MAITÊ NARRANDO Me chamo Maitê Smith, tenho 18 anos, nasci em Londres, na Inglaterra, mas ainda criança viemos para Moscou em busca de uma vida melhor, pelo menos é isso que me lembro. Tenho lembranças vagas dos meus pais. Quando eu tinha oito anos, minha mãe fez minha última festinha de aniversário na minha antiga escola em Londres, que ficava próxima ao Central Park. Ali, eu não sabia que estava me despedindo da minha vida e da minha felicidade, não só dos meus amiguinhos. No dia seguinte, voamos para Moscou. Meu pai estava muito empolgado com o novo trabalho. Nossa casa em Londres era pequena, com um único vão que era dividido com cortinas e um banheiro. Era tudo bem simples, mas eu me sentia feliz, pois eles estavam ali cuidando de mim. Quando chegamos em Moscou, a casa era enorme, uma verdadeira mansão, com duas salas, uma sala de jogos, cozinha, várias suítes e um quintal enorme. Isso encheu os olhos dos meus pais, que começaram a trabalhar para um chefe que não tinha nom
BRYAN NARRANDO Me chamo Bryan Petrov, tenho 35 anos e sou o capô da máfia Yakuza, a organização que atua em Moscou, domina o território russo e já entrou em diversos países. Meu pai é Don Petkovic, o nome mais temido de toda a Rússia. Ele é um homem cruel e sem escrúpulos; a única coisa que honra nesta vida é a família.A família se resume a minha mãe e minha irmã. Por ser homem e seu sucessor, meu pai me treinou para ser uma máquina, o que me fez muito mal ao longo da vida.Mas o fato de não receber carinho, atenção ou qualquer outra coisa que afague um pouco o ego e me faça sentir amado pelo meu pai não fez diferença nenhuma em toda a minha vida. Sei quem sou e o que almejo: a cadeira de Don.Sou fiel ao meu pai e à nossa organização, que é nossa segunda família. Um dia, vou assumir o lugar dele e mudar muitas de suas regras e leis.Quando eu tinha 30 anos, me casei com a mulher mais linda que já conheci em toda a minha vida, a formosa Marisol. Casei-me por amor; tínhamos um compro
MAITÊ NARRANDO Já faz quase uma semana que estou aqui na casa da dona Margareth. Ela chega depois das oito horas da noite, e já teve um dia em que ela dormiu no serviço, mas ligou para casa informando e pediu para que eu trancasse bem todas as portas.Nesse dia, eu quase não consegui dormir de medo; até levei uma faca da cozinha e coloquei embaixo do meu travesseiro.Todos os dias, quando a dona Margareth chega, a comida já está pronta e tudo já está feito na casa. Cresci trabalhando nas instalações, as freiras nos ensinam como cuidar de uma casa e cozinhar. Aprendemos tudo em relação a serviços domésticos, hortaliça, jardinagem. Essas coisas básicas, elas nos preparam para enfrentar o mundo fora dos muros. Todos os internos têm consciência de que, ao completar 18 anos, vão sair do convento e aprender a voar sozinhos.Eu tenho saído todos os dias para procurar trabalho. O dinheiro que a freira Maria me deu na saída do convento me ajudou a tirar fotos e fazer os currículos. Eu não vou
MAITÊ NARRANDO Depois que a dona Emma foi embora, o clima melhorou novamente e eu continuei brincando com a Mia. Eu queria ajudar a tia Margareth, mas a menina queria brincar, e ela falou que não precisava de ajuda, que o meu trabalho ali era só cuidar e dar atenção à pequena.— Mas não custa nada ajudar a senhora, não tem outras pessoas na casa? — falei, e ela me corrigiu, dizendo que o patrão não gosta que chamem as pessoas de empregadas.— Para o sr. Bryan, nós somos colaboradores. Ele nos trata com muito respeito e atenção, diferente da dona Emma — tia Margareth e eu apenas concordamos com a cabeça.Ela foi me mostrar a casa, que é muito grande e linda. Tem várias salas. Perguntei quantas pessoas moravam na casa, e ela respondeu que, além dos colaboradores, só tem o patrão, que é o senhor Bryan, e a Mia.— A dona Emma não mora aqui? — perguntei, curiosa, porque ela já chegou dando ordens como se fosse dona da casa.— Não, ela é a noiva do patrão. Às vezes dorme aqui, mas não é se
EMMA NARRANDO Sou Emma Parker, uma apaixonada designer de joias de 29 anos, tenho amor pela moda e pelo design é tão intenso quanto o brilho das gemas que utilizo em minhas criações. Desde minha adolescência, sempre fui fascinada pela ideia de transformar materiais preciosos em peças que contam histórias e capturam emoções.Cada manhã, quando entro no meu estúdio, me sinto como uma artista diante de uma tela em branco, pronta para dar vida a minhas visões. Minha jornada no mundo do design de joias começou após concluir meus estudos em moda, quando percebi que minha verdadeira paixão residia na criação de acessórios que transcendem simples adornos e se tornam expressões de beleza e individualidade.Para mim, o processo de design é uma dança entre imaginação e técnica, onde cada traço, cada curva, é cuidadosamente considerado para garantir que a peça final transmita não apenas minha visão artística, mas também a personalidade e o estilo únicos de quem a usa. Cada pedra preciosa que sel
MAITÊ NARRANDO Desci para jantar com a Mia. A dona Emma já estava sentada à mesa e me repreendeu dizendo que estávamos cinco minutos atrasadas.— Se você quer trabalhar nesta casa, tem que aprender as regras e ser pontual. Se tem uma coisa que meu noivo detesta é atraso — ela falou, colocando a água na taça.Se eu não precisasse tanto desse trabalho, pegaria aquela jarra de água e a derramaria na cabeça dessa cobra. Que mulher insuportável.Sentei a Mia na cadeirinha dela e me sentei ao seu lado. Coloquei a comidinha dela, sempre perguntando o que ela queria. Quando eu estava cortando a carne, mais uma vez a dona Emma me repreendeu. Parece que nada agrada essa mulher. Ela só sabe reclamar.Continuei cortando a carne do jeito que sei, servi a minha comida, sempre arrumando a postura, e segurei o garfo do jeito que a tia Margareth me ensinou. Jantamos em silêncio e foi servida a sobremesa. A sobremesa da Mia é sempre fruta, pois ela não pode comer nenhum tipo de doce.— Me fale sobre v
BRYAN NARRANDO A missão no sul do país não era apenas um trabalho, era uma questão de honra. Recebi ordens diretamente do meu pai para resolver um problema em Sochi, um cliente de nossas armas, um político local, estava nos devendo e tentava escapar das suas obrigações. O tipo de erro que não podemos deixar passar.Cheguei à cidade numa madrugada chuvosa, o capote escuro protegendo meu terno impecável. Me Encontrei com o nosso contato local, um homem chamado Joseff, que me entregou todos os detalhes. O alvo era um empresário ligado ao político. O plano era simples: fazer uma visita noturna, assustá-lo o suficiente para que ele pagasse o que devia.Passei o dia observando o alvo, um tipo gorducho e arrogante que parecia pensar que estava acima das consequências. Quando a noite caiu, eu e Joseff nos aproximamos da mansão dele. A segurança era mínima, confiavam demais nos muros altos e nos cães. Saltamos o muro e silenciosamente neutralizamos os cães com carne embebida em sedativos.De
MAITÊ NARRANDO O Sr. Bryan é um homem muito imponente, até a sua presença assusta. Ele tem uma expressão muito séria e encarou a dona Emma, que mostrou um sorriso amarelo e foi falar com ele de uma forma bem fingida.O que achei estranho é que, quando ela tentou beijar o seu noivo, ele virou o rosto como se não quisesse, parecia recusar o seu beijo.Ele perguntou o que estava acontecendo, mas ela ficou dando voltas, duvidosa em dizer a verdade, que estava me ameaçando e me encurralando. Amanhã vou contar tudo à tia Margareth.— Você não ouviu o que eu falei? Saia, depois nós vamos conversar — ele falou então em voz mais alta, quase gritando.— Vou te esperar no quarto — dona Emma falou, mas ele não deu a mínima.— E você, sente-se, precisamos conversar — ele falou me encarando.Minhas pernas começaram a tremer e eu tive que sentar, se não ia cair. Ele ficou fazendo carinho nos cabelos da Mia até que ela dormiu. O perfume dele ficou no quarto, um cheiro amadeirado. Fechei os olhos, in