Labirinto do crime - A vingança da Mafiosa
Labirinto do crime - A vingança da Mafiosa
Por: Viih
Maitê

MAITÊ NARRANDO

Me chamo Maitê Smith, tenho 18 anos, nasci em Londres, na Inglaterra, mas ainda criança viemos para Moscou em busca de uma vida melhor, pelo menos é isso que me lembro. Tenho lembranças vagas dos meus pais.

Quando eu tinha oito anos, minha mãe fez minha última festinha de aniversário na minha antiga escola em Londres, que ficava próxima ao Central Park. Ali, eu não sabia que estava me despedindo da minha vida e da minha felicidade, não só dos meus amiguinhos.

No dia seguinte, voamos para Moscou. Meu pai estava muito empolgado com o novo trabalho. Nossa casa em Londres era pequena, com um único vão que era dividido com cortinas e um banheiro. Era tudo bem simples, mas eu me sentia feliz, pois eles estavam ali cuidando de mim.

Quando chegamos em Moscou, a casa era enorme, uma verdadeira mansão, com duas salas, uma sala de jogos, cozinha, várias suítes e um quintal enorme. Isso encheu os olhos dos meus pais, que começaram a trabalhar para um chefe que não tinha nome, não tinha uma empresa fixa, só ouvíamos falar "O Chefe".

Estudei meses na melhor escola do país, todo mês ganhava brinquedos, meu quarto era de princesa. Nossa vida mudou da água para o vinho de repente.

Uma noite, eu estava dormindo quando minha mãe entrou no meu quarto e me acordou. Ouvi um barulho, íamos fugir, mas já era tarde demais. Homens armados entraram na nossa casa. Meu pai estava gritando, chamando minha mãe. Ela saiu correndo para ajudá-lo. Fui ver o que estava acontecendo, fiquei no cantinho do corredor e vi meus pais serem assassinados. Foram muitos tiros. Eu estava ali há pouco tempo e ainda não dominava o idioma, eles gritavam em russo. Eu não entendi, mas guardei no meu subconsciente cada palavra dita e, hoje, sei quem matou meus pais e vou me vingar.

Corri chorando e me escondi embaixo da minha cama, comecei ouvir passos, meu coração batia acelerado de medo, cheguei a ver os sapatos e as vozes falando em Russo. Não sei por qual milagre eles não olharam embaixo da cama e foram embora.

Eu fiquei paralisada de medo, não conseguia nem me mexer, chorei até dormir naquele chão frio, até que senti alguém me puxando comecei a gritar me debatendo, quando abri os olhos era um policial, fui levada para um Orfanato já que não tínhamos parentes na Rússia.

Os primeiros anos no orfanato foram os piores da minha vida. Eu sentia muita falta dos meus pais, depois fui me acostumando.

Minha infância e adolescência no orfanato foram tempos que me moldaram profundamente. Quando fecho os olhos, ainda consigo ver os altos muros de pedra que cercavam o lugar, como se tentassem esconder do mundo as crianças que ali viviam.

Lembro com carinho da irmã Maria, uma das freiras responsáveis pelo orfanato. Ela tinha um sorriso gentil e palavras doces para todos nós. O Abraço dela era o que eu mais gostava de receber. Era como uma mãe para mim. Foi ela quem me ensinou a ler e a escrever. Através dos livros, eu encontrava um refúgio, mergulhando em mundos imaginários que me faziam esquecer, por alguns momentos, as dificuldades da vida real.

As amizades que fiz no orfanato foram um ponto de luz na minha vida. Sinto muita saudade de Emily, minha melhor amiga de infância. Compartilhávamos segredos e sonhos, e juntas explorávamos cada canto do orfanato, transformando o velho edifício em um castelo encantado ou em uma nave espacial, dependendo da nossa imaginação no dia.

Nem tudo, porém, era alegria. Havia momentos de tristeza e solidão. Me lembro das noites frias em que eu chorava baixinho, sentindo falta dos meus pais. E jurava vingança no frio da madruga.

Na minha adolescência, eu tinha curiosidades, queria conhecer a vida, assistíamos a séries e novelas. Eu via os beijos, as declarações de amor. Cheguei a ter um namoradinho, mas nunca nos beijamos. A freira Maria dizia que era pecado, e eu sempre acreditava em tudo que ela falava.

Eu e meu namorado só andávamos de mãos dadas pelo orfanato, eu assistia a ele jogar bola, e os outros meninos ficavam com ciúmes.

Quando completei quinze anos, ganhei um bolo de aniversário e todos cantaram parabéns para mim. Mas, para minha tristeza, meu namorado foi transferido para outra instituição. No dia em que completei quinze anos, ele completou dezessete e não podia mais ficar lá.

Nunca recebi visitas, nem de parentes conhecidos, nem de pessoas desconhecidas. A sensação que eu tinha era que todos me esqueceram, me tornei um fantasma. Quando recebíamos visitas de possíveis pais, pessoas procurando crianças para adotar, eles procuravam as menores, os bebês. Quase todo dia chegava um bebê; eles eram os mais fáceis de serem adotados.

Quando completei 18 anos, a irmã Maria me chamou na sala da diretoria e me deu uma notícia que me deixou muito triste e com muito medo: eu teria que deixar o orfanato. Eu não conhecia ninguém na cidade, não tinha família. Comecei a chorar e implorar para que eles me deixassem ficar.

— Eu não tenho para onde ir, me deixe ficar. Por Favor! — Falei em prantos.

— Maitê, não podemos fazer isso, é norma do orfanato. Mas não se preocupe, eu vou pedir para minha irmã te ajudar. Você terá casa, comida e muito amor — a freira me abraçou e deu um beijo na minha testa, mandando eu me cuidar.

Arrumei minhas coisas e me despedi de todos. A cada segundo que antecedia minha saída, a tristeza era maior. Quando a freira pegou na minha mão e disse "vamos", o desespero tomou conta de mim, as lembranças vieram como enxurradas em minha memória.

Do lado de fora, uma senhora me esperava em um carro velho. Passei pelo portão e dei o último abraço na irmã Maria, a pessoa mais bondosa que já conheci na vida. Quando o portão se fechou, olhei aquele muro enorme com lágrimas banhando meu rosto.

Entrei no carro da tia Margareth e fomos embora dali. A tia Margareth é solteira e mora sozinha. Ela trabalha em uma mansão enorme e prometeu conseguir um trabalho para mim. Vou começar minha vida do zero, mas diante do sol que me ilumina e de todos os que me cercam, eu vou me vingar. Pode até demorar, mas alguém vai pagar por tudo que passei nessa vida.

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