Seul, Coreia do Sul. Hospital do exército, 30-12-2018.
Após os exercícios diários, In Su adormeceu tão rápido que nem ao menos viu quando o médico foi lhe visitar. Se aproveitou do sono o máximo que conseguiu e, após seu ótimo cochilo, começou a sentir calafrios.
Algo sussurrava em seus ouvidos, um murmúrio de várias falas sobrepostas, como se estivessem conversando. Mas In Su não acordava. Apenas se movia sofregamente e, em um instante, estava ofegante.
“Meu bem, deveríamos comer algo após o trabalho?” ouviu a voz de Hyun Ji retumbar em sua mente. Ela se aproximou com um sorriso, o observando, e ele assentiu com a cabeça. Ela fez um símbolo d
Seul, Coreia do Sul. Hospital do exército, 30-12-2018. — Eu volto daqui a pouco... — começou Min Sun, mas In Su virou para ela e grunhiu. — Vão falar o que? — indagou com uma voz baixa e um pouco rouca. — Diz respeito a mim, apenas falem aqui — pediu, respirando profundamente ao pontuar. A líder arqueou a sobrancelha para o médico, que estava com uma expressão também confusa. — Você precisa descansar, não ficar discutindo sua condição. Por isso que você tem uma guardiã — o médico contrapôs. — Desculpe-me, mas você não está em condições de... — De ouvir? Fiz isso por uns dias depois que acordei, vocês estão controlando o suficiente dos meus sina
Dalnim, Reino das Sombras. Palácio de Ametista, Jasoojong, Leste. O som metálico invadiu o cômodo quando a cimitarra de metal arroxeado se chocou contra o mármore negro da mesa. Estava perplexo e precisava pensar, se não quisesse ter a cabeça jogada aos elementais após o encontro com a divindade. Dois soldados foram mortos em patrulha por uma magia sombria, um enorme portal surgiu no céu de Haenim, como há dois anos, sem explicação alguma. E, pensando que não deveria mais adiar o encontro com seu deus, ergueu a cabeça e suspirou, arrumando as vestes, um sobretudo cinza, calças e blusa pretas.
Destruição. Foi a primeira coisa que veio à sua mente quando recobrou seus sentidos. Um alto barulho e um tremor intenso fizeram seu coração disparar, enquanto gritos agudos e pedidos de socorro soavam desesperados ao longe. Vultos disformes fugiam de algo que sua visão não identificara, quando, lentamente, o céu noturno cheio de estrelas se materializou em suas retinas e grandes objetos turvos caiam como uma chuva de meteoros. A ansiedade do que não podia ver a fez tremer, enquanto piscava repetidas vezes tentando focar sua visão e, incrédula, contemplou os objetos ganharem a forma de imensos cristais, um cen&a
Seul, Coreia do Sul. Floresta próxima ao Bloco 109, 27-11-2018. Era uma noite de outono e fazia frio. Apenas o ciciar do vento entre as árvores podia ser ouvido, derrubando a pouca folhagem que restara nos galhos. Não havia sequer um pássaro cantando. De súbito, um vulto negro perturbou a paz quando se moveu em meio aos galhos, fazendo a queda das folhas se acentuar, quando um sussurro ecoou na escuridão da floresta: — Estão se aproximando. Três homens. 50 metros da nossa marcação — uma voz masculina grave e calma soou numa ordem. — Usaremos a formação que treinamos ontem. Líder, é com você. O som de passos rápidos esmagando as folhas que repousavam no chão ficou gradativamente mais alto, enquanto uma garota d
Toc, Toc, Toc! Min Sun acordou assustada pelo barulho da porta. Havia adormecido na escrivaninha, com o rosto sobre os braços, enquanto cuidava da papelada da comemoração de Halloween. Um pouco atordoada, desviou letargicamente seu olhar para cima para ver quem a chamava, e a silhueta de In Su se materializou à sua frente, fechando a porta atrás de si. Ele sorriu fracamente e ela coçou os olhos, bocejando, desviando o olhar para o relógio na parede, que indicava que já passavam das dez horas daquela gélida noite. — In Su, é você? — com a voz embargada pelo sono, bocejou mais uma vez no final, levantando a cabeça vagarosamente. &nbs
Seul, Coreia do Sul. Bloco 109, 28-11-2018. O dia se iniciou com os fracos raios matinais iluminando toda a fortaleza do Esquadrão Especial. Um silêncio imaculado pairava com apenas o sibilar do vento ecoando pelos corredores. Era possível ouvir a respiração de cada celestial enquanto todos descansavam. Mas, em poucos minutos, o lugar foi invadido pelo som do passar de folhas e de passos rápidos, que causava um eco, quase um sussurro, nos dormitórios. Min Sun, que claramente não dormiu na noite passada, parou frente à porta do seu escritório, fazendo soar o aviso para que acordassem. Ela continuava com os olhos presos aos papé
Hwaseong, Coreia do Sul. Castelo de CheonSung, 27-11-2018. Uma figura imponente com ar autoritário passeava melancolicamente pelo pátio frente a um enorme castelo. Aquele lugar, incrivelmente branco, deveria causar um sentimento de paz, mas causava o sentimento de amargura e culpa àquele celestial. Alto com seus lindos cabelos negros e os olhos azuis mais encantadores e hipnotizantes que alguém poderia ter, tinha um encanto exótico em contraste com sua pele bege, e aquela cicatriz... aquela vergonhosa cicatriz que cortava o lado esquerdo do seu rosto. Numa tentativa de espantar o frio, Hyun Shik enfiou as mãos nos bolsos do seu sobretudo preto enquanto olhava para o céu noturno nublado, perdido em seus pensamentos, sendo incomodado pelo vento que deixava os seus fios re
Hwaseong, Coreia do Sul. Castelo de CheonSung, 28-11-2018. Hyun Shik, tentando ao máximo conter sua fúria, foi aos seus aposentos e entrou abruptamente, fechando a porta com uma forte batida, rosnando e ecoando em alto som naquele corredor vazio. — Ya! Ya! Ya! — Hae Ri chamou. — Pare de dar esporro em tudo! Você não é assim! Ele foi até sua cama e colocou seu rosto no travesseiro, gritando com todas as suas forças, ao imaginar que não podia sequer descontrolar-se sem por ela em perigo. Minutos após seu acesso de raiva, respirou fundo e deixou seu corpo cair sentado no chão,