Assim que acordo, ainda com a cabeça no peito de Andrew, respiro fundo, sabendo que preciso me preparar para o grande dia. Mas, assim que começo a me mover para sair da cama, Andrew, que eu julgava estar dormindo, me segura e me puxa novamente, aconchegando-me no seu calor. Seu braço forte me envolve, e sinto o ritmo calmo de sua respiração, como se o mundo lá fora não existisse.- Bom dia, minha linda. Para onde pensa que vai? Ainda está cedo. Fica mais um pouco na cama... - Sua voz é suave, mas firme, e seus dedos traçam círculos leves em meu braço.- Bom dia. Preciso preparar minha mente para mais tarde, Andrew... - Respondo, tentando me desvencilhar, mas sem muita convicção.- Vai dar tudo certo, Kara. Tudo foi organizado, e com certeza a segurança está reforçada. Vem, fica mais um pouco aqui. Quero te sentir um pouco mais ao meu lado... - Ele puxa meu corpo para mais perto, e eu não consigo resistir.Me aconchego um pouco mais em seu peito e, com os carinhos de Andrew, adormeço.
Não consigo acreditar no que os meus olhos veem.- É- é- um- vestido- de- noivaaaa? - Minha voz sai trêmula, quase um sussurro, enquanto me aproximo do manequim que exibe a peça deslumbrante.- Sim, dona Kara, é um vestido de noiva. O senhor Montanaro mandou fazer com um renomado estilista, minha senhora... - A voz suave da ajudante parece tentar acalmar meu coração acelerado, mas só consegue aumentar a confusão na minha mente.- Como assim? Como ele fez isso sem que eu desconfiasse de nada? Quando ele fez isso? - Pergunto, ainda atordoada, enquanto passo os dedos delicadamente sobre o tecido macio e brilhante.- Então, senhora, não sabemos, mas agora precisamos terminar de lhe arrumar, afinal, o grand moment está chegando, minha senhora. - A mulher sorri, como se estivesse compartilhando um segredo que só ela conhece.- Tudo bem, tudo bem... - Murmuro, ainda encantada com o lindo vestido e com a surpresa que Andrew me preparou. Me rendo às mulheres que estão no meu quarto e começo a
Assim que descemos a escadaria da igreja, entro no carro, e Andrew me acompanha. O ar da noite está fresco, e o céu estrelado parece testemunhar a importância deste dia. Não posso negar que estou muito feliz com a surpresa que ele me fez. Não podia imaginar que ele, um homem criado para ser um don, poderia ser assim tão amoroso e dedicado. Cada detalhe foi pensado cuidadosamente, com bastante carinho. O carro começa a circular, se afastando cada vez mais da igreja. Andrew se aproxima, colocando a mão em minha cintura e me puxando ao seu encontro. Abaixa a cabeça e sela os nossos lábios: um beijo demorado, cheio de amor e cuidado. Retribuo, e quando finalmente nos separamos, ainda com as nossas testas encostadas, dou um sorriso ao escutar a sua voz:— Finalmente, minha Kara, você é finalmente minha...Olho pela janela e vejo que não estamos voltando para casa. A cidade passa rapidamente, as luzes das ruas criando um efeito hipnótico. Olho para ele de forma interrogativa e o vejo com aq
— Kara, vem... a casa é só nossa...Desço do carro e, ao subir os primeiros degraus, Andrew me pega no colo e, sorrindo, diz:— Segundo a tradição, tenho que levar a minha esposa nos braços ao adentrar a nossa casa.Ele sobe a pequena escada e entra na casa comigo no colo. Não vou negar que achei fofo esse gesto. Andrew tem me surpreendido a cada dia, mostrando um lado carinhoso que eu mal conhecia.— Como assim, Andrew? A casa é só nossa? E o seu pai?— Ele ficará em outra casa. É nossa lua de mel, Kara. Acha mesmo que o velho ia querer ouvir os nossos gemidos de prazer? Hahahaha!— Safado... — Falo entre gargalhadas, dando leves murros em seu peito. Sem demora, ele me ataca, selando nossos lábios com uma urgência que me surpreende. Retribuo o beijo, e suas mãos começam a percorrer meu corpo, fazendo-o aquecer a cada toque, a cada pegada mais forte. Com a falta de ar, separamos nossas bocas, e Andrew, ainda com a testa colada na minha, sorri de lado de um jeito que me deixa completam
A melhor decisão que tomei na vida foi, sem dúvida, aceitar Kara com toda a sua bagagem. Ela não era apenas uma mulher; era uma força da natureza, alguém que carregava consigo histórias de dor, superação e uma resiliência que eu mal podia compreender. Quando a conheci, ela estava longe de ser a pessoa "perfeita" que muitos esperariam que eu escolhesse. Mas era justamente essa imperfeição, essa humanidade crua e real, que me atraiu. Ela me mostrou que o amor não é sobre encontrar alguém sem cicatrizes, mas sobre abraçar essas cicatrizes e transformá-las em algo belo.Organizar o nosso casamento surpresa foi uma das experiências mais emocionantes da minha vida. Cada detalhe foi cuidadosamente planejado para que ela não desconfiasse de nada. Desde a escolha do local, uma pequena capela cercada por árvores centenárias, até as flores que decoravam o altar, tudo foi pensado para refletir o nosso amor. No dia da cerimônia, quando ela entrou na capela, sua expressão de surpresa e felicidade f
Como pode um cara ser tão mesquinho a ponto de ameaçar um bebê por não ter conseguido se casar com a mãe? Eu me conheço, sei que sou um cara ruim, mas nunca faria mal a um bebê por vingança...Ainda não consigo acreditar no que está nas minhas mãos, mas sei que é real pelo desespero que vejo nos olhos da minha mulher. Me aproximo ainda mais e a abraço forte, tentando consolá-la dentro do possível, com o nosso filho entre nós. Mas vejo que não adianta muito...— Isso não vai ficar assim, Kara. Dessa vez, ele foi longe demais — falo, beijando o topo de sua cabeça.Ela treme no meu abraço, e eu sinto o peso do medo que ela carrega. Não é o medo dela, mas o medo de mãe, aquele que nasce quando alguém ameaça o que você mais ama no mundo. Eu entendo. Eu também sinto isso, mas não posso mostrar. Preciso ser forte por ela, por Dominic, por todos nós.Depois de alguns minutos, pego o papel em cima da minha cama e olho para minha esposa, que aparentemente está um pouco mais calma.— Meu amor, q
Acordo disposto, como há um bom tempo não acontece. Kara dorme tranquilamente nos meus braços. Acaricio seu lindo rosto e deposito um beijo em sua cabeça. Devagar, me levanto da cama e, em seguida, vou até o berço dar uma olhada no meu garotão, meu orgulho. Separo uma roupa preta, luvas, um elástico para prender o cabelo e um boné. Não quero ser atrapalhado na minha diversão...“Enquanto me visto, sinto um frio na espinha. Não é medo, mas uma antecipação sombria. Hoje não serei apenas Don Andrew Montanaro, o chefe da família. Hoje serei o justiceiro, o carrasco. E, por mais que eu saiba que isso é necessário, uma pequena parte de mim questiona até onde estou disposto a ir. Mas essa dúvida é rapidamente sufocada pela imagem do escorpião no berço do meu filho. Não há espaço para hesitação."Depois de um banho que me deixa bem acordado, verifico mais uma vez meu filho e minha esposa. Em seguida, saio do quarto, trancando com cuidado e reforço a ordem da segurança deles. Nada de ruim ou ne
Segui rumo ao galpão bem mais calmo. No caminho, fiquei pensando em como seriam meus próximos passos e como poderia infligir ainda mais dor ao desgraçado. Meu pai ficou em casa com Kara e, com certeza, não permitirá que ela vá até lá, por isso terei espaço para fazer o que minha mente perversa planejou.Enquanto caminhava, uma lembrança veio à tona. Era de uma noite, há alguns anos, quando Kara e eu estávamos sentados na varanda de casa, após um dia particularmente tenso. Ela estava com um copo de vinho na mão, olhando para o horizonte com aquela expressão pensativa que eu conhecia tão bem. Era o olhar dela quando sua mente estava trabalhando em algo, algo que eu sabia que não era exatamente "normal".— Andrew — ela disse, quebrando o silêncio —, você já pensou em como a dor pode ser mais do que física? Como ela pode ser... psicológica?Eu me virei para ela, intrigado. Kara raramente falava sobre seu trabalho, mas quando o fazia, era sempre com uma precisão e uma frieza que me deixava