BRYAN NARRANDO Assim que chegamos na minha casa, Emma já estava me esperando. Maitê subiu com a minha filha; provavelmente foi cuidar dela. Daqui a pouco é o horário do jantar e eu já deixei claro que não tolero atrasos nos horários da Mia.— Vim almoçar com você e fiquei sabendo pela empregada que você foi para a casa dos seus pais com a minha sobrinha e a babá — Emma às vezes me cansa com as coisas óbvias.— Até onde eu saiba, não marcamos nenhum compromisso no horário do almoço, e também, até onde eu saiba, vou para onde eu quiser e com quem eu bem entender — falei querendo encerrar o assunto, pois odeio discutir relação, não tenho paciência para esse tipo de assunto.Me sentei no sofá e pedi para me servirem uma dose de whisky enquanto ouvia as reclamações da Emma, que não cansa de pedir para marcarmos a data do nosso casamento, e eu não canso de repetir que isso ficará para outro momento.Quando a Maitê desceu com a minha filha e foi em direção à sala de jantar, acompanhei-a, e
BRYAN NARRANDO Quando a Maitê apertou a minha mão e olhou em meus olhos, vi dentro dela algo que existe dentro de mim. Não sei explicar o que é além da mágoa e do ressentimento.Ela pediu licença e falou que estava com dor de cabeça. Quando ela saiu do escritório, soltei o ar que estava preso nos pulmões, sentindo ainda o seu perfume que ficou impregnado por todo o escritório, um perfume doce e suave.Liguei o computador e a primeira tela que abriu foram as gravações da câmera do quarto da Mia. A programação mostra em tempo real e divide a tela com outras gravações detectadas. E captou certinho a hora que Emma entrou no quarto da minha filha e passou alguns segundos olhando para a lâmpada.Depois, ela sai do quarto e não volta mais. Não é possível que ela tenha descoberto. Preciso fazer o teste.Desliguei o computador já chateado e subi para o meu quarto. Tomei um banho e deitei. Peguei no sono; esses últimos dias estou dormindo pouco.Acordei cedo, fiz a minha rotina matinal e a pri
EMMA NARRANDO Que ódio eu estou dessa babá, e também estou de olho na Margareth. Com certeza essa velha vai querer empurrar essa menina para cima do Bryan. Dá para ver o quanto a Maitê é grata à Margareth, já que foi ela quem ajudou quando a morta de fome saiu do orfanato.Não sei com quem posso contar nesse momento, mas eu não posso perder o amor da minha vida mais uma vez. Eu já sei que o Bryan está desconfiado de mim; se não, jamais colocaria uma câmera no quarto da Mia. A não ser que ele voltou lá para ficar espiando a Maitê enquanto ela dorme.Mas isso não vai durar muito tempo. Eu vou dar um jeito de me livrar dessa mulher, preciso pensar como.Voltei para o meu ateliê enquanto várias ideias passavam pela minha cabeça. Eu não posso simplesmente chegar e atacar a Maitê como fiz com as outras e mandar ela para bem longe do meu noivo. Eu queria fazer isso, mas não posso.Tive uma ideia fabulosa. Liguei para uma das minhas melhores amigas, a Hanna. Ela tem uma agência de modelos e
MAITÊ NARRANDO Quando o senhor Bryan me falou que sabia quem sou, meu coração acelerou e quase saiu pela boca de tanto nervoso. Ele insistiu e eu sempre negando que não lembrava de absolutamente nada do meu passado, até que ele falou o nome do meu pai. Nesse momento tudo dentro de mim desmoronou. Michael Smith, o meu pai, eu não sabia que o meu pai era contador de uma organização criminosa, por isso que a nossa vida mudou assim tão derepente, mas eu preferia ainda morar na Inglaterra, ter o básico e ter eles vivos.O Senhor Bryan começou a insistir dizendo que ele poderia me ajudar, só ele pode fazer isso por mim questionei como foi quando ele me falou algo revelador, que me assustou e me fez ter confiança ao mesmo tempo. — Eu sou capo da organização criminosa chamada Yakuza. Sou herdeiro do trono. Posso te ajudar em todos os sentidos e, assim, você vinga a morte dos seus pais. A única coisa que eu te peço é que confie em mim — Ele falou me olhando nos olhos, concordei com a cabeça
BRYAN NARRANDO Emma às vezes passa dos limites. Hoje, ela saiu batendo a porta, mesmo sabendo que odeio esse tipo de comportamento. Pode assustar minha filha e, dentro da minha casa, a prioridade é a segurança da Mia.Esperei a Maitê descer com a Mia para o jantar e, durante a refeição, informei que começaremos nossos treinos. Após o jantar, Maitê subiu para colocar a Mia para dormir. Aproveitei a oportunidade para ir até a cozinha e pedir a Emma que ficasse de olho na minha filha.— E onde está Maitê? — ela perguntou.— Está colocando a Mia para dormir, mas vai sair comigo. Só faça o que lhe pedi, sem muitas perguntas — falei sério, e ela concordou.Subi para trocar de roupa; não dá para treinar de terno e gravata. Vesti algo confortável e desci, esperando por Maitê na sala. Quando nossos olhares se encontraram, fiz um sinal com a cabeça e ela me acompanhou. Gerard abriu a porta do carro, Maitê entrou de um lado e eu entrei pelo outro.Fomos até o galpão em silêncio. Era o lugar per
MAITÊ NARRANDO O senhor Bryan me levou para um galpão. Durante todo o caminho, meu coração batia acelerado. Sei que preciso confiar nele, mas estou um pouco assustada. Viver é muito novo para mim. Desde os meus oito anos vivi rodeada pelos muros do orfanato, nunca saí. Quando saí, descobri a imensidão do mundo aqui fora e ainda caí de paraquedas na casa de um mafioso que sabe mais da minha própria vida do que eu.Chegamos em uma parte da cidade que tem vários galpões, tudo muito escuro. O motorista parou o carro na frente de um galpão que estava com a luz fraca. A porta fechada, um completo silêncio. O senhor Bryan falou alguma coisa com um dos seguranças, que entrou no galpão. Assim que ele abriu a porta, ouvimos os barulhos de tiros ecoando. Não demorou nem cinco minutos e os homens começaram a sair do galpão em direção às suas motos e carros.Entramos e ele me deu a primeira instrução. Foi uma sequência de "arruma a postura, respira, relaxa." Quando enfim começamos o treinamento,
EMMA NARRANDO Bryan pensa que sou boba ou que vai me trocar por uma fedelha que mal saiu das fraldas. Pode não estar acontecendo nada entre eles, ainda, mas vai acontecer. O jeito que ele olha para Maitê, e o quanto ela parece com a Marisol quando sorri.Cheguei na casa dos meus pais e fui direto para o meu quarto. Liguei a banheira, coloquei os meus sais de banho, acendi incenso e preparei um banho perfeito. Peguei alguns produtos para a pele, tirei a minha roupa e entrei na banheira.Coloquei a minha máscara feita à base de argila. Esse estresse que o Bryan estava me fazendo passar não vai ficar assim. Ele não vai me usar e me descartar como se eu fosse qualquer coisa. Relaxe enquanto tomava o meu banho de espuma perfeito.Quando a água já estava esfriando, saí da banheira, me arrumei e desci para o jantar.— Filha, pensei que você iria passar a noite com o Bryan — minha mãe falou.— Ele teve uma missão — respondi sem nenhum entusiasmo.Meu pai começou a me cobrar a data do casamen
MAITÊ NARRANDO Não desci do carro e não aceitei que a dona Emma me levasse para o orfanato. Eu vou com o Gerard; não confio nessa mulher. Posso ser ingênua para algumas coisas, mas não sou boba para não perceber que ela não gosta de mim e que essa simpatia não passa de fingimento e falsidade.Assim que chegamos no orfanato, tia Maria veio me receber. Enquanto eu a abraçava, respirava fundo, sentindo o cheiro do lugar onde foi a minha casa por tanto tempo.— Minha menina, como você está linda! Estou vendo que Margareth está cuidando muito bem de você — ela falou assim que desfez o abraço, pegando na minha mão e me olhando da cabeça aos pés.— A tia Margareth é uma pessoa muito especial, ela cuida de mim como se eu fosse sua filha — falei com carinho porque é verdade.Vi umas crianças correndo, e aquelas eu não conhecia. Perguntei, e a tia me falou que chegaram muitas crianças, inclusive um bebê que já foi adotado. É sempre assim: quando os bebês chegam, já tem uma fila querendo adotar