Kara GreccoAcordo com a claridade do sol espelhando o meu rosto e o peso reconfortante do braço de Andrew sobre a minha cintura. Mexo-me levemente, tentando não acordá-lo, e respiro fundo ao me lembrar que, finalmente, o final de semana chegou. Hoje é o dia de levar Dominic ao parquinho, um momento que tanto esperávamos. Mas, apesar da felicidade, uma sensação estranha me incomoda, como um pressentimento que não consigo decifrar. Ignoro, atribuindo ao cansaço ou ao estresse dos últimos dias.Ainda não consigo acreditar que o meu pequeno já tem dois aninhos. O tempo voa, e cada dia com ele é um presente. Lembro-me com clareza da primeira vez que ele balbuciou "mamãe". A alegria que tomou conta do meu peito naquele momento foi indescritível. Agora, vê-lo andando pela casa, ainda tropeçando nas próprias perninhas, me enche de orgulho e ternura. Ele é a nossa luz, o nosso milagre.Com cuidado, retiro o braço de Andrew da minha cintura e me levanto. Ele resmunga algo ininteligível, mas co
Depois do ataque no parque, parei para refletir um pouco sobre o ocorrido. Mesmo assim, ainda não estava disposto a deixar a Calábria. Pelo contrário, minha mente já planejava um ataque a Terni. Na verdade, meu objetivo era arruinar de uma vez por todas aquela maldita cidade. Ver meu filho e minha esposa no meio do fogo cruzado foi aterrorizante — não por mim, mas por eles. Com os planos em mente, entrei em casa, mas meu pai, que me conhece muito bem, já sabia o que havia acontecido e veio ao meu encontro. Contei a ele meus planos, mas sua resposta me surpreendeu. Nunca imaginei ouvir aquilo da boca de um dom. Sim, porque, mesmo ele tendo passado o bastão para mim, ainda é um dom. Ainda peço conselhos a ele...Refleti por um tempo e então me lembrei que Kara sempre teve o desejo de conhecer a França. Decidi, então, tentar levar uma vida mais tranquila longe da Calábria. Não imaginei que ela ficaria tão agradecida por nos tirar da cidade por um tempo, e isso, de certa forma, me deixou
Kara GreccoHoje completam três meses desde que chegamos a Paris, e as coisas têm estado calmas por aqui. Recentemente, descobri que estou grávida. Ainda não contei a Andrew, pois quero preparar um momento especial para dar a notícia. Tenho certeza de que ele ficará tão feliz quanto eu. Com a paz que estamos vivendo, tudo parece perfeito. Dominic está cada dia mais esperto, e tenho certeza de que, no futuro, ele será um grande homem. Claro, dentro da Khazar, mas ainda assim um bom homem. Farei tudo o que estiver ao meu alcance para garantir isso...Neste tempo, sei que Andrew, mesmo à distância, mantém-se ativo na organização e tem dedicado esforços para encontrar Richard Smith, mas até agora sem sucesso. A Khazar tem crescido bastante, e Don Giorgi continua o excelente trabalho que começamos lá. Sempre mantemos contato, e ele nos mantém informados sobre tudo o que acontece. Sabemos que a caça às bruxas continuou após nossa partida, mas, por enquanto, apenas Don Giorgi conseguiu prova
Andrew Montanaro— Fala, porra! É melhor desembuchar antes que eu perca completamente o meu controle. Quem foi o filho da puta que me traiu? Era impossível alguém de fora se aproximar da minha esposa e tirar a nossa filha sem que ninguém notasse. Fala logo, caralho! Estou perdendo a minha sanidade… — Berro com todos da segurança que estão no escritório, de cabeça baixa, mas ninguém ousa sequer abrir a maldita boca.Pego a garrafa de whisky que está em cima da mesa e a arremesso na parede, fazendo com que todos se encolham. O vidro estilhaça, e o líquido âmbar escorre pela parede como lágrimas de fúria. Vejo que eles se deram conta do tamanho do problema em que estão metidos, finalmente...Se continuarem calados, a cada lágrima que a minha esposa e a minha filha derem, será uma chicotada nas costas de vocês. E não brinco quando falo que vou embeber o chicote em ácido. Desembucha, porra!Quando já estou perdendo completamente o meu autocontrole, um dos seguranças, tremendo, ergue o braç
Giorgi MontanaroAssim que fui avisado que o meu Andrew não tinha chegado ainda, eu sabia, sentia que tinha algo de errado com a minha cria. Afinal, eu sabia o horário que eles chegariam. Cada minuto que passava era como uma agulha fincada no meu peito, uma inquietação que não conseguia ignorar. Então, comecei a me organizar para ir à sua busca, mas antes mesmo de sair para averiguar o que tinha acontecido, um dos meus soldados que fica na entrada da Calábria veio ao meu encontro com um certo desespero. Ele estava pálido, suando frio, e seus olhos não conseguiam se fixar nos meus. Neste momento, senti o meu peito gelar. Algo dentro de mim gritava que algo terrível tinha acontecido, e apenas escutei quando o soldado, sem esperar a ordem, soltou as palavras que me destruíram completamente naquele dia...— Pai, eu sinto muito, mas eles conseguiram alcançar o seu filho. Eles alcançaram o Andrew na curva, e não conseguimos intervir. Não estávamos à espera de um ataque do tamanho que foi. A
Ainda deitada na cama, eu sentia o peso das palavras do nono Ary ecoando na minha mente. Cada sílaba era como uma facada, cortando fundo na minha alma. Richard, o homem que eu chamei de tio por anos, não passava de um monstro. Ele me criou com um único propósito: vingança. Vingança contra minha mãe, que o rejeitou, e contra minha família, que ele destruiu. Eu era apenas um peão no jogo doentio dele. E eu caí direitinho na armadilha.Minhas mãos tremiam enquanto eu segurava o lençol, tentando me agarrar a algo sólido em meio ao turbilhão de emoções. Lágrimas quentes escorriam pelo meu rosto, mas eu não as enxugava. Deixava que queimassem minha pele, como se a dor física pudesse aliviar a dor emocional. Quantas vezes ele me abraçou, me elogiou, me tratou como uma filha? Tudo isso era falso. Tudo isso era parte do plano dele para me destruir.Eu me levantei da cama, sentindo uma raiva tão intensa que quase me sufocava. Richard não era apenas um traidor. Ele era um psicopata. E eu? Eu era
EmilyQuando escutei que Benjamin chamou minha irmã para conversar, não vou negar que isso atiçou minha curiosidade. Afinal, já faz algum tempo que ele gosta dela de verdade, e fico feliz por isso. Resta saber se minha irmã também gosta de estar perto dele. Benjamin com certeza arrastaria um caminhão por ela, e isso me deixa contente. Tive vontade de escutar a conversa por trás da porta, mas me contive. Não queria parecer intrometida, ainda mais em um momento tão delicado.Durante todo o tempo em que eles ficaram no escritório, notei o olhar fumegante de Danilo na minha direção. Não consigo decifrar esse cara. Há momentos em que ele parece uma parede, tão sério; em outros, está azedo, dando patadas para todos os lados. E, ao mesmo tempo, há algo nele que se torna convidativo... Algo que me faz querer entender o que se passa por trás daqueles olhos frios e calculistas. Será que ele também sente algo por mim? Ou será apenas o peso das expectativas que ele carrega?Algum tempo depois, no
Paro por alguns instantes e fico a olhar profundamente nos olhos de Danilo, tentando me manter o mais calma possível. Ao notar o meu silêncio, ele me conduz até uma das poltronas e me faz sentar, sentando-se de frente para mim e me encarando com sua habitual frieza.Espero para ver se ele irá dizer algo mais. Os minutos passam, e nada. O clima começa a ficar estranho. Depois de alguns minutos apenas me olhando, ele decide falar:— Acredito que aqui ninguém nos escutará. Sou todo ouvidos, Emily. Diga-me a verdade. Preciso saber. Se não me falar, eu juro que peço permissão ao Don e mato o Hayden de uma forma bastante dolorosa. E acho que você não quer isso...— Está querendo conversar dessa forma, Danilo? Está me parecendo mais uma ameaça. Não confunda silêncio com permissão.— Estou te dando uma chance de ser sincera comigo, Emily. Sei que você não sabia do acordo de casamento, e sei que tudo isso é novo para você. E, por incrível que pareça, com você estou tendo toda a paciência do mu