Laços do Coração.A babá do Destino.
Laços do Coração.A babá do Destino.
Por: Grazy Souza
1. Lembranças dolorosas

Eduardo

Sou o CEO da empresa da minha família. Todas no ramo de vestuário, a Hoork Magazine. Fabricamos para grandes marcas, somos mundialmente reconhecidas.

Assumi o lugar de meu pai há três anos, quando ele decidiu se aposentar, e viajar o mundo com minha mãe.

Sendo filho único, essa responsabilidade recaiu sobre mim sem muitas alternativas.

Tomo um copo de whisky, sento em minha cadeira, encosto a cabeça, e fecho os olhos. Esse tormento não acaba, as imagens não somem, a sensação é vivida.

A cena era repleta de alegria, as risadas contagiantes de Bella ecoavam ao longe, preenchendo o ambiente com felicidade. Aproveitávamos minha tão esperada folga, algo raro de acontecer, já que tudo sobra para o CEO resolver.

Reservei um chalé em um sítio resort, um verdadeiro refúgio, não muito longe de casa, só algumas horinhas.

Lembro-me que Savanna me chamou no quarto e perguntou se iríamos mesmo, e ainda brigou comigo por enganar Bella, eu ria e dizia ser verdade, ela só acreditou quando lhe mostrei a reserva, ela pulou no meu colo e me encheu de beijos.

Era um resort fazenda, onde as crianças podiam interagir com os animais, explorar a natureza e se divertir à vontade. Havia cachoeiras cristalinas e piscinas convidativas de água quente ou em temperatura ambiente, proporcionando momentos de relaxamento e aventura para toda a família. Escolhi esse local cuidadosamente, sabendo que seria o cenário ideal para criar memórias inesquecíveis para Bella, minha linda filha. Ela simplesmente tudo para mim. E ver o sorriso estampado no rosto dela e da minha amada esposa foi a confirmação de que a escolha foi certa, tornando aquele momento simplesmente perfeito. Desliguei meu celular para me dedicar inteiramente a elas. Planejei cada detalhe em segredo, tenho o habito de ser meticuloso e detalhista, queria proporcionar-lhes uma surpresa inesquecível. Até que tudo aconteceu.

Levanto-me, vou até o bar, coloco mais duas doses, tento trabalhar, mas a cena do final de semana maravilhoso e o pior da minha vida, volta a rondar meus pensamentos, primeiro vem os momentos felicidade. Lembro-me que ficamos exaustos com tantas atividades, voltando para casa na estrada escura. Enquanto Bella dormia tranquilamente no banco traseiro, eu e Savanna planejávamos nossa próxima viagem em família. Prometi dedicar mais tempo a elas. Savanna solta seu cinto, para arrumar o corpinho de Bella que estava torto no acento, quando tudo aconteceu, quando o meu mundo desabou e nossos sonhos foram interrompidos abruptamente. Ao atravessarmos Hinghan   Um som ensurdecedor rompeu o ar tranquilo quando um caminhão desgovernado veio em nossa direção. Tentei desviar, mas não foi suficiente. O caminhão colidiu em nosso carro com uma força assustadora. Senti muito medo por mim e pela minha família. O impacto enorme, nos sacudiu de uma maneira descontrolável, como se não fossemos nada. O carro foi jogado de um lado para o outro, rodopiando descontroladamente enquanto éramos atirados para em um pesadelo sem fim.

O cheiro de sangue era intoxicante, seu gosto ferroso em minha boca me enjoava, minha cabeça latejava, meus olhos queriam fechar, mas eu tentava resistir, queria salvá-las, eu precisava salvar Savanna e Isabella! Elas eram tudo para mim, mas eu não conseguia, meu corpo não me respondia, eu gritava, mas não ouvia o som da minha voz, a única coisa que escutava era o choro da minha filha. O desespero me dominava, eu não escutar nenhum som vindo de Savanna, e nem conseguia me mexer para ver se ela estava bem.

Bella chorava e gritava chamando pela mãe, eu tentava acalmá-la, mas ela só sabia gritar:

— MAMÃE! EU QUERO A MINHA MÃE! ELA VOOU PAPAI, ELA VOOU! MAMÃE!

Não dava para entender direto, tento raciocinar, “voou, minha mãe voou!”. Então em um lapso de realidade e instinto olho para frente e a vejo! Meu desespero aumenta, Savanna está deitada no chão, seu corpo está imóvel. Grito por ela:

— SAVANNA! SAVANNA! MEU AMOR! RESISTA MEU AMOR! RESISTA!

Ela não se movia, não reagia, não me ouvia. Comecei a chorar desesperado, sentindo-me um nada. Tento me movimentar e sinto uma dor aguda na perna. O cheiro de sangue fica mais forte e a dor aumenta. Meus sentidos começam a nublar e começo a chamar pela minha filha, em uma tentativa de recuperar os sentidos, eu não podia me render, eu precisava ser forte por elas:

— Bella, papai está aqui, não se assuste, logo vão nos salvar! Seja forte, minha menina, seja forte! Eu te amo, minha princesa. Papai está aqui.

— Estou com medo, papai, a mamãe, ela, ela voou, papai, eu vi, ela voou! Eu quero a mamãe! — Fecho os sentindo o desespero da minha filha, ao ver sua mão passar pelo vidro da frente, choro pela dor dela.

Em meio ao caos, meu coração batia acelerado, dominado pela dor, desespero e preocupação com minha filha e esposa. Cada batida do meu coração parecia um eco perante aos gritos da minha filha, e nada, nem um gemido de dor vinha de Savanna, nenhum movimento, ela permanecia imóvel no chão molhado, no meio do asfalto, no meio dos destroços do acidente.

Apesar dos meus esforços para manter-me consciente, a exaustão e o trauma se fizeram presente, transformando tudo em um borrão escuro, as imagens se misturando e se desfazendo diante de meus olhos.

O último som que ouvi foi o angustiante choro da minha filha chamando pela mãe, penetrando cada fibra do meu ser, ela sabia que a mãe não voltaria, assim como eu ela sentia a dor da perda do amor da nossa vida. Eu me sentia preso em um pesadelo do qual não havia escapatória. Então, a escuridão me envolveu, me arrastando para o abismo do inconsciente, onde apenas o eco da dor persistia, uma lembrança cruel da fragilidade da vida.

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