Kara Eu estava paralisada, observando Sebastian completar a ligação, enquanto chamava o advogado informando minha presença na casa. Eu não tinha muito o que fazer, a não ser esperar que alguém na casa do Gustavo sentisse minha falta e viesse me procurar. Eu mal havia completado o meu pensamento, quando meu celular vibrou no bolso da minha calça. Olhei para Sebastian e Celeste, que estavam virados de costa para mim e retirei rapidamente o aparelho olhando a tela do celular. Era a Antônia. Não tive a chance de atender a ligação. Escondi novamente o aparelho enquanto ele continuava vibrando insistentemente. Sebastian olhou para mim, desconfiado, mas não disse nada. — Vão me manter como prisioneira? – Celeste fingiu ficar ofendida, enquanto Sebastian zombava de mim – estão me sequestrando para assinar o testamento, e depois vão me matar para ficar com tudo? — Não é uma péssima ideia – ele concluiu, mas eu consegui, pela primeira vez, ver medo no rosto da minha mãe com as palavr
Gustavo Assim que cheguei no meu quarto, percebi que o meu celular vibrava sobre a cama. Eu estava pronto para tomar um banho, depois de um longo treino e voltar para casa, ansioso para ver Kara, mas quando atendi aquele telefonema percebi que não a veria. Ao fundo, Jasmim chorava, enquanto Antônia, com a voz tremula, tentava me explicar o que havia acontecido. Eu fechei os olhos com força enquanto meu coração disparava descontroladamente dentro do meu peito. — Há quantas horas? – Antônia não entendeu – quanto tempo faz que Kara está fora de casa? — Antes do Almoço, senhor – foi o modo objetivo que Antônia encontrou para me dizer que Kara estava desaparecida há muitas horas. — Já estou indo para casa – disse, embora quisesse lhe fazer dezenas de outras perguntas, para tentar identificar o motoqueiro misterioso que levara Kara, eu precisava me apressar e encontrá-la antes que fosse tarde demais. Enfiei o celular no bolso e, com as mãos tremulas, girei a maçaneta e saí do quarto
Kara Eu fechei os meus olhos, balançando a cabeça de um lado para o outro, tentando esquecer o que estava prestes a acontecer. O milagre que eu tanto havia pedido chegou e me abraçava enquanto sussurrava em meu ouvido que tudo ficaria bem. — Senhor Gustavo – a voz de Sebastian rompeu meu devaneio e me trouxe de volta ao meu pesadelo - é uma honra tê-lo em minha casa. Certamente Gustavo não diria o mesmo se soubesse o que Sebastian estava prestes a fazer comigo. — Por que trouxe a Kara para esse lugar? – eu me afastei, embora não soltasse a mão dele, para ver até onde o cinismo de Sebastian iria. — Essa casa é da Kara – disse e meu estomago embrulhou com tanta encenação – ela não falou para você sobre a família? — Ela tem dito muitas coisas sobre vocês – ele abaixou o olhar, se encontrando com o meu e eu percebi o quanto Gustavo estava aborrecido com aquela situação – sei também que ela jamais voltaria para o lugar de onde foi expulsa. O clima ficou ruim em toda a casa. Observ
Kara — Eu nunca senti tanto medo de perder alguém, como senti de perder você. As palavras do Gustavo ecoaram no meu ouvido como a declaração de amor mais sincera que alguém havia feito em toda a minha vida. Eu sorri e por um momento esquecemos que Alexandre também estava no carro e ouvia nossa conversa, embora parecesse estar concentrado nos documentos. Eu girei o pescoço para olhá-lo. O advogado tinha um olhar confuso, que se alargou quando meu rosto ficou vermelho. — Isso foi uma declaração ou eu estou imaginando coisas? – ele disse, quando Gustavo o olhou pelo espelho retrovisor, sorrindo. — Eu tinha me esquecido de que você estava aí – Gustavo disse – tendo para dizer sobre o testamento. — Dessa vez eu não vou aceitar que o senhor mude de assunto, patrão – Alexandre balançou a cabeça em negação e largou os documentos de lado. Eu sorri. Embora eu desejasse que ninguém soubesse do que acontecia entre mim e o Gustavo, permitir que Alexandre fosse o primeiro a saber. Afinal de
Gustavo Henri. Eu acreditei que aquilo era um sonho. Ver a Kara parada em frente ao meu quarto, vestindo uma camisola vermelha, tão sedutora, pedindo para ficar comigo, eu realmente devia estar sonhando. O perfume dela invadiu meu quarto quando fechei a porta e me vi sozinho com ela. Era um perfume especial, sedutor e viciante. Seu rosto vermelho revelava o quanto ela estava envergonhada ou talvez com medo. Me aproximei devagar, sem tocá-la, embora meu impulso implorasse para que eu avançasse o sinal imediatamente, eu não o fiz. — Como está a Jasmim? – ela lançou o olhar até mim e eu me perdi neles. — Não se preocupe – mostro para mim a babá eletrônica e sorriu – ela não vai acordar até que amanheça. Kara se aproximou e seus dedos finos tocaram meu abdômen e deslizaram até as minhas costas. Ela avançou quando aproximou seu rosto do meu. — Eu não quero mais fugir de você – sussurrou e aquilo me deixou excitado – eu quero ser sua totalmente. Antes que eu pudesse responder, eu
Kara Meus esforços para que Marta não me visse saindo do quarto do Gustavo foram em vão. Assim que fechei a porta, fui fuzilada pelo olhar questionador e surpreso dela. Me olhou de cima a baixo, com desprezo, e disse em seguida. — Vai dizendo adeus ao seu romance com o senhor Gustavo – meu coração congelou com as palavras dela. Marta julgava saber tudo e eu desconfiava se realmente não sabia. Ela sorriu antes de concluir – tenho ótimas notícias para dar a você, baba. A senhora dessa casa, esposa legítima do senhor Gustavo, finalmente acordou do coma. Foi como uma bomba explodindo dentro do meu peito. Eu fiquei com o olhar perdido, ainda que percebesse a felicidade no rosto de Marta ao constatar minha reação. Eu sei que o meu rosto revelou minha decepção. Ela girou os calcanhares e caminhou até a porta. Ainda em choque, eu precisei lutar contra a paralisia que me atingiu. Engoli toda a minha frustração e saí dali antes de o Gustavo abrir a porta. Eu não queria ter que olhar par
POV. Bruna Sanchez Era como um sono profundo. Eu escutava a voz da minha mãe constantemente pedindo para eu acordar, mas eu não conseguia. Lentamente, eu abri os meus olhos e eles arderam com a luz clara que vinha do quarto. Eu ouvi gritarias e de repente fui cercada por pessoas vestidas de branco, assustadas. Eu não entendia o que acontecia, quando finalmente me dei conta estar em um hospital, deitada em uma cama, com o corpo repleto de aparelho. Tinha uma sonda no meu nariz e aquilo me incomodou até finalmente ser retirado. — Seja bem-vinda de volta, Bruna – o médico parado a minha frente parecia feliz. — Como assim, de volta? – eu não tinha ideia do que acontecia. — Você não se lembra do que aconteceu? – Sobre o que aquele homem estava falando? Eu me lembrava apenas de entrar no meu carro, desesperada, atrás do Gustavo e depois disso eu acordei nesse hospital. — Você sofreu um acidente de carro – meus lábios se abriram – e ficou três meses em coma. O Gustavo chegando em ca
Gustavo Henri. Minha garganta estava completamente seca. Eu caminhava rapidamente pelo corredor do hospital como se ansiasse verdadeiramente rever minha esposa. Não havia um dia sequer, desde o acidente, que eu não desejasse que a Bruna acordasse daquele maldito coma. Lembrei-me então da noite que tive com a Kara e o meu coração pulou mil batidas. Finalmente, eu me veria livre daquele problema. Me divorciaria da Bruna e poderia dizer ao mundo o quanto eu amava a Kara. Mas as coisas não saíram como eu planejava. Há dez passos da porta do quarto de Bruna, fui abordado pelo médico dela. O homem parecia feliz em me ver e ansioso por me contar tudo o que acontecia. — Preciso conversar com você, antes de ir ver a Bruna – o semblante dele se modificou, agora o médico parecia preocupado. Ele me levou até o seu consultório. Sentei-me em frente a ele, descobrindo finalmente como ele se chamava. Magno Martins. Parecia até mesmo nome de cantor famoso. Olhei nos olhos dele e esperei que e