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Capítulo 2: Entre Sombras e Suspiros

A mansão dos Massarotti estava mergulhada em um silêncio sepulcral. Apenas o tic-tac do grande relógio no hall ecoava pelos corredores de mármore. Lana caminhava lentamente pelo salão principal, segurando um livro que pegara na biblioteca, mas não conseguia se concentrar em suas páginas. Seus pensamentos estavam longe dali, presos em um labirinto sem saída.

Havia algo de cruel na frieza de Ricardio. Não era apenas indiferença, era como se ele conscientemente se recusasse a vê-la, a reconhecer que ela estava ali, esperando por algo mais do que um casamento de conveniência.

O som da porta principal se abrindo quebrou o silêncio. Lana ergueu o olhar e viu Ricardio entrar, acompanhado de seu fiel assistente, Matteo Bernardi. O homem, alto e de feições afiadas, usava um terno escuro tão impecável quanto o de Ricardio. Matteo era um mistério para Lana. Sempre discreto, sempre na sombra do marido, mas presente o suficiente para que ela percebesse que ele não era apenas um funcionário.

— Os documentos estão no meu escritório? — Ricardio perguntou, tirando o paletó e entregando para Matteo.

— Sim, senhor. Mas há algo que precisa saber. — Matteo lançou um olhar rápido para Lana, como se não quisesse que ela escutasse.

Ricardio suspirou, incomodado com a pausa.

— Fale de uma vez.

Matteo pigarreou antes de responder:

— Um jornalista da "Corriere della Sera" está investigando as aquisições recentes da Massarotti Banks. Parece que há suspeitas sobre a fusão com a empresa do grupo Bellucci.

Ricardio fechou os olhos por um momento, como se estivesse contendo a irritação.

— Sempre há alguém querendo cavar sujeira onde não existe. — Ele passou as mãos pelos cabelos escuros, frustrado. — Descubra quem é esse jornalista e me traga um relatório até amanhã.

— Sim, senhor.

Matteo se virou para sair, mas Ricardio o deteve.

— E, Matteo... se precisar tomar medidas para impedir essa matéria, tome.

Lana, que ouvia tudo em silêncio, não conseguiu esconder o desconforto.

— "Tomar medidas"? O que isso significa, Ricardio?

Ele olhou para ela pela primeira vez desde que entrara na casa.

— Significa que negócios não são para os fracos, Lana.

Ela franziu o cenho.

— Negócios não deveriam ser sobre mentiras e manipulações.

Ricardio riu, mas sem qualquer humor.

— Você realmente acredita em contos de fadas, não é? Acha que o mundo funciona com honestidade e boas intenções?

— Eu acredito que existe uma maneira de fazer as coisas sem destruir pessoas no caminho.

Ele se aproximou lentamente dela, seus olhos escuros fixos nos dela.

— Se você soubesse a metade do que acontece nesse mundo, Lana, entenderia que não há espaço para sentimentalismo nos negócios.

Ela sentiu um calafrio percorrer seu corpo. Não era medo. Era frustração. Dor.

— Talvez seja por isso que você não consegue amar. Porque para você, tudo se resume a poder e controle.

O olhar de Ricardio endureceu.

— O amor é uma fraqueza. E eu nunca fui um homem fraco.

Lana não respondeu. Apenas desviou o olhar, sentindo uma lágrima ameaçar escapar. Não lhe daria o prazer de ver sua dor.

— Se me der licença, tenho coisas mais importantes para fazer. — Ele se afastou e desapareceu pelo corredor, deixando para trás um rastro de silêncio e vazio.

A noite caiu sobre Milão, e Lana decidiu sair para respirar. Caminhou pelos jardins da mansão, onde as luzes da cidade brilhavam ao longe. Seu coração estava pesado, sufocado por uma dor que parecia não ter fim.

— Você está bem, senhora Massarotti?

Ela se virou e viu Sofia, uma das empregadas mais antigas da casa. A mulher, de meia-idade e olhar gentil, sempre fora uma presença reconfortante.

— Estou apenas... pensando.

Sofia sorriu de leve.

— Pensamentos podem ser traiçoeiros quando estamos tristes.

Lana suspirou.

— Você já amou alguém que nunca olhou para você da mesma maneira?

Sofia abaixou o olhar, como se revivesse algo do passado.

— Sim. E foi a maior dor da minha vida.

Lana engoliu em seco.

— E o que você fez?

Sofia hesitou antes de responder:

— Aprendi que, às vezes, o amor sozinho não basta.

Lana sentiu o impacto daquelas palavras. Será que ela estava se agarrando a algo que jamais existiria?

Antes que pudesse continuar a conversa, um carro preto parou em frente à mansão. Ela franziu a testa ao ver um homem sair do veículo. Ele era alto, com cabelos levemente bagunçados e um sorriso que contrastava com a seriedade de Ricardio.

— Luca Bellucci... — Lana murmurou.

Sofia arregalou os olhos.

— O filho de Enzo Bellucci? O rival de seu marido?

Lana assentiu, enquanto Luca caminhava até ela com um sorriso no rosto.

— Senhora Massarotti, que prazer revê-la. — A voz dele era suave, mas carregada de intenções.

— O que faz aqui, Luca? Sabe que Ricardio não gosta de visitas inesperadas.

— Justamente por isso vim agora. — Ele sorriu de lado. — Preciso conversar com você.

Lana cruzou os braços.

— Sobre o quê?

Luca se aproximou um pouco mais, diminuindo a voz.

— Sobre seu marido... e o que ele está escondendo de você.

Lana sentiu o coração acelerar.

— O que quer dizer com isso?

Luca olhou ao redor, certificando-se de que ninguém os ouvia.

— Você realmente sabe com quem está casada, Lana?

Ela prendeu a respiração. Algo dentro dela dizia que aquela noite estava prestes a mudar tudo.

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