Ignorando as dores que pioravam cada vez mais em sua barriga, ela esperou.
Ouviu um carro que se aproximava e levantava a poeira da rua. Corny estava desmaiado novamente.
Ela correu de encontro ao carro como se sua vida dependesse disso.
O carro parou há cinco metros, ela fazia sinais com as mãos, mal tinha voz para gritar e eles pararam.
A alma saiu de seu corpo quando desceram. Eram os dois policiais que queriam prendê-los mais cedo. O destino não podia fazer aquilo com ela.
- Há um ferido - Ela disse tão logo eles desceram, rezava para estar tão imunda como imaginava que estivesse, como se sentia e assim não a reconheceriam, talvez com tudo o que acontecera, eles os ajudariam.
Ela mostrou onde Corny estava, mas ficou ao lado do carro. Não os acompanhou e quando um deles, o que havia desferido uma coronhada em seu marido olhou para trás, para ver por que ela
Misericordiosamente, o bairro em que moravam não foi atingido pelas bombas. Zaira chegou a sua casa após andar sozinha, dispersa de pensamentos. Ignorara pessoas pela qual passara, não respondia quem a chamava. Perdera os sapatos pelo caminho e seus pés estavam feridos das pedras soltas pelas ruas.Andara em meio ao caos, vazia e sem se importar com nada e nem ninguém.Magna e Frane tinham a expressão de assombro quando ela chegara. estavam no portão, junto a muitos vizinhos e foi Nani quem a viu virando a esquina.Rael, sua irmã, Magna e Frane, a bombardeavam de perguntas:- Como está?- E esse sangue?- Tem algo quebrado?Ela os olhava, mas não conseguia se importar, era uma casca vazia, só quando perguntaram de Corny, ela saiu de seu torpor:- Ele está morto. Busque-o, doutor Frane!Ela pediu e entrou para casa.Ma
Abrir os olhos lhe custava muito. Lhe doía toda a cabeça e Lacantra resolveu não os abrir.Sentia o suor a lhe escorrer pelas costas e se grudar em suas vestes.Sentia o cheiro da fumaça do cigarro de Shetary, já tão conhecido por sua memória olfativa.Sabia que o dia estava claro, pelas pálpebras cerradas, ela sabia que era dia.Só forçou suas vistas a se abrirem ao ouvir a doce voz sussurrada de Aloy. Seu Aloy. Mas seus olhos não abriam, por mais que ela quisesse e tentasse.- Já se passaram quase uma lua, mãe. O inchaço em sua cabeça diminuiu, o corte já está cicatrizando, por que não acorda, por Rafo, por que não acorda?- Calma, rapaz - A voz de mãe Shetary também era baixa, mas firme - Temos que agradecer à Rafo por ela estar viva e respirando. Foi uma pancada muito forte.- Ma
- Mãe, não seja exagerada, por Rafo - Dizia Cárita, filha de Lacantra. - Essa sua invenção nunca deixará de ser útil. Mas vou me embora, volto em uma lua, prometo - Cárita lhe beijou a testa vincada de rugas e se foi.Ela tinha muito orgulho de sua filha, Cárita era muito parecida ao pai, até no amor por Rollis. Onde ia, levava sempre seu companheiro.Lucca, seu filho mais velho também gostava de Rollis e tinha um criadouro com uma meia dúzia.Lacantra adorava sua morada. Construiu-a com seu companheiro quando fizeram o enlace há tantos anos atrás. Foi uma morada movimentada; tudo acontecia ali, os Cândalos a procuravam sempre e mantinham sempre a porta aberta, pois não tinham horas para chegar. Centenas de invenções, ela trouxera para as tribos, incontáveis. Tudo mudara desde que ela se mudara de vez para Pief,
- O que é isso que desenhou aí, Lacantra?- Eu não sei o nome, mamãe, mas sei que seria muito bom para falar com papai quando ele estiver longe nas batalhas ou caça.- Essa foi minha primeira lembrança, creio que eu deveria ser muito pequena, mas me lembro que havia sonhado com isso, sabe. Corri para fora e risquei em frente à nossa porta com um graveto qualquer. Minha mãe até chamou avó Dabi para ver, ela achou muito interessante o desenho e por mais que eu tenha tentado explicar seu funcionamento, eu não conseguia, era muito novinha ainda.“É o mesmo desenho que já fiz tantas vezes nos anos que se passaram, sabe aquele desenho quadrado que já fiz para você, já até me acostumei a desenhá-lo. Ainda tenho visões com ele quando durmo, ele e mais tantas outras que não sei explicar,
- Eu estava com Japur no rio Tisda. - Pipa contava-lhes seu sonho - Ele caía na água mas não se molhava. Eu o olhava e não entendia como ele podia não se molhar. Pulei junto com ele, mas a água espadanava toda e eu fiquei encharcada. Fiquei enraivecida por ele rir alto de mim por ter me molhado e ele não.Pipa contava enquanto retirava as bagas e as colocava em uma tigela. Lacantra e a mãe ficaram vidradas na história do sonho da jovem que desde muito nova, era apaixonada por Japur.- Que estranho. - Disse a mãe quando a filha terminou sua narração. - Vocês tem visagens estranhas, eu me deito e apago até o dia seguinte, talvez até tenha alguma, mas basta eu colocar os pés no chão ao me levantar de manhã, para se esfumaçarem.Pipa nunca teve dúvidas de que se casaria um dia com o jovem que retribuía seu amor. Ela tinha
- Eu não cheguei a os seguir, mas vi quando se afastaram rapidamente. Eram uns vinte, aproximadamente. Mas ficaram apenas olhando para cá por uns instantes e foram embora.Ela ouviu o que parecia ser o final de algo importante que o irmão dizia aos pais.Julgou ser importante ao ver a feição da mãe e da cunhada. Sáhh tinha a cabeça baixa, preocupada e sua mãe, olhava para o filho com os punhos cerrados ao lado do corpo, lívida. Seu pai, sentado á mesa, tinha os lábios como uma linha. Uma mistura de ira e medo permeavam sua feição.- Os Brucks? - Lacantra perguntou, já imaginando a resposta. Seu irmão, suavizou a expressão preocupada ao ver a irmã entrando na cozinha, assentiu e se desencostou da mesa para abraçá-la.- Nada com o que se preocupar, pixotinha. - Chamou-a pelo apelido carinhoso, enquanto apertava-a ao seu
- Foi engraçado dessa vez.- Lucca, Lacantra e Pipa estavam no córrego caçando Murtilas, uns bichinhos que desprendia de suas asas um pó fino com uma luminescência que eles adoravam usar como tinta. A fosforescência de suas diminutas asas, perduravam por horas e as caçavam sempre e usavam o líquor para se pintarem. Pintavam os rostos com discos ou formatos de desenhos, escreviam arabescos que ficavam acesos em suas peles por horas.Murtilas eram usadas também para demarcar o cabo das espadas em lutas noturnas. Sua clareza e cores diversificadas, ajudavam a encontrar o animal abatido ou o inimigo em uma guerra.- Nos conte - Pediu Pipa. Seu rosto claro, salpicado de sardas, estava mesclado de verde e amarelo em lindos arcos desenhados com as asas das Murtilas. O dia mal começara e os amigos esperavam Japur que tinha avisado na noite anterior que estaria ali antes deles chegarem. - Cadê
Fazendo uma força sobre humana, ela passou a mão pelos cabelos de Lucca e lhe disse que sentia muito.Vendo que a amiga estava fora do choque, ele se levantou e a puxou.Encontram Carh fora da tribo, ele havia corrido para pedir ajuda ou procurara uma forma de contra ataque que falhou, foi o que os sobreviventes disseram. Seu irmão fora um herói, salvara a vida de muitos na luta. Três Brucks foram mortos por ele e jaziam próximo de seu corpo.Sua esposa fora empalada por uma espada e para aumentar a agonia, fora encontrada na porta da casa dos sogros com a própria espada transpassada nas costas de sua mão e atravessara sua barriga. Tentara proteger seu bebê que nem se percebia que existia e foi ali que levou o golpe. O que sobrou de Puzzo e Tábea, mal dava para contar como corpo.Nem conseguiram escapar do fogo na choupana. Ninguém pôde explicar, mas supunha-se