Gabriel estava indo tão bem, mas vindo de alguém tão imaturo, era de se esperar esse tipo de comentário.
- Não Gabriel. Não sou lésbica e o problema não é esse. O problema é ser forçado a fazer algo que não quer e ainda acreditar que alguém está vivo. Ele ficou pensativo por um instante. Ele entendeu meu recado.- Desculpa. - resmungouEle passou o resto do caminho em silêncio e parou o carro em frente a minha casa. Eu desci, sem nem esperar ele, até que notei sua presença. Demoraria um tempo até me acostumar com alguém me vigiando.Subimos, em silêncio, até meu andar e lá comecei a organizar minhas roupas.
Não seria uma tarefa fácil, por isso, aproveitei e comecei a fazer uma limpa. Eu poderia doar algumas roupas para Dona Maria e, assim ela poderia entregar a um ONG ou a igreja.
- Senta aí. - disse ao Gabriel, apontando para a cadeira da cozinha.Ele me olhou, fechou a porta e se sentou. Ele me observava enquanto ajeitava tudo. - Você não precisa levar muitas roupas. - disse Gabriel - Ele irá te tratar igual uma boneca- disse rindo - não faltará roupas.- Quanto menos dinheiro ter daquele cara melhor- digo com o estômago revirado.Permaneci em silêncio, escolhendo minhas roupas e de vez em quando via Gabriel. Ele estava muito curioso, e observava minha casa e analisava os rótulos das minhas medicações.
- Você já pensou em se matar? - perguntou aleatoriamente, enquanto segurava meu antidepressivo. Eu permaneci em silêncio. Aquilo não me remetia a uma boa época, tive inúmeras oportunidades e vontades, mas nunca cheguei a me matar.- Desculpa - disse Gabriel- Não é da minha conta.- Você fala né - digo ironicamente, buscando mudar de assunto.- É...- disse coçando a cabeça- é que eu gostei de você. Sei lá, temos a mesma idade. Não preciso ser um segurança rabugento.Assim que terminei de arrumar as roupas, me senti aliviada. Separei as minhas duas malas com minhas coisas e uma pilha para doação. Peguei o saco, e fui arrastando ele até a casa da Dona Maria. Toquei a campainha mas não havia ninguém, ou ela já estivesse no cochilo da tarde.
Pensei então em um bilhete. " Use para doação, não usarei mais - Alice " e deixei em cima do saco de roupa.
Assim que volto, Gabriel está distraído vendo vídeos no telefone.
- Ainda temos muito tempo - diz ele
Alguns pensamentos passaram na minha mente, e não tinha almoçado ainda, tenho pouco tempo nesse apartamento e agora parece que minha rotina irá piorar.
- Tenho alguns lanchinhos para nós - digo pegando um saco de salgadinho, - Quer beber ? - digo analisando seus olhos- Alcool ? - ele indaga, enquanto concordo com a cabeça.Ele não parecia aceitar muito bem a ideia.
- Vamos - digo analisando a cozinha. - A Cassie sempre guardou bebida por aqui - digo procurando até que acho duas garrafas de vodka pura e suco.- Não posso, to trabalhando. - ele respondeu- Verdade. Mas .... ninguém precisa saber - digo rindo, revirando uma garrafa de vodka pura sentindo o gosto horrível descer pela minha garganta. Eu odeio beber, mas a situação pedia.- Então eu vou beber já que minha vida está uma merda. - digo - Ei- disse Gabriel pegando a garrafa da minha mão. - eu ainda estou cuidando de você.Eu peguei a outra garrafa e me joguei no sofá, enquanto aproveitava a música tocando.Não sei qual foi o momento, mas a bebida bateu rápido, a música nem fazia mais sentido, mas as lágrimas rolavam pelo meu rosto. Busquei por Gabriel e ele estava comendo salgadinho na mesa. Ele parecia mais ainda um garoto após alguns shots.
- Terminou tudo né? - disse Gabriel bebado.- Terminei - digo com uma pequena risada.- Acho melhor você avisar um amigo seu, já que você não está mais em condições.Ele riu do meu argumento e discou no telefone, iniciando uma gravação de áudio.- Oi, a Alice está pronta, mas bebemos um pouco. Alguém pode nos buscar ?- Ótimo. - digo rindo.Gabriel levantou-se cambaleando com seu rosto corado e se aproxima, com a camisa social entre aberta.
Ele se j**a no sofá, quase me esmagando com todos os seus músculos.
- Vai pra lá- grito com ele, que se ajeita um pouco.
- Alguém vai chegar daqui a pouco! - ele disseO silêncio se instala.
- Eu tentei sim. - digo a ele, após um tempo - Tentei me matar na minha adolescência e depois que Christopher morreu e agora estou cogitando novamente. Será melhor que viver essa vida. - digo com sinceridade- Mulher, você reclama demais.- diz com um pequeno sorriso- Você vai ter de tudo e ainda está reclamando, porque terá que ficar com um cara bonito. Nunca vou te entender.- Por isso está solteiro. Eu não quero estar na máfia, já vi alguém morrer e eu posso ser a próxima. Eu não amo o Caio, ele é nojento, não tenho sentimento. O que torna tudo difícil para mim. Nós mulheres sonhamos em casar com alguém que amamos, em ter filhos de alguém que gostamos e isso não vai acontecer. Pelo jeito nem minha primeira vez vai ser com alguém que eu ame. - reclamo- Pera … você é ainda ? - perguntou virando- se totalmente para mim- Sou. Eu e Christopher não tivemos oportunidade e ninguém nunca me interessou desde então.Ele ficou em silêncio.- Te entendo. - concordou comigoEle se aproximou e estendeu o braço numa espécie de abraço. Seu corpo era quente e me confortava. Conseguia ver ele como alguém próximo, até tornava-o atraente. - Você não merece sofrer Alice - sussura em meu ouvidoo contrato não diz que eu não possa trair- penso
Ele se afasta mantendo seus olhos penetrantes nos meus. Não resisto. O álcool me deixa fraca e meus lábios, rapidamente, buscaram os deles. Pude sentir o calor do corpo dele, sentia o desejo por ele, sentia cada arrepiodo meu corpo, nem me lembrava que estava melancólica.Sua mão passou pelo meu pescoço, e a outra mão passou para o meu quadril, enquanto sentia seus lábios nos meus. Ele beijava bem.
Me posicionei, sentando- me nele enquanto retomava a breve pausa do beijo.
Nada mais importava, apenas suas mãos deslizavando pelas minhas costas e que ele não parasse os beijos.
Ele continuou os beijos descendo pelo meu pescoço, causando-me arrepios enquanto arqueava jogando minha cabeça para trás.
- QUE PORRA É ESSA ? - gritou Caio após abrir a porta
Sentia a respiração de Gabriel diminuir, seu corpo gelou. Mas não foi por prazer e, sim por medo de Caio.Ele analisou a situação e jogou-me para o lado e se colocou de pé rapidamente. Caio olhava para Gabriel com ódio, como se ele tivesse roubado algo dele. Conhecia esse olhar, já havia visto em Christopher. Caio não estava sozinho, haviam mais dois seguranças atrás dele. Eu permanecia estática e ansiava para que Caio me notasse, queria que ele visse que não é único a fazer as regras. Não demorou para que seus olhos me encontrassem, logo, passei meus dedos pelo meu pescoço de forma a intriga-ló.- Você é uma vadia mesmo, né ?! - disse Caio se aproximando de mim. Ele não hesitou e me acertou com um intenso tapa no rosto. Aquela sensação de ser corrigida me assustava e me deixava com raiva. Já não era a primeira vez que ele me agredia, isso iria ser comum ?Olho para porta e seus capangas entraram fechando a porta. Eles sacaram suas armas e permaneceram estáticos, me observando. C
Pude sentir Caio me carregando, mas não conseguia reagir. Não conseguia abrir os olhos, mover meus músculos, ficava apenas estática. Não sei em qual momento eu realmente apaguei, mas quando abri meus olhos, já estava no avião. Estávamos alto o suficiente para que não conseguisse ver a cidade. Obsservei ao redor, não havia ninguém mas podia escutar conversas vindo de outros lugares. Haviam vários setores no avião, não era um avião convencional. Tirei o cinto, mas logo começou a apitar. Não demorou para que dois homens grandes aproximassem. - Senta - disse um deles a mim - Você não tem autorização pra levantar até chegar na capital. Eu observei os dois caras, não valia meu tempo. Rapidamente me sentei, tentando evitar que pudesse tomr um tiro deles.- Chefe, a garota acordou - disse o outro homem no rádio. Os dois ficaram parados na minha frente, minha mente buscava entender o motivo de terem avisado a alguém que havia acordado.Não demora muito para que um homem alto, usando tern
Nem me dei conta que o sol já havia nascido, e eu ainda continuava no avião. A viagem era longa, afinal da Coreia até os Estados Unidos davam mais de 12 horas de voo, mas chegaríamos logo. - Bom dia senhorita Alice, gostaria de tomar um café ? - uma comissária de bordo me surpreendeu. Ela estava com um pequeno sorriso amigável enquanto aguardava minha resposta. - aceito sim. - digo a ela- Você poderia me dizer as horas ? - pergunto impaciente com o voo - Sim, - disse olhando para seu relógio - São seis e vinte da manhã. - Obrigada e... O banheiro fica em qual sentido ? - pergunto após me dar conta que preciso utilizar urgentemente.- a direita e siga reto - disse enquanto eu agradecia com a cabeça Levantei-me cambaleando sentindo minhas pernas dormentes. Após dar alguns passos, meu sangue voltou a circular e cheguei rapidamente ao banheiro.Tentei abrir a porta mas estava ocupado. Quem poderia ser? Precisava utilizar ele logo.... Iria ter que esperar, jáque não aguentaria mais t
Vou até a cozinha, já que estou com muita fome. Assim que chego, vejo Jim na área externa da lavanderia numa conversa intensa no telefone. - Olá, Sou a mary - disse uma senhora de cabelos grisalhos com um sorriso gentil- você é a Alice né ?! - isso - digo estendendo a mão, fechando num aperto- Muito prazer! - Você tem alguma restrição alimentar ? Ou algo que não coma - pergunta com tom de medo. -olha, sou chata com algumas verduras mas como de tudo, fica em paz. - digo a ela tentando ser a mais gentil possível. - ah perfeito, hoje eu preparei lasanha, pode ser ?! - disse com o mesmo sorriso gentil. - claro, agradeço muito. - digo abrindo um grande sorriso Asim que ela sai, Jim se aproxima sentando na mesa. - já falou com a Mary ? - pergunta Jim um pouco ofegante - sim…. Tá tudo bem ? - Está, talvez eu vou ter que ir a capital. Estamos com um problema na matriz. - disse, tentando parecer tranquilo - Ah entendi. Mas é grave ? - pergunto curiosamente - não.
Tudo estava escuro. Haviam diversos carros encostados, enquanto homens se enfrentavam defendendo ideais. Christopher estava lá, mas eu não podia ajudá-lo, seria ferida na primeira oportunidade. Ele lutava com bravura, mas eu sabia que o pior iria acontecer. Instintivamente. Meu corpo suava demais, enquanto permanecia gelada. Sentia a falta da circulação nos meus dedos mas meu coração pulsava forte enquanto o som do tiro ecoava na minha mente. O pior aconteceu, não haviam lágrimas, apenas a dor da perda enquanto alguém me arrastava do local. O silêncio, após o tiro, invadia a minha alma, minha respiração já estava difícil e meu coração causava uma dor absurda cada vez que ele pulsava e batia contra meu peito. Meu corpo tomou consciência. Já não era a primeira vez que eu sonhava com essa cena. Toda vez, acordava sentindo-me sufocada, com as mãos suadas e lágrimas acumuladas. Vejo pelas fresta da janela que o sol não apareceu ainda, mas tenho a sensação que o dia já amanheceu, me
Era ele, meu primeiro amor. Vivo e respirando perto de mim.Meu corpo ansiava pelo seu, eu estava inquieta porém tranquila como se meus medos tivessem desaparecidos. - Chefe. Ela já chegou - disse um homem ao se aproximar, pude identificar que era o motorista que me trouxe.- Mande ela entrar - disse Christopher. Ele deu um passo à frente, seus olhos penetravm nos meus, ele realmente me queria. - Eu preciso de você - disse ele, fechando seu sorriso Eu não entendia o que era, mas sabia que precisava ajudá-lo. Faria o necessário por ele. - Como ? - pergunto, segurando as lágrimas Ele passa por mim, e retira delicamente as cordas que me seguravam e, se agacha novamente na minha frente. Ele me olha por alguns instantes e passa seus dedos firmes pelo meu rosto. Isso me causou arrepios, uma sensação que não sentia há muito tempo. Eu precisava ter ele. - Vem comigo. - disse ele, colocando-se de pé e passando seus dedos pelos meus. Meu corpo estava em frenesi. Eu queria ele, sentir
Eu estava em completo choque só de imaginar a ideia de me casar com ele. Ele era idêntico ao Christopher mas possui uma personalidade terrível. - Vamos meu amor. - disse estressado. Eu precisava ganhar tempo. Precisava pensar, arrumar um plano melhor. - Me conta mais, sobre essa empresa que vou trabalhar... Aonde vamos morar. - busco enrolar ele - Só direi depois que assinar o contrato. Minhas mãos tremiam e meu corpo suava em busca de uma solução. Ou eu me casava e tinha uma vida duvidosa, ou minha família corria perigo.Não ! Eu pego o papel e puxo uma caneta e assino sem nem ao menos ler, não queria imaginar ter minha família sofrendo por uma máfia. Eu sabia o que eles era capazes de fazer.- Pronto - digo a ele.- Ótimo - disse Lisa. - Mas vou reforçar os pontos importantes.Eu não havia lido, de tão nervosa estou. Merda!- Eu posso ler ?! - pergunto e Lisa me entrega o contrato novamente. De todos os pontos, os que mais me chamaram atenção: § Dentro e fora da facção, ele