Era ele, meu primeiro amor. Vivo e respirando perto de mim.
Meu corpo ansiava pelo seu, eu estava inquieta porém tranquila como se meus medos tivessem desaparecidos.- Chefe. Ela já chegou - disse um homem ao se aproximar, pude identificar que era o motorista que me trouxe.
- Mande ela entrar - disse Christopher.Ele deu um passo à frente, seus olhos penetravm nos meus, ele realmente me queria.
- Eu preciso de você - disse ele, fechando seu sorriso
Eu não entendia o que era, mas sabia que precisava ajudá-lo. Faria o necessário por ele.- Como ? - pergunto, segurando as lágrimas
Ele passa por mim, e retira delicamente as cordas que me seguravam e, se agacha novamente na minha frente. Ele me olha por alguns instantes e passa seus dedos firmes pelo meu rosto. Isso me causou arrepios, uma sensação que não sentia há muito tempo.
Eu precisava ter ele.- Vem comigo. - disse ele, colocando-se de pé e passando seus dedos pelos meus.Meu corpo estava em frenesi. Eu queria ele, sentir seu corpo quente. Eu fiz, coloquei-me de pé e abracei ele com a saudade e vontade que guardava por anos. Seus dedos envolveram-me calorosamente, ele estava quente, sabia que ele estava vivo, sentia o quanto era real. Não conseguia conter minhas lágrimas.- pode abaixar . - disse Christopher com sua boca próxima ao meu ouvido, mas não era um sussurro.Sua ordem me arrepiou e me fez procurar, afastando-me. Uma arma estava sendo mirada na minha direção. Um dos seus seguranças achou que eu atacaria Christopher, tinha a sensação do foco em mim. Por que eu machucaria Christopher ? - me perguntava. - Ele me mataria ?Soltei minha mão da dele.- Me guia então. - digo firme e, com um pouco mais de racionalidade e enxugando minhas lágrimas.Ele não disse nada. Apenas seguiu para uma espécie de escritório. Um local claro e pequeno com apenas uma mesa no centro.- Senta. - disse ele sentando- se na minha frente.Observei o ambiente, pequeno porém organizado, e lá estava o mesmo segurança. Ele continuava a segurar a arma na sala. - Licença. - disse uma linda mulher.- Sente- se Lisa. - disse Christopher com cordialidade.Ela era alta e esbelta, com corpo cheio de curvas. Seu cabelo ruivo caia sobre seu ombro mas não ultrapassava. Seu rosto era harmônio e sua beleza exalava poder.- Senhorita Alice. Muito prazer - disse estendendo a mão.Educada!- Vamos ao contrato. - disse ela, sentando - se ao meu lado e colocando um papel pardo sobre a mesa.- Que contrato ?! - pergunto.- Terei que explicar tudo né ?! - disse Christopher sendo sarcástico comigo.Era estranho, mas vim até aqui com um objetivo. Ele não iria se expor depois de tanto tempo sem algo em troca. Eu conhecia ele.- Eu preciso ser honesto - ele falou enquanto ajeitava sua roupa - Eu não sou Christopher. Aquilo me fez ter um delay. Não era possível existir alguém idêntico ao Christopher.Seus olhos puxados, o maxilar marcado, seu corpo atlético. Não era possível existir alguém igual.- Naquele dia, Christopher realmente morreu- disse tranquilamente - E eu entrei no lugar dele. A informação de que Christopher está morto fizeram meus olhos encherem de lágrimas e o sentimento de luto retornar ainda mais forte.- Ninguém sabe que Christopher está morto. Esse foi o plano do meu irmão para se algo acontecesse. Agora eu preciso de uma esposa - continuou ele, indiferente- e preciso que você se torne ela. Já que esse era o plano do meu irmão.- Você está muito louco - digo.Aquilo me irritava, levanto-me e ando rapidamente buscando a maçaneta para sair daquele local.O segurança se aproxima, me puxa pelo braço com extrema força e aponta a arma na minha cabeça, me coagindo a sentar.- Acho que você não entendeu né ?! - disse a mim- Você não está lidando com uma negociação. Você terá que fazer.- falou arqueando a sobrancelha- Mas eu não quero. - digo firmemente, enquanto sou forçada a me sentar novamente.- Problema seu. Eu já fiz muito por você, deixei você se formar, viver sua vida por um tempo, agora terá que cumprir com o seu papel- disse, dando um sorriso de canto - Sei que meu irmão te escolheria.- Foda- se. Ele está morto, não está ?! - digo com revolta.- Eu quero o melhor para você - disse ele se colocando de pé contornando a mesa e se sentando na minha frente- Eu sou o melhor para você. Você vai ter tudo: casa, dinheiro, proteção…- Eu não pedi por isso - interrompo eleEle se inclina e me olha de forma intimidadora.- Olha, acho que você se esqueceu da sua atual situação. Terapia, trabalho medíocre, pobreza e seu pai doente né ?! - perguntou, já sabendo a resposta- como sabe ?! - pergunto intrigada- Eu sei o necessário sobre você, meu amor - disse passando a mão pelo meu rosto, enquanto desvio.Ele segura meu queixo e continua:- Ele está com um câncer em estágio terminal. Sei que seu salário cobre o convênio com muito esforço, a aposentadoria mal paga a enfermeira que cuida dele e o restaurante nem dá lucros. - ele se inclina mais - Você precisa de mim.- Eu não preciso do seu dinheiro sujo - digo, cuspindo em seu rosto.Ele desce as mãos e as coloca sobre meu pescoço me sufocando. Eu não me importo em morrer, melhor do que aceitar esse dinheiro sujo e me casar com alguém assim.Minha respiração começou a buscar mais oxigênio, o sentimento de sufocamento me dominava, escutava cada batida do meu coração. Já estava perdendo a consciência…- Senhor Caio - disse Lisa, quase gritandoEle solta as mãos e volta a sentar.- Vou ser educado então. - disse ironicamente, olhando para Lisa- Eu prometo te dar casa, dinheiro, proteção, todo o tratamento do seu pai, emprego em uma das melhores empresas dos Estados Unidos, em troca de um filho do nosso casamento.- Você está muito louco.- digo, continuando minha defesa- Não existe outra mulher no mundo para isso ?- Até existe, mas preciso que seja você. Um dia te explicarei mais sobre o motivo. - disse- Eu não vou fazer nada. Não é isso que quero para minha vida- respondo.- Se não fizer, eu te mato, ou ferro sua vida. Melhor, mato o seu pai. - disse com uma pequena risada- te torturo enquanto ele vê ou vice-versa.A ideia de perder minha única família me assustava, o brilho dos olhos dele aumentaram enquanto sentia minha força vital ir embora. Essa ideia era a mais louca que já tinha escutado, mas eu não podia ficar a mercê desse cara.- Vai assinar quando ? - disse com um sorriso demoníaco.Eu estava em completo choque só de imaginar a ideia de me casar com ele. Ele era idêntico ao Christopher mas possui uma personalidade terrível. - Vamos meu amor. - disse estressado. Eu precisava ganhar tempo. Precisava pensar, arrumar um plano melhor. - Me conta mais, sobre essa empresa que vou trabalhar... Aonde vamos morar. - busco enrolar ele - Só direi depois que assinar o contrato. Minhas mãos tremiam e meu corpo suava em busca de uma solução. Ou eu me casava e tinha uma vida duvidosa, ou minha família corria perigo.Não ! Eu pego o papel e puxo uma caneta e assino sem nem ao menos ler, não queria imaginar ter minha família sofrendo por uma máfia. Eu sabia o que eles era capazes de fazer.- Pronto - digo a ele.- Ótimo - disse Lisa. - Mas vou reforçar os pontos importantes.Eu não havia lido, de tão nervosa estou. Merda!- Eu posso ler ?! - pergunto e Lisa me entrega o contrato novamente. De todos os pontos, os que mais me chamaram atenção: § Dentro e fora da facção, ele
Gabriel estava indo tão bem, mas vindo de alguém tão imaturo, era de se esperar esse tipo de comentário. - Não Gabriel. Não sou lésbica e o problema não é esse. O problema é ser forçado a fazer algo que não quer e ainda acreditar que alguém está vivo. Ele ficou pensativo por um instante. Ele entendeu meu recado. - Desculpa. - resmungouEle passou o resto do caminho em silêncio e parou o carro em frente a minha casa. Eu desci, sem nem esperar ele, até que notei sua presença. Demoraria um tempo até me acostumar com alguém me vigiando. Subimos, em silêncio, até meu andar e lá comecei a organizar minhas roupas. Não seria uma tarefa fácil, por isso, aproveitei e comecei a fazer uma limpa. Eu poderia doar algumas roupas para Dona Maria e, assim ela poderia entregar a um ONG ou a igreja. - Senta aí. - disse ao Gabriel, apontando para a cadeira da cozinha. Ele me olhou, fechou a porta e se sentou. Ele me observava enquanto ajeitava tudo. - Você não precisa levar muitas roupas. - dis
Sentia a respiração de Gabriel diminuir, seu corpo gelou. Mas não foi por prazer e, sim por medo de Caio.Ele analisou a situação e jogou-me para o lado e se colocou de pé rapidamente. Caio olhava para Gabriel com ódio, como se ele tivesse roubado algo dele. Conhecia esse olhar, já havia visto em Christopher. Caio não estava sozinho, haviam mais dois seguranças atrás dele. Eu permanecia estática e ansiava para que Caio me notasse, queria que ele visse que não é único a fazer as regras. Não demorou para que seus olhos me encontrassem, logo, passei meus dedos pelo meu pescoço de forma a intriga-ló.- Você é uma vadia mesmo, né ?! - disse Caio se aproximando de mim. Ele não hesitou e me acertou com um intenso tapa no rosto. Aquela sensação de ser corrigida me assustava e me deixava com raiva. Já não era a primeira vez que ele me agredia, isso iria ser comum ?Olho para porta e seus capangas entraram fechando a porta. Eles sacaram suas armas e permaneceram estáticos, me observando. C
Pude sentir Caio me carregando, mas não conseguia reagir. Não conseguia abrir os olhos, mover meus músculos, ficava apenas estática. Não sei em qual momento eu realmente apaguei, mas quando abri meus olhos, já estava no avião. Estávamos alto o suficiente para que não conseguisse ver a cidade. Obsservei ao redor, não havia ninguém mas podia escutar conversas vindo de outros lugares. Haviam vários setores no avião, não era um avião convencional. Tirei o cinto, mas logo começou a apitar. Não demorou para que dois homens grandes aproximassem. - Senta - disse um deles a mim - Você não tem autorização pra levantar até chegar na capital. Eu observei os dois caras, não valia meu tempo. Rapidamente me sentei, tentando evitar que pudesse tomr um tiro deles.- Chefe, a garota acordou - disse o outro homem no rádio. Os dois ficaram parados na minha frente, minha mente buscava entender o motivo de terem avisado a alguém que havia acordado.Não demora muito para que um homem alto, usando tern
Nem me dei conta que o sol já havia nascido, e eu ainda continuava no avião. A viagem era longa, afinal da Coreia até os Estados Unidos davam mais de 12 horas de voo, mas chegaríamos logo. - Bom dia senhorita Alice, gostaria de tomar um café ? - uma comissária de bordo me surpreendeu. Ela estava com um pequeno sorriso amigável enquanto aguardava minha resposta. - aceito sim. - digo a ela- Você poderia me dizer as horas ? - pergunto impaciente com o voo - Sim, - disse olhando para seu relógio - São seis e vinte da manhã. - Obrigada e... O banheiro fica em qual sentido ? - pergunto após me dar conta que preciso utilizar urgentemente.- a direita e siga reto - disse enquanto eu agradecia com a cabeça Levantei-me cambaleando sentindo minhas pernas dormentes. Após dar alguns passos, meu sangue voltou a circular e cheguei rapidamente ao banheiro.Tentei abrir a porta mas estava ocupado. Quem poderia ser? Precisava utilizar ele logo.... Iria ter que esperar, jáque não aguentaria mais t
Vou até a cozinha, já que estou com muita fome. Assim que chego, vejo Jim na área externa da lavanderia numa conversa intensa no telefone. - Olá, Sou a mary - disse uma senhora de cabelos grisalhos com um sorriso gentil- você é a Alice né ?! - isso - digo estendendo a mão, fechando num aperto- Muito prazer! - Você tem alguma restrição alimentar ? Ou algo que não coma - pergunta com tom de medo. -olha, sou chata com algumas verduras mas como de tudo, fica em paz. - digo a ela tentando ser a mais gentil possível. - ah perfeito, hoje eu preparei lasanha, pode ser ?! - disse com o mesmo sorriso gentil. - claro, agradeço muito. - digo abrindo um grande sorriso Asim que ela sai, Jim se aproxima sentando na mesa. - já falou com a Mary ? - pergunta Jim um pouco ofegante - sim…. Tá tudo bem ? - Está, talvez eu vou ter que ir a capital. Estamos com um problema na matriz. - disse, tentando parecer tranquilo - Ah entendi. Mas é grave ? - pergunto curiosamente - não.
Tudo estava escuro. Haviam diversos carros encostados, enquanto homens se enfrentavam defendendo ideais. Christopher estava lá, mas eu não podia ajudá-lo, seria ferida na primeira oportunidade. Ele lutava com bravura, mas eu sabia que o pior iria acontecer. Instintivamente. Meu corpo suava demais, enquanto permanecia gelada. Sentia a falta da circulação nos meus dedos mas meu coração pulsava forte enquanto o som do tiro ecoava na minha mente. O pior aconteceu, não haviam lágrimas, apenas a dor da perda enquanto alguém me arrastava do local. O silêncio, após o tiro, invadia a minha alma, minha respiração já estava difícil e meu coração causava uma dor absurda cada vez que ele pulsava e batia contra meu peito. Meu corpo tomou consciência. Já não era a primeira vez que eu sonhava com essa cena. Toda vez, acordava sentindo-me sufocada, com as mãos suadas e lágrimas acumuladas. Vejo pelas fresta da janela que o sol não apareceu ainda, mas tenho a sensação que o dia já amanheceu, me