A brisa da noite soprava suavemente pelo jardim da mansão Massarotti, balançando as folhas das roseiras bem cuidadas. Lana sentia o coração pulsar contra o peito enquanto encarava Luca Bellucci. O brilho enigmático nos olhos dele a deixava em alerta.
— O que você quer dizer com isso, Luca? — Ela cruzou os braços, tentando manter a postura firme. Luca lançou um olhar rápido para a mansão, como se esperasse que Ricardio surgisse a qualquer momento. — Acho que esse não é o melhor lugar para conversarmos — disse ele, dando um passo à frente. — Mas você precisa saber a verdade sobre Ricardio. Lana hesitou. Confiar em Luca Bellucci, o filho do maior rival de seu marido, era arriscado. Mas uma parte dela ansiava por respostas. — Se tem algo a dizer, diga agora — retrucou, mantendo a voz firme. Luca suspirou. — Você sabe por que Ricardio aceitou esse casamento, Lana? Ela franziu a testa. — Nossas famílias concordaram que a união beneficiaria ambos os lados. Luca soltou uma risada seca. — Beneficiaria a família Massarotti, você quer dizer. Seu casamento garantiu a Ricardio um acordo financeiro crucial para expandir a Massarotti Banks. Lana sentiu um nó se formar em sua garganta. — E por que eu deveria acreditar em você? Luca se inclinou ligeiramente, sua expressão mais séria. — Porque eu sei que Ricardio não se casou por amor. Ele se casou por poder. E sem dúvida, pergunte a ele sobre a cláusula secreta no contrato do casamento. Os olhos de Lana se arregalaram. — Cláusula secreta? Antes que Luca pudesse responder, um barulho interrompeu a conversa. Os portões da mansão se abriram, e Ricardio surgiu, sua presença imponente fazendo o ar ao redor parecer mais frio. — O que diabos você está fazendo aqui, Bellucci? — A voz dele soou dura, carregada de desdém. Lana sentiu seu corpo enrijecer. Ricardio caminhava em direção a eles com passos calculados, como um predador prestes a atacar. Luca ergueu as mãos, em uma falsa demonstração de inocência. — Apenas conversando com sua esposa. — Você não tem o direito de pisar na minha propriedade — Ricardio rosnou. — Se quiser sair daqui com todos os ossos intactos, eu sugiro que vá agora. Luca lançou um último olhar para Lana. — Pense no que eu disse. Procure a verdade. Com um meio sorriso provocador, ele se virou e caminhou em direção ao carro. Quando partiu, o silêncio pesado ficou entre Lana e Ricardio. — Não quero você falando com ele novamente — Ricardio ordenou, a voz baixa, mas cheia de autoridade. Lana ergueu o queixo. — Eu falo com quem quiser. Os olhos dele estreitaram-se. — Bellucci quer te usar contra mim. — Ou talvez ele esteja tentando me abrir os olhos para algo que você esconde — Lana rebateu. Ricardio respirou fundo, aproximando-se dela. — Eu nunca escondi nada de você, Lana. Ela segurou o olhar dele. — Então me diga... o que é essa cláusula secreta no nosso contrato de casamento? Por um instante, Ricardio ficou imóvel. Foi uma fração de segundo, mas suficiente para Lana perceber: ele estava escondendo algo. — Não existe nenhuma cláusula secreta — respondeu ele, a voz controlada. Lana não acreditou. — Eu quero ver o contrato. Agora. Ricardio passou a mão pelo rosto, claramente irritado. — Isso é ridículo. — Se não há nada a esconder, então mostre. A tensão entre os dois era quase palpável. Por fim, Ricardio virou-se e caminhou em direção ao escritório, Lana o seguiu de perto. Ao chegarem à enorme biblioteca da mansão, Ricardio foi até um cofre embutido na parede e digitou uma senha. O cofre se abriu com um clique, revelando vários documentos. Ele puxou uma pasta preta e a colocou sobre a mesa de mogno. — Aqui está — disse, empurrando o contrato para Lana. Ela sentou-se e começou a folhear as páginas, seus olhos varrendo cada cláusula com atenção. Então, no final do documento, encontrou algo que fez seu coração parar por um momento. "Em caso de divórcio, todos os bens permanecem exclusivamente em nome de Ricardio Massarotti, e Lana Peroni renuncia a qualquer direito sobre propriedades ou ações pertencentes à família Massarotti." Lana ergueu o olhar. — Então é isso? Se eu me divorciar, saio sem nada? Ricardio cruzou os braços. — Esse casamento sempre foi um acordo, Lana. Você nunca esteve aqui para possuir nada. Ela sentiu os olhos arderem, mas se recusou a chorar. — Você me vê apenas como um nome em um papel, não é? Ele permaneceu em silêncio. Lana fechou o contrato com força e se levantou. — Agora eu vejo. Não sou sua esposa. Sou apenas um meio para um fim. Ela se virou para sair, mas Ricardio segurou seu braço. — Eu nunca disse isso. — Mas também nunca disse o contrário. Ela puxou o braço e saiu da biblioteca, deixando Ricardio sozinho. Naquela noite, Lana não dormiu. Deitada na enorme cama da mansão que nunca lhe pareceu um lar, sentiu-se perdida. Ela olhou para a porta fechada e tomou uma decisão: se Ricardio Massarotti não a queria como esposa, então talvez estivesse na hora de decidir o que queria para si mesma.A noite caía sobre Milão, e Luca Bellucci observava a cidade do alto da cobertura de um dos hotéis mais luxuosos da família. Com um copo de uísque na mão e um sorriso irônico nos lábios, ele esperava notícias de seu informante.Luca não era apenas o herdeiro do império Bellucci — um conglomerado que dominava a indústria imobiliária e investimentos de alto risco na Itália — ele também era um jogador perigoso, alguém que sabia manipular as peças do tabuleiro como poucos. Diferente de Ricardio, que governava com punho de ferro, Luca preferia charme e inteligência. Seu carisma, aliado à sua astúcia, o tornava um adversário imprevisível.Fisicamente, Luca era o oposto de Ricardio. Enquanto o patriarca dos Massarotti era frio e imponente, Luca carregava um ar de sedução quase natural. Alto, com cabelos castanhos levemente bagunçados e olhos verdes profundos, exalava um magnetismo difícil de ignorar. Sua presença era intensa, e ele sabia disso.Seu celular vibrou, interrompendo seus pensamen
O vento soprava suavemente sobre o Lago de Como, trazendo consigo o perfume fresco da água misturado ao aroma das flores ao redor do restaurante. Lana encarava Luca Bellucci do outro lado da mesa, tentando decifrar o que realmente se passava por trás daquele sorriso confiante.O garçom serviu dois pratos delicados de risoto de açafrão e um vinho tinto refinado, mas Lana mal tocou na comida. Sua mente ainda estava presa às palavras que Luca havia dito momentos antes.— Você já sabe que quer muito mais do que tem agora.Ela sabia?A verdade era que, por mais que tentasse negar, havia algo na presença de Luca que a fazia sentir-se... viva. Era um sentimento que há muito tempo não experimentava dentro da mansão Massarotti, onde tudo era frio, calculado e distante.— Você está quieta, — Luca comentou, girando levemente a taça de vinho entre os dedos. — O que está pensando?Lana suspirou, desviando o olhar para o lago.— Estou pensando que você é um homem perigoso, Luca Bellucci.Ele riu su
O clube ainda vibrava com a música e as luzes suaves, mas para Lana, tudo parecia ter desacelerado. O ar estava carregado de uma tensão invisível, e a sensação de que estavam sendo observados não desaparecia.Luca manteve o olhar fixo nela, esperando que ela dissesse algo mais, que explicasse seu súbito desconforto.— Tem certeza? — ele perguntou, sua voz baixa o suficiente para que apenas ela ouvisse.Lana umedeceu os lábios, hesitante.— Não sei... foi só uma sensação.Luca estreitou os olhos, observando-a atentamente. Ele já havia aprendido a confiar na intuição quando se tratava de perigo.— Vem comigo.Ele pegou sua mão e a guiou para fora da pista de dança, através do clube. No caminho, Lana não pôde evitar olhar por cima do ombro, mas não viu ninguém suspeito. Apenas um mar de rostos desconhecidos, sorrisos, conversas e um ambiente que, até poucos minutos atrás, parecia ser um refúgio seguro.Quando chegaram a um corredor mais reservado, Luca encostou-a contra a parede, mantend
A escuridão era pesada, sufocante. O cheiro de terra úmida e sangue estava impregnado no ar, misturado ao frio cortante da madrugada.Lana piscou lentamente, tentando afastar a dor lancinante que pulsava em seu ombro. Seu corpo estava imobilizado pelo cinto de segurança, enquanto o carro de Luca permanecia tombado entre as árvores, os faróis iluminando fracamente a vegetação ao redor.Ao seu lado, Luca permanecia inconsciente.Mas ele estava respirando.Lana sentiu o alívio misturado ao terror. Ainda podia ouvir vozes ao redor do carro, e quando ergueu a cabeça, viu Matteo Bernardi, o homem de confiança de Ricardio, parado a poucos metros.Ele falava ao telefone, sua voz baixa e controlada:— Sim, senhor, ela está aqui. O Bellucci também, mas ele não vai durar muito tempo sem ajuda.Os olhos de Lana se arregalaram.Ricardio queria Luca morto.Seu coração disparou. Ela tentou se mover, mas o cinto a prendia. Sua respiração ficou irregular enquanto lutava contra a dor.Matteo encerrou a
A mansão Massarotti estava em um silêncio peculiar à noite, mas não era o tipo de silêncio reconfortante, mas sim um manto opressor que pesava sobre os ombros de quem vivia ali. Para Lana, aquele lugar nunca tinha sido um lar, mas agora parecia ainda mais uma prisão. A lareira queimava lentamente, iluminando as paredes de mármore com sombras dançantes. Sentada em uma poltrona de veludo azul, ela tentava encontrar um pouco de calor ali, mas era inútil, pois seus pensamentos estavam longe, aflita para saber como estava Luca.A imagem dele ferido no hospital era um fantasma que a assombrava a cada instante. O homem que sempre a tratou com gentileza estava agora lutando para sobreviver, e tudo por culpa de Ricardio.— Seus olhos dizem que sua alma não está aqui, minha querida.A voz profunda e carregada de Ricardio cortou o silêncio como uma lâmina afiada.Lana não se virou de imediato. Fechou os olhos por um instante, sentindo a irritação crescer dentro dela.— O que você quer, Ricardio?
A manhã fria de Milão se estendia sobre o horizonte, envolvendo a cidade em um véu de névoa suave. Lana Peroni observava pela janela do seu quarto, com as mãos delicadamente segurando a taça de café quente. As ruas da cidade estavam começando a ganhar vida, com os primeiros passos das pessoas apressadas para o trabalho, mas dentro da grande mansão Massarotti, o silêncio era ensurdecedor.Lana sabia que ele estava em algum lugar da casa. Ela o sentia, mas ele raramente aparecia. Ricardio Massarotti, seu marido, sempre fora assim. Frio. Distante. E, no fundo de seu coração, Lana sabia que o amor que ela sentia por ele era uma chama que, aos poucos, estava se apagando.Aquela sensação de solidão não era nova para ela. Desde o dia em que se casaram, ela sentira que o amor de Ricardio por ela era uma ilusão. Ele nunca falara sobre amor, apenas sobre o dever de manter o legado de suas famílias. Mas Lana não queria desistir. Ela acreditava, com uma inocência quase tocante, que ele podia apre
A mansão dos Massarotti estava mergulhada em um silêncio sepulcral. Apenas o tic-tac do grande relógio no hall ecoava pelos corredores de mármore. Lana caminhava lentamente pelo salão principal, segurando um livro que pegara na biblioteca, mas não conseguia se concentrar em suas páginas. Seus pensamentos estavam longe dali, presos em um labirinto sem saída.Havia algo de cruel na frieza de Ricardio. Não era apenas indiferença, era como se ele conscientemente se recusasse a vê-la, a reconhecer que ela estava ali, esperando por algo mais do que um casamento de conveniência.O som da porta principal se abrindo quebrou o silêncio. Lana ergueu o olhar e viu Ricardio entrar, acompanhado de seu fiel assistente, Matteo Bernardi. O homem, alto e de feições afiadas, usava um terno escuro tão impecável quanto o de Ricardio. Matteo era um mistério para Lana. Sempre discreto, sempre na sombra do marido, mas presente o suficiente para que ela percebesse que ele não era apenas um funcionário.— Os d