Assim que abro os olhos, por um instante, fico atordoado com o ambiente, mas logo em seguida a ficha finalmente cai e lembro-me de onde estou e o que estou fazendo neste lugar. Forço o corpo para levantar, mas sinto algumas leves fisgadas, alguns incômodos, e lembro que fui ferido em alguns lugares. Mesmo assim, isso não me impede. Levanto-me e saio da van, e assim que coloco o meu pé para fora, vejo que todos estão ali e prontos para qualquer emergência. Alguns claramente felizes, outros demonstrando que sentem um pouco de dor, mas isso é o de menos. Para eles, não importa. O importante é que tivemos poucas perdas. Os ferimentos cicatrizam; isso pouco importa. O importante, neste momento, é vencermos essa invasão, essa investida que demos em Terni."Lembro-me daquela noite em que o Monopólio invadiu nosso território na Calábria, matando dois dos nossos e deixando uma mensagem clara: ou nos submetíamos, ou seríamos destruídos. Meu pai não hesitou. 'Ninguém mexe com os Montanaro', ele
Dois dias se passaram comigo dentro do hospital da Máfia. Ainda sinto algumas fisgadas no local onde foi feita a cirurgia, e durante esses dias faltaram cuidados excessivos comigo. Claramente, eles sabem que não podem deixar que nada ruim aconteça comigo, e eu tenho certeza de que isso tem o dedo do meu pai.Conforme as horas passam, fico ainda mais irritado aqui dentro. Detesto esse ambiente, e quero compartilhar junto aos outros o luto pela perda de alguns dos nossos irmãos. Sei que é um momento ruim e quero passar essa fase com eles. Depois de muito insistir, consegui convencer o turrão do meu pai a me deixar sair do hospital. Não estou todo lascado, só foram alguns cortes, e depois que entrei no hospital, ainda fui obrigado a passar por uma transfusão por conta da perda de sangue que tive.Todos os nossos mortos já haviam sido sepultados e, segundo eles, com toda a honraria da Khazar. Mas o clima fúnebre ainda paira sobre a nossa organização, sobre a nossa cidade. Fui levado diret
Assim que saio de casa e entro no carro, coloco a chave na ignição. A porta do passageiro se abre, e olho para o lado, observando o meu menino se aproximar. Ele apenas me olha e diz:— Pai, eu vou com você...Sinceramente, não sei como ele me viu saindo de casa. O rapaz vive atento o tempo todo que está ao meu redor. Acredito que meu filho ainda está vivo hoje por algo relacionado a isso. Essa muralha humana sempre esteve lado a lado com o meu filho, inclusive já levou bala por ele. É um dos meus maiores orgulhos...Respiro fundo e concordo que ele vá comigo. Talvez, com ele ao meu lado, eu consiga me controlar e não falar nenhuma besteira. Afinal, o meu filho merece ter o gostinho de sentir a vida desse desgraçado se esvaindo por entre os dedos...O meu filho merece ter o direito à vingança.A minha raiva não diminuiu nenhum pouco. Ao contrário, a minha vontade é matar aqueles dois, e sinceramente, estou bem decidido a isso.Durante o percurso até o local, o meu "filho" tenta me mant
O olhar de medo é bastante claro nos olhos de cada um deles que está ali, sabendo que o dia de sofrimento ainda nem começou. Um vai sofrer na pele, o outro vai sofrer no psicológico, afinal, um vai observar o outro gritar e saber que não pode fazer nada pelo "amigo".Vejo o meu pai se aproximar do traidor do Anthony, e este começa a tremer por inteiro. Não faço a mínima ideia do que o meu pai já fez a ele, mas pelo sangue saindo da boca, coisa boa não foi... Quando fica frente a frente com o Anthony, fala da maneira mais debochada possível:— Pronto para mais uma sessão de tortura?— Andrew, meu filho, prepare uma cadeira e coloque de frente ao outro capacho que está na jaula...Faço o que o meu pai pediu e tenho certeza de que hoje ele vai aliviar toda a raiva que está acumulada há um bom tempo. Não demora, e dois dos meus "irmãos" se aproximam do meu pai e começam a soltar o traste do Anthony, que já está todo ferrado. Assim que o soltam, ele tenta fugir, mas antes de dar dois passo
Andrew MontanaroAssim que acordei no hospital e fiquei sabendo que meu pai não estava ali, algo dentro de mim me dizia que ele tinha ido para o galpão, que as coisas não ficariam do jeito que estavam e que o tempo que eu pedi a ele não seria respeitado. Ele arrancaria, ao menos, a língua do desgraçado do Anthony se ele não desse o que queria. Como meu pai diz: ele só sossega quando seus inimigos começam a cantar o que ele precisa ouvir...Assim que me levantei da cama e segui até a porta do quarto, fui impedido pela enfermeira que estava chegando. Quando ela notou que eu não ficaria nem mais um segundo ali dentro, rapidamente chamou o "meu irmão", o doutor Maicon.— Vejo que já acordou e está preparado para o combate, rsrsrsrs. Onde pensa que vai, Andrew? — perguntou Maicon.— Vou impedir que meu pai se divirta sem mim...— Você não pode sair, Andrew. Se você se esforçar novamente, não sei como conseguirei te livrar do que está te matando, garoto. Você precisa me ajudar a te ajudar,
Andrew MontanaroVoltei para a minha casa e, assim que cheguei, fui tomar um banho para tirar o suor do meu corpo. Estou com a energia renovada, meu corpo está ansiando por adrenalina, e pretendo dar bastante a ele. Logo após o banho, visto uma calça e uma blusa pretas e vou até a sala de jantar. Pouco tempo depois, vejo o meu pai chegando e se juntando a mim. Ele serve-se de uma xícara da bebida fumegante, e seguimos com o nosso café da manhã. Assim que terminamos, ele me chama para dar uma olhada nos papéis que deixou separado na noite anterior, papéis esses que tratam das nossas possíveis associações que farei muito em breve...Ficamos no escritório o restante da manhã. Nesse meio tempo, chegou a notícia que tanto estávamos esperando: o nojento do Anthony não resistiu. Segundo o Maicon, ele teve uma parada cardiorrespiratória. Menos mal, um a menos para dar dor de cabeça e trabalho... Depois de passar boa parte da manhã dentro do escritório, lendo a papelada que os candidatos a ass
Pouco depois de chegar ao hangar, despeço-me de todos e entro no avião junto com meus irmãos, rumo a Lisboa, Portugal. Um voo rápido de aproximadamente três horas. Durante o percurso, conversamos bastante, mas a conversa está totalmente fora do foco da Máfia Khazar. Aqui, somos apenas jovens aproveitando o que a vida pode nos oferecer de melhor, ao menos por alguns momentos. O foco é desfrutar um pouco antes que comece o trabalho árduo, afinal, será um longo período de negociações, associações, compras e fortalecimento da nossa organização.Assim que desembarcamos, seguimos rumo ao hotel. Não vamos ficar em um lugar específico para não chamar a atenção de inimigos. Todos nós sabemos que, desde que nasci, o que mais tenho são inimigos, e não são poucos... Seguimos nossa rotina e, finalmente, depois de dois dias aproveitando a bela Lisboa, recebo a ligação que tanto esperava. O trabalho vai começar.Logo após marcar a primeira reunião com os futuros associados da Khazar, decido almoçar
Durante estes dois anos em que estou a trabalho da Khazar fora da Itália, tenho conseguido ampliar de forma considerável o nosso poder. Os nossos associados são grandes empresários que nos fornecem as armas que precisamos e, em troca, damos proteção contra tudo e todos. A polícia não se envolve, tenta se manter afastada, pois sabem que não brincamos em serviço. Durante estes dois anos, houve muitas mortes, muitos desaparecimentos, e claro que a polícia sabe que somos nós. Afinal, desde que colocamos os nossos pés fora da Itália, o rastro de sangue nos acompanha...Há quase um ano, tenho notado que estou a ser observado. Ainda não sei dizer quem é, mas imagino o que quer de mim. Desde então, não ando mais facilitando. Aumentei bastante a minha segurança depois de enfrentar algumas tentativas de assassinato. A pessoa é esperta e costuma ser bastante discreta. O meu pai nem desconfia do que está a acontecer aqui, mesmo que às vezes ele me ligue e insista em saber se está tudo bem. Segund