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Capítulo 6: O Preço da Traição

O clube ainda vibrava com a música e as luzes suaves, mas para Lana, tudo parecia ter desacelerado. O ar estava carregado de uma tensão invisível, e a sensação de que estavam sendo observados não desaparecia.

Luca manteve o olhar fixo nela, esperando que ela dissesse algo mais, que explicasse seu súbito desconforto.

— Tem certeza? — ele perguntou, sua voz baixa o suficiente para que apenas ela ouvisse.

Lana umedeceu os lábios, hesitante.

— Não sei... foi só uma sensação.

Luca estreitou os olhos, observando-a atentamente. Ele já havia aprendido a confiar na intuição quando se tratava de perigo.

— Vem comigo.

Ele pegou sua mão e a guiou para fora da pista de dança, através do clube. No caminho, Lana não pôde evitar olhar por cima do ombro, mas não viu ninguém suspeito. Apenas um mar de rostos desconhecidos, sorrisos, conversas e um ambiente que, até poucos minutos atrás, parecia ser um refúgio seguro.

Quando chegaram a um corredor mais reservado, Luca encostou-a contra a parede, mantendo o corpo próximo ao dela.

— Escute, — ele disse, sua voz um pouco mais tensa. — Se realmente alguém estiver nos vigiando, precisamos sair daqui sem chamar atenção.

— Você acha que pode ser alguém enviado por Ricardio?

Luca hesitou, então suspirou.

— Aposto todas as minhas fichas nisso.

Lana fechou os olhos por um momento. Claro que Ricardio descobriria. Ele podia ser distante, frio, e agir como se não se importasse, mas quando se tratava de manter o controle sobre o que lhe pertencia, ele não deixava nada escapar.

E ela, aos olhos dele, era sua posse mais preciosa.

— Tem uma saída lateral? — ela perguntou, tentando manter a calma.

Luca sorriu de canto.

— Sempre há uma saída.

Ele segurou sua mão mais firme e começou a guiá-la por um corredor discreto, passando por algumas portas até que chegaram a uma saída de serviço. Antes de abrir, Luca espiou pelo vão da porta.

Lana prendeu a respiração, sentindo o coração bater forte contra o peito.

— Tudo limpo, — Luca murmurou. — Vamos.

Eles saíram silenciosamente para um beco estreito, onde um carro preto os esperava.

Luca destravou as portas e ajudou Lana a entrar rapidamente antes de tomar o lugar no banco do motorista.

— Segura firme. — Ele ligou o motor e arrancou.

***

A estrada sinuosa ao redor do Lago de Como, passava rapidamente ao lado deles. As luzes do clube ficaram para trás, mas a tensão entre os dois continuava.

Lana olhava pela janela, os dedos tamborilando contra a perna.

— Você sabia que isso aconteceria, não sabia? — Ela quebrou o silêncio.

Luca manteve os olhos na estrada.

— Sabia que era uma possibilidade.

— Então por que me trouxe para cá?

Ele riu suavemente, mas não havia humor em sua expressão.

— Porque você quis vir. Você queria sair daquela gaiola e sentir o que é ser livre. E agora que conseguiu...

Lana fechou os olhos por um instante.

— Agora que consegui, o que acontece?

Luca não respondeu imediatamente.

— Isso depende de você, Lana. Mas uma coisa é certa: Ricardio não vai deixar isso passar sem consequências.

A ideia fez um arrepio percorrer sua espinha.

Por mais que Ricardio fosse um homem distante, ele ainda era um Massarotti. E os Massarotti protegiam sua linhagem com unhas e dentes.

***

Enquanto Lana e Luca atravessavam a noite, Ricardio Massarotti estava sentado em seu escritório na mansão.

O cômodo era grande, decorado com madeira escura e uma vista imponente para os jardins da propriedade. Matteo Bernardi estava de pé ao lado dele, com o celular na mão.

— Eles saíram do clube juntos. Entraram no carro de Bellucci e estão indo na direção do lago.

Ricardio girou lentamente um copo de uísque entre os dedos, o maxilar travado.

— Lana me desrespeitou.

Matteo observou seu chefe por um instante antes de falar.

— Talvez seja hora de lembrá-la a quem ela pertence.

Ricardio finalmente ergueu o olhar.

— Já providenciei isso.

Matteo arqueou uma sobrancelha.

— O que quer dizer?

— Mandei alguém para cuidar desse problema.

Matteo hesitou. Ele sabia que Ricardio não era um homem paciente quando se tratava de traição. Mas lidar com Luca Bellucci era um jogo perigoso.

— Você tem certeza de que quer seguir por esse caminho?

Ricardio tomou um gole do uísque, a expressão inalterável.

— Luca cruzou uma linha. E quando alguém cruza uma linha comigo... eu faço questão de mostrar que sou eu quem dita as regras.

Matteo assentiu lentamente.

Ele sabia que, a partir daquele momento, a guerra entre Massarotti e Bellucci não poderia mais ser evitada.

***

Lana sentiu o primeiro impacto antes mesmo de ver o que estava acontecendo.

O carro de Luca estremeceu violentamente para o lado, jogando-a contra a porta.

— O que foi isso?! — ela gritou.

Luca xingou, tentando controlar o volante.

— Estamos sendo seguidos.

Lana virou-se para trás e viu dois faróis se aproximando perigosamente.

Outro impacto veio, mais forte dessa vez, fazendo o carro derrapar.

— Segura! — Luca gritou, girando o volante bruscamente.

Os pneus cantaram na estrada enquanto ele tentava estabilizar o carro. Mas os perseguidores não estavam interessados em deixá-los fugir.

Lana sentiu o pânico subir pelo corpo.

— Ricardio fez isso?

Luca apertou a mandíbula.

— Claro que foi ele.

Outro impacto veio, dessa vez mais brutal. O carro de Luca foi lançado para fora da pista, capotando pelo barranco antes de tudo se tornar um borrão de luzes e escuridão.

***

Lana acordou com o cheiro de terra úmida e sangue.

Sua visão estava turva, e sua cabeça latejava violentamente.

Ela tentou se mover, mas uma dor cortante no ombro a fez gemer.

Ao seu lado, Luca estava inconsciente, com um corte profundo na testa.

O carro estava tombado, parcialmente destruído.

Lana ouviu passos se aproximando.

Com esforço, virou a cabeça e viu uma figura parada na beira do barranco.

Era Matteo Bernardi.

Ele a olhava com uma expressão impassível antes de puxar o celular e fazer uma ligação.

— Senhor Massarotti... terminamos o serviço.

Lana sentiu o pânico tomar conta dela.

Ela tentou se mexer, mas a dor a fez gemer novamente.

Matteo abaixou-se ao seu lado, os olhos frios.

— Talvez agora você entenda, Senhora Massarotti... — Ele murmurou. — Ricardio não divide o que é dele.

Lana sentiu as lágrimas quentes descerem por seu rosto.

Ela havia cometido um erro terrível.

E agora pagaria o preço.

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