez com uma urgência mais intensa. Everlly não era uma mulher com rodeios, ela sabia o que queria, e eu estava mais do que dispos
Everlly SoaresEstava no trabalho quando meu amigo entrou e sentou animado, me encarando de uma maneira que começou a me irritar. Eu sabia exatamente o que ele queria saber, mas não estava disposta a contar.— Anda Ever, me conta. Como foi a noite? – Continuei lendo os documentos à minha frente. — Não me deixa curiosa, sua vaca.— Se não reparou, estou trabalhando. – Estava me esforçando para não gargalhar dele.— Vai. Me conta. – David insistiu.— Vamos lá, se você quer saber o que aconteceu comigo, vou te contar exatamente. Nós transamos loucamente e depois fui embora do seu apartamento.— Você fez o quê? – Meu amigo olhou para mim incrédulo. — Fui embora, mas deixei um bilhete agradecendo pela noite e deixando bem claro que não iria acontecer novamente.As expressões do meu amigo eram as coisas mais engraçadas. Ele abriu e fechou a boca algumas vezes e, por fim, desistiu.David parecia ter engolido em seco, processando o que acabei de contar. Depois de um breve silêncio, ele final
Já era noite quando me arrumei, optei por um vestido vermelho justo e que acentua cada curva do meu corpo, doutor Márcio ficará louco. Entrei no meu carro e parti para o restaurante, doutor Márcio até que insistiu para que eu fosse em seu carro, mas neguei dizendo que o encontraria no restaurante que ele marcou. Ao entrar o encontrei à minha espera e quando me viu se levantou. — Você está linda. – Ele disse beijando a minha mão. — Obrigada você também não está nada mal. Nos sentamos e logo ele chamou o garçom e pediu uma taça de vinho caro e tenho certeza que é para me impressionar. — Eu vou querer água com gás e uma rodela de limão, por favor. – O garçom assentiu e márcio olhou para mim. — Tem certeza que não prefere uma taça de vinho? – Digo a ele que vim de carro e ele sorriu. — Sei que você é consciente, mas uma taça não faz mal. — A cada hora mil e duzentas pessoas morrem através de acidentes causados por motoristas alcoolizados, e 89% dos homens são as maiores vítimas. S
Estávamos na área de lazer do meu condomínio, meus amigos riam animados as imitações de Bruno, David gargalhava, mas eu sabia que ele não estava nada bem, aproveitei a distração do pessoal e o puxei para longe. — Amigo, fala a verdade, como você está? – Perguntei a ele que soltou um suspiro pesaroso. — Nada bem, Ever. Minha mãe ontem ligou para mim e me descascou, sabia que ela me chamou de filho ingrato? Eu ingrato? Eles me expulsaram de casa quando eu tinha apenas treze anos, se não fosse a tia Marta me trazer para o Rio de Janeiro e cuidar de mim, não sei o que teria me tornado. Aí a minha mãe vem me falar de ingratidão. – Abracei meu amigo bem apertado, nessas horas não palavras de consolo que realmente console. — Você é um consultor jurídico que ganha muito bem e não precisou deles para nada. Quando eles tentarem te por pra baixo, pense nisso e saiba que você é muito melhor que todos eles juntos. — Já disse que te amo? — Hoje não. – Demos um selinho e ele me abraçou. —