StellaOutro solavanco, ainda mais forte, e eu gritei. Minhas unhas se cravaram na poltrona, e uma dor intensa subiu pelo meu braço. Meu corpo estava paralisado de medo, meu peito doía como se alguém estivesse me apertando por dentro. Lágrimas quentes começaram a escorrer sem parar, minha visão ficando turva. Meu corpo inteiro tremia, e eu sentia como se estivesse à beira de um colapso.— Meu Deus, Eduardo… a gente vai cair! — A frase saiu entre soluços, e minha voz parecia irreconhecível, um sussurro quebrado. A cada nova sacudida, o avião descia bruscamente, e meu estômago se revirava com a sensação de estar em queda livre. O chão parecia fugir debaixo de mim, e eu me agarrava desesperadamente a qualquer coisa, como se aquilo pudesse evitar o inevitável. Minhas pernas, minhas mãos, até minha mente estavam dominadas por um pavor incontrolável. — Eu… eu não consigo respirar…Eduardo estava ao meu lado, sereno, embora eu soubesse que ele também sentia a tensão. Sua mão tocou a minha co
EduardoA estrada parecia se estender infinitamente à nossa frente, cada quilômetro transformando minha própria ansiedade em uma correnteza silenciosa. O silêncio no carro era quase palpável, quebrado apenas pelo som da respiração irregular de Stella ao meu lado. A cidade passava pelas janelas como uma lembrança distante, mas meus pensamentos estavam totalmente focados nela. Eu conhecia bem aquele olhar, a tensão nas mãos que apertavam o banco, o nervosismo contido em cada movimento. Stella estava à beira de um colapso de ansiedade, ela não se recuperou das turbulências ainda, temo que no futuro ela precise tratar o pânico que pode ficar permanecer.Ela não disse nada, mas a saudade dos nossos filhos estava praticamente estampada no ar. Cada segundo que nos afastava de Bia, Bento, Benício e Bella estavam mais próximos. Ela se mexia no banco, ajeitando o cinto, olhando pela janela como se esperasse que, de alguma forma, o carro acelerasse mais rápido. Mas não havia atalhos para a ansie
StellaAbraçada com meus filhos após nossa lua de mel, era difícil acreditar que havíamos passado por tantas mudanças em tão pouco tempo. Eduardo e eu estávamos casados, nossas vidas finalmente alinhadas, e agora era hora de voltar ao nosso cotidiano, cercados pela nossa família e amigos. Assim que cruzamos a porta de casa, fui recebida com abraços e vozes alegres nos davam boas-vindas, o que me lembraram o quanto esse lugar era o meu porto seguro.Um jantar foi preparado, em homenagem à nossa volta para casa, nossos amigos e familiares haviam organizado em comemoração ao nosso retorno. A mesa estava posta com carinho, e a casa estava cheia de vozes familiares que me traziam uma gratidão enorme por tê-los em minha vida. Olhei para Eduardo do outro lado da mesa, e seus olhos encontraram os meus, refletindo a mesma alegria e gratidão. Ele sorriu, aquele sorriso cúmplice que só eu conhecia, e senti meu coração se aquecer.Michael, como sempre, foi o primeiro a quebrar o silêncio com uma
StellaEnquanto todos continuavam a comemorar, não pude deixar de sentir uma onda de emoções. Emma estava grávida. O tempo passava tão depressa, e nossas vidas continuavam a se entrelaçar de formas inesperadas. Senti uma felicidade genuína por ela, mas também a nostalgia da minha própria gravidez, dos momentos de expectativa e das mudanças que ela traz. Com tudo o que já havíamos vivido, agora era uma nova fase.Eduardo se aproximou de mim enquanto eu observava a cena, um leve toque em meu braço me trazendo de volta ao momento. — Está tudo bem?, — ele perguntou, seu olhar sempre atento aos meus sentimentos.— Sim, — respondi, sorrindo para ele. — Estou só absorvendo tudo. É tão bom estar em casa, não é?— É, sim, — ele concordou, apertando minha mão. — nada como nosso lar.O resto da noite foi uma celebração alegre, com todos levantando brindes a Emma e Leonardo. Paloma e Michael fizeram mais algumas piadas sobre como Emma seria uma mãe extremamente organizada, enquanto Leonardo seri
AntonellaUm tempo depois…Decide me estabelecer em Boston com Matteo, vendi minha residência na Itália e comprei uma casa no mesmo condomínio que Stella, o pai dele não gostou muito, mas acabou aceitando. Sempre me dei muito bem com Matteo, ele sempre foi meu cúmplice, quando observava a vida de Stella e Leonardo a distância.Matteo estava na cozinha, preparando algo simples para o jantar, e eu, na sala, apreciava o silêncio — aquele tipo de silêncio que só a vida em família, depois de tantos anos, consegue proporcionar. Mas o silêncio foi quebrado quando ouvi um estrondo. Um calafrio percorreu minha espinha. Minha mente tentou encontrar uma explicação racional, mas o instinto gritou o que eu temia há anos: ele estava aqui.— Nona, vá para o quarto e tranque a porta! — A voz de Matteo veio alarmada da cozinha. Corri até ele e encontrei meu marido, imóvel, os olhos fixos na figura diante de nós.Meu pai amado. O homem que eu acreditava ter se tornado apenas uma lembrança sombria, enca
EduardoUm tempo depois…O casamento de Paloma e Michael chegou, e lá estava eu, observando aquele momento tão esperado, mas sem deixar de provocar meu amigo. Eu me recostei na cadeira durante a cerimônia, trocando olhares com Stella, que sorria com cumplicidade.— Se comporte. — Ela diz com o sorriso mais lindo do mundo.Juro que tentei, mas quando estava no altar, ao lado do meu amigo, o irmão que a vida me deu, não resisti.— Quem diria, hein, Michael? Finalmente te laçaram de vez, — cochichei para ele enquanto Paloma caminhava em direção ao altar. Ele tentou conter o riso, mas o brilho nos olhos não escondia a felicidade que ele sentia.A cerimônia foi simples, íntima, com apenas as pessoas mais próximas, mas de uma beleza que transcendeu o cenário. O lugar estava decorado de maneira delicada, sem excessos, como Paloma sempre gostou, com flores brancas e detalhes rústicos que criavam um ambiente acolhedor.Paloma, em seu vestido de noiva, parecia mais radiante do que nunca. Enquan
EduardoAlguns anos depois…Eu me afasto da janela da sala, observando de longe a cena que se desenrola no quintal da cabana. A cabana que, para nós, se tornou um refúgio, para fugirmos da loucura do dia a dia. Um lugar onde as vozes do mundo diminuem e somos apenas uma família, uma família que cresceu e mudou, mas que se tornou o centro da minha vida. O vento sussurra entre as árvores, trazendo consigo o som das risadas que ecoam como música.Bella está sentada na escada da varanda, observando seus irmãos correndo ao redor do jardim. Bentinho lidera a corrida, seguido de perto por Bia e Beni. Eles têm seis anos agora, e a energia deles é infinita. Bella, com seus doze anos, já não tem a mesma paciência de antes para as brincadeiras com os irmãos. Ela está entrando naquela fase da adolescência onde tudo parece meio chato, e ela começa a se afastar um pouco, buscando seu próprio espaço.— Pai, eles são tão chatos às vezes, — ela me disse mais cedo. Eu sabia que era apenas a impaciência
— Hora do almoço, pessoal! — ela grita, e os trigêmeos imediatamente disparam para dentro de casa, deixando para trás rastros de grama e risadas.Bella, agora com um sorriso genuíno no rosto, caminha mais devagar, ficando ao meu lado. — Eles realmente me imitam por me amar, pai?Passo o braço em volta dos ombros dela. — É isso mesmo. E você é uma irmã incrível por entender isso. Então, mesmo com a chatice de adolescente, entenda-os.Ela não responde, mas o brilho nos olhos dela me diz tudo o que preciso saber. Às vezes, as palavras não são necessárias.Entramos em casa, onde o cheiro de comida caseira preenche o ar. Stella está ocupada na cozinha, mexendo em uma panela enquanto os trigêmeos correm ao redor dela, tentando pegar pedacinhos de comida antes de estarem prontos. Sorrio para aquela cena. Stella se tornou o centro de tudo. Seu amor, sua paciência, sua capacidade de nos fazer sentir completos... Caminho até ela, a envolvo por trás, e beijo sua nuca. — Você é incrível, sabia