Bryan

BRYAN NARRANDO

Me chamo Bryan Petrov, tenho 35 anos e sou o capô da máfia Yakuza, a organização que atua em Moscou, domina o território russo e já entrou em diversos países. Meu pai é Don Petkovic, o nome mais temido de toda a Rússia. Ele é um homem cruel e sem escrúpulos; a única coisa que honra nesta vida é a família.

A família se resume a minha mãe e minha irmã. Por ser homem e seu sucessor, meu pai me treinou para ser uma máquina, o que me fez muito mal ao longo da vida.

Mas o fato de não receber carinho, atenção ou qualquer outra coisa que afague um pouco o ego e me faça sentir amado pelo meu pai não fez diferença nenhuma em toda a minha vida. Sei quem sou e o que almejo: a cadeira de Don.

Sou fiel ao meu pai e à nossa organização, que é nossa segunda família. Um dia, vou assumir o lugar dele e mudar muitas de suas regras e leis.

Quando eu tinha 30 anos, me casei com a mulher mais linda que já conheci em toda a minha vida, a formosa Marisol. Casei-me por amor; tínhamos um compromisso desde crianças, pois nossos pais fizeram uma aliança e fomos prometidos um ao outro.

Marisol cresceu em um convento. Só nos víamos nas temporadas em que ela voltava para casa para ficar com sua família, e eu ia visitá-la. Quando ela saiu do convento, foi fazer faculdade e acabou fugindo com medo do casamento.

Meu pai pensou em cobrar isso do pai dela, que é um dos conselheiros, mas ele conseguiu trazê-la de volta. Eu sempre amei Marisol, e ela aprendeu a me amar quando me conheceu. Pena que não passamos tanto tempo juntos; pouco depois do nosso casamento, ela engravidou e surgiram os problemas.

Eu agradeço por essa lei, pois foi através dela que conheci o amor da minha vida, a minha Marisol. Mas quando eu assumir, vai ser a primeira coisa que eu vou rasgar. Não vai mais existir esse decreto de pais decidirem o destino dos seus filhos.

A minha esposa faleceu poucos dias após o nascimento da nossa filha. Ela teve uma complicação na gestação e teve que tirar a Mia antes do tempo. Marisol não chegou a conhecer a nossa filha; ela entrou em coma e morreu na UTI. A minha filha ficou 4 meses na UTI neonatal e hoje, com 3 anos, cuido dela como se fosse um cristal.

Depois da morte da minha esposa, me tornei um homem frio, sem sentimentos nem piedade de ninguém. A única pessoa que aquece o meu coração e comove a minha alma é a minha filha Mia, que é muito parecida com a mãe dela.

Quando a minha esposa faleceu, ela levou junto meu coração. Meu pai já está querendo se aposentar e está exigindo que eu me case novamente, até me deu a opção de escolher minha noiva. Designei a honra para ele, para mim tanto faz casar ou não casar. Não iria amar, muito menos cuidar de outra mulher.

Meu pai, junto com o conselho, escolheu Ema Parker, irmã da Marisol, minha ex-cunhada e tia da minha filha. No começo, até questionei, mas o próprio pai dela concordou, já que Ema ajuda a cuidar da Mia e está na idade de casar. Ela é a irmã mais nova da Marisol.

Aceitei e coloquei uma objeção: só me casarei no dia da minha coroação. No dia que eu me tornar Don, que eu assumir o trono de uma vez por todas, aí sim me caso com a Ema. Até lá, ela será minha noiva, uma noiva a qual nem faço questão de tocar, conversar, nem nada do tipo.

Quando ela insiste muito, a gente acaba na cama. Sempre uso preservativo, já deixei claro para Ema, para o pai dela e também para o meu pai que não pretendo ter mais filhos. Já tenho a minha herdeira e está de bom tamanho.

A última babá que contratei para ajudar a cuidar da Mia foi embora sem nem avisar. Não sei o que acontece; nenhuma babá aceita passar muito tempo trabalhando na minha casa. Já coloquei sistema de câmeras que captam áudio e não há nada que possa esclarecer tal fato.

Mia é uma criança linda e meiga, minha filha é uma verdadeira princesa. Por ela, sou capaz de tudo.

— Mais uma babá que pede demissão. Ema, você poderia me explicar o que acontece nesta casa, já que você está aqui 24 horas? — perguntei encarando ela.

— O que você quer que eu diga? É só você olhar nas câmeras. Não acontece absolutamente nada, Bryan. Você que sempre contrata mulheres incompetentes — Ema respondeu me olhando seriamente nos olhos.

Concordei com ela, não tem explicação para isso. Pago bem, todos os meus colaboradores têm todos os direitos garantidos em carteira, alimentação e pousada na minha casa.

Essa noite, a Mia dormiu comigo. Quando não tenho nenhuma missão, pego ela para dormir na minha cama. E quando eu saio de missão e não tem nenhuma babá, levo a minha filha para a casa dos meus pais.

Hoje, acordei cedo com uma ligação do meu secretário, uma viagem de emergência. Deixei a minha filha dormindo. Tenho que contratar uma babá com urgência. Fiz a minha rotina matinal, me arrumei, e quando desci para tomar café da manhã, conversei com a dona Margareth, uma das minhas funcionárias mais antigas.

Ela trabalha conosco desde que me casei com a Marisol.

— Bom dia, Margareth. Quero que você me faça um grande favor. Sei que a sua irmã é freira e sempre ajuda as pessoas. Quero que consiga uma pessoa de confiança para cuidar da Mia. Vou me ausentar do país por alguns dias, isso pode levar meses. Eu não quero ter que deixá-la na casa dos meus pais, muito menos sob a responsabilidade da Ema — falei enquanto ela servia o meu café.

— Se o senhor quiser, eu posso trazer a menina ainda hoje. Ela se chama Maitê, acabou de sair do convento e está morando na minha casa. É uma menina de confiança — ela falou, e eu dei carta branca para contratar a moça, mas não tenho tempo para conhecê-la, pois estou saindo de viagem.

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